What about now escrita por Lo


Capítulo 11
XI - Família


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridas!!
Finalmente apareci, certo?
Desculpem-me de verdade a demora, desta vez a culpa não foi da minha lerdeza para escrever o capítulo. Ele estava pronto desde o fim de semana, porém, a minha maravilhosa internet resolveu parar de funcionar, e os técnicos só vieram arrumar hoje.
Então, ai está mais um! E bem grandão :D
Boa leitura!



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O relógio marcava exatamente 7 da manhã. Ziva estava acordada desde às 4. Não porque queria, pelo contrário. Tudo que morena desejava era estar tendo uma boa noite de sono. Entretanto, algumas coisas não eram tão fáceis, não naquele momento. Dormir quanto queria era uma dessas. O desconforto era maior que o sono.

As 36 semanas de gestação haviam chegado arrebatadoras. Carregar um bebêzinho dentro de si tinha sim toda a magia que Ziva sempre ouvira falar por ai. O que não falavam, entretanto, era sobre o cansaço, as dores, e os incômodo os quais ela preferiu marcar só como causas do fim de uma gravidez. Não conseguia dormir durante a noite, pois, com o peso da barriga, nenhuma posição na cama lhe era confortável. Durante o dia o sono lhe atingia, e então acabava dormindo no sofá, meio sentada, meio deitada. Dessa forma as dores na coluna lhe eram constantes. Apesar disso, seu último passatempo era arrumar, desarrumar e arrumar novamente tudo no quartinho que ela e Anthony haviam preparado. Sua nova missão não era nada perigosa, porém, lhe deixava ansiosa a cada minuto que aproximava-se de ter seu bebê em seus braços.

Olhou para sua caneca com chocolate quente e bebericou um pouco. Ao olhar pela janela via o sol quase todo brilhante no céu, aquele provavelmente seria um dia quente. Mais que o anterior, menos que o posterior. O começo da primavera era sempre dessa forma, dias incertos e temperaturas malucas de uma hora para outra. Não que aquilo fosse ruim, já havia acostumado-se ao país que tornara-se seu de coração.

A pontada forte em seu ventre lhe assustou, fazendo com que quase entornasse o líquido da caneca em si mesma. Acariciou sua barriga gigante e sorriu, os chutes eram constantes, nada sutil. Sentir sua filha mexendo-se deliberadamente em seu ventre, apesar de às vezes incômodo, sempre a fazia sorrir, era muito bom senti-la.

Filha. Estava tão orgulhosa de seu bebê, de sua menininha. A cada minuto que passava sabia que estava mais próxima de ter sua pequenina em seus braços, este também era um fato que contribuía para a insônia da israelense.

Flashback

— Tony, amor, para quieto! - a morena ralhou fazendo-o endireitar-se onde estavam sentados na clínica obstétrica.

— O que você acha que é? - Tony perguntou com os olhos brilhando em ansiedade fazendo Ziva rir

— Eu não sei, mas também não importa para mim. - deu de ombros sendo sincera. Era o clichê mais clichê de todas as grávidas, no entanto, realmente não importava se viesse com saúde.

Observou algumas outras mulheres passando por ela na clínica, custava a acreditar que sua barriga ainda poderia crescer mais, afinal, no quinto mês de gestação ela já sentia-se enorme. Não que tivesse engordado tanto, fora poucos quilos até tal momento, no entanto, sempre fora magra e agora parecia que havia engolido uma melancia. Sorriu para seus próprios pensamentos. Estava passando tempo demais com Anthony Dinozzo.

Relaxou no pequeno sofá da recepção e apoiou a cabeça no ombro de Tony, que passou seu braço pelos ombros da moça aconchegando-a mais próxima a ele.

— Está cansada? - perguntou levemente, juntando sua mão à dela

— Um pouquinho - suspirou, sentindo o peso do dia de trabalho sobre seus ombros — É cansativo ficar apenas na base - murmurou para ele recebendo um olhar de reprovação em seguida.

Assim que ela saíra do hospital após o sequestro, insistira para voltar a trabalhar. Tony, entretanto, não gostara da ideia. Dessa forma, para agradar ambas as partes e aquietar a si mesmo, Gibbs permitiu que sua agente voltasse, porém, não sairia mais para o campo. Com tal condição Dinozzo ficara um pouco menos contrariado que antes. Ziva, apesar de não ver motivo para tal decisão, acatou-a.

— Já conversamos sobre isso, David. - respondeu acariciando-a a bochecha morena

— Eu sei, Tony. Eu sei. - revirou os olhos bufando em seguida — Se não tivesse com um bebê dentro de mim poderia convencê-los a me deixar voltar em alguns segundos - disse lembrando-se de suas formas de convencimento

— Não precisaria, essa é justamente a razão, ninja. - retrucou sorrindo para a morena

— Não tenho mais poderes ninjas - disse molemente, em um falso tom triste

— Você sempre será a minha ninja, entendeu? - indagou olhando nos olhos castanhos que brilhavam para ele.

— Uhum - Ziva murmurou contra os lábios de Tony, que os capturou sugando levemente os lábios doces de sua amada. A pigarro próximo a eles os fez separarem-se. Tony sorriu amarelo para a enfermeira, e olhou para Ziva que tinha as bochechas coradas. A vermelhidão o fez sorrir ainda mais. Parecia irônico, a mulher que tinha conversas com ele dentro do banheiro masculino agora estar vermelha como uma adolescente que foi pega no flagra. De certa forma haviam sido.

— Dr. Wertz espera por vocês - a mulher que não teria mais que 22 anos disse gentilmente para o casal, que ainda embaraçoso levantou-se e pôs-se a caminhar atrás da mulher.

— Você fica extremamente sexy assim, toda envergonhada. - Anthony sussurrou no ouvido de Ziva

— Dinozzo! - ela repreendeu séria. Ainda que tivesse vontade de sorrir para ele, não era hora de um comentário como aquele.

O caminho até a pequena sala fez o coração de Ziva acelerar rapidamente, estava ansiosa para, talvez, saber o sexo de seu bebê. Deitada na cama, com a blusa levantada até abaixo de seus seios, sentiu seu namorado apertar sua mão, olhou para ele que sorria despreocupadamente.

— Prontos para saber o sexo? - o médico perguntou a eles enquanto derramava sobre a barriga de Ziva o gel transparente gelado

— Estamos - Dinozzo respondeu calmamente

— Muito bem, deixe-me ver… - o homem observou o monitor, objeto do qual o casal não tirava os olhos. — Aqui os olhinhos, o nariz e a boca - disse apontando respectivamente — Os braçinhos - apontou rapidamente e logo mudou a imagem embaçada de posição. Tony não entendia como os médicos conseguiam decifrar aquele monte de pontos. — E olhe só o que temos aqui - sorriu e mudou novamente a posição da pequena máquina que ele deslizava sobre o ventre de Ziva.

— Da pra ver? - a morena perguntou ansiosa. Poucas vezes em sua vida estivera daquele modo.

— Sim, Ziva…

— O que tem ai? - Tony perguntou impaciente. Suas emoções estavam quase como as de sua namorada.

— O que não tem, Anthony — o homem de branco riu ao perceber a ansiedade que vinha do casal — É uma menina!

Flashback off

Bebericou mais um pouco do chocolate quente que agora já estava quase no fim. As lembranças daquele dia eram boas, assim como de muitos outros dias de felicidade para ela e Tony. A voz de Abby no telefone ecoava em seus ouvidos toda vez que lembrava-se dos gritos de felicidade de sua amiga quando ligara para ela afim de contar a novidade sobre sua bebê.

Os lábios quentes apoderando-se de seu pescoço a trouxeram de volta à realidade. Sorriu com a sensação gostosa, e o rastro quente que Anthony deixava por sua pele. Virou-se de frente para ele, entregando-lhe os lábios. Tony aprofundou o beijo, deixando sua língua brincar com a de Ziva. As mãos pequenas de Ziva deslizaram pelo peito e costas dele ao passo que ele a puxava para mais perto de si. O falta do ar os fizeram romper o beijo.

— Vou querer um bom dia desse jeito mais vezes! - o rapaz brincou dando um selinho rápido em sua ninja.

— Você que veio aqui abusar de mim! Eu, uma quase mãe de família, não posso ser vista desse jeito.

— Ninguém vai ver nada, você é minha! - Tony retrucou com os olhos faiscando. Ziva riu e levantou-se do banco apoiando-se em Anthony. Sentiu sua coluna protestar e a dor fez-se presente em sua face. — O que foi? Onde dói? - perguntou Anthony já mudando seu tom de voz de brincalhão a preocupado

— Não é nada, Tony. Minhas costas estão doendo, não tem que se preocupar, okay? - disse simplesmente e sorriu para ele, tentando fazer sua melhor cara de "está tudo bem". Em outra ocasião aquilo seria fácil. Naquela, entretanto, a dor realmente a incomodava, e aquilo havia se estendido por dias a fio.

— Dormiu quase nada de novo, né? - perguntou retoricamente. Não precisava de uma resposta para tal questão. Deslizou a ponta dos dedos pelas olheiras fracas que começavam a se formar no canto dos olhos castanhos. — Você não pode ficar sem dormir, Zi!

— Amor, você vai se atrasar. - Ziva o disse enquanto apontava o relógio pendurado a poucos metros dela na parede.

– Promete que vai tentar descansar? - ele pediu

— Eu vou, Tony. Não se preocupe! - disse caminhando ao lado dele.

Sorriu a vê-lo pegar seu distintivo e arma guardados na pequena gaveta próxima a porta. Era o mesmo lugar em que ela guardava os dela quando estava em serviço. Tudo dele estava ali, não era mais apenas o apartamento dela, e sim deles. As roupas dele haviam tomado lugar no armário, os filmes na estante junto aos livros dela.

— O que foi? - Anthony perguntou acariciando-lhe a bochecha.

— Olhe para nós. Há um ano éramos apenas colegas de trabalho, eu nem pensava em nada do que temos hoje, provavelmente você também não. Mas agora… bem, agora parecemos casados.

— Logo estaremos! - ele sorriu e beijou a mão em que o anel delicado com um diamante se destacava.

Flashback

sexta-feira, 8pm, 3 meses antes.

— O que acham de irmos àquele Dinner perto de casa? - Abby perguntou animada enquanto os colegas distraídos terminavam o relatório daquele dia em seus computadores.

— Não estou afim hoje, Abs! - Tony disse olhando para a cientista rapidamente

— Estou mega cansada, Abby. Preciso tomar um banho e dormir - Ziva falou levantando-se para ir até a impressora.

— Qual é gente! - Abby protestou — Vocês dois parecem velhotes ultimamente — disse apontando para os casal — Também não quer ir, Timmy? - McGee olhou para a amiga incapaz de negá-la o pedido.

— Eu vou, só espere eu terminar aqui. - ela sorriu para o rapaz e deu as costas a Anthony e Ziva.

— Boa noite, Timmy. - Ziva disse ao amigo enquanto colocava os relatórios dela e de Tony sobre a mesa do chefe

— Boa noite, Ziva, Tony

Anthony deixou o sala do esquadrão acompanhado de Ziva. Sentiu por Timmy, que provavelmente estava tão cansado quanto eles dois, afinal, nos últimos três dias correram para cima e para baixo atrás de um suboficial que estava vendendo informações confidenciais a norte coreanos.

— Banho, jantar e filme? - Anthony indagou já beijando Ziva que jogara-se no sofá assim que entraram no apartamento do rapaz.

— Só se você cozinhar! - ele respondeu sentando-se no colo de Anthony

— Não estava cansada? - perguntou com os lábios colados ao pescoço moreno

— Posso começar a me cansar agora, se quiser… - ela falou debilmente, fazendo-o rir

— Não vou querer isso!

****

— Estava delicioso! - a morena disse abraçando Tony pelas costas, a barriga de quase 6 meses a atrapalhava um pouco, entretanto. — Desde quando sabe cozinhar?

– Sou bom em tudo que faço, minha querida! - ele disse presunçoso, fazendo-a gargalhar

— Você não muda nunca, Dinozzo! - ergueu-se nas pontas dos pés para beijá-lo, mas antes que pudesse fazê-lo, Tony virou o rosto e a afastou um pouco

— O que foi? - perguntou confusa

— Eu, bom… nós precisamos conversar - ele disse incerto, ainda pensava nas palavras certas as quais usar

— Ah, ótimo! - ela ironizou dando as costas pra ele e deixando a cozinha. De onde vinha, as conversas que seguiam àquela frase não eram boas. Sua garganta fechou-se e os soluços logo enroscaram-se ali. Os olhos carregaram-se e as lágrimas começaram a querer percorrer suas bochechas. Estava com medo, medo de ouvir algo que não queria.

— Ei, ei, ei! Não precisar ficar assim - ele disse desesperando-se, parou-a no meio da sala, puxando-a para seu braços — Não é nada do que você está pensando, entendeu bem? - falou segurando o rosto dela entre suas mãos. Suspirou profundamente — Eu só não sei como fazer isso.

— Tony, você está me assustando! - ela murmurou impaciente. Inclinou a cabeça para trás, afim de impedir que as lágrimas acumuladas em seus olhos não descessem. Mentalmente condenou os hormônios que a faziam estar sempre vulnerável

— Tudo bem! Me desculpe se isso não será como você imaginou, mas tudo entre nós sempre foi do avesso, né?! - ele riu nervosamente e olhou nos olhos castanhos que tanto amava — Eu não posso ficar sem você, Zi. Não posso ao menos pensar em tal possibilidade…

— Você não vai, Tony… - ela disse o cortando, ele, porém, colocou alguns dedos sobre os lábios da morena, em um pedido de silêncio.

— Mas eu preciso ter a certeza disso, todos os dias, todos os minutos. Quero morar naquela casa branca com uma varanda na frente, com um gramado para os nossos filhos brincarem com um cachorro. Quero acordar todos os dias com você ao meu lado e ter a certeza que nada vai te tirar dali, porque somos um do outro. E não importa o que aconteça, nunca se esqueça que eu vou sempre amar você! Amá-la pelo que é, por como é, por tudo aquilo que você representa para mim. - sorriu de canto e segurou as mãos de Ziva que àquele momento estavam frias e trêmulas. Puxou a pequena caixa de veludo do bolso da calça, abrindo-a para a morena, colocou um de seus joelhos no chão e olhou novamente para ela que não podia mais controlar tudo que estava dentro dela. Tony sempre seria uma caixinha de surpresas — Ziva David, você me daria a extraordinária honra de ser a senhora Dinozzo? Casa-se comigo?

— Oh, Tony! Sim, é claro que sim! - a israelense curvou-se levemente buscando pelos lábios de seu noivo. E sim, definitivamente aquela palavra soava bem. Tony levantou-se ainda com os lábios colados aos dela, buscando avidamente alívio para a tensão que sentira naqueles poucos minutos. — Eu amo você - Ziva sussurrou contra os lábios de Tony, fazendo-o sorrir para ela. A necessidade de respirar corretamente o fez separar-lhes. Anthony tirou finalmente o anel delicado da caixa, puxou a mão de Ziva e deslizou a jóia pelo dedo anular dela, beijando-a em seguida. Naquele momento o que ele mal poderia esperar era por poder deslizar uma aliança no anular esquerdo dela. E ela nele.

Flashback off

****

Ziva desligou a tv antes dos créditos do filme começarem a subir, assistia pela terceira vez na semana Gosht - Do outro lado da vida. Secou as lágrimas de seu rosto, achando-se a boba do século por chorar tanto com um filme. A dor nas costas aumentou gradativamente durante o dia, fazendo com que não conseguisse dormir durante a manhã, quebrando a promessa feita a Anthony durante a amanhã. Levantou-se seguindo para o banheiro. Tomar banho parecia-lhe uma boa ideia afim de relaxar. Deixou a água cair por seus ombros correndo pelo corpo e aliviando um pouco a tensão. Ao contrário do que pretendia porém, a dor nas costas só aumentava, e de volta ao quarto chegou a níveis insuportáveis, passando em seguida pela lateral de seu corpo e chegando ao seu baixo ventre. Era como se algo a estivesse querendo rasgar. E de certa forma realmente estava. Sentou-se na beira da cama, curvando seu corpo para frente. De maneira alguma conseguia fazer tal dor diminuir. Inspirou fundo, tentando controlar a respiração. Precisava ligar para Tony. Procurou por seu celular, discando rapidamente os números mais que conhecidos

— Tony, onde você está amor? - Ziva perguntou tentando parecer calma assim que Anthony atendeu o telefone, se ele se desesperasse seria pior.

— Estou no escritório, Zi. Quer que eu leve algo quando eu sair? - o rapaz respondeu olhando a hora na tela do computador

— Quero que venha pra cá. Agora. - dessa vez sua voz saiu esganiçada pela respiração que ela tentava controlar. Doía bem mais que ela imaginava.

— O que está acontecendo? - ele perguntou já alterando seu tom de voz.

— Tony, não se desespere, por favor! - ela murmurou na linha enquanto sentava-se corretamente na cama. — A primeira contração veio há alguns minutos.

— Eu… eu estou indo. Fica calma, respira. - o peito dele queimou, assustando-se com a notícia repentina.

— Desde quando Anthony Dinozzo gagueja para uma mulher? - ela o provocou. Precisava distraí-lo para que não percebesse o desespero na voz dela. Estava com medo, o principal era de não conseguir.

— Para com isso, Zi! - ele apertou o celular em sua mão — Estou indo, qualquer coisa me liga de novo - disse rapidamente e já abaixando-se para pegar buscar suas chaves. Ela suspirou na linha e ele desligou.

— Tony, o que houve? - Timothy perguntou ao dar de frente com Anthony na porta do elevador — Aonde está indo?

— Vai nascer, Tim! Minha filha vai nascer! - Anthony berrou com um sorriso no rosto. As portas então fecharam-se, deixando McGee estagnado para trás.

****

Ziva cravou as unhas na colcha da cama mais um vez, os intervalos de tempo diminuíam cada vez mais. Agora já estavam entre 15 e 15 minutos. Tentava controlar sua respiração, inspirando e expirando devagar.

— Vai acabar com a mamãe assim, minha pequena. - ela sussurrou acariciando sua barriga tentando aplacar a dor — Vai valer a pena quando tiver você nos meus braços, sei que vai.

Ainda estava ofegante devido à primeira contração. Virou-se para seu armário atrás da pequena bolsa que levaria ao hospital, colocando-a sobre a cama. Condenou-se por ter esquecido de deixar aquela parte pronta, afinal, devia ter previsto que não seria fácil fazê-lo quando estivesse já em trabalho de parto. Devagar começou a colocar algumas peças sobre a cama. Não demorou a ouvir o som das chaves que dançavam e enterravam-se na fechadura. Quando finalmente encaixou, Anthony entrou no apartamento afoito.

— Zi?? - ele gritou caminhando a passos largos pelo apartamento.

— Estou no quarto - ela falou e logo sentiu a mão dele em suas costas

— Ei amor, não precisa fazer isso. Senta aqui - Anthony murmurou tentando controlar sua voz, precisava ter naquele momento, mais que tudo, autocontrole. Guiou-a até a poltrona próxima à sacada do quarto, fazendo-a sentar-se — Inspira, expi…

— Tony! - ela murmurou, apertou a mão do noivo e acariciou sua bochecha — Respira, amor. Ta tudo bem, se acalma. - fechou os olhos tentando acreditar em suas próprias palavras, ele suspirou e segurou a mão dela, pareceu adivinhar que outra contração viria segundos depois.

A morena cravou as unhas no braço de Tony, ele sentiu sua pele queimar, porém não falou nada, sabia que a dor dela era muito maior que a dele. Acariciou as costas dela e esfregou as mãos no rosto sem ter muita ideia do que fazer. Ela respirou fundo, afrouxando o aperto no braço dele.

— Vá pegar a bolsa com as coisas dela no quarto - ela disse passando a mão sobre a barriga

— Tá! Eu já volto. - meio desnorteado, Anthony correu para pegar a pequena bolsa com coisas para o bebê enquanto Ziva terminava de colocar suas coisas em outra. De volta ao quarto, o rapaz tomou Ziva nos braços e desceu para o estacionamento do prédio, colocando-a o mais gentilmente possível no automóvel.

Dinozzo dirigia como a israelense. E não que aquilo fosse algo ruim, ao contrário, naquele momento, para ele, nada era mais ruim e angustiante que ver sua pequena ninja remexendo-se no banco ao seu lado. Ela era forte, ele sabia bem disso. Percebia-se facilmente que, até tal instante, ela tentava aguentar quieta, o quanto podia. Tony, porém, não sabia até quando ela aguentaria. Sentia seu coração apertar-se ao vê-la mexendo-se desconfortavelmente. Segurou a mão de sua noiva, estava extremamente fria. Acariciou o dorso e entrelaçou seus dedos. Ela sorriu fazendo-o sorrir também.

— Já estamos chegando, tudo bem? - Tony disse baixo, fitando os olhos castanhos com ternura. Tal pergunta não precisava de uma resposta. — Avisei o Dr Wertz que estávamos indo para o hospital - Ziva mordia o lábio inferior e esboçava um pequeno sorriso. A moça apertou a mão de Anthony

— Eu estou bem, Tony. - colocou a mão dele sobre sua barriga, fazendo-o sentir os chutes. — Vai dar tudo certo, ela só quer nos conhecer.

Apesar de um pouco agitado, Tony não conseguia tirar o sorriso do rosto enquanto caminhava pelos corredores do hospital segurando a mão de sua ninja durante todo o trajeto. Logo teria sua filha nos braços e isso o deixava extremamente satisfeito.

— Preparada para conhecer sua bonequinnha, Ziva? - o médico entrou sorridente no quarto, cumprimentando Anthony com um aperto de mão. O mulher, no entanto não respondeu, ofegou buscando por Tony novamente com o início de um nova contração. Sua respiração acelerou, assim como seus batimentos cardíacos, seu rosto contorceu-se em dor, fazendo o peito de Anthony apertar-se.

A deixara alguns minutos apenas para ligar aos amigos, no intuito de avisar-lhes sobre o quase nascimento de sua filha. Depois disso, passou todo o tempo ao lado de Ziva. Sofria vendo-a sofrer a cada contração. Apesar de saber que no fim seria por uma boa causa, porém, era horrível assisti-la sem poder fazer nada.

Ziva dormira após longas quatro horas durante as quais ela tinha alcançado seis centímetros de dilatação e pode tomar a anestesia. Quase meia noite e Tony recebeu uma mensagem de Timothy dizendo que ele e os outros estariam na sala de espera até que a pequena menina nascesse. O médico aparecia a cada vinte minutos para checar a a pressão, os batimentos cardíacos e a dilatação de Ziva. Ela por sua vez, dormia tranquila há mais de duas horas. Tony acariciava-lhe os cabelos velando seu sono. A morena abriu os olhos lentamente, olhando para Tony preso junto à ela na cama do hospital.

— Como está se sentindo, minha ninja? - sussurrou beijando-lhe a testa

— Ansiosa - ela disse sorrindo lindamente para ele — Falta muito? - perguntou com com um bico nos lábios sentando-se na cama

— Não muito - ele sorriu selando seus lábios.

A morena tamborilava os dedos impaciente pela próxima visita do médico. Quando estava prestes a implorar a Anthony para chamá-lo, Dr Wertz apareceu. Examinou-a e o sorriso dele para Dinozzo dispensou qualquer pergunta sobre o quanto ainda poderia demorar.

— Pronta, mamãe? - o médico perguntou à israelense que sorriu assentindo. Faltava muito pouco para ter sua pequena em seus braços.

Tony a acompanhava segurando sua mão enquanto os enfermeiros empurravam a maca até a sala de parto. A morena sorria para todos que passavam pelo caminho. Não podia conter sua felicidade dentro de si. Todo o medo contido nela durante a gravidez esvaíra, deixando apenas o amor. Aquele sentimento mais puro que poderia existir dentro dela e que antes de Anthony ela não possuía a mínima ideia do que era sentir as borboletas voando em seu estômago, as mãos suando e as pernas tremendo em ansiedade. O que sentia naquele momento era um pouco mais singelo. Apesar de diferente das sensações que Tony despertava nela, sabia que era o mesmo sentimento.

No caso de Anthony, era fogo, aquele de Camões*, que arde sem se ver. Era a antítese personificada em suas sensações. Em relação a sua pequena, era calmo. Sutil como os campos de Alberto Caeiro**, e tão intenso que a faria lutar contra o mundo para proteger sua filha, agora soava-lhe como românticos de dois séculos atrás.

Suas forças já esvaiam. Sentia a escuridão aproximando-se aos poucos, tentando levá-la para algum lugar onde ela sentia que não seria bem-vinda. A voz grossa soava em seus ouvidos, de alguns modo, porém, não conseguia entender. Então seu corpo voltou a ficar leve, e seus tímpanos atentos a melodia mais linda que ouvira em toda sua vida: o choro de sua filha. O som começara fraco, e agora, percebia estar a plenos pulmões. Abriu os olhos encarando os olhos verdes de Anthony cobertos por lágrimas, ao contrário do que ela pensou, elas não escorreram. No rosto dela, entretanto, desciam livremente, sem pudor ou medos.

Anthony inclinou-se sobre ela, beijando-lhe os lábios — Obrigado! - ele disse simplesmente, para ela não precisava dar uma explicação sobre o que ele estaria agradecendo. Sentia-se o homem mais feliz do mundo. Completo, e principalmente, com sua família unida.

Pensar em sua família, para ele, era uma coisa um pouco engraçada. Parecia-lhe, alguns meses antes, uma realidade muito distante, por vezes até impossível de concretizar-se. Mas agora estava ali, a realidade mais que palpável. Não conseguia imaginar o que seria passar qualquer espaço de tempo, por mais curto que fosse, longe daquelas duas mulheres que mudaram o rumo de sua história. Mais que uma vida, agora ele deixaria um legado à posteridade.

— Olha como ela é linda, Tony! - a voz de Ziva soou baixinha. A moça segurava o pequeno embrulho nos braços com delicadeza. — Oi, filhinha! - ela sussurrou para a menina que parara de chorar ao sentir o calor da mãe em sua pele. As lágrimas rolavam pelo rosto moreno que Anthony tanto amava. Olhou finalmente para a filha, e não pode segurar as lágrimas que haviam acumulado-se em seus olhos. As bochechas gordinhas e rosadas eram um convite a qualquer um. Os cabelos levemente castanhos faziam Tony rezar para que fossem como os da mãe. O mistério dos olhos terminou quando a pequena os abriu, encarando o pai de forma intensa. Eram verdes, tanto quanto os do rapaz.

Ziva sorriu para Tony e voltou-se para a filha em seguida. Ela era a mistura perfeita deles, muito mais linda do que ela poderia imaginar.

— Eu amo vocês! - Dinozzo murmurou e beijou a testa de sua ninja em seguida. Tocou suavemente a mãozinha da menina, que abriu os dedinhos envolvendo um dedo de Anthony. Apenas isso fora necessário para que a pequena tivesse a mão cheia.

— Nós também amamos você - a morena virou-se para o noivo e acariciou-lhe a bochecha sorrindo — Não é, Kate? - perguntou retoricamente, desta vez voltada para a filha. Anthony arregalou os olhos, e fixou-se nos olhos castanhos

— Como é?

— Pensei em Catherine, a nossa Kate, Tony! - ela disse suavemente olhando nos olhos verdes. Agora entendia o quanto a moça fora importante para ele. E achava justo dá-lo aquele presente.

— É perfeito! - ele sorriu.

Sua família estava ali. Nada poderia mudar isso agora. Não poderiam haver pessoas más ou inconsequentes que tirariam a felicidade do casal. Apesar de difícil de acreditar que, após oito anos como amigos e colegas de trabalho, eles poderiam amar-se sem restrições, não fora impossível. Impossível seria quebrarem-se os laços fortes que havia entre eles. Nada é inevitável, com exceção da felicidade dos Dinozzo. O casamento seria só dali alguns meses, mas para Ziva, ela já era uma Dinozzo. Mal poderia esperar para finalmente assinar aquele nome como seu.

Fim!


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Notas finais do capítulo

* Referi-me ao famoso soneto de Luís de Camões:
"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?"

Confesso, sou apaixonada por esse soneto! Para mim, apesar de mais complicar que descomplicar a definição do amor, expressa exatamente o que é esse sentimento: Algo inexplicável. Por mais que tentamos através das metáforas, antíteses e outras mais, explicá-lo, nunca chegaremos à uma definicão concreta. Pois cada um de nós terá um modo de análisá-lo, sentí-lo e exprimí-lo!

**Alberto Caeiro: Famoso heterônimo, do também famoso poeta português, Fernando Pessoa.
Tal personagem de Pessoa é conhecido por ser o poeta das sensações, expressando-se bucolicamente, já que seria um homem de vida simples, nascido no campo.
É tido como o mestre de todos os outros heterônimos de Pessoa, além dele mesmo. Apesar disso, comparando sua poesia a de "outros poetas", ela era a menos elaborada, com vocábulo mais pobre que as demais.

É o fim!!! :(((((((((
Bom, eu espero de coração que vocês tenham gostado da fic, queridas! Eu gostei muito de escrevê-la, e juro, dediquei-me de corpo e alma para fazer um bom trabalho.
Muito obrigada a Bestrofrafa, DudaLaufeyson, Roxely Rox, Waffles, Lady Cipriano, Ana Carolinda, Mossad, Mel Oshant, Isabela David, Amy e a todos os outros leitores que também me acompanharam mesmo que anonimamente.
Espero que na próxima fic (que já está com o primeiro capítulo prontíssimo) vocês estejam lá comigo também! Eu adoraria que estivessem!
Ainda voltarei com o Epílogo, prometo!
Mas até lá, isso é um adeus.
Digam-me o que acharam do capítulo, se gostaram ou não, okay? Digam-me também o que acharam da fic em geral! (um segredo: eu amo ler os cometários de vocês)
Esperarei pela resposta.
Um grande beijo, até a próxima ;)