POV Clarisse

Depois de ferrar com a vida da Beuregard,deixando ela sozinha com o Charles,resolvi ir para casa.Talvez meus “irmãos”estivesse lá,mas eu torcia para que não estivessem.Mamãe, eu sabia que estava em alguma conferência de moda em Milão(que uma cantora à qual ela trabalha estava desfilando.Sim,não faz sentido) e Josh deveria estar no escritório.

Resolvi ir a pé para casa mesmo.Seria apenas uma meia hora de caminhada e tinha parado de chover.Porém,eu ainda parecia uma mendiga:Minha roupa estava ensopada,meus cabelos desgrenhados e a pouca maquiagem que eu usava deveria estar borrada.Sim,eu estava um lixo.Mas eu realmente não me importava.

Então meu celular começou a tocar.

Deixe-os saberem que ainda somos rock n' roll

Não me importo com a minha maquiagem

Gosto mais da minha calça jeans toda rasgada

Não sei como manter a minha boca fechada

Você diz e daí? (e daí?)

Era o toque da Annabeth.

Eu sempre fui o tipo de pessoa que não pensava muito antes de falar.A Annabeth sempre se importava com as consequências das coisas.Mas quando ela achava que eu tinha razão,vinha com um:

“E daí pelo o que eles vão achar de você?”

Ela sempre foi uma princesa também.Eu nunca fui.Ficava mais ocupada ouvindo música do que passando maquiagem,um rímel era o que eu mais usava.Eu preferia coisas mais...simples mais nem tanto.Nos meus melhores dias,aquela calça jeans velha que fica no fundo da gaveta,bastava.

Não ligo se sou desarrumada

Prefiro isto do que esta modinha de merda

Sou uma princesa filha da mãe

Você ainda me ama

Realmente não me importo com essas coisas das aparências.Mas,quer saber?Eu ainda sou uma princesa.Dei risada comigo mesma no momento que esse pensamento veio a mente.Uma princesa bem filha da mãe e frajuta,mas uma princesa.

E ela ainda me ama mesmo assim.

De alguma, de alguma forma

É um pouco diferente quando

Eu estou com você

Você sabe o que eu realmente sou

Completamente

Você sabe o que realmente se passa

E,de algum jeito,é diferente quando eu estou com ela.Nós somos completamente diferentes,somos opostos uma da outra.Mas nós nos completando como peças de quebra-cabeça,o que é realmente estranho.As vezes,me deixa até com medo de ter uma pessoa tão importante assim na minha vida.Parece que sempre que alguém importante entra em mim,logo ela sai.

O bom dela é que ela não precisa se esforçar para ver atrás de máscaras.Ela consegue me ver sem esforço nenhum.

Ela sabe o que realmente acontece comigo,na minha vida,na minha casa...

Quando é você e eu

Não precisamos de ninguém para nos dizer quem ser

Vamos continuar aumentando o volume do rádio

Bem, quando é você e eu

Basta apontar um dedo do meio para o céu

Deixe-os saberem que ainda somos rock 'n roll

Pois quando somos apenas nós.Quando somos nós duas,não precisamos das nossas mães ou de qualquer outra pessoa dizendo isso e aquilo.Não precisamos de ninguém nos dizendo o que temos de fazer e o que temos de ser.Nós podemos ser nós mesmas sem nenhuma dificuldade.

E não é fácil fazer isso.Mas,quando estamos juntas,acaba ficando natural não usar todas aquelas máscaras.

Porque,hoje em dia,é difícil deixar a máscara de lado.O medo do que as pessoas vão dizer é maior do que a vontade de ser você mesmo.

E,quando achamos alguém que consegue nos fazer sentir assim....

Eu,ainda lembro do que ela disse:

“Clarisse,somos apenas eu e você.Quer saber?Aponte o dedo do meio para o céu,até,se você quiser.Deixe que saibam que você ainda é da época Rock N Roll.”

Rock 'n roll

Ei ei ei

Rock 'n roll

Ei ei ei

Aí a Avril parou de cantar a música e o toque não tamborizava nos meus ouvidos.Mas eu sabia agora o que pensar sobre todo aquele problema.

Por causa de uma música...

Mas a nossa música.E isso é mais importante.

*****

Cheguei ao 10° andar e parei em frente a porta mais perto do elevador.Branca,maçaneta branca.Padrões,isso que importava afinal.Generalizar tudo é o certo na minha família.E por muito tempo eu achei que fosse o certo a se fazer.

Peguei minha chave e abri a porta.Altomaticamente,ouvi um barulho estranho,como se fosse de tiros.Carter deveria estar jogando um daqueles vídeo-games(que eu jogo também) cheios de matança.

Entrei em casa e fechei a porta atrás de mim.

Ouvi a voz de Allana em algum lugar do cômodo.Talvez ela estivesse falando com alguma amiga no telefone.

–Clarisse?-Perguntou-me Carter.Ele estava completamente concentrado no jogo,então nem desviava o olhar para me observar.

–Sim.-Respondi.

–Oi.-Disse ele.

Não respondi.

–O que a Alanna está fazendo?-Perguntei.

–No telefone com alguma daquelas amigas gatas dela.-Respondeu,simplesmente.

Olhei meio atônima para ele.

–E desde quando você repara nas amigas da Allana?

–Desde que ouvir a própria Allana falando me deixa entediado.Então tento concentrar minha atenção em algo mais interessante.

Revirei os olhos.Mas não pude deixar de concordar com ele:Quando Allana abre aquela boca dela,nada de bom saí.Fato comporovado cientificamente.

Subi as escadas e ouvi Carter gritando algo como:

“Morram,seus zumbis imprestáveis!”

Passei reto pela porta do quarto de Allana,mas pude ouvir ela gritando animada com alguma amiga dela sobre os meninos da Translation.Revirei os olhos.Não sei como podiam gostar tanto elas.

Ouvi um apito no meu celular e o retirei do meu bolso.

De:Annabeth

Para:Mim

Tá querendo ir todo mundo na Pizzaria da Esquina daqui há uma hora.Vai?

De:Mim

Para:Annabeth

Todo mundo?

De:Annabeth

Para;Mim

As meninas e os meninos da Translation...vai,será divertido ;)

De:Mim

Para:Annabeth

Okay,né...e,sobre hoje,mais cedo...nada aconteceu?

De:Annabeth

Para:Mim

Sim,nada aconteceu.Como sempre...

Em uma hora passo na sua casa.

De:Mim

Para:Annabeth

Ok

As coisas sempre aconteciam assim mesmo...