Os Guardiões escrita por Mariane, Amanda Ferreira


Capítulo 15
O convite


Notas iniciais do capítulo

Hi people! :3
Aqui estamos nós com cp novinho, espero que gostem.
P.S.: Foto de Kate, Yve e Leninha
Boa leitura!



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Lucas me encarava como uma cobra encara sua presa. Claro, em pouco tempo fiquei completamente entretida nos seus olhos. Ele sustentou meu olhar e lançou um sorriso torto fazendo borboletas girarem no meu estomago.

Não é todo dia em que olho para alguém e tenho essas reações, mas a maioria das vezes em que olho para ELE é assim.

– Kate! - chamou Maggie me cutucando com a ponta da colher.

Olhei confusa para ela que me encarou por um segundo com seus olhos azuis. Acho que ela estava me chamando a muito tempo, já que estava quase gritando.

– Estamos saindo. - falou.

– Que? - perguntei desorientada.

– Você vai ficar? Eu e o Nick vamos ir embora.

– Tudo bem Maggie. Eu vou ficar, tenho que falar com...

– Oi Katherine - falou uma voz de veludo em minhas costas. Meu corpo estremeceu e estranho calor me percorreu.

Imediatamente Maggie ficou estranha, igual quando falei a Nicolas que Lucas era meu amigo. Ela se levantou junto comigo e se virou exatamente no mesmo momento que eu.

Ali estava o Lucas com um sorriso amigável, os cabelos castanhos desgrenhados, olhos profundos cor de mel num perfeito estilo de jeans, camisa pólo e jaqueta de couro preta.

Ele e Maggie se encararam como se já se conhecessem, o que não me surpreendia. O sorriso dele se tornou mais... Perverso.

– Margareth. - ele falou. - É bom vê-la por aqui.

Vi pelo canto do olho Meggie fazer uma careta ao ouvir seu nome e em seguida ela deu um sorriso falso.

– Que pena não dizer o mesmo de você. - retrucou.

Eles se encararam mais uma vez e por fim ela se virou para mim e deu um "tchau" seco e se afastou dando meia volta indo em direção a porta onde Nicolas a esperava com uma expressão indecifrável no rosto.

Suspirei me sentindo mal pela atitude dela. Qual era o problema dos dois?

– Oi Lucas, como você está? - falei cansada.

– Bem. - falou estranho - Vejo que você recusou meu conselho de se afastar do Nicolas.

– É... Sobre isso. - engoli em seco. - Acho que não lhe devo nada. - falei arrogantemente - Se vocês não se gostam não me metam nisso. Eu não me interesso pela rixa de vocês, afinal de contas, eu não tenho nada haver com isso.

Ele não respondeu, apenas me olhou como se estivesse decidindo entre me contar algo ou não.

– Sabe, eu estou super cansada. Tive um dia extremamente agitado hoje e acho que vou indo. - falei e sem esperar que ele respondesse sai em direção à porta.

– Espera. - falou quase desesperado quando comecei a andar e tratou de vir para perto de mim outra vez. - Eu pensei que podíamos ir à cidade esse fim de semana. Eu soube que montaram um circo e um parque no Witherpoll e queria saber se você gostaria de ir comigo.

– Sério? - falei me assustando quando senti uma estranha pontada de animação ao perceber que era um encontro. - Amo parques. Que hora você quer marcar?

– Que tal eu bater no seu quarto às 13 horas? - perguntou.

– Ótimo. - falei sorrindo. - Mas agora é serio, tenho que ir. Acumulei muito trabalho e pretendo por tudo em dia hoje. Tchau! A gente se vê por aí.

– Tudo bem. - ele sorriu e se aproximou me deixando petrificada como da ultima vez. - A gente se vê! - e depositou um beijo na minha bochecha me deixando quase tonta.

Ainda entorpecida pelo momento anterior fui andando desligada até finalmente chegar à porta do meu quarto. Respirei fundo e girei a maçaneta. Assim que entrei, Yve e Leninha me esperavam sentadas com cara de poucos amigos.

– Ok. - falei me rendendo - Eu conto. Eu só preciso de um banho e falo tudo o que vocês quiserem, eu juro.

Sem esperar nenhuma resposta fui direto pro chuveiro. Assim que sai, vestida no meu pijama de flanela me larguei na cama e esperei que elas dessem inicio a minha tortura psicológica.

– O que vocês querem saber primeiro? - resmunguei.

– Qual é desses pesadelos? - perguntou Yve primeiro.

– Nunca sei direito, cada dia é algo diferente. - respondi dando de ombros.

– Qual foi o mais recente? - perguntou Leninha me olhando nos olhos.

– Ontem eu desmaiei e sonhei que eu estava sendo torturada por uma espécie de deusa maluca. - respondi me arrependendo do "maluca".

– Deusa? - perguntou Leninha trocando um olhar com Yve. - E por que não nos contou?

– Achei que vocês não precisavam de preocupações bobas como pesadelos. - falei.

– Nos preocupamos com você Kate. - protestou Yve. - Só queremos saber o que está passando na sua vida para podermos ajudar.

– Eu sei. - sussurrei. - Só não... Só não quero atrapalhar vocês em nada.

– Sua boba! Somos suas amigas antes de qualquer coisa, meu amor.- falou Leninha docemente.

– É... eu sinto muito. - respondi vagamente - Me perdoem? Eu estou sendo a pior amiga do mundo e... só estou pensando em mim.

– Tudo bem meu amor. Nós a entendemos. - falou Yve com tanta doçura na voz que meu coração palpitou.

– Sinto muito mesmo. - repeti sentindo as lagrimas descerem. - Eu amo vocês.

Elas sorriram e no mesmo instante me abraçaram. O melhor abraço triplo que se pode ter. E foi ai que me dei conta do quanto egoísta estava sendo. E o quanto eu preciso delas. Sim leitores... Katherine Hankor também precisa das pessoas e principalmente das suas amigas.

Depois de se afastarem, elas se olharam, depois para mim e então pularam na minha cama me agarrando.

– Socorro! Suas loucas! Estou ficando sem ar. - gritei meio rindo, meio gemendo.

Elas apenas afrouxaram o aperto sem me soltar realmente.

– Ok. Agora que o clima esta menos tenso... - falei sorrindo - Adivinha quem me chamou para sair neste fim de semana?

Elas se afastaram para me olhar e vi sorrisos se formarem.

– Quem? Quem? - perguntou Leninha de repente animada.

– Lucas me chamou para ir ao parque. - dei um sorriso satisfeito.

O grito foi instantâneo. Elas pularam na cama e depois se sentaram como o previsto, me lotando de perguntas. Como ele pediu? Quando? O que iremos fazer? Você gosta dele?Como ele pediu?(de novo). E coisas do gênero.

– Meu Deus, como vou respirar se vocês não param de falar? - falei dando uma risada.

– Ok. - respondeu Leninha me olhando com os olhos brilhando de expectativa. - Então fala tudo.

Narrei tudo detalhadamente sobre como ele me abordou até o fim da conversa. Em nenhum momento fui interrompida, elas pareciam mais animadas do que eu mesma.

– Se ele te beijar... - começou Leninha com uma cara maliciosa. - Me promete uma coisa?

Olhei para Yve em procura de ajuda e ela apenas sorriu dando de ombros.

– Depende. - respondi.

– Você, por favor, vai pegar na...

– Não! - gritei interrompendo sua frase. - Não, não e não.

– Mas Kate...

– Não.

Depois de mais algumas perguntas e conselhos, elas finalmente chegaram ao ponto em que eu mais temia.

– E aonde o Nicolas entra nessa história? - indagou Yve.

– Não entendo. - falei me fazendo de sonsa. Uma das coisas que posso realmente me orgulhar.

– Você parecia tão interessada nele no inicio. Parecia quase uma obsessão. - falou enfatizando a palavra "tão".

– Realmente? Eu estava interessada nele, afinal de contas Nicolas é basicamente um deus grego. - admiti baixinho - Mas eu não sou um cachorro. Porque é assim que ele me trata. Eu não corro atrás de quem não me quer. Pois bem, ele não quis? Tem quem queira. - empinei o nariz.

Ninguém fez objeção, afinal de contas, era a pura verdade.

– Então você não sente mais nada por ele? - Leninha perguntou desconfiada.

– Claro que sinto. - falei imitando um suspense - Indiferença.

No mesmo momento elas começaram a rir. Ficamos fazendo algumas piadas até meu celular apitar alto me assustando.

– Quem é? - perguntou Leninha assim que levantei e peguei o aparelho. Era uma mensagem de um numero desconhecido que me abalou completamente.

Cliquei na tela e li. Como ele conseguiu meu número?

"Se você não aparecer aqui em trinta minutos eu excluo você do trabalho, gracinha. Atenciosamente Nicolas."

– Que merda! - gritei correndo para o closet para me trocar de roupa. Pus uma blusa branca em degrade indo para o azul, uma calça branca jeans, um brinco de flores, pulseiras de argolas azuis e pratas, uma mochila dos Estados Unidos e por fim um salto plataforma preto.

– Sabe quando se fala no diabo e ele aparece? - perguntei enquanto elas me olhavam confusas. - Pos é! Vou ter que ir me encontrar com ele. Um diabo de olhos azul chamado Nicolas.

Sai desenfreada pelo corredor morrendo de medo de me atrasar. Trombei em alguns casais e em algumas garotas que me xingaram de palavrões que não vou repetir. Assim que cheguei à porta da biblioteca, encontrei Nicolas de cara feia.

– Você não só está atrasada, garota, como também me fez ter que acabar o trabalho sozinho. - rosnou me entregando um bloco de folhas - Boa sorte em passar dez folhas a limpo para o computador. Sozinha.

– Eu...

– Depois sou eu o irresponsável.

Sem ao menos, me deixar processar tudo, ele saiu.

Balancei a cabeça olhando ele sair pelo corredor batendo o pé. Entrei na biblioteca e percebi que a Srª. Cooper não estava na sua mesa de sempre. Arrastei-me ate a cadeira mais próxima e liguei o computador.

– Que lindo! - choraminguei e comecei a digitar mecanicamente tudo para o editor de texto.

Ele tinha feito um bom trabalho, mas tive a sensação de que colocou coisas a mais só para que pudesse ficar um século digitando. E depois, quando finalmente consegui terminar a ultima frase, já mal conseguia piscar sem quase dormir. Levantei recolhendo minhas coisas e fui até a Srª. Cooper que havia voltado para seu posto para imprimir o trabalho.

– Quantas cópias minha querida? - ela perguntou lançando um sorriso doce.

– Uma de cada. - respondi sonolenta.

– Muito bem. - falou se afastando levando consigo o pen drive. Encostei-me no balcão quase dormindo e quando ela voltou, percebi que tinha feito uma capa plástica e grampeado as folhas. - Aqui esta: 8 libras.

Agradecida, paguei a e sai direto para o quarto, morta de sono.

Entrei deixando o trabalho na cadeira e cai de cara nos travesseiros.

– Que demora. - falou Leninha. - Por acaso encontrou o Lucas?

Virei à cara para ela e mostrei língua. Ela sorriu e voltou a pentear os cabelos castanhos e longos. Olhei em volta vendo só a cama de Leninha arrumada.

– Cadê a Yve? - perguntei me sentando e puxando um pijama estendido na minha cama.

– Foi jantar com o Brad e não voltou ainda. - Leninha me lançou um olhar malicioso. - Devem estar se pegando por ai.

– Hmmm. - respondi. Lembrei-me da ultima vez em que vi o Brad aqui no quarto. Com um olhar frio e calculista quando passou por mim.

– Vou dormir. - falei vestindo o pijama rosa de camiseta e short. - Estou morta. Você acredita que o maldito do Nicolas deixou umas cinqüenta folhas pra eu digitar sozinha?

– Isso tudo por que você chegou atrasada? - Leninha se sentou na sua cama tirando sua bermuda e vestindo um short azul.

– U-hum. - respondi pegando a escova e deslizando pelo meu cabelo. - Aquele ordinário.

Ela deu uma risadinha e balançou a cabeça.

– Do ódio ao amor é apenas um pulinho. - falou rindo.

Mostrei-lhe a língua outra vez e desisti da escova e me joguei na cama puxando os lençóis.

– Boa noite! - resmunguei.

– Boa noite ruiva!

Senti meus pés úmidos. Abri os olhos com dificuldade e forcei as mãos no chão para me levantar. Percebi que o chão é que estava molhado. Fiquei de pé e olhei em volta sentindo um frio na nuca.

Era um cemitério. Túmulos me cercavam, para onde quer que eu olhasse. O tempo estava frio e cinzento, estava... Assustador.

Engoli um gosto estranho na boca. Andei dois passos penosos e me obriguei a olhar para baixo vendo que estava descalço na terra molhada, a terra era escura como tivesse tido um incêndio ali.

Tudo era tão distante e eu podia jurar que não estava sozinha. Tinha a impressão de ter alguém me observando ou...

Virei-me instintivamente procurando a presença, mas nada. Senti uma gota fria pingar na minha testa. Olhei para cima vendo as nuvens se carregarem e pingos finos começarem a cair. Respirei pesadamente sentindo um cheiro estranho.

Comecei a vagar pelos túmulos tendo a sensação de que estava andando em círculos.

– Katherine....

Uma voz assoprou no vento. Virei-me procurando e não vi nada. Meus pelos se arrepiaram.

– Kate...

Uma voz feminina dessa vez.

– O que você quer? - perguntei feito uma idiota.

– Kate... Eu estou aqui...

Andei mais depressa, aflita para encontrar a saída, mas tudo era tão... Igual. Por fim me vi parada olhando alguém perto de um tumulo grande e luxuoso. Na verdade eram duas garotas vestidas de preto e com arranjos de rosas brancas nas mãos.

Andei tropeçando ate lá e me surpreendi no mesmo instante. Eram Leninha e Yve. Minhas amigas ali, paradas, com olhares tristes e lágrimas intrusas. Aproximei-me desesperada para saber o que estava acontecendo.

– Yve! - gritei atônita. - Leninha!

Mas elas deram meia volta deixando sobre o tumulo os suas rosas e vagaram para o cemitério.

– Esperem! - gritei tentando alcança-las, mas foi em vão. Desapareceram e eu estava sozinha de novo.

Arrastei-me ate o tumulo que elas estavam olhando e procurei o nome ali estampado. Meu coração falhou uma batida. Ali, no tumulo luxuoso um nome cintilava numa placa de metal:

“Amiga querida e filha excepcional”.

“Katherine Hankor Dare”

Afastei-me bruscamente batendo as costas em outro tumulo. Minha garganta se fechou. Levei a mão ao pescoço, estava sufocando. Olhei para o chão atônita e senti-o ceder lentamente me puxando para baixo. Gritei e por fim fui sugada pela terra preta perdendo o fôlego.

Pulei da cama e vi que estava suando frio.

– Kate? - ouvi Yve.

Virei-me para ela que me encarava perto da sua cama já devidamente arrumada assim como ela que já estava vestida. Estava bonita para variar. Uma blusa de moletom rosa bebê ,calça jeans, all star e os cabelos loiros caindo nos ombros. Romântica e fofa como sempre.

– Tudo bem? - perguntou me encarando.

– Pesadelo. - respondi com uma voz seca e cansada.

Coloquei o cabelo atrás da orelha. Engoli a saliva e fechei os olhos tentando apagar a imagem do meu tumulo. Senti Yve se sentar ao meu lado e sua mão acariciar minha bochecha.

– Kate, talvez você precise se tratar com um psicólogo. Isso não é normal. - ela falou com uma voz suave.

– Estou bem Yve. - sussurrei abrindo os olhos e encontrando os seus. O azul-cinzento brilhava de preocupação. - É serio.

– Não Kate. - ela se aproximou mais. - Você não está.

– Eu... - engoli uma dor que começou a se formar e estendi os braços. Ela imediatamente me abraçou e afundei a cabeça no seu ombro e meus olhos arderam às lágrimas descerem em seguida.

Chorei desenfreada apenas sentindo a mão de Yve me acariciar tentando me acalmar. Quando parei soltando soluços sufocantes, ela se afastou e limpou meu rosto.

– Hoje você não sai do quarto. É uma ordem. – falou ficando de pé. – Se distraia.

Depositou um beijo na minha testa e sorriu. Afastou-se pegando sua mochila listrada do chão e me mandou um beijo.

Suspirei cansada caindo na cama de novo. Quase cai da mesma quando Leninha gritou saindo do banheiro.

– Me deixaram sozinha? - ela gritava.

Então saiu de cara fechada ainda prendendo os cabelos num coque. Estava com uma blusa de moletom verde, calça preta e all star combinando. Uma bolsa esverdeada e batom rosa nos lábios.

Ela parou o que estava xingando no mesmo instante em que me viu.

– Não vai à aula hoj... - começou e logo deixou a bolsa na cama vindo se sentar na minha. - O que houve?

Respirei profundamente e a encarei.

– Um pesadelo e Yve já foi. Vou ficar por aqui. - respondi.

– Kate... - ela se aproximou me dando um abraço apertado. - Eu só não converso mais porque preciso ir. Você vai ficar bem?

Assenti olhando-a se levantar e pegar a bolsa jogado no ombro esquerdo.

– Qualquer coisa você liga. - falou da porta.

– Tá! - falei. - Leninha?

– Sim?

– Você pode entregar o trabalho ao Nicolas pra mim?

– Claro amor. - ela respondeu dando um sorriso e pegou o trabalho que ainda estava na cadeira. - Até mais.

– Até.

Então ela saiu me deixando sozinha e mais uma vez eu engoli a dor no peito e me encolhi como uma bola na cama deixando as lagrimas escorrerem.


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Notas finais do capítulo

Kate: http://www.polyvore.com/ultima_vez_da_bb/set?id=122841569
Leninha: http://www.polyvore.com/leninha/set?id=122858742
Yve: http://www.polyvore.com/yve/set?id=122856957



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