Os Guardiões escrita por Mariane, Amanda Ferreira
Notas iniciais do capítulo
Hello! Não nos matem. Estamos de volta com novidades quentinhas.
Aproveitem!
Ps: reclamações só mandar mensagem :)
Ainda estava me dando conta do súbito carinho de Nicolas quando sai do banho com um short e um moletom, prendendo os cabelos molhados.
Nicolas que estava olhando a janela sentou-se na cama com os ombros baixos e as mãos no rosto como se tentasse resolver uma equação difícil. Fiquei analisando-o ate que depois de alguns segundos ele voltou a falar.
– Quando chegarmos à ilha, você tem alguma ideia de onde ir?
– Não. – respondi. – Eu esperava uma resposta de você.
– Como assim?
– A ilha, ela não te soa nada familiar? – perguntei frustrada. – Mayara me disse que você entenderia...
– Por que eu?
– Não sei. – respondi e sentei-me ao seu lado. – Pensa... Ela não representa nada a você?
Ele parou e olhou para a porta na nossa frente como se tivesse acabado de ter uma lembrança, e então, de repente ele gritou:
– Já sei!
– O que?
– Quando éramos pequenos. – falou – A minha mãe nos contava uma lenda sobre as deusas. Quando deuses nascem, eles têm que ter um lugar sagrado para construir um templo e fixar seu poder. Os nomes das ilhas são desconhecidos para o nosso povo. Mas o mais interessante é que uma deusa não pode visitar a ilha da outra.
– Por quê?
– Porque cada ilha concentra toda a força e energia vital das deusas. Seus templos são como seus corações. Se forem destruídos...
– Elas deixarão de existir. – falei e foi só ai que entendi – Kira nos quer na ilha de Kora! Quer que a matemos no seu próprio templo! E então...
– Ela deixará de ser um problema.
– Sim! – concordei finalmente aliviada de entender toda aquela trama.
– Tem algumas ilhas afastadas e desconhecidas. – ele caminhou e pegou um mapa na sua mochila. Abriu-o sobre a cama e me apontou pequenos pontos distantes nos oceanos.
– Como saberemos qual é? – perguntei olhando a Europa.
– Ilha de Man. – ele me olhou brevemente e depois apontou um pontinho dentro do mar da Irlanda. – É a ilha que os anciões sempre disseram ser a de Kira já que Kora não pode visita-lá.
– Seria o local mais seguro para esconder a única arma que mataria a irmã. – deduzi.
– Kate... Só que temos um problema.
– Que problema?
– Se Kora estiver no templo quando a matarmos, será um grande risco. – falou seriamente – Porque lá, ela se torna quase que indestrutível. Lá é o local de seu verdadeiro nascimento.
Engoli em seco.
– Acho que o único jeito é confiar em Kira. Quando chegarmos à ilha de Man, talvez lá tenha a resposta de onde fica a ilha de Kora.
Ele não pareceu satisfeito com a ideia.
– Tem uma ilha não muito distante da de Man. Há muitos relatos de mortes de turistas inexplicáveis e os moradores matam baleias às vezes sem necessidade. Chama-se ilha Faroé. Fica entre a Escócia e a Islândia. – ele suspirou. – É um chute no vazio, mas pode ser o templo de Kora. Uma ilha bem próxima a da irmã.
– Seria ótimo. – concordei. - Mas me conta mais sobre essa lenda. – pedi – O que mais nos seria útil?
– Deixe-me ver... - falou – Os templos, eles tem mais de três mil anos. São apenas ruínas hoje. A população nem deve mais saber de sua existência. Então quando chegarmos nem adianta tocar no nome de Kira. Eles não a reconheceram.
– Ok. – respondi – Mas você tem alguma ideia de onde encontraríamos as ruínas?
– Na mais alta montanha. Posso ter certeza disso. – falou – Os adoradores de Kira provavelmente colocavam os templos bem no alto, nas maiores montanhas para a que ficassem mais próximos dela e assim suas adorações e preces fossem mais ouvidas.
– Então no caso de Kora...
– Seria em uma caverna ou no subsolo.
Engoli em seco.
– Algum problema? – ele ergueu uma sobrancelha.
– Eu... Eu tenho medo de lugares subterrâneos. – admiti.
Ele riu.
– Não ria. – rosnei – Até parece que você não tem medos!
Ele sorriu presunçoso.
– Todo mundo tem medos Nicolas. – falei.
– Eu não.
– Tem sim, e eu vou descobrir.
Ele deu de ombros, mas vi um estranho brilho em seu olhar.
– O que faremos agora? – perguntou.
– Eu estou com fome. – falei. – O que você acha de pedirmos serviço de quarto?
Ele riu de novo ficando de pé.
– Estamos num motel Kate. – sorriu mostrando uma covinha no lado direito do rosto. – Vão te trazer camisinhas e calcinhas comestíveis sabor chocolate.
Fiz uma careta e ele riu mais, depois me olhou.
– Acho que pode pesquisar lanchonetes aqui perto e pedir algo. – falou estranhamente educado.
Assenti e dedilhei alguns números no telefone. Quem me atendeu foi um trombadinha mal educado, assim que desligou virei para Nicolas que parecia estranhamente incomodado.
– Você está bem?
– Sim. – falou e suspirou – Só organizando algumas coisas.
– Que tipo de coisas? – observei ele rabiscar seu mapa em alguns pontos e depois guardá-lo
– O que faremos quando chegarmos às ilhas e etc.
– Entendo. – e por algum motivo a atitude de Nicolas fez com que eu começasse a ficar nervosa.
Bom, não me julguem. Estou acostumada com o Nicolas frio, mal humorado, chato, mas não com aquele Nicolas que me dava satisfação e me entendia.
– Nick?
– Sim. – falou parando e me olhando.
– Por que está me tratando assim? Já disse que não precisa.
– Assim como? – perguntou.
– Bem. – respondi – Você nunca faz isso. Não por muito tempo.
– Você ainda acha que eu sou como fígados de criancinhas no meu tempo livre né?
– Sim. – respondi.
Ele riu.
– Eu sou legal, é só que você me deixa confuso.
– Ah! Eu te deixo confuso?
– É que você não entende. – falou passando a mão pelo cabelo.
– Não, eu não entendo – respondi.
Ele chegou perto e sentou-se ao meu lado.
– Você é... – falou.
– Sou...?
– Diferente. Você faz tudo imprudentemente e de uma forma única. – respondeu – Você é sempre intensa e cheia de opinião, mesmo quando esta errada. Você se parece... Você se parece demais com ele. – ele desviou o olhar do meu. - E quando vejo você tomando as mesmas atitudes que ele, eu fico... Preocupado.
Engoli em seco. Mesmo ele não dizendo percebi o que ele quis dizer.
– O tenho haver com Lucas? – perguntei em voz baixa.
– Tudo. – ele riu e voltou a me olhar. – Você não tem ideia. E é por isso que me preocupo. Não quero que você tenha um destino pior que o dele. Não quero vê-la em perigo.
– Mas...
– Nem me surpreendo que vocês tenham ficado juntos, tão rápido. – falou de um jeito tão intenso que eu quase acreditei que ele estava com ciúmes.
– Posso te contar uma coisa?
– Claro que pode. – ele me fitou cravando os olhos nos meus.
– Todos esses dias que eu passei tudo o que tenho visto e sentido, às vezes eu me esqueço de que já fui apaixonada por ele. – encarei o lençol.
– Já foi? Você não...
– Não mais. – ergui o olhar. – Foi apenas uma paixão impulsiva. Não era amor Nicolas. Amor... Constrói-se.
Ele ficou me olhando como se eu fosse uma bela obra de arte. Depois sorriu de leve.
– Você sente falta, mas não faria diferença se ele viesse e depois fosse. Você apenas se preocupa.
Assenti suspirando.
– Eu entendo. – ele concordou. – Agora, quando encontrar um amor vai sentir que tudo o que passou um dia valeu a pena.
Não consegui desviar o olhar, suas palavras soaram sinceras e puras como se ele já tivesse sentido tal coisa. Sorri me dando conta que o azul dos seus olhos agora brilhava.
– Obrigado por compreender.
– Obrigado por confiar em mim.
***
Lucas não saiu e pelo jeito não iria, a não ser que eu o arrastasse pela orelha para fora, o que eu não faria num momento desses.
Encarei Bruno tossir e finalmente abrir os olhos. Aproximei-me e ele olhou em volta parecendo atordoado e depois me encarou e seu rosto tomou uma expressão de pânico total. Ele se afastou tão rápido que não vi quando levantou. Bateu na parede e me encarou assustado.
Fiquei de pé e estiquei as mãos em rendição.
– Está tudo bem. – falei com a voz mais calma que pude.
– O que você fez? O que você é? – perguntou olhando rapidamente onde estava a mordida.
– Bruno...
– O que você é? – ele gritou pegando o abajur do seu lado e me ameaçando com ele. – Eu vi sua louca!
– Tudo bem. – me afastei. – Eu mordi você, acabei de passar meu veneno e maldição com essa mordida. – engoli em seco. – Sofro de uma maldição chamada licantropia... Metade humana, metade lobo.
– Um lobisomem? Isso não existe. – ele voltou a gritar.
– Muitas coisas que você acha que não existem, na verdade existem e muito bem.
– Você é louca.
Ele se afastou da parede e respirou fundo.
– Fica longe de mim. Se me seguir, eu juro que ligo para a policia.
– Bruno você não pode...
– Cala boca!
Ele abriu a porta e saiu pelo corredor e eu sabia que daria de cara com o Lucas. Dito e feito. Ouvi o som do seu grito e logo voltou para o quarto ainda com o abajur como arma.
Lucas surgiu na porta mesmo na forma humana, mas com suas presas de lobo.
– Não pode sair recém-criado.
– Mais um? – Bruno olhou pra mim. – Está trazendo sua gangue Eliza?
– Alcateia é o termo certo.
Balancei a cabeça e lancei um olhar mortal a Lucas.
– Sai daqui! Ele é problema meu. – gritei.
– Nosso! Desde que me tornei seu alfa Lizzy.
Bufei batendo o pé na sua direção.
– Some daqui seu idiota! Não preciso de você.
– Conte tudo a ele ou eu contarei do meu jeito. – ele me fuzilou e se virou saindo.
Suspirei e bati a porta me virando para Bruno.
– Primeiro não precisa me ameaçar com um abajur. – falei. – Não daria certo de qualquer jeito.
Ele olhou para sua arma falsificada e depois para mim.
– Prefiro manter.
– Ok. – me sentei na cama. – Vou contar tudo o que precisa saber.
– Diga. Sou um... Um lobisomem agora? Por que fez isso?
– Ate que sua transformação esteja completa... Sim. Você será um. – encarei o lençol. – Te mordi por que... Eu não sei.
– Como não sabe? Era pra ser um sexo normal, não você virar um... Lobo na minha frente. – ele balançou a cabeça. – Sexo selvagem é uma coisa. Isso foi mais carnificina.
– Nunca fiz isso antes. – o encarei. – Mas vou te ajudar, é uma promessa.
– O que quis dizer com maldição?
A porta se abriu e Lucas entrou se sentando do meu lado olhando com atenção o garoto a nossa frente. Fechei a cara, mas nem tive tempo de reclamar.
– Antes de qualquer explicação recém-criado, você precisa colocar uma única coisa na sua cabeça. – Lucas falou confiante tomando minha palavra.
– O que é?
– Toda e qualquer história de terror que já ouviu veio de algum lugar. Todas as histórias de seres sobrenaturais são verdadeiras.
***
Encarei o espelho no teto e puxei os lençóis vermelhos ate os ombros. A noite estava especialmente quente, mas eu insistia em ficar coberta. Nicolas pulou do meu lado e ficou me olhando. Encarei-o deitado de bruços sem a camisa e com uma calça de moletom cinza.
– O que foi? – perguntei começando a corar.
– Posso te fazer uma pergunta? – ele me olhava curioso.
– Pode. – respondi rapidamente.
Ele sorriu e apoiou o cotovelo na cama segurando a cabeça e perguntou sem delongas:
– Você é virgem?
Senti meu rosto virar um tomate maduro e arregalei os olhos. Por que diabos perguntou isso? Ainda mais os dois deitados numa cama de motel com espelho no teto.
– Ah... – minha voz falhou e eu respirei fundo. – Eu... Por que quer saber?
– Curiosidade. – deu de ombros.
Deitei-me de lado tentando captar algo em seu olhar e nada, então respondi sincera:
– Sou.
– É o que?
– Sou virgem Nicolas.
Esperei ele rir ou fazer alguma piada, mas ele apenas suspirou como se estivesse aliviado e sorriu para mim.
– Que bom. – se deitou olhando o teto.
– Como assim que bom?
– Ainda é pura. – falou fazendo os braços de travesseiro.
– Pensou que o...
– Sim.
Eu não tinha transado com o Lucas, Nick! Infelizmente ou não.
Respirei fundo e encarei o teto novamente.
– Eu não. – Nicolas falou casualmente.
– Imaginei. – revirei os olhos.
– Foi um pouco estranho, mas foi. – ele riu de alguma piada interna.
– Sarah?
– Não.
Ergui uma sobrancelha.
– Como não? Quem foi então?
– Seu nome é Eva, mas nunca mais a vi. Estava bêbado em uma missão.
Não pensei em nenhuma pergunta, então soltei:
– Eu gostaria de perder com alguém tão virgem quanto eu.
Ele soltou uma risada.
– O que foi? Não posso? – perguntei me virando para ele.
Ele se deitou de frente para mim e sorriu com malicia.
– Estamos na cama certa e no lugar certo, só não está com alguém tão virgem como você. Quer tentar mesmo assim?
Fechei a cara e ele caiu na gargalhada.
– Vai encontrar a pessoa certa Kate. E saberá.
Fitei seu rosto e ele sorriu. Sorri fechando os olhos.
– E ele será um cara de sorte. – ouvi-o resmungar, mas quando abri os olhos ele já estava de costas para mim apagando a luz.
Suspirei virando-me para uma noite infinita de sonhos cansativos.
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