S.o.s. escrita por Vespertilio


Capítulo 9
O capeta


Notas iniciais do capítulo

Demorei né? É. Desculpa.
Eu tava com uma baita preguiça de viver e tudo mais. Enfim, tá aí.
Boa leitura.



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“Ficarei o Inferno de ser Eu, a Limitação Absoluta, Expulsão-Ser do Universo longínquo! Ficarei nem Deus, nem homem, nem mundo, mero vácuo-pessoa, infinito de Nada consciente, pavor sem nome, exilado do próprio mistério, da própria Vida. Habitarei eternamente o deserto morto de mim, erro abstracto da criação que me deixou atrás. Arderá em mim eternamente, inutilmente, a ânsia (estéril) do regresso a ser.

Não poderei sentir porque não terei matéria com que sinta, não poderei respirar [?] alegria, ou ódio, ou horror, porque não tenho nem a faculdade com que o sinta, consciência abstracta no inferno do não conter nada, não-Conteúdo Absoluto, [Sufocação] absoluta e eterna! Oco de Deus, sem universo, (...).”.

– Está tudo bem agora? – Indaguei para mim mesma. Um quilo de maquiagem cobria minhas olheiras arroxeadas que se intensificaram depois que eu chorei um rio. Examinei bem meu reflexo no espelho. O cabelo preso em um rabo de cavalo, e a blusa azul marinho que eu tanto gostava. – Está tudo bem, não está? – Tornei a perguntar. E a resposta era óbvia. Não.

Saí do banheiro tirando uma poeira inexistente de minha calça jeans. Depois observei meus sapatos pretos, era um par muito confortável, que eu comprara em uma loja de usados. Adorava aqueles tênis. Tudo parecia tão bom, tão bem. Mas ao levantar a cabeça e olhar bem ao meu redor constatei que estava no inferno, e que o Capeta estava ao meu lado. E eu tinha abraça-lo. Bem, aquilo não era de todo mal, ao menos o senhor comandante do inferno estava me apoiando, não estava?

– Você está linda. – Disse ele.

– Olá, satanás. – Sorri cordialmente.

– Até quando você vai me chamar assim, Isabella? – Perguntou-me revirando os olhos.

– Até amanhã. Que é quando voltaremos para nossa relação chefe/funcionária. Então lhe tratarei como Senhor Cullen. Aqui, o chamarei de Satanás.

– Você sabe que eu só quero ajudar.

– Sinceramente? Eu duvido muito. Mas já que você está aqui, vamos fingir que somos um casal feliz lá pra minha família. – Estendi a mão para ele.

– Você vê tudo como um grande fingimento, Bella?

– Tudo não. Por exemplo, quando eu disse que não íamos casar, era verdade não era? – A expressão de divertimento sumiu de seu rosto. Edward fez uma careta. – Eu agradeço muito por ter colocado seu irmão nessa, obrigado por ter mentido tão bem. – Bem até de mais. – E obrigada por mentir pelas próximas horas. Mas quando chegarmos em casa amanhã, nossa relação voltará a ser como era antes. Profissional. – Sorri. Ele apenas me encarava. O olhar vazio. - Vamos lá, Cullen. – Puxei-o pela mão antes que eu voltasse atrás nas minhas palavras e implorasse que ele me quisesse de verdade. Que patético. “Implorasse“.

Toda a família estava na sala, ao redor do grande bolo da vovó, e, como se fosse possível, o tamanho da minha família, que já não era tão pequeno parecia triplicado. Respirei fundo, encarar o inferno era mais difícil do que eu imaginava. Sorri para a meia dúzia de mulheres que falavam sobre algumas futilidades, não as reconheci. Não que eu fosse relapsa em relação aos membros da minha família. Tudo bem, talvez eu fosse mesmo, mas e daí?

– Vejo que fizeram as pazes. – Meu pai veio nos cumprimentar.

– É, acho que fizemos sim. – Sorri forçadamente.

– Bem... – Edward passou o braço em volta de meus ombros – A Bella ainda está chateada comigo, por causa do casamento em uma semana e tudo mais. – Parou e pareceu pensar um pouco. – É incrível como sua filha odeia surpresas, não é senhor Swan?

– É, Isabella não é uma menina que goste de chamar a atenção. – Charlie pareceu pensar no assunto.

– Isso é perceptível, aposto que se eu deixar, ela casa de calça Jeans e com essa blusa azul horrível. - Dei-lhe uma cotovelada. Ele havia mesmo falado mal da minha blusa azul? A blusa que eu mais gostava? E mais, ele e meu pai estavam falando de mim como se eu não estivesse ali. Lancei aos dois homens um olhar furioso, e eles gargalharam. Como se meu olhar ameaçador fosse uma piada de mau gosto.

– Você disse que eu estava linda! – Protestei, batendo outra vez em Edward.

– E está, meu amor. – Meu amor? Meu amor, seu cú! – Mas essa blusa é horrível, parece um saco de batatas azul.

– Essa blusa é linda, meu amor.

– Charlie – A voz de tia Irina doeu meus ouvidos – Agora que Isabella já está aqui, podemos cantar parabéns para vovó, o que acha?

O resto da noite se passou assim: Parabéns vovó, parabéns vovó! Amém, amém. Quando tudo acabou eu respirei aliviada. Enfim poderia dormir, e enfim o outro dia chegaria, eu iria embora, ele iria embora. E todo esse fingimento de casamento estaria acabado. Eu não aparecia mais na casa do meu pai, muito menos no casamento de Mike com o Taylor. E todos seriam felizes para sempre. Claro que alguns, na verdade eu, estariam falidos por conta da terapia caríssima.

Procurei Edward por todos os lugares, em algum momento da festa ele havia se separado de mim. Provavelmente para conversar com seu irmão, tão lindo e sensual quanto ele. Que família abençoada, amém! Entretanto, infelizmente, ou felizmente, ele não estava em nenhum lugar à vista. E então eu rumei para o meu quarto, na esperança de que minha previsão de futuro estivesse certa, e de que eu pudesse dormir tranquilamente. Subi as escadas, degrau por degrau, e a cada novo degrau deixado para trás eu estava mais perto de realizar meu sonho.

Ingênua eu? Sempre. É que às vezes eu esquecia que estava no inferno. Mas, como sempre, podia contar com o Diabo para estragar minha alegria. E lá estava o próprio capeta, ou A própria. Minha doce, nem tão doce, irmã Jenn. Como se já não fosse suficiente ter-me “tirado” um noivo, lá estava ela, tentando me tirar o próximo. Estatelei no corredor, por um minuto fiquei sem reação. Era mesmo o que eu estava vendo? Jenn estava dando em cima de Edward descaradamente. E o pior, ele estava deixando? Senti meus olhos marejarem e uma fúria me invadiu. De dentro para fora. De tudo que minha irmã já fizera comigo eu nunca sentira tanta raiva, tanto desprezo por ela. Minhas bonecas, minhas roupas, minhas amigas, meus namorados. O noivo número um... Chega uma hora que já chega. Sorri ironicamente e caminhei até eles, tocando no ombro de Jenn.

– Acho melhor a vadia tirar a mão do meu noivo.

Então fechei o punho e soquei minha irmã.


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Notas finais do capítulo

Tava me perguntando, será que eu consigo 30 reviews, pelo próximo capítulo? hahahaha
Obrigada a todos vocês que comentam, de verdade. Principalmente a galera que acompanha mais de uma fic minha, isso me deixa tão feliz u.U E desculpa mais uma vez pela demora.
PS:. A citação inicial é do Fernando Pessoa, porque sou apaixonada por ele hahaha.