Os Guardiões escrita por Mariane, Amanda Ferreira


Capítulo 29
Emoções


Notas iniciais do capítulo

Queridos e amados leitores u.u Como estão?
Aqui estamos nós com mais um capítulo cheio de novidades.
Lembrando que *** é mudança de narrador, então atenção. ;)
Hoje sem foto :/
Boa leitura e ate mais! Beijos!!!



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Nicolas e eu ficamos nos encarando e ouvindo os cochichos em volta. Baixei as mãos e o circulo de fogo azulado se desfez levando o circulo de Nicolas junto.

Seus olhos azuis e frios se grudaram nos meus e pude sentir meu coração palpitar, algo se revirar dentro de mim. Aquele olhar significava muito mais do que apenas uma duvida, de como fiz aquilo ( que alias eu mesma não sabia). Aquele olhar significava que ele desconfiava de algo que eu não tinha conhecimento. Algo novo.

Abri a boca para perguntar o que era, mas ele desviou os olhos dos meus e se virou para a turma.

– Por que pararam? - gritou irritado. - Não mandei ninguém parar. Continuem.

Ouvi reclamações baixas e segundos depois, os alunos já tinham voltado as suas tarefas.

Ele queria me irritar... E estava conseguindo. Mas eu não mostraria isso. Eu seria a melhor, seria única. Nicolas tentou prosseguir com a aula normal, apesar de que de vez em quando percebia que uns ou outros me olhavam esquisito. Por fim ele desistiu.

– Acho que está bom por hoje. – falou – Não se esqueçam que amanhã a aula é combate corpo a corpo. – falou encarando a turma que começava a recolher suas coisas.

Engoli em seco.

– Como assim Nicolas? – perguntei evitando demonstrar o pânico que eu sentia.

– Ah sim – falou me olhando desdenhosamente – A primeira fase das aulas são intercaladas entre lutas corpo a corpo e a manipulação de seu elemento.

– E a segunda? – perguntei temendo a resposta.

– Luta armada e manipulação do seu elemento. – falou sorrindo ao me ver completamente assustada.

– Maravilha – resmunguei. Passei a mão pelo cabelo e comecei a andar lentamente ate a porta.

– Espera Katherine. – falou agarrando meu braço.

No mesmo momento senti meu corpo se contorcer. Em um gesto involuntário puxei meu braço e o encarei. Apesar de ter me prometido não pensar mais na noite anterior não pude evitar. Seu rosto tão próximo ao meu, seus lábios quase tocando os meus e sua... Namorada.

– Eu quero esclarecer o q...

Antes que eu o deixasse terminar me virei e voltei a andar, temendo que meu rosto transparecesse tudo o que eu sentia.

– Volte a aqui Katherine! Prec...

– Não. – falei num rosnado – Eu não preciso de explicação nenhuma. Não preciso de nada que venha de você.

– Katherine, Sarah e eu...

– Para! – falei – Você tem uma namorada e eu também tenho. – falei e me assustei.

Nicolas me encarou embasbacado e aproveitei a oportunidade para sumir. Quando pensei que já estava longe suficiente, senti um aperto forte no meu pulso me puxando de volta pelo corredor. Nicolas estava com um olhar sombrio.

– Você ainda acha que tem chance entre vocês dois? - perguntou secamente. - Acha que vai ficar com ele como? Virando um monstro como ele mesmo é?

– Cala boca! - xinguei. Você é um imbecil.

– Então é isso? Vai abandonar a sua nova família por um simples... - ele balançou a cabeça. - Por um simples romance? Um idiota e sem futuro?

Puxei meu pulso da sua mão e o encarei sentindo uma raiva se acumular.

– Em nenhum momento eu disse isso.

– Não precisa dizer Katherine. - falou. - Eu sei. E digo mais. Amá-lo vai levá-la a morte.

Engoli a raiva e tentei respirar fundo, mas senti minha respiração ficar acelerada e pelo meu corpo passar um arrepio. Ouvi sons vindos de fora, mas os ignorei, pois o que começou a acontecer do lado de dentro foi bem mais preocupante.

Fechei as mãos tentando controlar a raiva e não dar na cara dele ali mesmo. Senti uma rajada de vento invadir o corredor, as portas começaram a se mover, batendo. Os fios soltos do meu cabelo acompanharam a ventania, assim como o cabelo de Nicolas que se revirava.

Ele olhou para os lados e depois para mim, com surpresa evidente. Não me importei no começo, poderia ser apenas um dia de vento forte ou um furacão chegando. Tentei respirar e não ter medo de ser levada e senti minhas emoções se acalmarem lentamente. A ventania parou e eu respirei profundamente. Nicolas ia perguntar algo, mas o ignorei e caminhei o mais depressa possível.

Meu corpo tremia e o local em que Nicolas me tocara ardia como se eu houvesse levado uma tapa. Eu queria simplesmente sumir. Ou você pode achar o Daniel, sua estúpida.

Respirei fundo e ergui minha cabeça no mesmo momento em que uma figura loira apareceu quando virei o corredor.

– Katherine, acertei? – perguntou me olhando questionadoramente.

***

– Por hoje é só pessoal! - gritei para que os que estivessem no fundo pudessem ouvir. Sorri para os alunos que saiam. Observei no canto da sala, Julieth ao lado de umas das poças de água. Ela movimentava as mãos lentamente, mas nada acontecia.

Aproximei-me e ela me olhou suspirando.

– Acho que hoje não é o meu dia. - falou desanimada. - Não consigo.

– Claro que consegue Julie. - falei estendendo a mão esquerda sobre a água. Remexi os dedos sentindo-os ficarem frios e um segundo depois a água se ergueu dançando conforme minha mão.

Imaginei uma forma e me concentrei sentido a frieza se espalhar por toda a palma da mão. A água se contorceu e ganhou uma forma triangular e então se materializou se transformando em gelo.

– Viu? - falei mostrando o triangulo a Julieth. - Você já sabe fazer isso.

Ela se virou para a água e respirou. Esticou as mãos e moveu os dedos. A água se ergueu, mas nada alem disso.

– Concentração Ju. - falei baixo. Aproximei-me colocando as mãos nos seus ombros. - Apenas se concentre e sinta a água fluir sob seu comando.

Ela soltou a respiração e pude ver a água ficando sólida e tomando alguma forma desconhecida. Antes que eu pudesse ver que desenho formara, ela a pegou fechando-o na mão. Virou-se de frente pra mim e sorriu delicadamente. Os lábios vermelhos sob a pele clara. Esticou a mão pegando a minha e deixando um peso frio.

Observei atentamente o pedaço de gelo em uma forma perfeita de coração. Sorri pra ela. Ela me encarou como se esperasse algo. Confesso que por um momento me perdi nos seus olhos cor de tempestade e senti algo borbulhar dentro de mim.

Desviei o olhar e assenti.

– Eu disse que conseguia. - falei limpando a garganta.

Ela assentiu e baixou os olhos. Afastei-me pegando a bolsa caqui enquanto ouvia o som de suas botas me seguindo lentamente.

– Dani? - falou assim que fechei a porta.

– Hum? – perguntei por alto trancando a porta.

– Sabe... Inaugurou um bar e como a Katherine é nova aqui... Eu achei... – falou mordendo o lábio inferior. Uma mania que percebi que ela sempre fazia quando estava perto de mim.

– Acho uma excelente ideia Ju. – falei sorrindo torto.

– Podemos nos encontrar daqui à uma hora na praça principal? – perguntou.

Olhei meu relógio, 15 horas.

– Não está muito cedo?

– Podemos mostrar um pouco da cidade a ela, sabe... – ela deu uma pausa – Os melhores lugares.

– Acho que sim. Vou encontrar a Kate e nós podemos ir. – respondi.

Ela sorriu, mas tinha algo oculto ali e um pouco mais eufórica continuou.

– Então acho que vou levar a Sarah e o Nick também – falou e uma ideia passou pela minha cabeça.

– Leva a Maggie, afinal as duas já são amigas e tal. – falei esperando que Julieth não percebesse meu interesse. Ela pareceu analisar um pouco minha sugestão e então com um sorriso concordou.

– Preciso ir. - falou colocando o cabelo atrás da orelha. - Nós nos vemos depois?

– Sim, sim!

Ela assentiu e se esticou na ponta dos pés. Virei o rosto, mas ela fez o mesmo e então senti seus lábios leves como plumas tocarem os meus. Um frio percorreu meu corpo e me afastei num pulo para trás.

– Desculpa. - ela olhou para o chão, mas pude ver suas bochechas vermelhas. - Tchau Dani!

Fiquei estático sentindo meus lábios formigarem. Isso sempre acontecia quando eu beijava alguma guardiã da água, mas foi diferente. Meu corpo quase gritava por mais e não apenas aquilo. Balancei a cabeça e olhei vendo-a virar o corredor. Pensei em ir atrás, mas me contive. Afinal eu ainda tinha uma obsessão nessa vida curta: Margareth Heenk.

***

Encarei a loura e engoli em seco. Numa calça jeans justa, blusa preta, botas estilo militar e os cabelos caindo lindamente em suas mechas cor de rosa. Ela sorriu com gloss nos lábios. Um sorriso claramente falso.

– É. - tentei sorrir e estendi a mão. - Katherine.

– Sarah. - falou. - Maggie disse que você se sentiu mal. Está tudo bem agora?

Assenti rapidamente.

– Ótimo. - falou. - Se precisar de algo...

– Obrigado. - respondi rispidamente. - Preciso ir.

– Tudo bem.

– Ate mais. - falei já me virando.

– Katherine!

Virei-me para ouvi-la e ela deu um sorriso extremamente irritante.

– Siga as regras.

Não entendi o porquê daquilo, mas resolvi que não perguntaria.

***

Depois do lance com a Julieth minha cabeça estava oca. Eu não sabia no que pensar e vaguei distraído pelo corredor passando por alguns guardiões. Ate que uma coisa ruiva, do tamanho de uma criança apareceu feito um fantasma a minha frente.

– Kate? – perguntei assustado. – Você está bem? – era obvio que era uma pergunta retórica, porque a própria estava parecendo uma defunta de tão branca. E para completar tremia violentamente.

– Dani. – ela parecia aliviada – Estou cansada. – respondeu contorcendo suas mãos no bolso do casaco.

– Percebi. – falei analisando-a.

Os cabelos vermelhos presos numa trança que já tinha ido 80% embora. Ela suspirou e continuou me encarando. Desistindo estiquei a mão e acariciei sua bochecha.

– Vamos pra casa. – falei – Talvez depois de um banho e de comer você melhore, afinal acabamos de ser convidados para dar uma volta na cidade e depois ir à inauguração de um barzinho.

Ela mordeu o lábio.

– Não sei se quero ir. – falou.

– Quer sim, é pra encontramos a Ju às 16 horas – falei e esperei que ela reconhecesse a ordem em minha voz.

– Afz. – falou bufando – Já que estou sendo intimada a comparecer...

– Garota esperta. – sorri bagunçando seu cabelo. – Ah um minuto Kate. – falei lembrando repentinamente de algo

– Você tem quantos anos?

– Dezesseis. – falou me olhando confusa. – Faço dezessete acho que... Que mês estamos?

– Novembro, dia... – ergui meu pulso e chequei o relógio – Dez.

– Então faço dezessete... Em... Em doze dias. – falou apavorada.

– Ih vai ficar velha! – falei rindo – Mas vai continuar parecendo que tem treze anos! – provoquei.

– Não é porque você parece uma girafa ambulante, significa que sou baixinha. – falou empinando o nariz.

– Significa sim – respondi – Uma vez baixinha, sempre baixinha.

Ela me olhou brava, ou melhor, tentou me olhar brava e saiu andando com a cabeça erguida segurando o riso.

***

– Cadê todo mundo? – perguntei assim que chegamos a casa. Daniel fechou a porta e ligou a luz.

– Eles são Anciões. – falou dando de ombros – Não podem voltar pra casa, só à noite.

– Ata. – murmurei um pouco chateada. – Vou subir e tomar banho, ok? Nicolas me deixou toda suada.

– Te deixou suada? - ele me olhou com o rosto repleto de malicia. - Interessante.

– Vai ver se estou na esquina. - falei

– Vou é fazer comida. – respondeu. Subi distraída.

Apesar de meu desentendimento com Nicolas, a ventania louca e o dialogo sem nexo com Sarah, Dani conseguiu me distrair o suficiente para me fazer esquece-los. Ou pelo menos o suficiente para não surtar. Entrei no quarto e olhei o relógio da cômoda. 15h28. Abri o armário apressada, lembrando que eu tinha que separar as roupas com antecedência para o caso de Daniel entrar.

Peguei uma roupa pratica sem nem me dar ao luxo de conferir. Entrei correndo no banheiro e me lancei ao chuveiro. Deixei a água quente relaxar meus músculos e permiti que minha cabeça flutuasse. Depois de alguns segundos sai enrolada na toalha e me vesti.

Por fim, me olhei no espelho para conferir meu visual. Eu estava mais básica do que eu queria, mas melhor do à roupa anterior. Tinha posto um vestido rosa estampado e uma bota cano curto bege. Prendi meu cabelo em uma trança elaborada. Sai do banheiro e peguei minha bolsa de franjas marrom que repousava na cama ao lado da jaqueta de couro preta.

Desci correndo e encontrei Daniel tirando um suco da geladeira.

– Nossa você esta linda! – falou sorrindo torto. - Tem certeza que não estou muito arrumada? – perguntei.

– Acho que não. – falou dando de ombros. Humpf! Homens.

– Então ta. – falei me sentando ao seu lado na mesa.

– Olha desculpa, mas era tudo que tinha. - falou apontando para as panelas. – Infelizmente, eu não sei cozinhar.

Dei de ombros me servindo. Com a fome que estava, eu seria capaz de comer feno. Coloquei avidamente o purê de batatas no prato, seguido por uma colherada de ervilha, um pedaço de frango defumado, arroz e feijão. O cheiro me deixou completamente atônita. Coloquei o prato na mesa e ergui os olhos para Daniel que devorava sua comida intensamente. Segurei o riso e concentrei toda a minha atenção em meu prato.

– E ai, como foi seu primeiro dia? – perguntou enquanto bebia lentamente seu suco de uva.

– Intenso. – resumi. - Nicolas é um troglodita.

– Talvez – concordou.

– Há quanto tempo você conhece eles? – perguntei distraída - Me refiro... aos Heenk's.

– Desde que eu nasci. – falou deixando o copo na mesa e passando a mão pelo cabelo.

– Entendo. - refleti. - Por causa do lance dos anciões, né?

– Aham. - ele pegou seu prato e se dirigiu a pia.

– Dani, uma coisa eu não consigo entender. – falei um pouco mais curiosa. – Como é que vocês escolhem seus anciões?

– Não escolhemos. – falou esfregando o prato. – É hereditário.

– Hã?

– Quando um ancião morre. – falou – O descendente de um deles, cuja poder substitui o que morreu é o escolhido.

– Então se nosso pai...

– Você é a escolhida. – falou concordando – Já que é a única que domina o fogo, aqui. Mesma coisa seria, se minha mãe morresse, eu assumiria sua cadeira no Conselho.

– Entendi.... – falei cruzando os talheres em meu prato. Ele me olhou secando as mãos.

– Não se preocupe. - sorriu. - Anciões envelhecem de uma maneira diferente, ou seja, tem mais tempo de vida do que nós. Uma parte do ritual de se tornar um ancião é ter uma meia imortalidade.

Imortalidade....

Assim que terminamos de comer, lavei o restante da louça (e reafirmo o que disse anteriormente, não é muito agradável, estava estragando em massa minhas unhas) enquanto o Dani corria para o quarto com Sunny. Depois de secar o ultimo prato, voltei para a sala e me sentei no sofá para esperar Daniel.

Ele não demorou muito, pouco tempo depois já estava em minha frente vestindo um jeans, uma blusa social azul claro, tênis e o cabelo úmido desarrumado.

– Vamos? – perguntou me lançando um sorriso fofo.

– Claro.

Seguimos o caminho que eu estava começando a decorar. Crianças por todo lado, caminhos de pedra, casas pequenas e muitas flores nos jardins. Fiquei quase feliz em ver Julieth acenando pra nós quando chegamos perto, mas minha pouca felicidade se foi quando a loira ao seu lado se virou e sorriu do mesmo jeito cínico de antes.

– Sarinha! - exclamou Daniel recebendo um sorriso cheio de malicia da loira. Ele e Julieth se olharam de um jeito esquisito e senti um clima no ar.

Cumprimentei as duas com um sorriso meio seco demais que desapareceu por completo quando vi Nicolas sair da sorveteria com dois sorvetes nas mãos. Ele entregou um a Julieth e outro a Sarah e me olhou num cumprimento silencioso. Seguimos caminho entre conversas aleatórias em que eu raramente participava. Ouvia-se mais as vozes de Julieth e de Daniel.

Lembro-me de ter conhecido um museu, uma praça colorida, o sei lá o que do dragão e quando olhei no relógio vendo que marcava 20hrs, eles mudaram de rumo e chegamos á um bar no lado sul do lago. Daniel agarrou minha mão como se fossemos namorados e todos entramos no ambiente com cheiro de cigarro e bebida doce. Em uma das mesas, com seus cachos negros, num short jeans, blusa preta e tênis, estava Maggie, que logo deduzi no aperto da mão de Daniel na minha ficar mais forte.

Sentamos-nos e o papo começou. Troquei algumas poucas palavras e foquei na musica de Michael Jackson que soava pelo ambiente. Vislumbrei num canto do bar um relógio redondo que estava marcando 20h45min.

Então minha memória voltou à tona. Olhei a mesa entre risadas de um lado, o olhar de Nicolas sobre mim, o olhar de Julieth sobre Daniel, o olhar de Daniel sobre Maggie e... Fiquei de pé num pulo e todos pararam pra me olhar. Passei a mão pelo cabelo.

– Eu preciso... Hm.... Ver uma coisa. - falei desesperada para sumir dali.

– Ver o que? - perguntou Daniel. - Vou com você pra...

– Não! - quase gritei. - Digo... Não precisa. Não vou demorar. Tchau!

Sai correndo antes que mais alguém perguntasse e fui diretamente para o leste do lago, para um dos portais de saída.

***

Segui com os olhos cada passo que ele dava. De um lado para o outro. Esmagando as folhas e galhos secos. Suspirei me sentando numa pedra redonda e fiquei ali ouvindo ele resmungar algo como "ela já devia ter vindo". Revirei os olhos e decidi que estava na hora de colocar um basta nisso.

– Ela não vai vir. - fui direto ao ponto. - Talvez tenha preferido ficar com o outro Heenk.

Ele parou imediatamente e me encarou.

– Por que você veio? - perguntou secamente.

– Porque sou a única de nós dois que possui algum senso de verdade e preciso passar um pouco pra essa sua cabeça.

– Não preciso de nada disso Lizy. - notei raiva na sua voz. - Sei o que estou fazendo.

Respirei fundo tentando controlar minhas emoções, mas era quase impossível.

Um bolo se formava na minha garganta e uma sensação de que estava sendo roubada preenchia meu peito.

– Ela vai acabar matando você, Lucas. Isso se Kora não o fizer antes quando descobrir seu romance fora da missão. - falei ficando de pé, pronta para correr dali.

Não aguentaria vê-lo chorando por estarem impedidos de transarem, por uma barreira invisível.

Olhei meus pés descalços e pensei em tirar a roupa para não rasgar minha velha blusa da oficina, mas me lembrei que o Lucas nunca gostava quando eu fazia isso. Eu era apenas uma loba boa e uma humana explosiva pra ele. Nada mais. Nada do que eu realmente queria que ele visse.

Pisei em um graveto, mas o que se quebrou estava na escuridão atrás de mim. Virei-me em direção do som e percebi pelo canto do olho que Lucas também ouvira. Olhamos-nos e eu entendia aquele olhar.

Afastei três passos e pude ver uma silhueta sair por entre as arvores. Quando chegou à luz, vi sua pele pálida e os cabelos cor de areia. Nada surpreendente para algo que já vi. Ele sorriu abertamente e falou com sua velha voz rouca cheia de palavras espanholas:

– Ora, ora! Nada mejor do que encontrar los viejos amigos.


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Notas finais do capítulo

Sarah: http://www.polyvore.com/sarah/set?id=129434915
Kate: http://www.polyvore.com/kathe/set?id=129361431
Maggie: http://www.polyvore.com/maggie/set?id=129439166



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