–Adam, pega a correspondência para mim, por favor. – Minha mãe gritou da cozinha, de onde preparava o café da manhã.

Levantei do sofá em que estava sentado e rumei em direção à porta da frente. Caídas, no chão, estavam os envelopes. Folheei-os.

–Conta, conta, conta, co... Espera, isso não é uma conta. – murmurei.

Um envelope branco, cheio de selos, endereçado ao morador. Dei de ombros e o abri. Não tinha bilhete, nem papel algum, e sim um DVD, envolto em um pano vermelho sangue.

Passei pela cozinha, deixando as contas em cima da mesa, e levei o outro envelope ao meu quarto. Abri a porta, rapidamente, ansioso para ver o conteúdo. Parei em frente à televisão da minha cabeceira, e observei meu reflexo. Eu não era muito bonito, tinha cabelos ruivos que iam até os ombros, e uma pele excessivamente alva, coberta por sardas. Abri o aparelho de DVD e coloquei o disco dentro. Após alguns chiados, a imagem apareceu. Uma garota tão pálida quanto eu, de longos cabelos negros e cacheados, algumas sardas espirradas pelo rosto, e um par de olhos extremamente escuros. Seu nariz afilado entrava em harmonia com a boca pequena, mas cheia e bem desenhada.

–Acho que esse troço ta gravando.

Sua voz parecia ter saído de um comercial de perfumes adolescentes, e tinha um sotaque diferente, que logo reconheci: Estados Unidos.

–Bom, primeiramente eu gostaria de explicar o porquê desse vídeo. Você provavelmente não me conhece, mas vai começar a conhecer. Se quiser desligar, desligue. A casa é sua. Mas garanto que vai perder algumas coisas um tanto... Interessantes. Meu nome é Zoey White, e essa, é a minha história.