As horas pareciam não passar naquele noivado. Rose estava impaciente, não sabia o motivo, mas desconfiava que a conversa com o Dimitri havia impregnado em sua mente e ela não conseguia pensar em outra coisa, mesmo com Lissa, que não parava de falar com alguma garota que não lhe interessou o nome. Era a sua terceira taça de champagne quando Dimitri saiu do quarto, vestindo um terno, ofuscando todos os outros convidados. As mulheres o observavam para onde ele ia, exatamente como quando eles namoravam. Era irritante. Dimitri chegou até o grupo que Adrian e Christian estava, e deu um abraço de urso em Adrian, que gargalhou escutando o que ele falava.

“Rose. Rose... Rose!” Era a voz de Lissa, virou para encará-la, com uma expressão chateada. “Você poderia pelo menos tentar não encará-lo?” Perguntou com um sorriso no rosto. Rose apenas revirou os olhos e pegou um copo com whiskey do garçom que passava naquele momento. Ela pensou que precisaria de algo mais forte do que champagne para passar a noite.

“Eu não estava encarando, eu queria saber como eles se tornaram amigos.” Disse, numa voz mais indiferente que pôde. Afinal, Adrian tentara ficar com ela por um tempo, será que ele sabia que ela era ex de Dimitri? Ou Dimitri não se importava? Aquele pensamento a aborreceu. Lissa adorava fofocas e Rose esperava que ela pegasse a isca. O que aconteceu uns cinco segundos depois.

“Christian os apresentou. Os quatro são como irmãos, ou algo assim. Eles trabalham juntos, são sócios. Por isso que o Chris passa muito tempo em Seatle. Eles estão tentando abrir um escritório aqui. Na verdade, isso está para acontecer. E já que vocês inclusive estão frequentando as mesmas festas...” Rose estreitou os olhos. “Tudo bem, talvez eu tenha um dedo nisso, bem, isso não importa, acho que você deveria saber que o Dimitri pensa em se mudar. Pra cá.” O gole de whiskey ficou engasgado na garganta e a morena tossiu. Isso não poderia ser verdade. E como diabos Lissa sabia disso tudo?

“Você não pode estar falando sério! Estávamos muito bem com ele vivendo do outro lado do país!” Ela voltou a encarar Dimitri, apenas para encontrá-lo com uma loira pendurada em seu pescoço. A boca de Rose caiu. O que porra ele estava pensando? Beijá-la daquela forma para se agarrar com uma vagabunda logo depois? Eles estavam rindo, até que Dimitri se virou para pegar um copo que o garçom estava oferecendo, e encontrou o olhar de Rose. Ele levantou uma sobrancelha, levantou o copo em uma saudação e virou para a conversa. Rose não teve tempo de pensar, estava muito em choque com aquela cena, até ouvir uma voz um pouco acima do tom de conversa.

“Roza!” Viktória exclamou. Rose virou para a morena que era dolorosamente parecida com seu irmão mais velho, como todos do clã Belikov, e que foi um dos motivos para ela ter se afastado da família que a acolheu tão bem. Com um sorriso no rosto, as duas morenas se abraçaram e quando Viktória voltou, tinha os olhos brilhando com as lágrimas. “Eu senti tanto a sua falta!” Mais uma vez, elas se abraçaram. Rose numa posição que tinha a vista completa de Dimitri e a loira, e viu que ele franzia o cenho para a cena que desenrolava em frente a eles.

“Eu senti muito a sua falta também, Vik, eu sinto muito ter saído da forma como saí.” Viktória abraçou Lissa e voltou para encarar Rose, e como sua mãe, disse que tava tudo bem, e que ela devia ter um motivo para isso. Aquilo fez o coração de Rose se apertar mais um pouco, deixando-a claustrofóbica. Precisava sair dali, era muita informação, muito sentimento para uma noite só. Tentava encontrar a máscara estoica que sempre usava depois que saiu do quarto de Dimitri, mas parecia impossível. Precisava ficar só, e rápido. Desculpou-se com as meninas, e saiu para o outro lado do iate, uma parte mais escura que não fazia parte da festa, que também trazia tantas lembranças.

Passou apenas alguns minutos antes que ela sentiu a presença dele. Não queria vê-lo. Não queria falar com ele. Queria fugir, para qualquer lugar que aqueles olhos não pudessem encontrá-la. Mas seus recursos estavam limitados e tudo o que restava fazer era se virar e encará-lo. E foi o que fez.

“O que foi aquela cena com minha irmã?” Dimitri perguntou calmamente, o copo na altura da boca. Tomou um gole e deu um passo. “Porque é claro que, aquilo foi uma encenação, você não sentiu falta dela, você não sentiu falta de nenhuma das minhas irmãs, que ouso dizer, não tinha nada a ver com o nosso relacionamento, você não sentiu falta da minha mãe. Então por que todo esse teatro quando as encontra?” A voz dele estava fria, distante. Rose sentiu como se cada palavra fosse um tapa na cara.

“Você não tem o direito de dizer o que eu sinto.” Retrucou, com a voz rouca. Perguntou-se mentalmente onde estava a mulher forte e fria? Onde estava quando mais precisava? “Você não entende porque eu não voltei para elas. Então não fale como se só você tivesse sofrido. E o que você está fazendo aqui? Por que não volta para aquela vagabunda que estava pendurada no seu pescoço?” Claro, ela não tinha o direito de falar aquilo, ela não tinha o direito de se meter na vida dele, principalmente na vida amorosa. Portanto, ela não percebeu quando estava contra a grade do iate, e o corpo grande de Dimitri pressionando, não deixando possibilidades de fuga.

“Você não tem o direito de sentir ciúmes.” Ele sussurrou em seu ouvido. Ela queria gritar que não estava com ciúmes, mas até ela tinha que admitir que aquilo não era verdade. “Você perdeu sua chance. Camile pode não ser minha namorada, mas com certeza uma vagabunda ela não é.” O fato dele admitir que não tinha namorada, encheu o peito de Rose com satisfação, até que ela se virou para encará-lo. Os braços de Dimitri apertaram ao seu redor, enquanto ele a puxava mais contra si mesmo.

“Você vai ser minha morte.” Dimitri sussurrou antes de baixar a boca para a dela. Rose não sabia se aquilo era bom ou ruim, mas tampouco conseguia pensar, quando ele a segurava daquela forma.

Um pouquinho longe dali, Olena, Viktória e Lissa sorriam, satisfeita e comemorando com um brinde em suas taças de champagne.