Derek Donnis: Entre Mistérios escrita por Wolfkytoki


Capítulo 9
Explicações




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Derek

Terça-feira. Faltava só mais um dia para visitar o Conselho. Não sabia porque estava tão preocupado; já havia conseguido uma prova, que muito provavelmente seria importante. Claro, encomendas não esclareciam muita coisa, mas me dariam o primeiro passo para começar a investigação do caso. Eu já tinha um certo conhecimento sobre seguir as pistas, portanto, sabia meus próximo passos. Primeiro, deveria mostrar o que coletei aos Juízes, e estes iriam me dizer o que achavam das provas. Então, eu procuraria por mais pistas e assim eu continuaria sucessivamente até descobrir a causa da morte de Jeffrey.

Eu já estava preparadíssimo para tudo; só havia duas coisas que ainda me preocupavam: minha briga com Michael e o que Hilly estava achando sobre toda essa situação. Primeiramente, não queria mais me meter em confusão com os humanos, mas eu tive que fazer algo, ensinar a Michael uma lição. Os lobos são assim: repreendem mau comportamento. E não estou nem aí para que os humanos acham sobre isso. Mas eu tinha medo de Hilly ter medo de mim, ou pior, nunca mais confiar em mim. Afinal, ela vira o garoto que gostava ignorá-la e fazer um garoto cair desmaiado no chão, e isso não era legal. Se ela soubesse de meu "segredo" lupino... Bom, mas ela não poderia saber, de qualquer jeito. Porém, ela mexia comigo. Muito. E não queria desapontá-la. Então, eu deveria dar alguma explicação a ela. Sobre a briga, pelo menos.

Reservaria o horário de lanche para tentar me explicar. Óbvio que eu deveria mentir, mas era melhor do que perdê-la ou deixar quieto. Acho que eu não precisaria me afastar dela, por enquanto. Deveria pensar mais sobre o assunto depois.

Hilly

Terça-feira. Humm, acordei um tanto confusa. Por que será? Aí eu respondo o motivo: Derek. Sim, eu já havia acordado pensando nele. E no que mais eu poderia pensar?

Tudo corria bem: eu o havia conhecido, feito amizade e até o tinha beijado. O que foi bom. Ahh, muito bom... Mas, enfim. De repente, um dia depois de termos nos beijado ele passa a ignorar a mim e a todos, com uma cara de preocupação. Talvez ele tivesse passado por algo ruim naquela manhã, mas eu achava que ele poderia confiar em mim para contar o que havia ocorrido. Afinal, amigos- ou namorados, eu já não sabia- compartilhavam seus segredos um com os outros.

Então, no refeitório, ele se mete em uma encrenca danada com um dos garotos mais fortes da escola. Tudo bem, Michael foi imprudente e imaturo, mas nunca vi ninguém derrubá-lo em menos de dois segundos com uma joelhada. Foi tudo tão rápido. Derek nem parecia ser tão ágil e forte assim. OK, ele tinha músculos. Definidos. Lindos... Mas ele simplesmente se moveu na velocidade da luz para se defender de um golpe certeiro em sua cabeça. Parecia... impossível.

Talvez ele praticasse alguma arte marcial, tipo kung fu, mas não tinha tanta certeza que as defesas poderiam ser tão rápidas e certeiras como Derek havia feito. Precisava falar com ele. Queria que me dissesse o porquê estava tão abalado na segunda e como podia ser tão rápido. Ele era um cara estranho, acima de tudo. Além de bonito, gato, com humor, musculoso, ágil... OK, vou parar com isso. Ele realmente mexia com minhas emoções. Meus namorados anteriores nunca fizeram isso. Sentia que eu e Dear, de alguma forma... Tínhamos uma ligação. Podia ser bobagem, mas era isso.

Tomei o café e fui para a escola pensando em me encontrar com ele. Ao chegar, esperei o portão abrir. Era meio cedo ainda: cinco para às seis. Enquanto ficava ao lado do portão principal, perto de algumas pessoas, fiquei pensando. Só pensando. Até que, do nada e de repente senti um toque no meu ombro. Pulei de susto. Quando me virei para dizer umas poucas e boas para quem quer que tivesse feito isso, dei de cara com Derek. Até cambaleei um pouco para trás. Uau. Eu não o ouvira se aproximar. Me endireitei e tentei ser o mais agradável possível.

–Oi... Derek.- Eu disse, olhando em seus olhos azuis, finalmente brilhosos, mas um pouco tempestuosos e preocupados.

Ele sorriu.

–Oi Hilly. Desculpe por não falar com você na segunda. Eu... Estava tendo um dia ruim. E acho que lhe devo explicações.

Fiquei surpresa. Nossa, ele gostava de ir direto ao ponto. Mas... explicações? Eu não queria interrogá-lo nem nada, só queria saber algumas coisas.

–É... O que aconteceu? Você estava tão pra baixo...

Ele hesitou. Parou por um momento e depois voltou a me olhar, ainda sorrindo.

–Digamos que eu estava... pensando em algumas coisas que me perturbavam.

"Coisas que me perturbavam"? Ele não fora muito específico. O que o perturbava? Sentia que ele não estava dizendo toda a verdade. Poxa, se era que não confiava em mim?

Ele me olhou como se soubesse exatamente o que eu pensava.

–Sabe, problemas familiares. Eu... Meu pai... Teve uns problemas com os amigos dele. Rolou uma briga feia em casa... Não gosto de falar sobre isso.

Seu sorriso sumiu no mesmo instante. Nossa... Eu nem tinha pensado nisso. Era por causa disso que ele estava tão pra baixo. E não tinha que pressioná-lo para falar mais. Ele não queria falar sobre o assunto, então deixei pra lá.

–Oh. Tudo bem, Derek. Tenho certeza que as coisas vão melhorar.

Ele deu um leve sorriso para mim, fazendo o meu dia valer a pena por completo. Por um minuto, até ignorei o sinal batendo e as pessoas entrando no colégio e indo para suas respectivas salas de aula. Nos olhamos por alguns segundos. Loooongos segundos. Foi bom. Mas Dear, de brincadeira saiu correndo pelo portão, gritando:

–Quero ver se chega antes mim! O último a chegar é um filhote sem perna!

Filhote sem perna? Nunca tinha ouvido essa. Só dei risada e saí correndo atrás dele. Ele chegou um pouco antes de mim na sala, e ao entrarmos, caímos na risada. Eu o cutuquei e fiz cócegas, para dar uma animada e tal. Ele riu e pegou minhas mãos delicadamente, colocando-as em seu rosto macio.

–Qual é aquela do filhote sem perna?

Ele parou de rir e olhou para mim, sério. Foi engraçado vê-lo sério segurando minhas mãos em seu rosto.

–Ah. Na minha cidade, costumamos falar assim.

Depois de um momento, ele fez uma cara maliciosa para mim. Tirei minhas mãos dele e sorri.

–Humm... Sua cidade tem senso de humor.

Ele assentiu com a cabeça, ainda com a cara maliciosa. Sem mais nem menos, ele jogou suas mãos em cima de mim e fez muitas cócegas. Eu ria sem parar, até que consegui obrigá-lo a parar. Tudo bem, admito que não queria que ele parasse, mas percebi que o professor de História nos encarava seriamente. Quando Derek parou e olhou para o professor, sua risada sumiu e nós voltamos para nossos respectivos lugares. Dessa vez, Derek sentou-se na fileira da frente, ao meu lado.

–Já acabaram de brincar, crianças? Posso começar minha aula?

Os alunos deram risada e caçoaram de nós. As patricinhas olhavam para Derek e resmungavam, desaprovando o comportamento de Dear comigo. Elas estavam com ciúme, isso sim. Ficaram bravas porque não conseguiram agarrar o novo gato da sala. Ignorando a todos, ainda olhei discretamente para Derek, sorrindo. Ele sorriu de volta.

O professor começou a aula. Passei metade da aula fazendo caretas com Derek e a outra metade ouvindo o professor. Foi bastante divertido. Quando acabou a primeira aula, estava na hora do lanche. Voltamos ao refeitório, mas percebi que as pessoas olhavam para Derek, esperando alguma coisa. Lembrei do que tinha acontecido na segunda-feira. Então, ao me sentar numa mesa com Dear, decidi perguntar algumas outras coisas.

–Hã... Derek.

Ele pegou minha mão suavemente e beijou a palma, ainda com um pouco de humor. Então, me lançou o mais belo olhar de todos.

–Por favor. Me chame de Dear- Ele disse com uma voz calma, doce e romântica.

Droga, isso me distraía. Fiquei um tempo um pouco corada o observando e apreciando o momento. Adorei o gesto: Foi tão fofo! Mas lembrei-me do que ia perguntar.

–Então, Dear. Tudo bem se nós conversarmos sobre... o incidente de ontem?

Sua expressão calma e suave sumiu. Agora, eu notava um pouco de preocupação em seu rosto. Talvez até tristeza.

–Claro. Pode perguntar o que quiser.

–Certo. Só queria saber... Como você foi tão rápido em se defender de Michael? Ele é muito forte e faz parte da equipe de futebol do colégio...

–Hilly, sei me defender de trouxas como aquele- Dear me interrompeu um pouco zangado. Imediatamente, ele desfez sua cara carrancuda, como se tivesse se arrependido. Ficou um pouco mais calmo.

–Desculpe. Só... quis dizer que ele é um babaca. Não foi tão difícil segurar seu punho. Ele não sabe lutar.

–Você pratica alguma arte marcial?

Dear me olhou cuidadosamente. Ainda segurava minhas mãos na mesa.

–Não. Mas eu tenho costume de malhar em casa, fazer exercícios, essas coisas. Não gosto de ficar parado, entende? Não sou sedentário, minha família tem esse costume de praticar esportes também.

–Entendo.

Ainda não satisfeito com minha resposta, Dear me olhou e se explicou:

–Veja, Hilly: O garotão foi muito agressivo e estava tentando me humilhar, eu não podia deixar isso quieto com todos rindo junto e o incentivando. Achei um absurdo, uma barbaridade ver todo aquele incentivo à violência. Odeio esse tipo de gente como o Michael. E eu estava pronto para uma briga, porque sabia que ele era do tipo que adorava lutar e mostrar superioridade desnecessária a todos. Basicamente, chamar a atenção. Só... Pensei em mostrar-lhe que não sou fraco. Que não tolero esse tipo de desrespeito. Nem comigo e nem com ninguém.

Olhei para ele. Os meninos da minha escola jamais diriam palavras como estas que Derek acabara de dizer. Eles eram, em sua maioria, como Michael. Imaturos. Mas mesmo assim, eu ainda não acreditava em toda a sua agilidade.

–Eu entendo isso, Dear. Você não podia simplesmente ficar quieto e engolir tudo que ele dizia. Mas... Sei lá. Você tomou uma atitude um pouco drástica. Revidou também agredindo-o.

Ele abaixou os olhos na mesa.

–Bem... Não queria machucá-lo. Essa nunca foi minha intenção. Mas eu estava tão irritado com a situação que nem pensei nas consequências. Claro, concordo que abusei. Mas não teria outro jeito de pará-lo.

Pensei um momento. Ele tinha razão. Violência com violência não resolve nada, mas Derek nunca iria parar Michael apenas conversando. Dear não tinha outra opção; se ficasse falando para ele parar, seria agredido mais ainda. Era disso que Michael gostava: não ter piedade com ninguém. E Dear sacou isso no momento em que viu seu jeito ridículo de humilhar as pessoas. Decidi aceitar aquilo. Eu tentaria fazer o mesmo que Dear fez na situação. Eu não conseguiria derrubar Michael, mas atitudes seriam necessárias.

–Tudo bem. Eu só... sinto muito. Por toda essa situação que você infelizmente teve que aceitar por causa da ignorância de Michael.

Ele sorriu.

–Que bom que entende.

E esse foi meu dia. Só com explicações por parte de Dear. Mas eu gostei. Agora o conhecia um pouco melhor.


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Notas finais do capítulo

Próximos capítulos, próximas pistas...



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