The Challenge escrita por Marquesa


Capítulo 16
Força de atração.


Notas iniciais do capítulo

Olha só eu aqui =)

Bom, confesso que o capítulo já esta escrito a um bom tempo, massssssss eu resolvi segurar um pouco. Queria ver se alguém mais iria aparecer nos reviews.

Vocês devem agradecer a Danie (a beta enviada dos céus) que é responsável por me ajudar na decisão do final desse capítulo.

Enfim, quero agradecer a quem esta acompanhando a história e desejar boas vindas aos novos leitores.


~Boa leitura.



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Estar ali com Matthew era exatamente o oposto do que eu planejei e jurei a mim mesma que faria. Ali, parada de frente para ele, sentado naquele chão e em lágrimas, senti que talvez eu fosse tudo que ele tivesse naquele momento, e eu não poderia virar as costas para Matthew agora.

Droga Nathaly!

– Avery, o que está acontecendo? – Perguntei me sentando ao seu lado e foi só de perto que pude ver um pequeno corte no seu lábio inferior.

– Vá embora Nathaly, isso não é da sua conta. – Não era rude, nem grosseiro, na verdade a voz de Matthew não exibia sentimento algum. Talvez chorar em minha frente já fosse humilhante o suficiente pra ele, e não queria arriscar se expor mais.

– Eu não vou sair daqui – Respondi de forma firme e logo depois me calei como se aquele assunto não estivesse aberto a discussões. E de fato não estava, nada me tiraria de lá até que eu tivesse certeza que Avery não era uma ameaça, tanto para as paredes e garrafas ao seu redor, quanto para si mesmo.

Aquele cara em uma semana já tinha causado em mim diversos sentimentos que ficavam difíceis de explicar. Ele era uma incógnita e eu como amante secreta de situações matemáticas sentia necessidade de resolver, apesar do problema não ser meu.

– Sério Nathaly, você não precisa ficar aqui – Ele disse agora com um tom diferente, expressões calmas, porém palavras que soaram pesadas em meus ouvidos. Sua cabeça estava agora recostada na parede e seus olhos fechados. Um pouco antes de estar nessa posição ele havia pegado a garrafa de cerveja ao seu lado e a sustentava entre os dedos.

Era como se nem ele mesmo soubesse o que era melhor: me ter perto ou ir embora. Resolvi decidir isto por ele.

– Eu quero ficar. – Respondi e vi quando ele virou a cabeça e passou a me olhar, era como se ele procurasse algo para dizer, ele parecia confuso e extremamente cansado, não esperava que ele fosse rebater novamente sobre aquilo.

Era exaustivo tentar se aproximar de uma pessoa cujo extinto natural era se afastar. Existia algo naquele homem que não me deixaria partir por mais que eu quisesse. Avery ia contra tudo que eu idealizo em uma pessoa, mas, mesmo assim, eu não conseguia deixa– lo.

– Se quiser ficar e ouvir... – Começou dizendo baixo –... Acho que vai precisar de um pouco disso. – Completou sua frase sem animação e me estendeu a mão com sua garrafa de cerveja.

Ele tinha razão, se eu quisesse servir de ombro amigo para àquele cara, estar sóbria não seria a melhor opção.

Peguei a garrafa que estava com liquido na metade e virei quase tudo em apenas um gole. Eu não estava acostumada com álcool, por mais fraco que fosse, então quando o liquido passou por minha garganta seguindo seu caminho até meu estômago eu fiz uma careta e vi quando Matthew soltou um pequeno riso.

– Eu tive uma discussão séria com meu pai – Ele começou explicando e voltou a encarar o nada. Era como se estivesse vendo as cenas se repetirem na frente de seus olhos. – Não que das outras vezes tenha sido brincadeira, mas dessa vez foi realmente algo muito sério.

Eu podia não conhecer a família dele, e nem mesmo conhecer o próprio Matthew direito, mas certamente ele não fazia o tipo que lamentava por brigas familiares. Então se Matthew, bêbado e melancólico me dizia que algo sério aconteceu entre ele e seu pai, eu nem mesmo hesitava em acreditar nisso.

Permaneci em silêncio, apenas deixei que ele continuasse a história quando se sentisse à vontade, e permaneci atenta a cada gesto seu.

– Eu não sou uma má pessoa, ruiva. Por mais que você não acredite, a minha vida não é esse conto de fadas que você imagina, carregar o sobrenome Willians exige mais do que qualquer um poderia imaginar. Principalmente se você nunca foi um.

Matthew deu uma longa pausa, cheguei a pensar que ele não fosse mais continuar. Não que eu estivesse entendendo direito seus enigmas, mas, de qualquer forma, estava feliz por ele desabafar, isso provavelmente já o ajudaria.

Fiquei observando quando ele se esticou para o lado e começou a remexer em uma mochila, retirou de lá uma garrafa de conhaque e voltou a se ajeitar ao meu lado.

– O que você quis dizer com “Principalmente quando você não é um”?

– Resolvi perguntar. Meu papel ali era ouvir apenas, mas certamente eu ajudaria mais se soubesse sobre o que estava falando.

Enquanto eu pensava sobre o assunto, Matthew abria sua garrafa de conhaque e passava um pouco da bebida para dentro de uma das garrafas menores de cerveja.

– Eu não sou filho do meu pai, ruiva. – Respondeu virando a garrafa na boca. Passei um tempo digerindo a informação e só mudei a minha expressão de perplexidade quando ele começou a falar novamente. – Fala sério, eu sou muito bonito pra ser filho daquele homem, o coroa está acabado, não sei como não desconfiei antes. – Eu acabei rindo e ele me acompanhou, mesmo tendo uma nota amargura e cinismo em sua voz, mas logo os risos cessaram e o clima pesado fez– se reinar novamente ali.

Eu não sabia o que dizer, não éramos íntimos e Matthew não parecia o tipo de cara disposto a ouvir conselhos e mensagens de autoajuda. Como ele mesmo mostrou agora pouco, prefere levar a situação de forma realista, cínica até, qualquer coisa que não o faça se passar pela vitima da situação.

– Como você descobriu? – Questionei mesmo que talvez isso me parecesse um pouco inapropriado, eram assuntos pessoais do Avery, e apenas talvez eu não devesse me aprofundar.

– Quando ele jogou um exame de paternidade de 1993 na minha cara e chamou minha mãe de vadia manipuladora. Agora eu entendi por que nunca fomos uma família de verdade. – Ele disse sem mudar as expressões frias do seu rosto. Lábios em uma linha reta, olhar perdido, sobrancelhas caídas.

E por mais que o assunto já estivesse tão frio quanto uma pedra de gelo, eu podia sentir que ao repetir aquela parte da história parecia ainda tão chocado como se tudo acabasse de chegar aos seus ouvidos.

E por um instante me senti mal por Avery, tanto que queria abraça–lo e dizer que seu pai era um tremendo idiota, que não devia estar raciocinando na hora que lhe disse aquelas coisas sobre sua mãe, e principalmente que não importa quem era seu pai biológico, pais são aqueles que nos criam. Mas por sorte tive tempo de notar como aquilo podia ser uma grande besteira a ser dita, que apenas pioraria a situação. Eu não fazia ideia de como era a mãe de Avery e que motivo levou seu pai a dizer aquelas coisas. E Matthew aparentemente vive em conflitos com o pai, isso certamente não é uma maneira de se criar um filho.

– Você quer conversar sobre isso? Falar pode ajudar. – Ofereci de modo solidário, já que esse era o máximo que eu poderia me arriscar a fazer sem ser evasiva ou então intrometida. Em resposta ele direcionou suas orbitas verdes para mim e, tenho medo de estar enganada ou talvez imaginando coisas que não existam, mas aqueles olhos pequenos e verdes pareciam ter finalmente encontrado um foco.

– Meu pai sempre quis alguém que pudesse entrar nos negócios da família, meu avô é dono de uma indústria de hotéis, mas meu pai em vez de assumir esses negócios resolveu estudar direito para realizar um sonho da minha avó que era juíza e quis que o filho seguisse seus passos. Tudo muito clichê e enjoativo. – Ele revirou os olhos e fez um gesto despreocupado com a mão antes de tomar um gole da bebida e continuar. – George não chegou a ser juiz, mas conseguiu se tornar um advogado excelente e isso eu preciso assumir... Ele é advogado criminalista, acho que de tanto defender e acusar bandidos começou a me confundir com um.

Ele começou contando sobre o convívio de seus pais, a indústria do avô e sobre sua infância. Logo, Matthew Avery estava expondo sua vida para mim como um livro aberto expõe sua história.

– ...O casamento deles virou uma fachada. Eu era só um garoto, mas eu percebi que meu pai tinha começado a me tratar diferente e na época eu não entedia o porquê... Então, a partir dos meus dez anos minha família foi, retoricamente, substituída por babas e empregados da casa. Minha mãe estava sempre em nova Iorque e meu pai do outro lado do país visitando novas propriedades com meu avô ou confinado no seu escritório estudando suas causas e quando os dois estavam juntos era apenas discussão.

– Imagino que deve ter sido difícil. – Era algo ridículo a se dizer para alguém que acaba de compartilhar um pedaço da sua história, tão abertamente, mas eu sinceramente não tinha muito a falar. Meus laços fraternos, apesar de terem sido interrompidos muito cedo foram conturbados, mas não acredito que se comparem a historia de Math.

– Não. – Ele respondeu rápido e seco. – Difícil era estar com um pai que passou a me menosprezar do nada e uma mãe que não me dava atenção. Ter passado o final da minha infância e a adolescência com babás gostosas foi a melhor coisa que eles fizeram por mim... – E por alguns segundos o costumeiro sorriso atravessado e malicioso brilhou em seu rosto. – Quer ouvir a história toda mesmo?

– Se você confiar em mim para contar, sim.

– Minha mãe traiu meu pai antes de casarem, mas não contou nada... Ela descobriu que estava grávida um mês depois de casarem o que fez com que todos achassem que fosse de George. No entanto, ela foi burra o suficiente para fazer um teste de paternidade e guardar os resultados por nove anos. George disse que depois disso eu me tornei um peso pra ele e só continuou com minha mãe pelo simples fato daquela vagabunda não fazer a menor diferença pra ele, e que seria ruim para os negócios ter um divorcio no histórico; mas a frustração maior foi saber que sua mulher não poderia mais engravidar por causa do parto de um bastardo como eu.

Ele bufou e revirou os olhos mostrando sua indignação enquanto narrava sua discussão com o pai. Também frisou as palavras “àquela vagabunda” para que eu entendesse que não foram as palavras dele, e sim do seu pai.

– Ele te culpa por sua mãe não ter tido mais filhos?

– Durante o parto houve uma complicação e para que ela não sangrasse na mesa até morrer a única alternativa foi retirar o útero. Foi minha culpa. Meu pai sempre me culpou por isso.

Nós dois estávamos com a cabeça apoiada na parede e encarando o nada. Eu jamais pensaria que a vida dele seria esse pé de guerra, olhando para ele a impressão é de uma vida perfeita, é bem como dizem, dinheiro só não compra felicidade. E que tipo de pessoa eu seria se virasse as costas após saber disso de tudo?

É claro que nada disso apaga o que ele fez, mas todos merecem uma nova chance.

– A culpa não foi sua Avery, ele não pode te culpar por tudo. – Disse e me virei para olhá-lo.

– Mas ele me culpa e agora eu estou muito ferrado. Nós brigamos feio dessa vez, minha conta bancaria e cartões estão bloqueados; eu estou meio que banido da casa dos Grimmie já que os pais de Nathan não querem me ver nem pintado de ouro depois que assumi a culpa por terem encontrado drogas nas coisas dele, eu não tinha pra onde ir, bom, não ao menos um lugar descente. Por isso vim pra cá.

–Drogas?

–Estimulantes. Ele usou durante um campeonato e os pais dele encontraram, deu a maior briga e eles queriam manda-lo para reabilitação, então resolvi assumir a culpa por ele e dizer que eram minhas. Meus pais não iriam se importar se eu usasse drogas, seria apenas mais um item acrescentado à lista.

–Você acobertou ao invés de deixarem ajuda-lo? - Não pude ocultar a pequena nota de indignação na minha voz.

–Ele não era um viciado e eu também não sabia que ele usava isso. Fiz ele prometer que não voltaria a usar e em troca assumi a culpa por ele. Deu certo. - Ele esboçou um curto sorriso, como se a situação o trouxesse alguma boa lembrança e logo balançou a cabeça negativamente afastando a memória.

Então nos calamos. Por pouco tempo, mas o silencio reinou entre nós. Procurei algo sensato para dizer, fosse por seus pais ou desaprovando o ato Nathan, mas nada me veio em mente. Ao invés disso foi Matthew quem se virou para mim e disse:

– Sabe, não quero que você sinta pena de mim, e também não estou pedindo pra ficar aqui, eu sabia que não teria ninguém no apartamento e precisava ficar sozinho um pouco. Não contei essas coisas para que você me visse de outra forma, ou como um coitado. Acho que eu só... Precisava conversar. – Matthew se aproximou um pouco mais de mim e eu não via mais aquela armadura imaginaria feita de sarcasmo e arrogância que ele costumava carregar em si, ele realmente estava sendo sincero com tudo aquilo, tive uma vontade enorme de segurar sua mão e dizer que tudo ficaria bem, mas eu não sabia se estaria sendo sincera.

– Você não precisa que ninguém sinta pena de você Avery, isso é só para pessoas fracas. – Argumentei baixinho, como se aquilo fosse um segredo. Como se o fato de, depois de toda essa história, eu achar Matthew uma pessoa incrivelmente forte, e não tão fútil quanto eu supunha, fosse algo que jamais admitiria em voz alta.

Ele deu um breve sorriso, que se diluiu aos poucos enquanto me olhava.

– Me desculpa por antes ruiva, de verdade.

Aqueles olhos verdes e ainda avermelhados me encaravam como nunca antes. Cada olhar de Matthew para mim parecia ser único.

Àquele até hoje era o mais verdadeiro sem duvidas.

Eu sentia seu hálito quente e com o cheiro da bebida cada vez mais próximo. Um toque que eu não esperava foi o da sua mão na minha, que estava apoiada sobre o chão. Mil sensações passaram por mim e o dobro de pensamentos.

Eu sabia o que viria acontecer depois daquilo, eu sabia que precisava me levantar e ir embora, mas não sei se era a bebida ou aquelas íris verdes que me encaravam, mas algo em mim resistia a qualquer que fosse o impulso de me afastar dele.

Pelo contrário, algo em mim implorava para estar tão próxima a ele quanto eu conseguisse. E como se escutasse o clamor do meu inconsciente, Matthew Avery colaborou para que toda a distância entre nós se extinguisse em um beijo.


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Notas finais do capítulo

Eae, gostaram??

Eu estou amando escrever sobre o Matthew, acho que ele tem muito mais do que um rostinho bonito. Por acaso alguém imaginaria isso?

Enfim, estou decidindo uns detalhes sobre o próximo capítulo e dependendo do retorno que eu obter nos comentários deste quem sabe eu não revele mais sobre nossos personagens? O que acham? Nathaly também tem uma história interessante.

Uma pergunta. O que vocês estão achando sobre essa aproximação de Nathaly e Matthew?

Ok, duas perguntas. Qual o palpite de vocês sobre Matthew em relação a nossa ruiva?

Me respondam nos review ou por MP, estou super afim de saber o que vocês estão pensando sobre isso. E façam suas apostas hahaha!

Um beijão
~marquesA