Signatum II - A Gladius de Fogo Renasce escrita por MilaBravomila


Capítulo 6
Capítulo 5 - Convocados


Notas iniciais do capítulo

Amigos, me perdoem a demora.. eu estou tentando! rs
Cap XXL pra compensar :)

bjos!



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Em meus sonhos eu sempre podia voar. Mas não era um voo tipo como quando a gente pensa que está flutuando ou se elevando do chão. Quando eu digo que podia voar, eu quero dizer que tinha asas. Isso mesmo, asas incríveis brancas e poderosas que faziam parte do meu corpo como qualquer outra parte.

Eu estava sobrevoando um lugar incrível a uma velocidade inimaginável. Muito abaixo de mim eu via pessoas, ou que eu achava que eram pessoas. Pequenas sombras animadas que estavam sempre dividias em grupos. Elas se movimentavam de maneira estranha, precisa, como se estivessem dançando... ou duelando, num cenário incrivelmente verde com cheiro de grama recém cortada.

Aos poucos, o verde gramado foi sendo substituído por uma paisagem diferente, gradativamente mais cinza e branca. Eram enormes pedras que formavam o chão por onde as sombras caminhavam calmamente. Essas sombras eram diferentes das outras, dos gramados. Essas tinham uma coisa pequena e brilhante sobre suas cabeças. Eu queria descer, falar com eles, mas o instinto de voar era maior. Eu adorava voar, adorava poder ser livre nesse mundo de cores tão vivas.

Então as pedras foram dando espaço a lagos e rios de água cristalina e as árvores grandes e antigas circulavam a água formando uma rica e densa floresta. O ar era tão puro que parecia revigorar o espírito a cada inspiração. Mas não era ali que eu deveria estar. O meu lugar estava mais a frente. Num lugar que eu sabia que era o meu lar.

Minhas asas batiam com força e minha velocidade aumentou consideravelmente. Eu precisava ver que lugar era aquele, onde eu desejava imensamente estar. Senti o coração acelerar com a proximidade e uma urgência que não cabia em mim me preencheu. Eu precisava ver aquele lugar, sentir onde era o meu lar. Mas antes que eu pudesse ver qualquer coisa, senti uma pontada forte no estômago e o sonho foi, aos poucos, se desfazendo. Eu lutei, lutei para permanecer naquele lugar de paz, para permanecer com minhas asas, minha liberdade, mas outra pontada de dor veio, ainda mais forte, e eu vi o Paraíso diante de mim ruir em mil pedaços enquanto a dor voltava a me preencher.

– Acorda, seu verme! – a voz familiar me trouxe se volta à realidade – O imperador está vindo ver você.

Abri os olhos lentamente. Meu corpo já estava se recuperando da última surra, mas eu ainda sentia dores fortes. A pouca alimentação e quase nulas horas de sono faziam o processo demorar ainda mais. Eles nunca me deixavam são. Sempre que eu estava começando a me curar, eu era alvo de uma nova rodada de torturas. Essa era minha vida há... bom, não sei quanto temo, talvez pra sempre.

– Pode falar pro seu imperador que eu não estou com vontade de vê-lo. – falei encarando o soldado a minha frente, dando-lhe o meu habitual sorriso torto.

Ele vestia o equipamento completo dos soldados e tinha diversas insígnias presas à farda. Eu sabia quem ele era. Seu nome era Simão e ele era o chefe a segurança pessoal do imperador. Um homem enorme, violento e mal encarado que estava no comando do exército de Victorius. E também um dos poucos com quem eu tinha contato. Ele e mais dois ou três outros soldados de alta patente eram os únicos que vinham até mim e isso era o que mais o irritava. Ele tinha que me alimentar, cuidar de minha cela, me escoltar ao banheiro regularmente e ele simplesmente odiava ser minha babá. A outra parte do trabalho de Simão era me manter fraco e dessa parte ele gostava. A intervalos regulares tempo ele iniciava suas sessões de espancamento, me usando como saco de pancadas e as piores eram sempre as que antecediam a visita do imperador.

Lembro que, nas primeiras vezes, eu lhes dei trabalho. Victorius me descobriu na floresta. Eu não lembro como ou porque fui parar ali, mas lembro do momento em que ele e seus soldados me encontraram. Ele se aproximou de mim e do objeto que eu portava e que agora pertencia a ele. Eles quiseram me interrogar, saber quem eu era o que eu fazia. Eu não sabia. Na realidade, até hoje eu não sei. Eu não sei quem sou, não sei nem mesmo meu nome. Só sei que um belo dia eu estava caído perto da estrada que estava, na época, fora do território de Victorius e foi quando eles me encontraram.

Eles pensaram que eu era alguma espécie de espião inimigo e tentaram me prender. Foi aí que eu mostrei a eles e a mim mesmo do que era capaz. Com uma força que eu não sabia que tinha, derrotei quase todo seu pequeno exército. Durante a batalha, eu consegui fazer pequenos truques que deixaram Victorius e o resto dos soldados paralisados. Eu não sabia como, mas eu conseguia controlar o ar a minha volta. Com rajadas que eram como golpes, eu destruí as árvores a minha volta e espantei os soldados como insetos. Com um único pensamento, fiz a terra debaixo de seus pés tremerem e uma imensa e profunda fenda se formou no chão úmido pela chuva recente. Alguns soldados caíram, outros conseguiram escapar.

Eu sabia que, se estivesse perto do mar ou de um rio, seria capaz de afoga-los facilmente, apenas comandando a água a meu favor. Se houvesse fogo então... Victorius não estaria vivo hoje. Mas então eu não contava com suas armas e sua tecnologia. Quando o último soldado teve a chance – e surpresa! Se não era meu querido amigo Simão - ele jogou uma cortina de fumaça aos meus pés. Meus olhos lacrimejaram como nunca e a visão ficou difícil. Até que ouvi gritos e senti uma fisgada em meu tornozelo. Instantes depois, senti uma descarga elétrica forte, que me derrubou e incapacitou na hora, me levando a inconsciência.

Acordei nesta cela e desde então, os soldados de Victorius me mantém debilitado demais para eu conseguir controlar qualquer elemento a minha volta. Eles me estudaram, analisaram meu sangue, meu corpo, fizeram tudo o que a tecnologia lhes permitiu, mas eles nunca conseguiram explicar o motivo de eu conseguir fazer estas coisas. Era uma resposta que até eu gostaria de saber. O fato era que eu estaria morto se Victorius não tivesse descoberto, por acidente, que eu poderia ajuda-lo. E era exatamente isso que ele estava vindo fazer com mais essa visita.

Simão reforçou minhas correntes e me amordaçou fortemente depois de me espancar mais uma vez. Sentia o sangue morno escorrer por todo meu rosto e uma pontada forte do lado direito, acima do fígado. Provavelmente outra costela se quebrara.

– Respeito, sua aberração. Você precisa aprender a ter modos. – ele disse enquanto saía da sala e me deixava a beira da inconsciência.

Um minuto depois ouvi o ranger da pesada porta da cela e vi um par de pés que calçavam botas tão brilhantes que meu reflexo podia ser visto. A calça branca de tecido raro perfeitamente alinhada vinha acima do brilhante par. A túnica branca militar absolutamente impecável, vestia como uma luva o corpo forte de Victorius e os adornos dourados acabavam por completar a sempre elegante e imponente vestimenta do imperador.

Ele me encarou com seus pequenos e afiados olhos azuis e vi quando levantou o objeto afiado que encontrou junto a mim na estrada. A luz fluorescente refletiu no metal lustroso e Victorius sorriu antes de dar um passo a frente.

– Olá, meu caro. – ele disse com a voz gélida pouco antes de se aproximar ainda mais.

...

Polir, polir, polir.

Essa era a minha única tarefa na vida desde que fui remanejada para a fábrica três, há mais de seis meses atrás. Eu e o resto das mulheres estávamos fadadas a fazer este tipo de tarefa estúpida porque, segundo eles, “não éramos qualificadas para funções de maior responsabilidade.” Foda-se eles e suas regras. A cada dia que passava eu estava mais fixada na idéia de fugir daquele inferno com Elliot. Esse era o pensamento que me motivava, que me mantinha viva. A traição que sofremos e a represália de Victorius havia feito o sentimento interno de todos borbulhar. Mais uma rebelião viria em breve e eu esperava por ela com todas as forças que tinha.

Parei uns instantes para recobrar o fôlego e disfarcei fingindo pegar mais pasta de polimento. A minha frente, uma esteira enorme transportava canos de metal de variados calibres a uma velocidade lenta e em torno da esteira carregada de futuras partes de armamentos, havia mais mulheres que eu conseguia contar em uma checagem rápida com os olhos. Todas nós usávamos o mesmo macacão surrado, as botas pesadas e duras e luvas gastas de tecido especial que protegiam as mãos contra a corrosão pelo material químico pesado que corria entre nossos dedos.

Foi na troca dos guardas que Ayana veio para perto de mim. Voltei imediatamente para minha posição de trabalho.

– Más notícias. – ela disse sussurrando ao meu lado. Era expressamente proibido aos servos conversarem durante o trabalho, mas nós havíamos aprendido a falar de forma que a boca quase não se mexia. Assim, quando não havia guardas muito próximos, podíamos conversar em muito baixo tom.

– Notícia boa é que não pode ser. – sussurrei de volta.

– Parece que Victorius mandou convocarem mais mulheres para sua corte. Eles irão chegar a qualquer momento... talvez no final do expediente.

Esse era o pior pesadelo de todas nós. Se uma mulher era convocada para a corte de Victorius, ela passava a ser de seu harém. O palácio do imperador possuía diversos cômodos e andares, mas um deles era reservado especialmente para as mulheres do rei. É claro que ele não era casado. Jamais um homem de sua posição aceitaria uma mulher ao seu lado... mas ele possuía para si um harém, onde ele poderia escolher a sua vontade, as moças para passar as noites. Ninguém sabia exatamente quantas eram, mas não eram poucas.

De tempos em tempos, Victorius mandava seus caçadores pessoais atrás das mais atraentes moças da região, ou até mesmo de fora dela. Isso porque, quando ele se cansava ou não gostava de uma de suas mulheres, ela era eliminada ou rebaixada ao exército. Isso significava dizer que as mulheres rejeitadas pelo rei que sobreviviam passavam a ser utilizadas pelos soldados de elite ou pelos homens da realeza. Segundo os infiltrados no palácio as mulheres não aguentavam por muito tempo essa condição e a maioria tirava a própria vida. Servir de concubina de um homem era uma coisa horrível, mas ser usada por todos os soldados de elite era a morte.

E, segundo Ayana, hoje seria um dia para se esconder, para rezar. Eu jamais conseguiria servir de puta para Victorius e, caso isso viesse a acontecer, eu certamente morreria... tentando mata-lo. É claro que eu não estava entre as mais belas, mas não custava nada garantir que eles jamais olhariam pra mim de outra forma. Uma vida dessas, eu não suportaria.

Ayana me olhou de esguelha. Ela sempre se preocupava tanto comigo.

– Não se preocupe. – continuei o sussurro – Eles não têm nada para ver em mim.

– Você sabe que é mentira. – ela disse pegando outra peça para polir – Sabe que é bonita. Suas tentativas para encobrir isso podem não funcionar um dia.

Ayana se referia ao fato de eu andar desleixada e cabisbaixa sempre que estava em público. Não penteava os cabelos e, mesmo que eu tivesse acabado de sair de um banho, eu sempre sujava o rosto e as mãos de maneira proposital. Minhas roupas eram sempre as usadas de Elliot e eu nunca, jamais cantava perto de ninguém além de meu irmão. Eu gostava de cantar e tinha uma voz boa pra isso, mas já ouvi relatos de mulheres que foram levadas ao rei apenas por terem um dom especial, ou porque cantavam ou pintavam muito bem. Eu jamais daria a eles nada de bonito, nada de bom para que pudessem ver.

– Fica tranquila. – falei para a mulher de olhos azuis tristonhos – Eu ainda estarei aqui amanhã.

Ayana não concordou e nem sorriu de volta. Ela sempre agia desse modo quando sabíamos que uma coleta de mulheres estava para acontecer. Para ela não havia perigo. Um acidente ainda em sua adolescência deixou marcas profundas em sua pele. Uma parte do antes belo rosto era marcada pela queimadura e uma das pernas jamais voltou a funcionar direito. E Victorius jamais aceitaria alguém menos que perfeito em seu leito.

O tempo passou lento no resto do dia. Minhas costas doíam e as mãos estavam calejadas e tensas do esforço repetitivo. Foi quando retirávamos o macacão de trabalho em uma das salas comuns que eles chegaram.

Um grupo grande invadiu o lugar, acendendo os holofotes extras em nossa direção. A iluminação repentina me fez proteger os olhos com as mãos e nem vi quando me puxaram com força para frente. Fui jogada contra o muro, junto com as outras mulheres que mal haviam terminado de se trocar. O grupo grande de soldados estava fardado com aquelas roupas deles, cheias de coletes e armas. As calças azuis escuras, os coturnos negros e brilhantes. Nos coletes tantas armas que nem sabia diferenciar cada uma delas. E nos ouvidos aqueles comunicadores que eram ligados ao computador monocular, que formavam uma tela virtual diante de seus olhos e estava ligada à rede de Victorius.

Os soldados nos fizeram formar uma fila com as costas voltadas para a parede de concreto. Quase cem mulheres, de todas as idades, acanhadas diante do poder brutal da Guarda Coletora. Suas armas com mira a laser ofuscando nossa visão ao atingir os olhos. Um soldado grande e negro, de ombros tão largos quanto a porta de entrada, avançou diante de nós.

– O imperador Victorius necessita ampliar seu harém. – o homem enorme falou enquanto nos olhava cuidadosamente – E nós fomos enviados para escolher algumas de vocês para estarem a sua disposição assim que ele retornar da próxima incursão. Eu quero que vocês retirem as roupas rapidamente e fiquem paradas, olhando para frente. Se eu ouvir um único chiado, arrancarei a língua da infeliz com minha faca de refeições, estenderam?

A pergunta era retórica e todas nós começamos a retirada dos macacões. Por baixo dele, vestíamos as roupas normais de todos os dias. As minhas, como sempre, as surradas roupas de meu irmão caçula, já que ele já havia me alcançado em estatura e era magro como um vara pau.

Ao meu lado, Ayana tremia como se estivesse nua no inverno mais rigoroso e eu percebi que muitas, se não todas as mulheres estavam apavoradas. Eu não. O meu medo há muito havia sido superado pela revolta, pela indignação e pelo ódio. Eu repudiava este circo com todas as forças da minha alma e esse sentimento era tão poderosos que superavam em muito o temor.

Após todas estarem em seus trajes habituais os soldados que estavam atrás do outro que parecia ser o comandante da tropa, riram enquanto brincavam de apontar os lasers vermelhos em nossa direção.

– Parece que as moças não entenderam meu comando, senhores. Por que vocês não lhes dão uma mãozinha? – o comandante disse em tom zombeteiro.

Instantes depois a tropa estava avançando em nossa direção. Eles chegaram com violência, rasgando nossas roupas com as mãos. Houve caos. As mulheres gritaram desesperadas, algumas tentaram correr por instinto. Os soldados pegavam uma a uma, puxando os braços ou os cabelos com fervor. Os que estavam na retaguarda, riam com a situação.

Ao meu lado, Ayana gritou tentou empurrar o soldado que lhe rasgava a camisa e expunha suas roupas íntimas. O soldado desferiu um tapa tão forte em seu rosto que Ayana cambaleou para trás e bateu a cabeça na parede. Seu solhos fecharam pela força do impacto e minha amiga perdeu a pouca cor que restava em sua pele. O soldado, enfurecido por ter sido desafiado, avançou mais uma vez e eu não pude evitar minha reação.

Eu dei um impulso forte e acertei o soldado lateralmente com uma força que veio de fora de mim. Não, eu não era uma lutadora, embora tivesse treinado algumas vezes com os homens do alojamento, os mesmos que tentavam ajudar Elliot. Eu não era forte nem tinha muita técnica, mas eu acho que quando o ódio nos controla, nós realmente nos superamos.

O soldado foi pego completamente de surpresa e meu golpe o fez cair no chão antes que ele chegasse até Ayana, cujo frágil corpo estava meio tombado no chão, encostado no concreto. Eu simplesmente deixei minha fúria descer e continuei o ataque. Colocando-me atrás do soldado atordoado, encaixei meu braço ao redor de seu pescoço e o sufoquei em um mata leão perfeito. Tudo foi rápido demais, tanto o meu ataque quanto a reação dos outros soldados que, rapidamente, vieram em minha direção. Eu não estrangulei o filho da puta por mais de três segundos, mas eu apertei seu pescoço imundo com toda a força que tinha e sabia que o tinha lesionado. Talvez eu até fosse capaz de quebrar seus ossos, se eu não tivesse sido interceptada.

Tudo a minha volta parou. A atenção de todos estava em mim naquele momento e três soldados juntos me tiraram do pescoço de seu companheiro. Eu fui atirada ao chão com violência e imobilizada rapidamente. Ouvi o sodado atacado respirar fundo, capturando o ar em seus pulmões como se fosse ouro.

– SUA VADIA IMUNDA! – Ele berrou com dificuldade instantes depois, partindo em minha direção.

– ALTO VARGAS! – o comandante gritou um pouco mais afastado. O soldado congelou instantaneamente.

– Senhor... – Vargas disse tremendo de raiva com o rosto em direção ao meu. Vi a marca de meu golpe em seu pescoço vermelho, mesmo minha cara estando colada no chão – Peço permissão para exterminar esta escrava.

A voz de Vargas exalava ódio e eu sabia que minhas horas neste mundo estavam contadas. Bom, eu pensei isso, até olhar para a cara do comandante e vê-lo sorrir.

– Vargas – o comandante que parecia um armário disse calmamente – retire-se.

– Mas senhor... – ele tentou argumentar, mas apenas um olhar do comandante o fez paralisar. Senti que o seu temor pelo comandante era maior que seu ódio por mim.

– Agora – foi tudo o que o homem enorme com pele de ébano falou.

Vargas me olhou profundamente e, sem mais, retirou-se.

Todos aguardavam a decisão do comandante.

– Soltem-na. – ele disse e instantaneamente eu estava livre de meus opressores.

Aliviada, respirei fundo algumas vezes antes de me levantar e bater a poeira da roupa, que ainda estava em meu corpo. O comandante chamava-se Quirino, ou pelo menos era esse o nome que trazia em sua tarjeta.

Quirino me olhou calmamente da cabeça aos pés e, sorrindo, falou:

– Eu sinceramente espero que o imperador rejeite você. Podem levá-la.

E foi assim que eu fui condenada ao inferno.


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Notas finais do capítulo

reviews??