A outra Potter escrita por Alice Porto


Capítulo 3
A verdade sobre Carrie


Notas iniciais do capítulo

Oie! Demorei? Sim, um pouquinho. Mas acontece que eu tava sem ideia, não sabia o que fazer, como fazer. Esse capítulo ficou meio clichê, porque ele é só uma base para o outro. Queria agradecer a todos que comentaram, e se eu não respondi todos, vou responder agorinha. Bom, comentem, favoritem, se querem recomendar, recomendem... Então, nos vemos lá...



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O quarto em que ela se encontrava era gigante. No canto, bem do lado da imensa janela, havia uma cama. Nessa cama havia um edredom preto e branco, como se fossem páginas de algum jornal, com alguns travesseiros do mesmo estilo. Era todo branco, com um imenso armário espelhado, que ocupava duas paredes. Um tapete redondo, de pelo ocupava uma boa parte do quarto, e ia até a escrivaninha do lado do armário. Em cima dela, todos os livros que tinha em seu quarto, junto com mais algumas decorações, como um globo de neve com dois patinadores dançando, um rádio, esmaltes, seu celular, e um porta-retratos dela com Carrie.

A garota estava sentada na janela, que tinha uma espécie de plataforma do lado, fazendo com que a pessoa pudesse sentar. Era fim de tarde em Londres, até onde ela sabia. Somente isso. Não sabia que casa era essa, e nem em que rua. Somente acordara lá, com a linda vista do Big Ban ao longe. Estava trancada há pelo menos quatro horas naquele lugar, e com certeza não pedira ajuda.

Somente pensava em como seria sua chegada a tão conhecida Hogwarts. Como seria esse encontro com seu irmão? Não queria pensar nisso, mas era inevitável. Toda vez que se pegava ao pensar nisso, tentava mudar o rumo. Não queria demonstrar o quanto guardara rancor e ódio por tantos anos, mas era impossível não notar. Seus olhos queriam chorar, mas não havia lágrimas que pudessem mudar sua situação. Se pelo menos pudesse saber como estava Carrie e... Seu pai... Aquele que tanto dissera que odiava. Ela queria saber como ele estava.

“Espero que esteja mal, pra valer. Que não consiga fechar o contrato com aquela empresa. Que fique pobre, e implore pelo meu perdão, por tudo que fez. Pelo quanto me machucou. E eu rirei da cara dele, e direi não.” Pensou consigo mesma, mesmo sabendo que era um desejo falso, orgulhoso.

A luz dourada da tarde iluminava o quarto, e dava um tom mais escuro aos seus olhos. Uma chuvinha caía, mas ainda sim, a visão era bonita. Por um momento cogitou a ideia de pular pela janela e sair pelas ruas de Londres. Ir a algum Caffé, ou em algum parque. Tudo para fugir dessa mansão em que estava aprisionada, dentro de um quarto ridículo. Daria de tudo para voltar ao seu quarto velho.

Não era um quarto grande, mas ainda sim era legal. Fora decorado junto com Carrie. O pai da garota entregara um cartão com uns cem mil de crédito. Elas saíram às compras, em busca de móveis, tinta, decorações... No fim ficara de um verde bem escuro, com uma cama normal, três pufes, um armário de quatro portas espelhadas, um tapete e uma escrivaninha. De brinde um presente: uma sessão de fotos que formara um álbum e o porta-retratos oficial das duas.

Ela sorriu ao se lembrar de como tinham se divertido, mas mesmo assim, ficara um pouco mais entristecida. Nunca mais veria Carrie. Nunca mais teria sessão de fotos. E ainda mais: nunca percebera que ela era a única coisa valiosa em sua vida. Pensar nela trazia aquela velha sensação de vazio, como se estivesse faltando alguma coisa. Elas passavam as tardes juntas, e dormiam uma na casa da outra sempre que podiam. Eram amigas.

Uma batida na porta despertou Lawren de seu sonho. Finalmente alguém aparecera. A pessoa visivelmente nem esperara a resposta, e já fora entrando. Era a velhinha que fora lhe buscar na escola. Ela tinha uma expressão séria, como sempre, mas ainda sim, com aqueles olhos cheios de expectativa e curiosidade. Qualquer pessoa normal ficaria feliz em saber que nada do que vivera fora um sonho, e que iria para Hogwarts. Mas a ruiva não conseguiu esconder a decepção. Voltara a olhar para fora.

– Srta. Potter? – perguntou, querendo atenção.

– Estou lhe ouvindo – falou indiferente – O que quer?

– Bom, já está decidido. As aulas em Hogwarts começam em dois dias, então amanhã você poderá ir comprar os materiais. Infelizmente não poderei lhe acompanhar, mas se não se sente bem indo sozinha, posso pedir para Hagrid ir junto, como fez com Harry.

– Não seja boba professora McGonagall. Tudo que eu quero agora é ver minha pessoa livre desse lugar. Sozinha. – falou fria.

– Ótimo, então... Sua chave do banco de Gringotes é o pingente do seu colar. Entregue aos duendes e eles lhe levarão até lá. Pegue a quantia necessária, mas não esbanje. Seu dinheiro é dividido entre você e seu irmão. – as sobrancelhas de ruiva ficaram arqueadas – Que você conhecerá em Hog...

– Olhe, eu não quero saber quando vou conhecê-lo. Até agora, a única coisa que eu ouvi foi o zumbido irritante da sua voz, falando sobre coisas que eu não me interesso nenhum pouco. – falou, olhando para a mulher estática – O que realmente me interessa, é o que está acontecendo em Boston, e não ouse fingir que não sabe do que falo. Quero saber... O que... As pessoas estão fazendo em relação a mim.

O rosto da mulher ficou severo, com os lábios finos e tremulantes. Obviamente ela pensava se deveria ou não contar o que acontecia. O objetivo era o esquecimento da garota, sobre tudo da outra vida. Sobre todos da outra vida.

– Achei que já sabia. Achei que tinha comentado com você, antes de virmos para cá. Logo após que você saiu de lá, a memória de sua família foi apagada, e o seu quarto não existe mais na casa deles. A sua amiga Carrie... Bom, na verdade ela não era bem uma amiga, não? Considerando que ela e as outras duas que morreram ano passado foram contratadas para cuidar de você. Espionar, para saber se estava bem. Ela sabe que você está aqui, mas não liga. Ela não era sua amiga de verdade.

Foi como se o coração dela tivesse parado de bater, e os flashes da sessão de fotos simplesmente não existissem. Foi como se os olhos que não choravam, tivessem achado uma fonte de água. Foi como se tudo que vivera com Carrie, fora tudo uma mentira. A mulher atingira seu ponto fraco.

– O que está me dizendo? – falou, com os olhos cheios de água, mas que se recusavam a chorar – Está me dizendo que esse tempo inteiro eu tive uma espiã do meu lado? Digo espiãs? Está me dizendo que as duas que morreram ano passado também não eram minhas amigas? Está me dizendo que eu dormi no mesmo quarto com bruxas espiãs? Está me dizendo isso? - falou, a esse ponto chorando.

– Me desculpe... Eu... Eu não sabia que você... Não sabia... O objetivo era ela te contar uma semana antes... – falou a mulher, confusa – Ela afirmou que lhe contou...

– Não me interessa se ela afirmou ou não! O que me interessa, é que eu defendi uma pessoa com unhas e dentes, quando ela nunca faria o mesmo por mim na vida real! O que me interessa, é que essa porcaria de colar que uso – arrancou um colar do pescoço – Não foi uma amiga que me deu? Foi uma espiã! Quer saber? Sai daqui! – a mulher não se moveu – SAIA DAQUI! – disse, jogando um vaso de flores no chão.

– Descanse Srta. Potter. Procure se acalmar. Amanhã conversamos melhor. – disse, saindo calmamente.

Ela se atirou no chão assim que a mulher bateu a porta, e trancou. Os cabelos escabelados, e o rosto já vermelho. Fazia anos que ela não chorava, e quando chorava era por causa de uma simples “amiga”? Não, ela não conseguiria afirmar que Carrie era uma simples amiga. Sempre fora mais que isso. Sempre.

O colar atirado no chão, partido, era a prova de que o que a mulher dissera era falso. Carrie era real. Aquela mulher era falsa. Esticou-se para pegar novamente o colar, e o olhou. Era de prata, com uma chave de pingente. A chave tinha a imagem da flor de lis estampada. Mais uma lágrima fina caíra de seus olhos. Não podia ser verdade. Lembrou-se de quando ganhara o colar, e de como fora um dia feliz para as duas.

Flashback on

– O que é isto Carrie? Que porcaria é essa?

– Se você chama um colar de quase duzentos dólares uma porcaria, por favor, me dê. – disse sorrindo – É um presente. Pelos seus quinze anos. Como você não vai fazer nenhuma festa, eu trouxe alguns brownies para comermos. E esse é o meu presente para você. Não pense nisso como um presente à toa. A flor de lis representa, acima de tudo: poder, soberania, honra e lealdade. Além de pureza de corpo e alma. Tudo o que você representa para mim. Não há ninguém que não queira ser igual a você, Lawren. A flor de lis lhe representa, sabe o motivo? Lawrence significa “coroado de louros”. Para quem tem uma cabeça que nem a sua, sabe o que isso representa: poder. E Lawren? Significa: a que sempre vence. Seus pais, seja lá quem eles forem, fizeram uma escolha perfeita para você.

Flashback off

As lágrimas caíram ainda mais ao se lembrar disso. Alguém que falava algo como Carrie falara, não podia ser um espião, podia? Não deveria ser um espião...

***

Ela ficara mais alguns minutos sentada ali, com o colar na mão, acalmando o choro. Quando finalmente se sentiu bem o suficiente para se levantar, foi tomar banho. Encaminhou-se calmamente para o armário, e pegou uma toalha branca, junto com um roupão. Foi para o banheiro e se despiu, ainda pensando nas palavras da velhota.

Toda sua vida, ela tivera três amigas verdadeiras: Elisa, uma morena de olhos azuis. Carol, uma morena de olhos castanhos. E Carrie: uma morena de olhos azuis, além de ser a mais nova do grupinho. Devido a uma tragédia em um acidente de carro, Carol e Elisa perderam suas vidas, e Carrie passara a ser sua única amiga. Ela nunca parecera uma espiã...

Mas, se aquele colar era realmente uma chave de Gringotes, então ela deveria ser uma bruxa, não? Ou alguém a manipulou, falando todas as informações necessárias para ela comprar o colar. Carrie nunca fora interessada por botânica para saber o que certa flor representava... Mas bem. Se Carrie era uma espiã, ela nem mesmo poderia saber se o nome dela era realmente Carrie. Fora uma farsa, e ela finalmente entendera. E isso somente aumentara seu ódio.

Entrou de baixo do chuveiro, e a água gelada atingiu seu corpo. Não lavaria o cabelo, uma vez que já lavara na manhã daquele mesmo dia, antes de ir para a escola. Aos poucos a água foi se tornando mais quente, e foi embaçando os vidros do Box. Começara a cantarolar uma musiquinha qualquer, para tentar se distrair de tudo. Estava morrendo de fome, e se recusava a comer qualquer tipo de comida que aquela casa oferecesse.

Ficara uns dez minutos tomando banho, e então saíra. Secou-se, e vestiu o roupão, enquanto pendurava a toalha. Destrancou a porta, se deparando com um quarto iluminado somente pelas luzes da rua. Não notara que havia escurecido tão rápido. Suspirou e encaminhou-se até o interruptor e o ligou.

Foi até o armário, pegou uma camisola e vestiu. Iria dormir para esquecer o que acontecera. Foi até a escrivaninha, pegou seu celular e ia indo para a cama, até notar o porta-retratos das duas. A moldura era toda vermelha, e com a foto dela e de Carrie. As duas usavam uma camiseta vermelha com a palavra “Love” na frente. Ela tinha uma expressão assustada, apontado o dedo para a bochecha de Lawren, que tinha uma mancha de batom vermelho. Lawren usava o cabelo preso e um óculo rosa acima da cabeça, e apontava para a mesma mancha, com um sorriso. Ela pegou a moldura e se sentou na cama, junto com ela. Ficou olhando alguns minutos, até ouvir um grito na rua: “Vamos logo, vai ficar parado aí pra sempre?”. Ela olhou para a janela, e olhou a cidade iluminada.

“Quer saber? Eu é que não vou ficar trancada aqui?”.

Pegou uma calça jeans, uma regata, um casaco amarelo, um All Star branco, uma bolsa amarela e marrom, restaurou a corrente e a botou, jogou o quadro no chão, pegou seu celular e sua carteira, e abriu a janela olhando para baixo. Era alto, mas havia uma árvore gigante do lado. Se ela saísse, e descesse pela árvore, seria muito simples e lógico. Tudo que ela precisava era pular e se agarrar naquele galho. Como uma aluna de atletismo no passado, não seria complicado.

Em dois minutos ela já estava no chão, pulando o muro. Uma vez na rua, percebera que a neblina era densa, e a luz era trêmula. A noite de Londres, mesmo em pleno verão, eram frias. Esfregou um braço ao outro, andando apressadamente em direção à avenida principal. Minerva a mataria. Olhou para trás, ouvindo umas risadinhas maldosas, e bufou. Caras idiotas.

Pegou o celular na mão, e foi até os contatos. Pulou uns cinquenta, até chegar à letra “C”. Pulou uns cinco, até achar o nome de Carrie. Botou na opção de mensagem, e parou na esquina, suspirando. Sim ou não? Por fim, escreveu somente:

“Onde está?”.

A mensagem não demorou mais que dois minutos para voltar. O coração acelerara. Pelo menos o número ainda era o mesmo. Tremendo, ela ia abrir a mensagem quando a música “Radioactive” começou a tocar, e o celular começou a vibrar em suas mãos. No visor, um nome: Carrie.

Ainda tremendo, e com o coração prestes a sair pela boca, ela arrastou a telefone verdinho para o lado, e olhou o visor mudar de “chamada de” para “duração da chamada: 00.00.01...”. Estava na linha. Colocou, devagar, o telefone no ouvido, e ouviu a respiração do outro lado da linha, esperando alguém falar. Vacilante, e com a voz meio rouca, ela uniu todas suas forças, para falar uma única palavra.

– Alô...?


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Notas finais do capítulo

E então? O que acham que a Carrie pode ser? Acham que a Minerva estava mentindo para fazê-la ficar com raiva de Boston? Acham o que? Capítulo que vem, emoções. Vou dar alguns spoilers:

Nome: Carrie: uma amiga ou uma espiã?

A Lawren verá Carrie, e aparecerá ela em Hogsmeade, onde, possivelmente, ela encontrará com o trio de ouro. Somente isso que posso dizer. Aqui está o look da nossa Lawren:

http://www.polyvore.com/lawren/set?id=116501170

Vejo você logo... Beijos> Xoxo