POV: Silena

Eu estou me sentindo novamente uma criança indefesa diante de uma montanha-russa.

Sabe quando você era pequeno e seus pais te levavam para um passeio em um parque de diversões? E lá você encarava a montanha-russa e sentia um frio na barriga? E mesmo com medo você pegava na mão de seu pai e subia nela! Porquê embora aquele mau estar no estômago não tenha te deixado a sua curiosidade é maior que o medo!

O Nico me causa esse mesmo efeito. Embora meu cérebro grite para que eu desista e simule um pé quebrado graças a uma queda na escada para que eu não tenha que sair com ele, o som do meu coração me empurrando para a porta e implorando para que eu o encontre está falando mais alto.

Eu sei dos riscos, e eu sei o quanto eu não ligo para as consequências.

Abri a porta e encontrei Nico encostado em seu carro.

Ele usava uma jaqueta de couro, um jeans preto justo, uma camisa de uma banda de rock qualquer, um vans também preto e uma touca na cabeça, que não conseguia segurar algumas mechas que caiam em seus olhos. E aquele sorriso cafajeste extremamente sexy estava estampado em seu rosto.

Caramba, por quê ele precisa ser irresistível?

Olhando para ele eu tenho certeza, Nico Di Angelo é como uma montanha-russa. Impõe medo, desafia meus limites e me faz sempre querer mais.

–Demorei muito? - Nico afastou o cabelo que caia em seus olhos.

–Hã? - Caralho, você não consegue nem dar uma resposta decente para ele Silena?

–Se eu demorei muito? - Nico se aproximou e beijou meu rosto disparando uma corrente elétrica por mim.

–Não, você foi pontual... - Encarei seus olhos negros.

–Não se deve deixar uma dama esperando. - Ele abriu a porta do carro.

Esse menino ainda me mata!

Entrei no carro e Nico fechou a porta atrás de mim, logo em seguida dando a volta para que ele pudesse entrar pelo lado do motorista.

–E então? Nem uma chance de me dar uma dica de onde vamos?

–Não! - Nico sorriu para mim.

–Ah! Por favor! - Fiz carinha de cachorrinho sem dono.

–Okay! Não vale usar esses seus olhos azuis contra mim! É golpe baixo! - Ele desviou o olhar dele do meu.

Segurei seu rosto e o fiz encarar meus olhos.

–Uma dica! Só uma... - Nico se rendeu.

–Você ganhou! Mas só uma!

–Eba!

–Normal.

–Normal?

–É, normal... - Nico sorriu como se essa dica fizesse algum sentido. - Se eu te der uma dica óbvia, estraga a surpresa!

–Você é bom em guardar segredo!

–Obrigado, obrigado! - Nico fez uma reverência.

Essa era uma das coisas que eu mais gostava em Nico, ele podia me levar onde quer que fosse, em uma padaria só pra comprar pão, sei lá! Ele faria o passeio ser incrível, e com uma dose de surpresa! Nico sabia como ser gentil, e ao mesmo tempo combinar isso com um pouco de suspense e adrenalina.

Ele ligou o rádio e Sweet Child O' Mine começou a tocar. Eu adoro essa música! Conviver com Thalia dá nisso.

–Aumenta o volume?

Uma reação de surpresa passou pelo semblante de Nico.

–Você gosta dessa música?

–Sim, a convivência com Lia me fez curtir algumas músicas...

Os olhos de Nico se iluminaram como os de uma criança assistindo Barnei enquanto ele aumentava o volume.

Comecei a cantar a minha parte preferida da música.

–She's got eyes of the bluest skies

As if they thought of rain

I hate to look into those eyes

And see an ounce of pain

Nico abriu ainda mais sorriso e começou a me acompanhar.

Começamos a nos empolgar e acabamos cantando cada vez mais alto, até que a música chegou ao fim.

–Nem imaginava que você curtia Guns!

–Eu também sei surpreender! - Soltei uma risada!

–Sabe, essa música me lembra você... - Nico encarou meus olhos.

–Sério? Por quê?

–Porque eu não aguento olhar nesses olhos azuis como o céu e ver um pingo de tristeza.

Sorri, senti meu rosto queimar, devo ter corado.

A maior parte do caminho foi em um silêncio agradável. O que é difícil de acontecer, na maior parcela das vezes eu me sinto mal em ficar sem falar nada perto de pessoas, mas com Nico era natural...

Vez ou outra trocávamos risadas graças a assuntos variados. Fluía naturalmente.

A companhia de Nico é muito boa.

E eu não pude deixar de notar que quando parávamos em um farol e no carro ao lado havia alguma garota, elas tentavam gracinhas para o lado dele, jogavam charme e passavam cantadas. Mas felizmente Nico não notava, e se notava ele as ignorava.

Nico estacionou o carro.

–Chegamos! - Ele anunciou com um sorriso.

Olhei pela janela, não havia nada além de casas.

–Mas aqui é só uma área residencial...

–Você não achou que eu ia parar bem na frente do lugar e estragar toda a surpresa, né?- Nico comentou com um sorriso nos lábios. - Mas também é aqui perto! Nada muito longe.

Nico saiu e fez sinal para que eu esperasse, ele deu a volta e abriu a porta para mim. Cada vez minha dúvida fica maior, como o Nico consegue ser cavalheiro e Badboy ao mesmo tempo?

–Vamos? - Nico pegou na minha mão.

–Vamos! - Sorri para ele.

Caminhamos conversando sobre tudo, não demorou para que a área residencial desse lugar a uma parte mais movimentada da cidade.

Nico apontou para uma grande construção, um shopping. A dica de Nico me veio a mente, "Normal"... Um passeio no shopping é normal, né?

Nico tem o dom de transformar qualquer coisa em uma surpresa!

–É ali... Mas a surpresa ainda não chegou!

–No shopping?

–Isso...

–Eu não faço a mínima ideia do que seja! - Soltei uma risada.

–Essa é a intenção! - Nico deu aquele famoso sorriso.

Nico e eu seguimos pelo shopping ainda de mãos dadas. Até que ele parou e soltou uma de minhas mãos.

–Estamos quase lá! Mas antes eu quero dizer que quem me deu essa ideia foi Bianca! Ela me disse que você iria gostar disso!

–Do que?

–Fecha os olhos. - Sorri enquanto seguia o que Nico disse.

–Okay!

–Pode abrir...

Nico me entregou duas entradas para A Culpa é das Estrelas! Eu estava completamente LOUCA para ver esse filme!

–JURA? Ai que máximo! - O abracei colocando minha cabeça em seu ombro, ele levou seus braços em torno de minha cintura. Como eu era mais baixa que ele, Nico teve que se abaixar um pouco.

–Juro! - Ele disse baixinho no meu ouvido.

–Eu adorei a surpresa!

–Quem disse que essa era a surpresa? - Nico sorriu divertido.

–O que é então?

–Se eu contar deixa de ser surpresa!

–Tem razão!

–Agora vamos comprar pipoca porquê o filme começa daqui a pouco! - Nico pegou em minha mão e me guiou em direção ao cinema.

O filme foi melhor do que eu esperava, chorei tanto que quase desidratei, mesmo sabendo o final já que eu já havia lido livro. Mesmo assim a morte de Gus era algo difícil de ser superado!

O filme não parecia muito o estilo de Nico, mas ele disse que a intenção era eu me divertir, já que isso bastava pra ele. O que foi extremamente fofo da parte desse menino!

No final eu quase tive que sair carregada do cinema!

Caminhamos pelo shopping depois da seção enquanto tomávamos um sorvete de casquinha, eu pedi de baunilha e Nico de chocolate, segundo ele baunilha tinha gosto de água, por isso era muito sem graça!

Conversamos sobre muitas coisas mesmo, os assuntos fluíam muito fácil!

Mas tudo que é bom acaba, infelizmente já havia dado a hora de voltar para casa.

No caminho cantamos mais uma ou duas músicas que eu gostava.

–E então? Gostou do passeio normal? - Nico abaixou o volume do rádio.

–Eu adorei! Sério, foi muito bom!

Nico abriu um sorriso.

–Pena que já estamos na sua casa... - O sorriso dele se desfez ao ver nosso destino se aproximando.

–Terá próximas... - Sorri para Nico que corou e retribuiu meu sorriso.

–Terá...

Nico parou o carro e pra variar desceu pedindo para que eu espera-se, para que ele pudesse abrir a porta para mim.

E ai me veio uma coisa a mente! Minha surpresa!

–Nico, e a surpresa? - Parei a sua frente, ansiosa pela sua resposta.

–Que bom que perguntou... - Nico sorriu abertamente.

–O que é?

–Isso!

Nico se aproximou de mim e tomou meus lábios para ele em um beijo.