Hey Brother escrita por Nat


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Olá, estou novamente aqui.
Hã, eu não ia postar essa one tão cedo, mas vi que hoje é dia 28 de fevereiro, então, por algum motivo que desconheço, eu sabia que tinha que postar.
E sim, ando escrevendo muita coisa dramática. Pretendo voltar com meu estilo mais tradicional, com uma continuação de Balas de Caramelo e Annabeth vai parecer muito mais louca dessa vez. Enfim...
Sobre We Are Young, sem hiatus. Estou com muito tempo livre agora e bom, preciso fazer alguma coisa com ele. Então, irei tentar tocar adiante a fic.
COLOCANDO EM LETRAS MAIÚSCULAS PARA TER TODA A ATENÇÃO POSSÍVEL, ok. Recomendo que vocês leiam escutando Hey Brother porque dá um clima na coisa toda e fica muito legal. Vou deixar até o link aqui para estimular a preguiça de vocês: http://www.youtube.com/watch?v=YxIiPLVR6NA
Escutem, por favor.



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Respirou artificialmente, tentando recuperar o fôlego perdido.

Suas mãos tremiam, suas pernas bambeavam.

Olhou as ataduras enroladas em suas mãos, seu cérebro finalmente havia recebido a mensagem de que elas doíam quando viu o tecido de tom claro manchado de sangue.

Suspirou e se preparou.

Golpeava o saco de pancadas com demasiada força e violência. A cada soco, parecia que atingia seu próprio estomago.

Socou pela última vez, agarrando sem forças o saco antes que despencasse no chão. Urrou de dor e deitou, em posição fetal, uma mão agarrando a outra.

Nico chorava. Como nunca havia chorado antes.

Mas não pela mão quebrada.

Dor física não se comparava a dor aprisionada em seu peito durante todos esses anos.

Mantê-la presa e silenciada era uma árdua tarefa que ele fazia e refazia todos os dias de sua vida.

Mas ele estava tão cansado de sofrer em silêncio. Cansado de guardar para si toda a dor.

Mesmo após todos esses anos.

Ele queria sua irmã de volta.

Ele queria Bianca de volta.

“Por que ela, pai? Por quê?”.

Ele nunca iria se conformar. Ele nunca iria aceitar.

Nunca perdoaria o pai por isso, mesmo sabendo o quanto doeu no rei do Submundo tirar a vida de sua pequena Bianca.

Sua pequena irmã, sua pequena protetora. Que tentando agradar, a protetora não conseguiu se proteger — que ironia.

Nico se sentou e escondeu o rosto nas mãos.

Não sentia mais dor alguma em sua mão fraturada e nem na mão boa. Só sentia uma dor, uma dor profunda, rasgando, ardendo seu coração.

“Por que Bianca? Sua pequena boba”.

— Tio Nico? — uma vozinha infantil chamou seu nome.

Ele secou as lágrimas com o torso da mão, rapidamente, vendo a menininha correr até ali, com as sobrancelhas franzidas.

— Tá tudo bem, tio? O que é isso vermelho na sua mão? — a pequena morena pegou nas mãos machucadas dele e quando ele soltou um gemido de dor pela mão machucada, ela, assustada, as largou imediatamente.

Ele sorriu em meio a uma careta.

— O tio tá bem sim. Eu só... Exagerei um pouco — começou a soltar as ataduras, com calma.

— Posso?

Ele assentiu e a criança puxou as ataduras com extrema delicadeza, sem se assustar em como as mesmas estavam empapadas de sangue.

Nico estudou a pequena sobrinha. A pele clara e os olhos muito azuis de Jason, o cabelo escuro e liso de Piper e um sorriso meigo e doce de criança. Usava um vestidinho rosa que se movia como se cada passo da menina fosse uma dança e calçava tênis cor de rosa. “Ela vai dar muito trabalho a Jason”, Nico pensou.

Ele levantou a mão fraturada e pediu que ela tivesse mais cuidado, pois estava doendo mais. Ela apenas concordou com a cabeça e seus dedos foram mais suaves que antes.

— Sabia que a mocinha estaria aqui! — exclamou uma voz jovem e grossa.

Ambos olharam para a porta e lá estava o pai da menina.

— Papai! — ela sorriu. — Estou ajudando o tio Nico!

Jason se aproximou dos dois, agachando-se ao lado.

— Eu estou vendo, querida! É uma ótima enfermeira, sabia? — bagunçou o cabelo da menina.

Nico sorriu para a menina, mas quando percebeu o olhar do mais velho, deu de ombros.

— O mesmo de sempre. Só extrapolei um pouco. Talvez eu tenha quebrado a mão esquerda.

O loiro meneou com a cabeça, reprovador.

O silêncio só foi cortado quando a menina anunciou que tinha terminado.

— Obrigado docinho, foi de grande ajuda! — Nico acariciou o rosto da pequena com a mão boa. Ela sorriu e foi jogar as ataduras no lixo, correndo através da porta.

Jason ajudou Nico a levantar e disse:

— Você sabe que um dia vai ter que superar, não sabe? — o garoto de dezoito anos apenas concordou, sem dar importância, entrando no vestiário acompanhado do loiro.

Abriu o registro da torneira e colocou devagar a mão embaixo da água, soltando gemidos e exclamações de dor.

— Eu sei que dói, Nico, mas você não pode simplesmente vir aqui e quebrar alguma parte do corpo só porque não aguenta mais a falta que ela faz. Você tem que achar um jeito, cara, isso não te faz bem.

Nico o olhou sombrio e gritou:

— Não, caralho! Você não sabe o que é, você não sabe a dor que eu sinto toda vez que eu me lembro da última vez que ela me abraçou ou me desejou boa noite!

— Não, eu realmente não sei! Mas sei que ficar remoendo dia a dia após dia uma lembrança que só te traz mal não é uma coisa boa!

O moreno não respondeu, apenas continuou a limpeza do sangue em suas mãos com dificuldade.

Jason respirava audivelmente, tentando recuperar o controle. E então, suspirou, tocando no ombro do outro.

— Olhe, já faz anos que ela se foi. Ela não gostaria de te ver assim.

Nico o olhou e Jason viu seus olhos escuros marejados. Ele conseguiu ver tudo que Nico tentava esconder durante todo esse tempo: mágoa, ódio, sofrimento, dor, saudade.

O loiro o puxou para um abraço, escutando o choro do mais novo em seu ombro. Nunca tinha visto Nico chorar de soluçar e muito menos lamentar.

— Porque ela tinha que morrer, Jason? Ela era uma menina tão doce...

Jason, em seu extinto paterno, sussurrou como um pai confortando um filho:

— Vai ficar tudo bem, cara.

Nico tirou a cabeça do ombro de Jason, assentindo e secando as lágrimas, mesmo que outras viessem.

— Eu sei — ele disse baixinho, então voltou a lavar as mãos, aproveitando para lavar o rosto também.

A essa altura, o sangue já havia estancado e suas lágrimas também. O mais velho alcançou uma toalha e ele se secou.

— Hey, achei vocês! — uma vozinha gritou. Os dois olharam para a porta e ela estava à menininha de vestido rosa.

— Olá querida! — seu pai saudou.

Nico sorriu e ela andou até eles.

— Achei que tivesse me deixado aqui... — falou com uma voz baixinha, brincando com os dedos.

Jason riu do que ela disse e se ajoelhou, a fazendo cócegas.

— Mas é claro que não, menina. Sua mãe me mataria se eu voltasse sem você! — a pequena se contorcia e Nico não conseguia contar o sorriso vendo aquela cena tão... Família.

Saíram do vestiário e ele pegou sua mochila, colocando-a nos ombros. Pai e filha saíram da sala e ele ficou encarando aquela sala vazia.

Todo aquele vazio era tão parecido com seu coração.

Tantas vezes, ele havia se sentido incompreendido, sozinho. Mas quem sabe, se tivesse olhado para os lados algumas vezes...

Ele preencheria aquele vazio que sentia dentro de si.

Ele iria superar a si mesmo e superar tudo que aconteceu.

A partir desse dia, Nico di Angelo faria tudo dar certo.

— Hey tio — sentiu uma mãozinha puxar a calça na altura do joelho.

— O que foi, pequena?

— Hã... Papai mandou perguntar se você quer tomar sorvete com a gente!

Ele coçou a nuca com a mão boa, sem graça.

— Ah, não sei...

— Por favor, por favor, por favor, tioooo! — “quem resiste a essa carinha pidona?”, ele pensou.

Nico sorriu e pegou na mão da menina.

— Ah, ok. Tudo para a minha pequena.

A menina sorriu e pediu colo ao tio, que a pegou do jeito que pode.

— Hey tio, é verdade que você tinha uma irmã chamada Bianca? — ela perguntou sem papas na língua.

— É verdade, sim.

— E onde ela está agora?

Ele receou um pouco em responder, já que a menina não sabia nada sobre essa coisa de deuses e monstros mitológicos. Para ela, ainda eram apenas histórias de dormir.

— Ela está no céu agora, meu bem.

Ela pareceu pensar um pouco.

— Ela gostava de sorvete de morango assim como eu?

Nico riu e apertou o abraço em volta da menina.

— Sim, ela gostava de sorvete de morango assim como você, Bianca.

Hey, brother, there’s an endless road to re-discover
Hey, sister, know the water's sweet but blood is thicker
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do

Hey Brother — Avicii


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Notas finais do capítulo

Dramático o suficiente? Espero que sim.
Deixem lindos reviews, docinhos. A mamãe aqui adora (eu realmente não estou bem)!
Beijos ♥