O Meu Muro Caiu, literalmente escrita por Carol Araujo


Capítulo 11
Capítulo 11 - Encontro a'la gay


Notas iniciais do capítulo

* Caara, tô em fortaleza, terra da Alex É tanta emoção, é engraçado que eu fico esperando esbarrar numa adolescente, com os pais divorciados,birrenta, baixinha e rebelde por aí, mesmo sabendo que é só uma personagem que eu criei, muaahahahah,é estranho...



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Me levantei da cama, meio atordoada.Fui até meu guarda roupa e peguei minha caixa de sapatos escondida debaixo de várias roupas, na tampa tinha escrito “Alexandra”. Me sentei no chão e abri a caixa, cheia de papéis e objetos diversos. Peguei a foto que eu quebrei no dia que eu descobri a separação. Meus pais estavam sorrindo, de mãos dadas, minha mãe ainda tinha o cabelo castanho grande como naquela época, papai estava conservado, barba feita, cabelo cortado e sorrindo, no meio estavam eu, com 15 anos, eu fui pega olhando os dois quando tiraram a foto, estávamos todos na sala da minha casa. Coloquei a foto de volta.  Lá tinha as aliança de mamãe que eu peguei escondida dela, tinha rosas, tinha meu diário dos 13 anos, todas lembranças e sonhos tocos sobre minhas paixonites platônicas. Tinha uma caixinha com um pedaço do meu cabelo ex-loiro que eu queria guardar de lembrança quando pintei ele. Lembranças do meu antigo ídolo, Zac Efron, eu ri lembrando que eu era eufórica por ele aos 13. Tinha desenhos, poesias que eu fiz. Fechei a caixa e guardei de volta. Eu tenho que parar de viver no passado. Ouvi a campainha tocar, fui atender, fiquei surpresa ao ver Mateus parado lá, olhando para mim, sorrindo igual ao meu sonho.


- o que está fazendo aqui? –Eu perguntei confusa


- Você não estava chorando? – Ele perguntou preocupado


- Ah, aquilo. Foi nada. Eu simplesmente estava chorando por nada – Eu disse olhando para o chão


-E seus pais né? Eu ouvi sua conversa


Suspirei – È difícil ver sua mãe fazendo aquilo com outro ao não ser seu pai – Sussurrei baixo


- Eu pensei que você tinha superado isso


- Eu também. Quer entrar?


- Claro – Ele disse entrando e tranquei o portão. Fui até o banco e me sentei.


- Alguma novidade? – Ele falou, pelo o que eu vejo tentando puxar assunto


Olhei para ele, com o olhar irônico – Não e você?


- Ontem eu nem pude ver 2012 por causa de duas adolescentes birralhentas, isso é um saco.


- Primeiro: Ninguém mandou você sair junto comigo e Alana. Segundo: Todo mundo sabe como termina esse filme, o mundo acaba Terceiro: Eu não sou birralhenta Quarto: Alana falou alguma coisa de mim?


- Primeiro: Eu saí porque eu vim acompanhado de vocês duas, eu não ia ficar sozinho com o outro casalzinho e não recorrer ao perigo de vocês duas acabarem se matando Segundo: Eu queria ver mesmo o mundo se acabando Terceiro: Você é birralhenta sim. Quarto: Alana disse que você ficou jogando pipoca.


- Pelo menos essa quarta é verdade, foi divertido


- Isso é infantil, Alexandra


- Por isso mesmo é divertido


Ele olhou pra mim com um olhar reprovador, e sorri mais ainda, só ele que me faz sorrir de verdade.


- Vai fazer o que hoje? – Ele perguntou


Eu já ia soltar um “nada”, mas me lembrei do encontro.


- Eu vou sair – Falei


- Com quem?


- Com um amigo – Falei brincando com uma mecha do meu cabelo


- O mesmo de ontem? – Ele meio que rugiu, olhei para ele, ele estava com o rosto rígido, de ciúme? Não pode ser...


- Sim – Falei


Ele ficou calado, pensativo. E depois ele suspirou.


- O que foi? – Perguntei curiosa


Ele voltou a olhar para mim – Nada – Ele se sentou do meu lado, estávamos muito próximos, minha cabeça começou a girar com o olhar dele em mim, meus lábios tremeram, apesar de ta um calor de 32º no ceará. Eu podia ouvir e sentir a respiração dele, em sincronia com a minha, a tensão era tanta que eu achei que iria desmaiar.


- Você gosta dele? – Ele perguntou jogando seu hálito quente em mim.


- Q - quem? – nem consegui lembrar-se do meu nome essa hora


- Do seu amigo


- Eu não sei – Isso era verdade


Eu estava de olhos fechados, tentando não olhar ao quão próximo estava o rosto dele. Senti algo estalar na minha bochecha, provocando um choque no meu corpo, fazendo abrir meus olhos e olhar para ele que estava também de olhos fechados, não me segurei e abracei ele, resistindo ao novo impulso de chorar, senti o cheiro dele no seu pescoço, muito agradável, seu aperto quente e forte era confortável para mim, sem eu for morrer eu queria morrer ali, onde eu me sentia amada. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto, mais eu limpei logo ela.


- Eu te adoro – Eu falei, tomara que ele leve isso em outro sentido


- Eu também – Era tudo que eu precisava  ouvir


Aos  poucos nos separamos do aperto, mais eu não olhei ele, meus olhos ficaram fechados, não querendo que acabe agora o momento. Mais é difícil, com a minha barriga roncando, eu ri, e ele também.


- Você quer comer lá em casa? O almoço ta feito – Ele falou, eu abri os olhos, os olhos verdes dele brilhavam mais que nunca


- Pelo o que eu to vendo é mamãe que vai ser comida aqui – Eu falei no meu tom sarcástico


Ele segurou minha mão, eu sorri mais ao sentir o calor da mão dele, fomos para casa dele, ela era enorme, a cozinha era maior do que meu próprio quarto, ao perceber que eu estava admirada, ele falou.


- Bom, meu pai era dono de uma loja de ferramentas  e minha corretora de imóveis popular, acabaram deixando muita coisa para trás.


Dava para sentir o sofrimento em sua voz, afaguei o ombro dele, o consolando.


- Só mora você e sua avó aqui? – Falei


- Na verdade, meus tios vivem aqui comigo e com  a minha avó, só que eles estão tipo segunda lua de mel. – Ele riu


Eu comi uma lasanha ótima que a avó dele fez, ela era simpática, ficou empurrando comida até eu não conseguir mais engolir nada , ela acabou desistindo e foi até o quarto dele, eu acho, eu estava muito cheia e Mateus olhava estranho para mim.


- O que foi? – Perguntei


- Nada – Ele disse – Quer ver meu quarto?


- Claro – Eu disse me levantando da mesa – A sua avó é incrível.


- Ela sempre foi desde que meus pais morrerão minha nova mãe – Ele sorriu com as mãos nos bolsos, eu estava constrangida de estar no meio da casa dele, como por invasão. Chegamos a um quarto branco, iluminado, grandes janelas que deixavam a luz entrar e senti um brisa fria chegar ao quarto, tinha uma cama de solteiro desarrumada, uma grande estante de livros, guarda roupa  e uma escrivaninha incrivelmente desarrumada.


- Nossa, é bonito – eu disse, olhei para os papéis jogados na escrivaninha, eram desenhos – Você desenha? – Falei tentando olhar melhor os desenhos, eram rostos, pessoas


- Um pouco, é só algo que eu faço quando eu tenho tempo – Ele deu ombros


Cheguei mais perto da escrivaninha e peguei um desenho, era de uma mulher, com traços perfeitos e fortes, cada linha transformava num lindo rosto de uma mulher com cabelos longos e ondulados.


- é minha mãe  – Ele falou atrás de mim


Um desenho me chamou a atenção, peguei ele no meio de vários outros, parecia... eu. Era uma menina de perfil, estava sentada, encostada na parede com uma guitarra, seus cachos eram bem feitos e volumosos e vi que era mesmo eu, olhei para Mateus que estava vermelho.


- Está lindo, eu adorei - Eu falei


- Obrigada – Ele disse constrangido, eu ri. – Pode ficar.


- É sério?


-Aham – ele sorriu – Eu estava pensando uma coisa... Você sabe jogar guitar hero?


Olhei para ele.


- É claro que sim.


- Vamos jogar?


- Só se você quiser perder


- Isso é o que eu vou ver.


Fomos para a sala e Mateus ligou o Playstation, na verdade eu só joguei aquilo uma vez, e faz muito tempo, tentei recapitular tudo que aprendi.  Jogamos a tarde inteira, se revirando no sofá, é claro que eu levei uma lavada, de 11 para Mateus e 7 para mim.


- Outra tarde eu vou querer uma revanche – Eu disse soltando o controle no sofá, minha mãos estavam suadas e cansadas de tanto jogar.


- Enfim, eu descobri que eu sou melhor na guitarra do que você


- Só se for na virtual mesmo – Eu falei estralando as mãos


- O tempo passou rápido demais – Ele falou olhando para a janela, já estava perto do crepúsculo


- Nem me diga – Suspirei me lembrando do encontro – Eu tenho que ir, me arrumar para o encontro


- É claro – Ele falou com um tom rabugento


Eu fui até minha casa e tomei um banho rápido passando pela sala, ignorando mamãe sentada no sofá.


- Filha, onde você passou o dia? – Ela perguntou


- Por que você quer saber? – Falei trancando a porta do meu quarto


- Filha...


- Mãe, não me chame de filha agora. Você não sabe como é ver sua mãe deitada com outro ao não ser seu pai. Eu não quero falar sobre isso. Eu tenho um encontro, eu vou voltar tarde, não me espere.


Ela falou algumas coisas mais eu não ouvi, liguei um som abafando meus pensamentos. O céu já estava escuro da minha janela, fui tomar um banho bem tomado, tirando o sufoco que eu passei hoje, deixando que os pingos gelados percorressem meu corpo. Fui para o meu quarto, eu não fui muito seletiva com a roupa, All star, jeans escuro e uma blusa vermelha, fiz uma maquiagem simples, com rímel e batom, deixei meu cabelo desarrumado mesmo, seco com o secador, coloquei celular, chaves e carteira no bolso, eu estava pronta, eu não estava nervosa nem nada, o que é estranho para um primeiro encontro, mas deixei passar. Ouvi a campainha tocar, sorri e saí do quarto, correndo para fora. Era Pedro,ele estava encostado na moto dele. Tranquei o portão.


- Olá – Ele falou


- Oi


- Você ta fugindo é?


- Mais ou menos.


Subi na garupa da moto e agarrei a cintura de Pedro.


- Para onde você ta me raptando mesmo? – Eu perguntei


- Um restaurante perto de casa, você vai ver


- Hm


Era bom sentir a ventania no seu rosto, era meio que uma demonstração de liberdade, passamos por várias casas, lojas, e quarteirão até chegar ao um restaurante de decoração rústica, com um ambiente agradável, dava até para ouvir a música ao vivo daqui, eu adorei. Ficamos numa mesa próxima ao palco, numa mesa para dois, decorada por uma lâmpada.


- O que acha? – Fernando perguntou


- Demais – Falei


Pedi a garçonete um prato de arroz com um pedaço de bife com coca cola e Fernando acabou pedindo o mesmo. Eu estava observando a banda e Fernando começou a falar.


- O que levou você ao shopping ontem? – Ele perguntou


- É uma história engraçada


- Eu tenho todo tempo do mundo


- Eu combinei com uns amigos para assistir 2012, mais eu, uma menina e um menino acabamos sendo expulsos do cinema, fomos lanchar, eu comi e decidir ir embora, mais resolvi ir primeiro ver sua loja, mais no meio do caminho topei com um viado maluco, e acabei dando a ele 10 reais para ir embora da minha vida e fui para sua loja – Respirei, eu estava falando muito rápido – E você, o que levou a me convidar para sair?


- Nada o que fazer – Ele riu – Eu só queria conversar com você, sair de casa ao não ser para aquela merdinha de shopping.


Eu ri. Foi aí que chegou a comida, comemos em silêncio, até que eu avistei um ponto roxo de topete, escondi o meu rosto com o cardápio, merda, aquele viadozinho tem que me seguir? Tomara que ele não me reconheça, inclinei meu rosto para Pedro.


- Me mata agora  – Sussurrei para Pedro, que ele me olhou com uma expressão assustada.


- Por quê?


- Para me salvar de um constrangimento


Ele ainda ficou confuso, senti alguém tocar meu ombro, ao me virar eu olhei para o viadinho que estava com um conjunto todo roxo


- AAA- Gritei


- Bofe! Que saudades - Ele ficou pulando batendo palminhas


- Socorro- Sussurrei para Pedro


- Eu vou te devolver  os dez reais – Ele me entregou uma nota que estava dentro de uma bolsinha brega


- O que aconteceu com a bicha pobre? – Eu falei tomando a nota dele


- Meu pai morreu e me deixou uma herança enorme – Ele sorriu radiante


- Você não devia estar triste?


- Que nada, aquele homem  era um preconceituoso contra o meu mundo Pink, era um velho rabugento que não me emprestava uma graninha e me dizia direto para virar macho, mundo triste é esse né?


Olhei para ele atordoada.


- AI, to tão afim de cantar! ALGUEM COLOCA AÌ LADY GAGA? –O bicho gritou


  - Lady Gaga? – Falei


- Sim, minha diva pop querida do meu coração, aquela que luta pelos homossexuais e que tem roupas magníficas! – Ele levantou o braço como o superviado


Enterrei minha cabeça na mesa


- Bofe, eu tenho que ir, que tem um chocolate branco na mesa esperando por mim- Ele disse, eu me alivei, quase pulei de felicidade – Peraí... Quem é esse? – Como disse alguém, a felicidade dura pouco... Ele apontava para Pedro, que estava paralisado na cadeira


- Não importa, mais querida, me diga aonde você arranjou que eu quero um para mim também – Ele riu pulando – Querido, se você quiser ir pro lado rosa da vida é só ligar esse número ok? – Ele passou um papelzinho e saiu.


Eu pisquei atordoada, olhei para Pedro.


- Quem- Era – Esse? – Ele falou


- O viado que eu falei ontem... Quanto eu mais rezo mais diabo aparece.


Ele rasgou o tal número do viado, eu queria sumir dali.


- Er... Minha fome passou – Eu falei


- A minha também


- Eu quero fugir daqui


- Eu também


Pagamos a conta e saímos do restaurante quase correndo.


- Essa noite não foi o que eu esperava – Ele falou


- Eu também nunca imaginei que um viado intrometer no encontro


- Quer ir para onde?


-Para casa, foi muita coisa para uma noite só.


Ele olhou meio decepcionado, mais mesmo assim me levou para casa. Eu me levantei para ir para entrar em casa, mais ele segurou minha mão


- Tem uma coisa que eu queria fazer essa noite e eu vou fazer – ele rugiu e me agarrou, empurrando minha boca para sua, eu me acalmei, ao contrario do que esperava do primeiro beijo, esse pareceu melado e muito forçado, minha cabeça girou, e quando ele separou os nossos lábios, eu fiquei arfando.


- Boa noite- Ele falou


- Boa noite


Ele sai de moto e eu entrei em casa, com a minha mente confusa, não era para ser assim o primeiro beijo né? Minha mãe estava dormindo no quarto dela, e eu aproveitei e fiz o mesmo.


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Notas finais do capítulo

* Gostaram? hmm, quero rewiens... Um dia eu ouvi girlfriend de Avril Lagvine, aí eu me liguei que é a cara da Alex, o que vocês acham?



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