S.o.s. escrita por Vespertilio


Capítulo 20
Epílogo. Desembarque de passageiros no portão dois.


Notas iniciais do capítulo

Oi.



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Alguns dias são melhores que outros, eles dizem.

Eles só se esqueceram de dizer que há também os dias piores. Alguns dias são piores que outros. Só piores ou bem piores. Aquele, definitivamente, era um daqueles dias. Após deixar meu filho na escola dirigi em silêncio até o lugar de muro cinza. As paredes estavam caindo, certamente a manutenção não ocorria há meses, talvez anos. Se dependesse de mim ela não estaria lá, entretanto, mesmo sendo do jeito que era, aquele lugar exercia uma espécie de encanto sobre ela. E ela, por sua vez, exercia um completo encanto em mim.

Desliguei o carro e fiquei olhando para o portão engradado. Eu odiava aquele lugar, foi nele que eu fui o homem mais feliz do mundo e foi nele que minha felicidade foi enterrada. Respirei fundo, o ar estava pesado como nunca estivera antes, ou talvez, fosse apenas uma impressão minha. Por causa do que eu estava prestes a fazer. Peguei o buquê de rosas chá que estavam no banco do passageiro, as preferidas dela, respirei fundo mais uma vez, para tomar coragem, e desci do carro.

– Bom dia, Edward.

– Bom dia, Carlos. – Devolvi o cumprimento alegre.

– Está tudo bem? – Balancei a cabeça negativamente e me joguei em um dos poucos bancos do lugar. Eu estava exausto, e eram apenas 7h da manhã.

– Eu vim me despedir dela, definitivamente.

– Sabe Edward, sempre admirei sua força. Desde o primeiro dia, desde que jurou fidelidade a ela, você nunca a deixou... E mesmo depois de tudo, você continua vindo aqui.... Acredite meu caro, eu vivo aqui há 20 anos. Com o tempo, por mais amor que exista, as pessoas esquecem-se, ou somente tentam não sofrer, se erguem, seguem em frente. Chegou a hora de fazer isso.

– Eu vou fazer isso. – Afirmei com convicção.

– Onde está o Ian?

– O deixei na escola, para se despedir dos amiguinhos.

– Ele é um garoto muito esperto.

– Uma criança incrível, não tem nem dois anos... – Sorri ao lembrar-me do meu filho, eu era suspeito para falar dele. Já que, como Emmett dizia, eu era o pai mais coruja da face da Terra.

– Você está fazendo um bom trabalho com ele, Cullen. Minha filha ficaria orgulhosa.

– Ela está orgulhosa, Carlos, eu sei que está. – Disse-lhe levantando do banco e me forçando a fazer o que eu tanto adiara. Mas, como o avô do meu filho dissera, chega uma hora que temos de nos erguer, seguir em frente. E, infelizmente, continuar indo ali, não me fazia bem.

Andei lentamente por entre os lugares em que estavam outras pessoas, imaginando quão repleta de amor tinham sido suas vidas, imaginando se alguém sofrera por elas, se ainda iam ali, levar flores. Agachei-me ao lado da lápide de mármore e coloquei o buquê ali. Toquei o nome gravado nela. Meus dedos tremiam e, involuntariamente, lágrimas escorreram de meus olhos.

Mariê Waters.
– Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus
”.

Aquela citação, de Fernando Pessoa, era algo que Mariê sempre dizia, desde o nosso primeiro encontro, até o último. Decidi gravar aquilo na sua lápide. Ela era o tipo de pessoa alegre, que nunca te deixava ficar para baixo. Apareceu na minha vida em um dos piores momentos, e transformou-o no melhor. Transformou-me no melhor. Um melhor que eu nem imaginei ser possível.

Três meses após eu ter me afastado de Isabella, um acidente me afastou de outra pessoa amada. Minha mãe, Esme. O enterro dela foi algo simples, no cemitério mais bonito que eu conhecia, um lugar que certamente minha mãe gostaria de passar a vida, com flores e árvores por todos os lados, mais parecia um parque.

Lembro-me de ter chorado como nunca. Naquele momento eu pensei que minha vida só fosse piorar. Primeiro minha vida virara de cabeça para baixo quando uma maluca chegara nela e me fizera apaixonar, depois com a mesma intensidade que chegara, ela partira, deixando-me só e arrasado. Logo depois, a Cullen Enterprises entrou em problemas financeiros, meus pais se separaram, Rosalie perdeu o filho, Reneesme fugiu de casa, Alice foi internada e então, como se já não houvesse coisas ruins o suficiente, o acidente que resultou na morte de minha mãe.

Entretanto, eu estava enganado em achar que as coisas não poderiam melhorar. Porque foi ali, quando tudo estava um caos, que ela apareceu. Para colocar minha vida nos eixos e me dar alegrias, para me fazer acreditar e ter esperanças novamente.

– Esse lugar é um dos lugares mais lindos do mundo. – Dissera-me sentando ao meu lado.

– Para mim. – Respondi sem olha-la diretamente. – É só mais um lugar triste. Mais um pra coleção de lugares tristes da minha vida.

– Eu gosto de cemitérios.

– Você deve ser a única.

– Acredite, as pessoas que estão nele sabem guardar segredo como ninguém. – Neste momento eu não consegui segurar a risada. Olhei para a garota até então desconhecida, seus lábios rosados repuxavam-se num sorriso sincero, seus cabelos louros caíam em cachos até pouco abaixo dos ombros e seus olhos verdes me faziam ter vontade de abraça-la.

– Obrigado por me fazer rir.

– Quer dizer que eu fui a primeira pessoa que te fez rir hoje? – Ela arqueou as sobrancelhas.

– Não. – Ri abafado. – Na verdade, você foi a primeira pessoa que me fez rir em meses.

– Eu sou Mariê Waters. – Alargou o sorriso me estendo a mão.

– Eu sou Edward Cullen. – Aceitei a mão que me era oferecida. Desde esse dia nunca mais nos separamos.

Descobri que ela morava um pouco longe dali, com o pai viúvo, em outro cemitério. No começo, devo admitir, achei o fascínio dela por lugares como aquele um pouco estranho. Mas, se não fosse a mania que ela tinha de ir, às quintas-feiras, aquele cemitério para ler, nós nunca teríamos nos conhecido, eu nunca teria sido tão feliz. Após quase seis meses de namoro, Mariê disse-me que estava grávida. Estávamos na lápide do irmão dela naquele dia, no cemitério em que o pai dela era zelador. Fiquei tão feliz que saí dançando e falando com cada uma das lápides ali presentes. Nove meses depois, ela morreu.

– Você sabe que eu te amei muito, não é? – Comecei a despedida acariciando sua lápide. – Você me deixou a coisa mais preciosa que eu tenho na vida, o Ian. Sabia que ele te adora? É, adora sim. Ele carrega na mochilinha uma foto sua. Aquela que a gente tirou no dia em que você me disse que estava grávida... Eu nunca contei a ele como você morreu. Acho que uma criança de um ano não tem maturidade o suficiente pra saber que a mãe dele morreu no parto. Acho que isso pode trazer alguma... Sequela. Não sei bem a palavra... Bem, pra ele, assim como pra mim, você é um anjo, que está no céu, nos olhando e nos protegendo. Ah! A primeira palavra que ele disse foi mamãe, confesso que eu fiquei enciumado, a Rosalie me mandou deixar de besteira. Por falar nela, ela está grávida de novo e o Emmett está todo feliz.

Olhei para o relógio, ele marcava 8h28min, continuei:

– A Cullen Enterprises finalmente pagou todas as suas dívidas. E agora estamos estabelecendo uma sede em Londres. Adivinha quem vai representar a empresa lá? Isso mesmo, eu. O Ian vai comigo, claro... É por isso que eu vim aqui hoje, vim me despedir. Tenho que viajar amanhã, para terminar os ajustes, sabe aquela parte chata, aluguel do espaço físico, contratação de pessoal, essas coisas... Eu... Eu não sei mais o que falar.

Minha voz saiu cortada por causa do choro.

– Eu só sei que eu te amo, o Ian é a prova disso. Prometo que assim que as coisas estiverem todas no eixo por lá, eu volto aqui com nosso filho. Volto pra ele matar as saudades. Bem, eu tenho que ir agora. Terminar de arrumar aquele monte de caixas que estão na nossa casa. O Emmett disse que ia ajudar, mas conhecendo como eu o conheço.. – Suspirei pesadamente – Eu amo você, não se esqueça disso.

A volta para casa foi tão silenciosa quanto a ida. E eu teria continuado em silêncio pelo resto do dia se não precisasse fazer uma ligação. Rayssa, que estava cuidando de tudo para mim lá na Europa, pois iria trabalhar diretamente comigo na sede de Londres. Ela era um ano mais nova que eu. Parecida com a Angelina Jolie, mas sem os olhos verdes.

– Alô, Ed. – Ela atendeu ao segundo toque, aquele era um bom sinal, ela estava de bom humor.

– Olá, Ray.

– Você pode me falar logo o que quer?

– Uou, já vi que você está com péssimo humor, hã?

– Não, na verdade só estou tentando convencer a minha amiga cabeça dura a comprar a droga do vestido que deixa ela sexy...

– Tudo bem, então eu vou direto ao assunto. Lembra que você me disse que conhecia uma boa escola integral para crianças? Então preciso dos dados dessa escola, como você sabe, decidi levar o Ian comigo...

– É o seu dia de sorte bonitão, essa minha amiga que está comigo é professora da escola.

– Você pode passar pra ela então? Preciso falar com ela o mais urgente possível. – Rayssa disse meia dúzia de palavras para sua amiga, e então passou o telefonema . Eu gostaria de dizer que consegui falar com ela, que consegui resolver o problema da escola definitivamente, mas, bem no momento em que ela disse “Alô” meu celular desligou. A bateria havia acabado. – Merda! – Esbravejei.

Já passava das 12 horas, eu estava com o Ian e um carro abarrotado de malas. Não havia tempo para procurar um carregador ou o que quer que fosse. Ou então, perderíamos nosso voo. Continuei dirigindo pacientemente, até que, meia hora depois, chegamos ao aeroporto. Após toda a burocracia que é exigida, embarcamos no avião. Ficamos lá por cerca de 7 horas.

– Edward! – Rayssa me cumprimentou assim que atravessei os portões do aeroporto de Londres, eu pretendia pegar um táxi, mas ela estava ali para me dar uma carona. – Como foi o voo? – Perguntou assim que eu acomodei a mim e ao meu filho no banco do carona.

– Foi normal, bom dentro do possível. Mas meu pescoço dói.

– Bem, eu tenho uma ótima notícia pra você. Como eu sei que você vai ter que resolver tudo hoje mesmo, tomei a liberdade de falar com a minha amiga eu mesma. Assim o Ian já vai ter onde ficar.

– Obrigado, Ray.

– Podemos deixa-lo lá agora, ele pode tomar banho por lá mesmo e...

– Não, eu prefiro levar um filho pra casa. De lá nós vemos isso, está bem?

– Droga, Edward! Será que você não pode ir logo agora?

– Rayssa, eu sei o que você está tentando fazer.

– Sabe?

– Está tentando me juntar com mais uma de suas amigas, eu já disse não vai dar certo. Eu tenho o Ian, nenhuma mulher gosta de dividir atenção com uma criança que nem mesmo é sua.

– Ei! – Ela me deu uma tapa forte no ombro – Você sabe que quando eu conheci meu marido ele já tinha uma filha né? E nem por isso eu...

– Desculpe, Ray.

– Só desculpo se você comigo até escolinha...

– Maldito poder de persuasão. – Revirei os olhos. - Então dirija até lá.

– Não precisa, já estamos bem na frente.

Olhei para ela um tanto incrédulo. Estava tão absorto nos meus problemas, que nem percebi que o caminho que ela fazia não era exatamente o da minha nova casa. Fiz uma careta e ela apenas sorriu, sinalizando para que eu saísse do carro. A escola era cercada por um muro de tijolos coloridos, crianças sorridentes entravam pelos dois portões existentes no local.

– Vem, vamos colocar o Ian lá dentro. E eu tenho que te apresentar a Isa.

– Isa? – Parei no meio do corredor, atrapalhando o transito de pequenos alunos e pais apressados. – Isa? – Ray me olhou confusa. Meu coração se apertou contra o peito. Não poderia ser, poderia? Depois de tantos anos ela não aparecia ali, em outro continente. Não, seria coincidência de mais.

– É, Isa. – Minha amiga revirou os olhos. – Olha ela ali. - Olhei na direção em que Rayssa apontava e suspirei aliviado. Aquele não era o fantasma que assombrava meus sonhos secretos. Não era quem, mesmo depois de ter se passado muito tempo, ainda me vinha à mente vez ou outra. Fazendo-me rir e chorar. - ISA! – Rayssa acenou e a ruiva caminhou até nós. – Edward, essa é a Isabel.

– Prazer Isabel. – Estendi a mão, mas ela logo me abraçou e me deu dois beijinhos no rosto.

– Olá Edward, o prazer é completamente meu.

– Meu Deus, o Ian! – Rayssa gritou e saiu correndo atrás do meu filho.

– Rayssa, pra onde ele está indo? – Perguntei indo atrás dele também. Para uma criança tão pequena, ele corria muito depressa.

Viramos num corredor à direita, onde havia uma espécie de gramado. Crianças, mais ou menos da idade do meu filho, estava sentadas num circulo. Bem no centro, uma mulher usava uma máscara cômica, e dançava desajeitadamente. Algumas crianças começaram a bater palmas, enquanto outras se levantaram e começaram a pular ao redor da mulher. O Ian correu exatamente para onde aquelas crianças estavam. Pulando e batendo palmas como se tudo aquilo lhe fosse familiar. Observei a cena de onde estava. Só me aproximei quando todos estavam sentados novamente.

– Dança! – Meu filho gritou. A mulher de máscara riu e o pegou no braço.

– Oi, pequenininho. – Cumprimento-o. A voz dela tinha um quê familiar. Você é novo aqui, não é? Sabia que eu também? Cheguei ontem.

– Oi. – Ele colocou a mão gorducha no rosto mascarado.

– Oi. – Ecoei as palavras do meu filho. A mulher deu um salto para trás. – Tudo bem? Eu não queria assustar

– Isso só pode ser mentira. – Ela falou.

– O quê? Eu não queria mesmo assustar...

– ISABELLA! – O grito grave ecoou pela escola. Escutar aquele nome fez meu estômago revirar, primeiro uma Isabel, agora uma Isabella. Que lugar era aquele?

– Sim, Sr. Russo? – Ela indagou virando-se de costas para mim.

– Isabel me disse que você está fazendo atividades indevidas com as crianças. Novamente.

– Senhor, nós estamos apenas dançando.

– Não foi o que minha filha disse.

– Senhor...

– Isabella, você chegou aqui ontem e já recebeu duas reclamações, a próxima será demissão na certa.

– Sim senhor. - Dizendo isso, ela pôs Ian no chão e saiu andando. Em direção a saída da escola.

– Para onde você está indo?

– Embora, passe bem Senhor Russo. – Então ela retirou a máscara do rosto. Foi a minha vez de dar um salta para trás. Porque ela tinha razão, aquilo não poderia ser verdade. Aquela Isabella era a mesma Isabella que assombrava minhas noites. E dias.

Não sei como, nem o motivo. Só sei que quando dei por mim, estava correndo atrás dela. Fiz sinal para Rayssaficar com Ian e segui a vontade das minhas pernas. Encontrei-a no estacionamento. Sentada no capô de um carro vermelho e antigo. Provavelmente era o carro dela. Aproximei-me lentamente, eu não sabia ao certo o que dizer. Não depois de tanto tempo longe. Entretanto, eu não precisei dizer nada, ela falou primeiro.

– Eu me lembrei de você, Edward Cullen. – Ela suspirou. – Um dia, um tempo depois de você ter ido embora. Eu lembrei. O seu irmão, Emmett, me deu uma série de papeis, que você havia escrito pra mim no tempo em que eu fiquei em coma. Eles me ajudaram a lembrar... Não de tudo, porque tem coisas que eu nunca vou conseguir recuperar, mas eu sei como as coisas aconteceram. Eu fui atrás de você, no dia do seu casamento. Eu estava decidida a impedir que você casasse, no entanto, quando eu cheguei até a igreja e vi sua noiva... - Um riso abafado escapou de sua boca. – Ela estava grávida, você enfim ia ter a família que sempre sonhou.

– Você foi atrás?

– Fui. Porque eu precisava te ver, precisava contar que me lembrava de você. Que se você ainda me quisesse, eu estava disposta a tentar. Mas você não me queria, não mais. E eu entendi isso... – As palavras começaram a sair freneticamente, como mísseis. – Então eu conheci o Richard, ele me lembrou você sabe...? Nós começamos a namorar, então ele me chamou pra morar com ele aqui em Londres e eu vim. Porque eu estaria longe de você. Eu realmente fiquei bem, feliz... Por que você apareceu agora?

– Como eu ia imaginar que você ia trabalhar numa escolinha em Londres?

– Eu só fiz isso pra ajudar o Richard, a escola é do pai dele. O Senhor Russo. Eles passaram por dificuldades e demitiram alguns funcionários semana passada, prometi que iria ajudar. Mas acho que não deu muito certo...

– Eles não aceitam seu jeito revolucionário de dançar?

– E nem pagam bem.

– Poxa, como é que você vai sustentar seu marido bêbado e seus cinco filhos agora.

– São seis filhos, tá?

– Comprou mais um peixe?

– Mais um gato. E agora tenho que arrumar outro emprego.

– Eu conheço um cara muito legal que vai precisar de uma secretária, só que ele é um pouco exigente.

– Eu não vou trabalhar pra você de novo, Edward.

– Você precisa de um emprego e eu preciso de alguém competente.

– Você não vai me convencer.

– Deixo você ficar com a minha cadeira.

– Quando eu começo, senhor Cullen? – Ela perguntou e eu ri. Anos atrás havíamos tido uma conversa parecida com essa.

– Bella, me desculpe.

– Por quê? Não vai mais me dar o emprego?

– Não, por ter mentido pra você. Sobre seu pai, e depois sobre o começo do nosso relacionamento... É que foram tantas mentiras e então... – Bufei – Só me desculpe, está bem?

– No fim a culpa foi toda minha não é, afinal quem saí correndo por aí e ainda consegue ser atropelada por um caminhão?

– Acho que só você.

– É, eu que estraguei tudo. Nós estávamos bem, felizes... E então eu perdi a memória.

– Você sabe que não estragou tudo. – Sussurrei parando bem a sua frente, de forma que a ponta dos nossos pés se tocavam. – Você sabe, que nem que quisesse muito, conseguiria estragar tudo.

– Por favor, não me faça derreter novamente.

– Eu gostaria de pedir isso a você também, mas sabe, já é tarde de mais.

Dizendo isso eu a beijei. E então, todos os meus fantasmas, sombras, dúvidas e medos, pareceram me abandonar. Foi como se, depois de anos tentando estar bem, eu realmente estivesse. Não por continuar tentando, justamente pelo contrário. Por ter parado, por ter enxergado enfim, o que realmente faltava em mim.

Era ela.

E agora ela estava ali.


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