What about now escrita por Lo


Capítulo 2
II - Descompasso


Notas iniciais do capítulo

Olá! Aqui vai mais um capítulo.
Obrigada a quem leu, e a quem comentou. Espero que tenham gostado. :)
Boa leitura



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Mesmo com os olhos pesados, lutou para abrí-los, encarou o branco pálido à sua frente e suspirou. O tiro, o sangue, as palavras rudes, a dor, o medo. Virou seu rosto para o lado e encarou as agulhas em sua veia, uma no braço, outra na mão. O bip do aparelho que controlava seus batimentos cardíacos a incomodava. Sentia todo seu corpo doer, além da cabeça pesada. Sabia que aquilo era um hospital, só não sabia há quanto tempo estava ali. Encarou a poltrona próxima a janela do quarto, vazia. Suspirou em completa frustração. Estava machucada, mais que externamente, internamente. Sua coração sangrava, e não era de hoje, ontem, ou semana passada.

Ouviu a maçaneta mexer-se e fechou os olhos rapidamente. Os passos lentos se aproximaram, logo ela sentiu dedos traçarem um caminho por seu ombro até chegar a sua mão, entrelaçou seus dedos e beijou o dorso.

— Zi, por favor, acorde logo. - a voz grossa de Anthony soou trêmula. O coração de Ziva acelerou, ainda assim continuou com os olhos fechados. — Eu sinto tanto por não ter te protegido como deveria. Volte logo para nós, eu prometo que não vou deixar nada mais acontecer com você, minha ninja.

Ela queria abrir os olhos e encarar o verde profundo a sua frente, mas não tinha coragem. Não naquele momento. Sentia-se vulnerável demais. O aperto em sua mão aumentou e a mão dele passeou por seus cabelos. Tudo que Tony mais desejava naquele momento era poder ver os olhos de sua pequena ninja abertos, brilhando para ele. Doía mais que tudo vê-la tão pálida e indefesa. Queria tirar o sentimento de culpa de dentro de si, mas não podia.

— Tony, ela está bem. Você pode voltar pela manhã, quem sabe ela não estará acordada?

— Porque ela ainda não acordou, Abby? - ele perguntou baixo, mas sua voz soava desesperada

— Os enfermeiros a sedaram mais uma vez, sabe que foi uma cirurgia complicada. - Abby respondeu ao amigo que a abraçava fortemente.

Anthony aproximou-se novamente da cama e beijou a bochecha de Ziva. Deixou o quarto acompanhado por Abby segundos depois. A porta fechou-se e os olhos da israelense se abriram. Suspirou e tocou sua bochecha com a ponta dos dedos, tinha mais que certeza que estava perdida, só não entendia exatamente em quê.

****

— McGee, onde está Dinozzo?

— Tony não apareceu ainda, nem ligou.

— Encontre-o

— Gibbs, já liguei mais de 6 vezes - Disse McGee. Gibbs o encarou, ordenando que o fizesse novamente — Okay, mais 6 vezes

— Ei, McDesesperado, pode parar de me ligar. O que está acontecendo?

— Regra número 3, Dinozzo.

— Oh, bom dia, chefe. Sabe algo sobre a Ziva?

— Você está me vendo aqui? - o chefe perguntou, e Tony afirmou mexendo a cabeça — Então não sei nada, porque ainda não fui ao hospital.

Tony suspirou e jogou-se em sua cadeira. Fitou a mesa vazia de sua parceira desejou pela milésima vez que ele logo estivesse de volta.

— McGee, quero que siga aquele infeliz, encontre-o e trace passo a passo. Tony, vá o que Abbs encontrou. - Gibbs deu as costas a seus agentes e foi em direção ao elevador. Tony encarou Tim que parecia concentrado em algo.

— Acha que consegue encontrá-lo? - Tony perguntou calmamente

— Conseguir eu consigo, só não sei se o tempo que isso pode levar vá agradar a todos - Tim murmurou.

Anthony torceu o nariz mas não disse nada. Estava ciente que Tim fazia tudo que estava ao seu alcance, às vezes até o que não estava. Desceu até Abby pelas escadas, a morena ouvia musica alta como sempre, e ao contrário de Gibbs, Anthony não conseguia chegar desapercebido.

— Você demorou! - A cientista o fitou, estava inquieta, para variar.

— Fui pegar seu Caf-Pow - Dinozzo sorriu de lado a entregando a bebida. A moça o pegou e começou a beber imediatamente.

— Está acordada desde quando?

— Quem disse que eu dormi?

— Descobriu algo? - Tony perguntou chegando mais perto dos computadores

— Sim e não. - ela suspirou pesadamente — A bala veio de uma 9mm, isso teoricamente é bom, porque eu sei qual foi a arma usada e se tiver ela em minhas mãos posso mostrar que ele atirou em uma agente federal, a parte ruim é que todas as mortes também envolviam essa arma, ou seja, nós temos nada. - assim que Abby terminou de falar o celular de Anthony tocou

— Dinozzo - ele atendeu

— Tony, oficial em Quantico. Gibbs está nos esperando.

— Estou a caminho. -Tony desligou o celular, beijou a bochecha de Abby e deixou o laboratório.

****

Onze da noite. O dia cansativo não limitara-se só até ali. Ainda no NCIS, Dinozzo e McGee continuavam enfiados no escritório. Aquelas era apenas mais uma sexta-feiras em que eles trabalhavam até que fosse ordenado que fossem para casa. E não que eles se importassem com isso, estavam acostumados a estar juntos o tempo todo. Ser um agente, era estar disponível para tudo a qualquer hora, principalmente sendo um da equipe de Leroy Jethro Gibbs.

Gibbs, da escadaria observava seus agentes inquietos procurando algo concreto que pudessem usar. Sabia que com orgulho poderia dizer que sua equipe era uma das, senão a melhor, daquela agência. Lembrava-se do primeiro ano de Timothy, o quão esforçado ele sempre fora sendo um agente de campo, e dando tudo sobre seu conhecimento para compor as investigações. Ziva era a chave, ela era o ponto de equilíbrio entre os homens da equipe. Foi ela em quem Gibbs confiou mais rápido, e a quem ele protegia como sua filha. Em Anthony via um espelho de si mesmo, o garoto era esperto, e apesar de sempre querer chamar atenção para si, Gibbs sabia o quanto ele sempre fora guerreiro, e dera seu sangue inúmeras vezes por seus colegas de equipe. Determinado e destemido, Anthony seria facilmente uma cópia praticamente idêntica, e um pouco mais extravagante, de Gibbs. E ele se orgulhava muito de ver Anthony como ele é.

Saiu de seu devaneio e desceu as escadas. Anthony o fitou, mas logo voltou a digitar algo no computador.

— Chefe - McGee chamou a atenção de seu chefe que fitava o comportamento de Tony

— Puxei os registros bancários do oficial Henkings, toda sexta-feiras nos últimos 4 meses ele se registrava em um hotel no centro. - o rapaz colocou tudo na tela plana — Liguei para lá, e eles confirmaram minha suspeita, todas as vezes ele estava acompanhado, e por acaso a descrição bate em nada com a esposa dele.

— Então foi a esposa, sempre é! - Tony disse rindo e pela milésima vez olhou algo em seu celular. — Não que isso seja injustificável, já que ela estava sendo traída. - O rapaz parou ao lado de Tim

— O problema é que o alibi dela confere, não tinha como ela estar na cena no crime na hora da morte. - Tim disse, e viu Tony mais uma vez pegar seu celular que imediatamente foi apanhado por Gibbs

— Que diabos você tanto olha nesse celular, Dinozzo? - O chefe perguntou abrindo o aparelho.

— Ah, eu, eu só queria… é que eu queria passar no hospital antes de ir para a casa. - ele murmurou sem olhar Gibbs nos olhos

— Vá, Dinozzo, vá. - Gibbs disse devolvendo-lhe o aparelho. — E você vai para casa McGee, precisam descansar - virou-se e viu Tony juntando suas coisas rapidamente. — Hey Tony, a propósito, ela acordou hoje pela manhã e perguntou por você.

— Boa noite chefe, McGoo.

Anthony se afastou sorrindo, e nem precisou pegar o elevador. Entrou em seu carro e dirigiu rápido e desesperadamente pelas ruas já calmas da cidade. Tocava uma musica qualquer na rádio, e ele cantarolava junto. Passou o dia tentando achar uma brecha e que pudesse ir vê-la, esta não aparecera, e quando apareceu, ele não poderia perdê-la, é claro. Em poucos minutos estacionou e entrou no hospital. Apresentou seu distintivo na recepção e foi acompanhado até o quarto por uma das enfermeiras, na porta, pôde ouvir risadas, uma delas principalmente o fez sorrir novamente. Girou maçaneta e adentrou no quarto. Aquele momento, já era quase meia noite, viu Abby sentada na poltrona próxima à janela. Caminhou lentamente com os olhos de sua amiga cravados nele. Seu coração estava cheio de bons sentimentos, mas ansioso para ver sua ninja acordada. Quando ela entrou em seu campo de visão ele parou e sorriu, estava sentada na cama com uma expressão intrigada presa no rosto. Assim que ela o viu, ele pode ver o sorriso dela, pequeno, mas um sorriso. O seu, ao contrário, devia tomar-lhe toda face, fazendo seus músculos doerem.

— Você veio - A moça sussurrou

— Claro que eu vim! - El deu uma pequena risada, abaixou-se e beijou a bochecha de Abby que observava os dois, depois caminhou até a cama de sua parceira e sentou-se na beirada — Queria ver se estava bem - Ela sorriu mais visivelmente, não só pela frase, mas também pelos dedos dele que passearam em sua bochecha.

— Ei, eu vou indo. Volto amanhã, Zi - Abby disse atrás deles. A moça apenas assentiu e acenou para a amiga que logo deixou o quarto.

— Como se sente? - Tony perguntou a olhando nos olhos

— Estou bem. Já disse isso milhões de vezes desde que vi alguém pela manhã, mas não me deixam ir embora.

— Desculpe por isso, eu devia ter impedido, ou estar eu aqui - ele murmurou com a cabeça baixa.

— Para com isso, as coisas são como devem ser.

O silêncio se fez presente, ele brincou com os dedos dela que o observava. Queria abraçá-lo, mas não tinha coragem. Nunca tivera coragem para muita coisa relacionada a Anthony. Mas ela sabia o quanto gostava de tê-lo por perto. Tinha consciência de que ele sempre estivera lá por ela, todas as vezes que ela precisou. Ele era seu parceiro, independente da hora, lugar, ou coisa que ela tivesse feito.

— Com licença - uma voz feminina fina chamou-lhes atenção — Hora de dormir senhorita David.

— Ela está certa, está tarde. - Ele disse se levantando. Ziva o segurou. Ele a olhou novamente nos olhos.

— Obrigada por isso - Exclamou entrelaçando seus dedos, ele a olhou como se perguntasse pelo quê — Por sempre cuidar de mim.

— Boa noite, ninja. - Ele sorriu, beijou sua testa e deixou o quarto. Ela encarou o paletó, cuidadosamente colocado na lateral da cama, apertou-o entre os dedos e deitou-se novamente. Logo sua mente voou para um outro mundo, talvez onde as coisas fossem mais fáceis, mas não melhores. Lá não existia Abby, Timothy, Gibbs nem Ducky, mas principalmente, não existia Anthony.


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Notas finais do capítulo

E ai?! O que acharam? Acho que esse capítulo ficou melhor que o outro!
Comentem, por favor, preciso saber se vocês estão gostando, e também se têm alguma sugestão podem dizer.
Vou tentar postar mais até quarta feira, já que tenho o próximo capítulo quase pronto.
Até mais, beijos