Segunda-feira. 19:00.

Não sei como começar a escrever isso, mas "Querido Diário" não é uma frase pra mim, que não sou uma garota de 13 anos sentindo a necessidade de desabafar sobre o primeiro amor. Então vamos lá: Diário.

Bem, eu amo escrever histórias e ler, mas escrever um diário não era uma coisa que eu queria fazer, só que eu li num artigo que escrever ajuda a esfriar a cabeça e a se conhecer melhor, e como eu não me entendo mesmo vou tentar.

Meu nome é Amy Cahill, tenho 16 anos, sou ruiva dos olhos verdes, mas não tenho nada a ver com as meninas ruivas do Tumblr, sou simplesmente comum. Moro em Boston com meu pai e um irmão mais novo de 14 anos que não faz nada da vida além de ser um completo idiota. Minha mãe morreu em um incêndio quando eu tinha 7 anos e desde então meu pai não casou mais, nenhum de nós superou a perda da mamãe.

O motivo de eu estar escrevendo é que hoje foi o primeiro dia de aula no segundo ano do ensino médio, e eu ficava mentindo pra mim mesma que tudo ia ser melhor e essas baboseiras que todo mundo se promete no final do ano e nunca cumpre.

Digo, nunca MESMO.

O primeiro dia de aula foi uma droga, e já começou assim, meu irmão Dan conseguiu dar um jeito de estragar tudo desde de manhã.

Então, o problema começa quando Dan acorda atrasado e fica brincando com os decalques de túmulos e cards dele - quando ele faz isso entra num transe, e não presta atenção em mais nada - Conclusão: Faltam trinta minutos pra aula começar e o Dan ainda tá na cama de pijamas.

Eu acordo cedo e me arrumo rápido, coloco só um vestidinho verde com converse preto, e já estou tomando café da manhã enquanto Dan ainda nem acordou. Tudo vai bem, até que nosso gato Saladin resolve passear por cima da mesa, mais especificamente em cima da minha tigela de cereais, derrubando tudo no meu vestido! Tenho que correr pro meu quarto e trocar de roupa muito rápido, coloco um jeans desbotado, uma blusinha vermelha que parece ser emprestada da vovó Grace e all star também vermelho, até aí já faltam cinco minutos pra aula e o Dan ainda não tá pronto. Então você acha que ele não consegue se arrumar em, tipo, três minutos.

Pra acabar com o suspense: ele consegue.

Durante todo esse tempo o papai estava lendo o jornal e a Nellie, a au pair que cuida de mim e do Dan, está jogada no sofá ouvindo uma música bizarra em volume lesão cerebral no iPod.

Eu não entendo a Nellie.

Perdemos o ônibus escolar e gastamos uns cinco minutos pra tirar o iPod da Nellie e convencê-la a nos dar uma carona até a escola, pois o papai já tinha saído pro trabalho. Ela concordou e nós chegamos super-atrasados, conclusão: Recebi uma advertência no primeiro dia de aula!

Pra piorar a situação: minha roupa estava ridícula, meu cabelo parecia um Bom Bril, eu tava com cara de zumbi e de mau-humor.

Lindo, Amy, lindo.

Bem, um dia não pode ser todo ruim, então duas pessoas salvaram o meu, os nomes delas são: Sinead Starling e Hamilton Holt, meus melhores amigos.

Sinead é a minha versão mais bonita, igualmente ruiva com olhos esverdeados, e Hammy é como um irmão mais velho, musculoso, superprotetor e capitão do time de basquete do colégio. Si tem dois irmãos, Ned e Ted, que são gênios e já estão na faculdade, mesmo tendo a minha idade, são inteligentes de verdade. Hammy tem duas irmãs, Madison e Reagan, bonitas e fofinhas até você descobrir que elas podem quebrar seu braço com a mesma facilidade de uma barra de chocolate. A família Holt é sinistra.

As aulas que nós tivemos hoje foram: Biologia. Álgebra. Ciências da Terra e História da Arte. Mas a pior foi, sem sombra de dúvidas, Álgebra.

Si não está na minha turma e Hammy sentou com um amigo bombadão dele. Minha esperança talvez fosse as gêmeas Holt, mas elas estavam juntas. Então tive que encarar o destino e sentar no único lugar vago: ao lado de Ian Kabra.

O Kabra é tipo meu pior pesadelo! Podre de rico e a maldade em pessoa, mas finge ser um menininho bonzinho e que encanta todos, na verdade eu suspeito que ele passa o dia inteiro colocando fogo em asas de borboletas, mas nunca comprovei. Nós nos conhecemos desde o primário e ele nunca me deixou em paz, o passatempo escolar favorito dele é me perturbar.

Quando eu sentei ele já sorriu, as outras pessoas devem ter achado educado, mas as outras pessoas não estudam com aquela aberração desde os 10 anos, aquele era o sorriso Kabra "peguei você".

– Amy! - ele sorriu.

– Kabra. - eu murmurei, revirando os olhos.

Ele não desistia, e só deixou o sorriso maior ainda.

– Oras, eu não mereço esse cumprimento tão simples, sempre fomos amigos. - ele disse.

– Não, não fomos, e eu não quero falar com você, Kabra. - eu disse, ficando um pouco vermelha de raiva e desejando dar um soco nele. Nós nunca fomos amigos e nunca seremos, ele sabe muito bem disso.

Então nisso o Kabra se aproximou um pouquinho mais e sussurrou:Você se irrita fácil, Cahill.

Neste momento, para nossa alegria, a aula acabou.

Nós tivemos um pequeno intervalo, o almoço, e eu fui para o banco perto do galpão de bicicletas, onde sempre almoço sozinha ou com Si, mas hoje estou sozinha.

– Ahn... com licença... posso sentar aqui? - perguntou uma voz acima de mim, eu levantei o olhar e me deparei com uma menina de uns 13 anos, cabelos pretos sedosos e pele cor de canela como...

Ian Kabra.

Notei que a garota ainda esperava uma resposta.

– Sim, claro. - eu respondi, acenando com a cabeça.

– Obrigada, - ela sorriu. - Meu nome é Natalie.

No nosso colégio os alunos começavam no nono ano e ia até o ensino médio, talvez esse fosse o motivo qual eu nunca havia visto Natalie aqui antes, meu irmão Dan estava começando seu primeiro ano no colégio, ela provavelmente estava na mesma classe que ele.

– Meu nome é Amy, - disse. - Você provavelmente conhece meu irmão Dan.

– Ah sim, Dan Cahill, - ela riu. - O menino que fez uma piada envolvendo vômito para o professor de História.

Eu revirei os olhos, Dan nunca conseguia se comportar como.. sei lá, uma pessoa normal?! Ele sempre tinha que ser um macaco?

Natalie ficou tomando seu suco de laranja, eu não comi nada. Depois de uns minutos ela se levantou e disse tchau, saindo logo depois. Eu fiquei por uns segundos sozinhas, até que Dan apareceu correndo de sabe-se-lá-onde (Nárnia? Talvez).

– Você estava conversando com a Natalie?! - ele perguntou.

– Sim, por quê? Ela é legal. - eu disse, dando de ombros.

– Não é não! Ela é uma patricinha mimada e irmã mais nova do Ian Kabra! - ele retrucou, e saiu voando pra Nárnia de novo.

Ah.. então Ian Kabra tem uma irmã... e Dan não se deu bem com ela. Será IanxAmy segunda geração?

Fiquei assistindo as gêmeas Holt jogando vôlei, quem imaginaria que aquelas duas meninas fofas seriam tão boas jogadoras? Mas um pensamento não saía da minha cabeça:

Eu queria ser uma mosquinha pra ver como Dan e Natalie reagirão juntos...

Isso deve ser muito divertido!