Sutil escrita por Jibrille_chan


Capítulo 9
Capítulo 9




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Depois de horas de viagem, e de horas de gesticulação, havíamos enfim chegado ao hotel. Naquele momento eu sentia falta dos dotes profissionais de Aoi. Como eu ia entender o que o taxista cuspia? Porque ele não falava, apenas cuspia em nós. E o inglês de Ruki com certeza não ajudava muito.


- Sério, Ruki... Me lembra de te pagar um curso de inglês, ta?


O mais baixo me lançou um olhar nada amigável, e eu apenas sorri, maroto. Estávamos finalmente comendo alguma coisa, já que havia uma santa criatura no hotel que falava japonês. Sinceramente, por que raios marcaram o casamento na Alemanha? Se quisessem algo mais barato, que fizessem como todo mundo e fossem casar no Havaí. Pelo menos eu estaria na praia, e não passando frio. Senti uma mão no meu ombro, e virei-me para olhar, assustado pela abordagem repentina. E no instante em que vi quem era, sorri largamente.


- Ora ora ora... Se não é a noiva delinqüente?


Mei sorriu, o olhar assassino.


- Uru, pára de andar com Yuu. Já ta ficando com o mesmo humor ácido.


Eu ri, puxando uma cadeira, num convite mudo para que ela se sentasse. Ela se acomodou, olhando para os lados, e inclinou-se na minha direção.


- Seguinte, eu dei uma escapada do cabeleireiro, mesmo porquê eu não agüento mais tanto laquê. E como eu sabia que você estaria aqui? Ora, esqueceu quem eu sou? Oi, Ruki! - ela acenou alegremente para o mais baixo, que retribuiu o aceno timidamente. - Enfim... Só vim pra avisar... quando entrarem na igreja, fica longe das janelas, entendeu?


Franzi o cenho, não querendo imaginar o que aconteceria com as janelas.


- Tudo bem, sua vândala.


- Uru, já me basta o Yuu com esse humor horroroso. Ele está impossível hoje. Então, vê se vai lá e acalma ele?


- Como assim, vai lá? Eu nem sei onde ele está!


- Quarto 573.


Pisquei duas vezes.


- Ele ta nesse hotel? - ela acenou afirmativamente com a cabeça - e ninguém me fala nada?! - lancei um olhar assassino à Ruki, que apenas abaixou a cabeça.


- Uruha, me escuta. - voltei minha atenção para Mei, ainda emburrado. - Vocês têm três horas antes do casamento começar. Na verdade, apenas duas horas, já que ele vai ter que dar um jeito no cabelo, colocar o smoking e aquela enrolação toda. Qualquer coisa, diga que você é o estilista novo que eu contratei.


- Estilista?


- É, tem a sua cara.


Ergui uma sobrancelha, tendo certeza de que aquilo não era um elogio. Ela me sorriu, e depois levantou-se, saindo correndo sabe-se lá pra onde. Suspirei, meio inseguro, e saí da mesa, Ruki se encarregando de explicar aos outros três. Entrei no elevador, sentindo minhas mãos tremendo levemente.


O fato era que eu não sabia o que dizer à ele.


A porta se abriu no andar certo, dois acima do quarto em que eu estava, e comecei a andar lentamente, procurando a porta de número 573. Parei em frente à porta, nervoso. Respirei fundo, batendo de leve. Ouvi Yuu dizendo alguma coisa naquele idioma demoníaco, e como eu não sabia o que responder, fiquei batendo na porta continuamente, até que ela se abrisse. E confesso que foi cômico ver a expressão de Yuu passar de assassina para assustada.


- Uruha? O que você ta fazendo aqui?


- Digamos que eu seja um convidado especial da noiva.


Ele fechou os olhos, sorrindo, apoiando o rosto na porta, num gesto de visível cansaço. Logo depois se afastou, me dando espaço pra entrar.


- Entra. Seria deselegância de minha parte deixar um convidado especial da noiva de pé no corredor.


Neguei com a cabeça, sorrindo e entrando na suíte. Era realmente espaçosa, e eu devia dizer que Yuu já tinha feito uma bagunça federal ali, com peças de roupa espalhadas pra todos os lados. Virei-me para falar com ele, quando finalmente vi o que ele estava vestindo. Digo, o que não estava vestido. Ele estava enrolado simplesmente numa toalha felpuda branca, com o emblema do hotel.


- Ahn... Uru? Meu rosto é um pouco mais pra cima, sabe?


O encarei, sentindo meu rosto esquentar. Aquilo não ia acabar bem.


- Desculpa, sofri um desvio de percurso.


Ele sorriu, sacana, apoiando-se na parede e cruzando os braços.


- E então? Veio ver o show?


- Também. E porque eu precisava falar com você.


Ele ergueu uma sobrancelha.


- E não podia esperar eu voltar pro Japão?


-...


Droga. Ele tinha razão. Eu poderia esperar que ele voltasse, mas... eu não tinha tanta certeza se ele voltaria. Afinal, ele tinha se demitido da empresa. Como eu ia ter certeza de que ele voltaria? Respirei fundo mais uma vez, ponderando sobre as minhas palavras.


- Eu não tinha certeza se você voltaria pro Japão.


Seu sorriso mudou, expressando algo que eu não sabia o que era. Talvez... nostalgia?


- Você não muda nem um pouco, ne? Voltou a ser o menino inseguro.


- Você também não. Continua com essa cara de marginal delinqüente, só que agora com um piercing... Shiro-kun.


Seu sorriso se alargou.


- Você se lembrou.


- Lembrei, seu bastardo. Custava ter me dito antes?


O sorriso dele era o total oposto do meu olhar assassino.


- E qual a graça disso tudo, Kouyou? Além do mais, eu tenho certeza de que se tivesse simplesmente chegado e te contado tudo, você não estaria aqui agora.


Suspirei, levemente irritado.


- É realmente irritante o quão bem você me conhece.


Ele começou a rir e eu me aproximei, começando a sentir o leve perfume do sabonete. O moreno parou de rir, me encarando com seus olhos brilhantes. Um sorriso maroto ainda se desenhava em seus lábios.


- E você também sabe porquê eu estou aqui, não sabe?


- Ahn... Aproveitar a comida que vai sobrar de um casamento que não vai acontecer? Ou veio ver a fuga da...


Cortei sua frase, colando nossos lábios. Suas mãos voaram para a minha cintura, acabando com qualquer espaço entre mim... e a toalha. Quando nossos corpos se juntaram que eu fui me lembrar que ele vestia uma toalha. Apenas. Mas isso era um detalhe mínimo, não quando eu tinha aquela língua explorando a minha boca tão bem.


E de repente, aquele frio todo simplesmente... sumiu. E eu me senti nas praias mais tropicais em pleno verão. Nada a ver com a consciência de... deuses. Tinha apenas uma toalha. Aquilo estava me perturbando. E muito. Quando nos separamos, Aoi sorria mais malicioso do que eu jamais havia visto.


- Acho que você não veio ver a fuga da noiva.


- Não... eu vim roubar o noivo.


Meu sorriso era gêmeo do seu. Ele tirou meu casaco, erguendo a minha camisa, os olhos tão famintos que eu poderia jurar que ele iria me devorar ali mesmo. Uma trilha de roupas foi formada da parede onde estávamos até a cama. Eu estava um pouco inseguro, afinal, eu nunca havia feito aquilo com um homem... mas ignorei completamente qualquer coisa quando ele finalmente deitou-se sobre mim, finalmente sem a toalha.


Nossos lábios se uniram novamente, enquanto as mãos dele exploravam meu corpo, e as minhas exploravam o corpo dele. Parecia impossível deixar de percorrer todo o seu corpo, tocando em cada pedaço de sua pele exposta. Aoi desceu seus lábios para o meu pescoço, fazendo com que eu soltasse leves gemidos, então ele parou, me olhando.


- Uru...


- Não tem problema.


- Mas...


- Já disse que não tem problema, inferno.


Ele sorriu.


- Esse é o seu lado masoquista, Uru?


- Deve ser.


Segurei em seus ombros, fortemente, mas não pude conter o gemido de dor que escapou dos meus lábios. Não havia tido qualquer preparação, mas eu não estava ligando muito. No primeiro momento eu me arrependi, quando senti a dor. Aoi colou nossas testas, esperando até que eu me acostumasse com aquela invasão. Respirei fundo, depositando um beijo suave em seus lábios.


- Se move.


Seus lábios mordiscaram meu queixo, quando ele vagarosamente saiu e entrou novamente em mim. Joguei minha cabeça pra trás, gemendo. A dor ainda estava presente, mas ela estava abrandando. Na mesma lentidão, ele repetiu seus movimentos mais umas três vezes antes que eu gritasse por mais velocidade.


Minhas unhas encravaram em suas costas, meu corpo movendo-se por contra própria de encontro ao quadril do moreno, seu nome deixando meus lábios como um mantra repetitivo. Uma de suas mãos foi de encontro ao meu membro, massageando, e quando os lábios dele foram parar em um dos meus mamilos, senti o resto da minha sanidade ir embora, dando lugar a uma onda de prazer, Aoi logo me acompanhando.


O moreno deitou-se sobre mim, ofegante, enquanto eu acariciava suas costas e constatava que o estrago que eu tinha feito ali tinha sido grande. Após um tempo, sorri pra ele.


- Isso vai ficar marca...


Ele levantou o rosto, um brilho estranho no olhar.


- Eu não me importo, Kou-chan.


Deitou-se do meu lado, puxando-me mais para perto e acariciando minhas costas. Ficamos assim por um tempo, mas como o silêncio parece ser um dom que Aoi definitivamente não possui, logo me perguntou.


- Ne, Uru... Como você fez pra vir até aqui?


- Ahn... peguei um avião?


Ele começou a rir.


- Não, baka! Eu me refiro a empresa. Deixou o Nao no seu lugar de novo? Deveria dar um aumento pra ele...


- Na verdade... - ergui meu rosto para olhá-lo. - eu saí da empresa.


Aoi franziu o cenho.


- Como assim, saiu?


- Saindo, oras! Pedindo demissão.


- Seu doido! E agora?


- E agora? eu não sei. Provavelmente meu pai vai fazer um drama, depois vai me deserdar, e por fim ele vai se convencer.


Aoi piscou umas duas vezes.


- Sério. Eu não fui uma boa influência pra você.


Foi a minha vez de rir.


- Já me disseram isso.


O silêncio voltou a pairar sobre nós, enquanto eu ponderava.


- Yuu? Por que você veio atrás de mim?


Ele sorriu, entrelaçando seus dedos nos meus.


- Primeiro, porque eu sou um homem de palavra. Eu costumo cumprir as minhas promessas.


- Foi uma coisa de anos atrás, eu nem em lembrava...


- É, eu já imaginava.


- Mas mesmo assim, Yuu...


Aoi puxou a minha mão que estava entrelaçada na dele, depositando um beijo suave.


- É uma coisa que eu aprendi com a Mei, Kou-chan. Ela pode ser delinqüente, mas é ótima nesse tipo de coisa. Ela me disse uma vez que os laços que unem as pessoas são eternos. Alguns mais frágeis e outros imortais. E o mais imortal de todos eles é o amor, nas suas imensas formas. Quando um elo desses é formado, não pode ser destruído. Mesmo você não se esqueceu completamente de mim, Kou.


Franzi o cenho.


- Como não?


Ele sorriu, enigmático.


- Você nunca mais teve problemas pra dormir por medo do escuro, não é? Mesmo que você não se lembrasse do porquê...


Suspirei, me aconchegando mais em seu corpo.


- Yuu... Promete que você não vai sair de novo da minha vida?


Ele segurou meu queixo com a outra mão, fazendo que eu olhasse no fundo dos seus olhos.


- Eu te amo, Kouyou. Não poderia sair da sua vida nem que você quisesse.  


Eu sorri pra ele, beijando-o. uma felicidade imensa se espalhava por mim, e eu entendi, naquela hora, o que eu realmente sentia por ele. Nos separamos, e eu ainda estava sorrindo.


- Você realmente consegui uma façanha.


- Qual?


- Fez com que eu me apaixonasse por você duas vezes.


E ficamos ali, dois idiotas apaixonados sorrindo bobamente.



Continua...


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