Percy Jackson e as alianças de Ouro escrita por Ana Paula Costa


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Gente esse capítulo está mara, espero sinceramente que gostem, grande beijo



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Daquele ponto dava para ver o gavião se aproximando. Ele grasnou e parou em cima da lixeira, revirou o lixo ainda segurando a caixinha de couro. Na parede de tijolos atrás dele havia um cartaz de Proibido revirar o Lixo, além de bandas que fariam shows na região.

A única diferença de Nova Roma para as outras cidades era que toda a sua população era de semideuses ou semi semi deuses, e toda uma geração. Fora os cavalos alados, pessoas andando com espadas na cintura e ser uma cidade dentro de uma cidade, com nenhuma mais por perto. Fora isso ela era exatamente como as outras. Existiam regras á serem cumpridas, horários a serem seguidos, problemas para resolver e toda a bagunça que uma cidade normal faria.

E é claro, os problemas que só uma cidade criada por semideuses teria, como ataques de monstros, coisas perdidas pelos deuses e desastres causados pela ira deles.

Como não era de se duvidar, um desses problemas que só acontecem em Nova Roma caiu sobre meu colo, e agora eu tinha que resolve-lo para mandar a paz na cidade... E em casa.

Tentei ver o lado positivo enquanto me aproximava do gavião. Ele estava distraído procurando restos dentro da lata de lixo e não notaria quando eu me aproximasse o suficiente para puxar a caixa das suas enormes garras afiadas.

Eu poderia estar pelado

Com certeza era um pensamento animador. Nada seria pior do que ficar sem roupas em publico. Aquilo me vez ver meu problema com outros olhos.

Me agachei por trás de outra lata de lixo, daquelas grandes e compridas que ficam na parte de trás de restaurantes, peguei contracorrente e a deixei empunhada. Me aproximei quase rastejando, o gavião ainda estava de cabeça baixa, devorando um pedaço verde de carne.

Meu estomago embrulhou. O cheiro que vinha de dentro do lixo era insuportável. Segurei a ânsia e rastejei em sua direção. Notei que havia mais um pequeno raio desenhado no bico do pássaro, suas garras não eram cinzentas ou grafite como as dos gaviões normais, elas eram esbranquiçadas como nuvens de tempestade. Suas penas eram de um azul marinho forte, quase preto. Ela era do tipo Gavião Real– ou Americano- cuja cabeça tem cor diferente do resto do corpo. Seus olhos eram incrivelmente amarelos, como raios ao atingirem o chão.

Quando me viu eu estava á um braço e meio de distância, seu bico se abriu deixando cair um asqueroso pedaço de carne estragada, seus olhos se arregalaram e suas assas enormes se abriram sobre ele, formando uma concha de penas. Achei que ele fosse voar, mas ao invés disso uma rajada de fogo que fez o ar falhar, criando desenhos como numa miragem no deserto.

Rolei por baixo do seu bafo quente. Ele continuou a cuspir fogo enquanto eu me mexia.Tentei acerta-lo com a espada, mas ele era mais rápido. Lançava jatos quentes em minha direção, fazendo a espada ficar quente até o punhal. Peguei a tampa da lata de lixo e usei como escudo, senti as rajadas de fogo esquentarem o ferro, me aproximei de seus pés tendo a certeza que a tampa não aguentaria mais alguns centímetros e que ela derreteria na minha mão.

–O que mais você pode fazer?!- Praguejei, e como se estivesse esperando a deixa, o gavião pegou fogo- literalmente. A única coisa que ainda se podia ver através das chamas eram seus olhos amarelos e a caixa de couro intacta em suas patas.

Ele voou ainda cuspindo fogo sobre mim, até que desapareceu por cima das lojas ao redor.

Pelo menos agora eu sabia dos perigos que aquele gavião apresentava. Corri em direção á um café do outro lado da rua. O gavião estava empoleirado na antena da TV acabo, no terraço. Entrei esbarrando nas pessoas da fila, algumas praguejaram e reclamaram, outras fizeram cara feia. Ao lado da porta de serviço havia uma segunda porta, com a placa “Terraço” presa por fita adesiva. Girei a maçaneta e por sorte consegui encontra-la aberta. Subi as escadas pulando dois degraus em cada passo, e encontrei mais uma porta. Ao seu lado havia uma escada presa á parede, com aqueles suportes de segurança ao redor dela. Entrei no terraço e dei de cara com um amontoado de caixas e sujeira. Ouvi vozes no andar de baixo, sabia que logo teria pessoas pedindo que eu me retirasse, então tinha que ser rápido.

Foguinho, o apelido que quis dar ao gavião, me olhava com olhos ferozes, mas tranquilos, como se eu não apresentasse ameaça. Ele cocaçava a cabeça na maior antena da TV acabo- o que com certeza devia estar atrapalhando a transmissão- em suas patas a caixinha rodava de uma lado para o outro, mais ainda intacta.

Suas chamas já tinham cessado, mas ainda restava o cheiro de coisa queimada.

–Você está precisado de um banho- Ao meu lado havia tubos de água á pressão e de encanamento, que circulavam ao redor da pequena entrada até o piso inferior. Os canos eram vermelhos e grossos, e entravam pela parede por um buraco ao lado do tubo de ventilação.

Os canos tremeram com meu toque, fiz com que os parafusos se afrouxassem e água disparasse em direção ao gavião. Foguinho lutava para deixar suas chamas acessas enquanto a água as apagava constantemente. Aproveitei sua distração para me aproximar e fazer ele soltar a caixa das alianças.

Tentei recupera-la por conta própria depois que Sandra me disse para cruzar as pernas e deixar meu traseiro descansar num dos bancos dentro da vã. Mas mal sabe ela que mesmo sendo especialista em recuperar objetos perdidos dos deuses, tenho muita prática com seres mágicos e em fazer coisas perigosas. Inclusive fora eu quem recuperara o raio mestre da ultima vez, não um tal de EPAM cuja sigla me lembrava á pão e fazia meu estomago roncar.

Fora fácil despistá-los. Apenas me sentei em um dos bancos duros da vã e deixei que eles pensassem que eu estava de acordo. Sou um herói, e nenhum herói foge de uma missão ou aventura. Especialmente for fazer alguns anos que não sinto a adrenalina nas veias.

Confesso que fiquei animado quando desci do quartel general sobre quatro rodas do EPAM e senti pela primeira vez em quatro ou cinco anos a adrenalina subir, e aquele frio na barriga de ter uma missão nas mãos, algo com que se concentrar e realizar com perfeição. Algo por que correr risco. Aquilo era sem duvidas um momento para matar a saudade do tempo em que minha vida era de fato, uma aventura.

Depois que Sandra a sua gangue de médicos gladiadores se afastaram da vã, corri até a parte de trás da prefeitura, andei mais alguns metros seguindo o gavião que parara atrás de um restaurante chinês.

Agora eu me encontrava entre fogo e água, o gavião se debatia descontroladamente, ele apertou as garras esbranquiçadas ao redor da caixa e voou. Agarrei suas perninhas magrelas, com as chamas subindo pela manga da minha camisa. A caixinha caiu no chão e rolou para longe. Foguinho pulou sobre mim numa tentativa de me afastar, o fogo de suas penas eram muito mais do que quentes, era como se fosse uns trezentos graus mais quentes do que a lava do rio que cortava o Tártaro.

–É quente!- resmunguei. Infelizmente a tentativa de se livrar de mim dera certo. Rolei para apagar as chamas que consumiam minha camisa sem sucesso.

–Como um raio...

Olhei para cima, poucos metros acima da minha cabeça. Lá estava um pássaro com chamas incandescentes sobre a fiação elétrica. Suas chamas não danificavam os fios, mas iluminavam toda a extensão do poste. Seu bico se movia vagarosamente, e dele saia uma voz masculina e firme, como se estivesse rouco.

–O que achou que fosse? Gelado?- Foguinho riu- E onde está?

Levei algum tempo para perceber que estava falando comigo- ou melhor, que estava falando.

–Você- ele apontou para mim com seu bico curvo- Quero que me entregue.

–O que exatamente quer que eu entregue?- Perguntei com inocência, mas pelo o que me pareceu Foguinho não gostou muito da resposta.

–Você sabe do que estou falando... Zeus não está nada feliz e sabe que alguém nessa cidade insignificante acharia e guardaria para mostrar aos amigos. E claro, seria conhecido por ter a aliança de Zeus, o senhor dos senhores dentro de uma caixa, como um troféu.

–Zeus perdeu a aliança?

Minha voz saiu como um deboche. As chamas azuis que se acenderam ao redor de Foguinho teriam me feito sujar a cueca se estivesse mais perto.

–Você também, meu rapaz- Dava para ver o sorriso em sua voz- Quer suas alianças de volta? Devolva as de Zeus até às três da tarde. Caso contrário terá que comprar alianças novas...

Foguinho voou para as arvores da praça em frente á prefeitura, levando a caixinha de couro mais uma vez com ele.

Apaguei as chamas da minha camisa. Havia furos e manchas amarelas por toda parte, além de fios soltos e botões derretidos. Minha calça também estava chamuscado, meus braços estavam cobertos por fuligem preta e meu cabelo estava bagunçado.

–Tem como ficar pior?

A porta do terraço bateu. De lá dois caras altos e fortes, os seguranças, e uma moça muito bem vestida- provavelmente a dona do café- vieram em minha direção.

–Tirem esse louco daqui- mandou a mulher- Estou cansada desses sem teto invadirem meu estabelecimento!

Os dois caras vieram para cima de mim, ambos engravatados e de óculos escuros. Olhei para os canos de água, eles me ajudaram tantas vezes que se conseguisse essa também seria uma oportunidade de usar um dos meus dons de filho de Poseidon. Os canos estalaram e água jorrou em direção aos seguranças e a mulher, eles tentaram sair de perto dos encanamentos enquanto eu corria para o andar de baixo.

–Nunca mais volto aqui- disse enquanto passava ao lado do caixa

Na rua as coisas não estavam melhores. Havia vários sócios do EPAM fazendo suas buscas, um deles reconheci como Charlie. Ele segurava uma máquina parecida com um cortador de grama. Passava ao redor de tudo o que encontrava, quando estava andando mantinha o equipamento voltado para o chão, e sempre olhando para o visor.

Ele apertou alguma coisa no ouvido e começou a falar.

–Miguel, estou na divisão B6, não há nada aqui... sim, G32? Tem certeza? Ok. Preciso levar alguma coisa? Entendido, estou á caminho.

Charlie correu para a vã estacionada ao lado do café. Dei a volta por trás e consegui entrar dentro dela sem que ele me visse. Escutei uma conversa enquanto Charlie chegava mais perto, ele disse algo sobre a equipe de Sassu Okomora ter encontrado vestígios do objeto perdido.

Me encolhi atrás do banco quando a porta do motorista se abriu. Ele ligou o motor da vã e deu partida.

Reconheci o caminho. Charlie estava nos levando para o zoológico mitológico. O Pan’s and visitants.

Contanto com minha sorte, eu seria engolido por algum animal ou até pior, mas eu sempre encontrava uma maneira de ser ainda mais azarado.

Meu celular tocou.

–Ei!

Charlie olhou para trás e quase bateu no carro da frente.

–O que está fazendo aqui?!

–Só vim ver como estão se saindo... Parece que estão muito bem.

–Sério mesmo?-ele fez cara feia- Essa missão não é para amadores...

–Amadores?-ele definitivamente não estava quando fomos apresentados ao acampamento Romano- Há quanto tempo está em Nova Roma?

–Um ano.

Charlie parou a vã no estacionamento em frente ao zoológico, nós descemos e ele me segurou pelo ombro.

–Você está horrível!-ele olhou para minha camisa- O que aconteceu?

Eu não contaria nada para ele, principalmente sabendo que quando me virasse ele pegaria o telefone e avisaria á todos os seus amigos do EPAM da minha presença e das informações que eu tinha. É claro que o correto é deixar para os profissionais resolverem, mas depois de ser chamado de amador, queria mostrar para esse cara e sua amiga Sandra que sozinho conseguia recuperar a aliança de Zeus e tirar o pânico da cidade.

–Não foi nada- Tirei sua mão do meu ombro- O que vocês estão procurando?

Charlie pensou antes de responder- Tem alguma coisa haver com Afrodite ou Vênus... Não sabemos ainda.

Ele colocou a mão no bolso e pegou o celular.

–Vou ver se minha equipe está chegando...

–Á vontade.

Ele se virou para fazer sua ligação que com certeza teria o meu nome envolvido, e desapareci dentro do zoológico.


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Notas finais do capítulo

Estou com pena do Percy kkkk mas acho que a culpa é minha kk
bjos e até mais



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