Madness escrita por Ailish


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira fanfic de Reign aqui no Nyah, e estou bem ansiosa para saber a opinião de vocês.
Eu não betei a fanfic, caso vocês encontrem um erro de gramática, por favor me avise. Ou se alguém quiser betar, sinta-se a vontade.
Beijos reais, meus súditos! ;*



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Eu demorei para abrir os olhos, sentia meu corpo fatigado e a cabeça zonza. Lembro-me que os guardas haviam nos encontrado, e a única coisa que eu poderia fazer, era me entregar. Até que Bash teve uma brilhante (e arriscada) ideia. Ele apertou com força a minha mão e pulamos do precipício em direção as águas de um riacho.

Depois de ponderar alguns segundos, abri os olhos e dei de cara com Bash molhado e com um pequeno corte na testa, deveria ter batido em alguma pedra com o choque do mergulho. Espalmei as mãos no chão e erguia uma das mãos em direção ao rosto dele, e antes mesmo de tocá-lo, Bash abriu os olhos e eu sorri.

­– Como está, Mary? ­– ele perguntou calmamente, como se nada tivesse acontecido. Como se não tivéssemos pulado de um penhasco, rolado centenas de metros através de uma correnteza turbulenta, e claro, a guarda real da França atrás de nós.

­– Estou com frio. – me limitei a dizer somente isso, estava realmente preocupada com o machucado na esta dele que não parava de sangrar. – Mas você está ferido e a noite está caindo.

Sebastian ergueu a cabeça na direção do céu, seus olhos cristalinos focados no crepúsculo do final de tarde. Ele crispou os lábios vermelhos do frio e me encarou, e eu senti meu corpo tencionar. Conhecia aquele olhar, nada estava bem.

­– Precisamos montar um abrigo, e rápido. – ele ergueu-se com dificuldade, queria ajuda-lo, mas ele fora mais rápido do que eu. ­– Vamos procurar algum lugar seguro para ficarmos essa noite, e caçarmos algo para comer. – ele estendeu a mão e eu a segurei para me levantar no chão.

Me senti pesada com todas aquelas vestes molhadas me envolvendo, queria tirá-las ali mesmo, mas não podia com Sebastian ali. Ele ficou me observado, era obvio que eu estava incomodada com a minhas roupas, com a fatiga me assolando e com o frio. ­– Vamos.

Percorremos a margem do rio, mas seguindo contra a correnteza e o barulho de água estava se tornando mais alto. Continuamos em silêncio e logo uma pequena cachoeira era vista, nada muito extraordinário, mas atrás do véu de águas, havia uma pequena bifurcação na rocha, um lugar perfeito para nos abrigarmos.

Bash me fitou e eu assenti com um breve movimento de cabeça, e fomos para dentro da bifurcação. Admito que estava com medo de haver morcegos ou aranhas enormes, ou qualquer outra coisa que pudesse nos matar enquanto estivéssemos lá dentro. Ironicamente, só haviam morcegos. Só!

– Está com medo deles? – Bash sorriu ardiloso, enquanto me ajudava a subir até a entrada da caverna. – Eles só comem frutas, mas eles adoram voar baixo quando atormentados.

­– Obrigada pelas informações, estou me sentindo muito mais segura. ­– falei sem tom de humor, porque eu realmente estava com medo daqueles animais pendurados sobre nossas cabeças. – Morcegos são arrepiantes.

– Mas não são piores do que Catherine. – Bash pigarreou e me deu um puxão para dentro da caverna. Eu me encolhi.

– Concordo. ­– disse temerosa.

***

Após algum tempo, tentando me acostumar com os morcegos e a ausência de Bash que fora até a floresta buscar galhos secos para uma fogueira, comecei a retirar o excesso de roupas que usava. Retirei as botas de cavalgada, o manto que me protegia do frio, retirei mais alguns acessório que usava, como joias e braceletes. Também desfiz a trança que estava usando no cabelo, deixando-o solto para que secasse mais rápido.

Me sentei no chão frio de pedra e abracei as próprias pernas, numa tentativa inútil de me aquecer. E mesmo que o cansaço e o frio quisessem me derrubar ali mesmo, as suplicas de Francis pareciam reais dentro da minha cabeça. Agradecia muito ao Bash por ter me ajudado na fuga, mas a verdade era que eu não queria deixa-lo. Eu amava Francis, e eu não me importava em deixar todo o império da França e da Inglaterra para tê-lo vivo e em segurança. Mesmo que longe, mesmo que esmagasse a Escócia.

Quanto mais eu pensava em Francis, mais o meu coração sufocava e as lagrimas eram bombeadas de meus olhos. Eu não queria ser fraca, não queria que ele me odiasse, mas foi a única opção que me restou. Francis precisava compreender o meu sacrifício por ele. Apenas por Francis.

– Porque está chorando? – não notei que Bash havia chegado, o que me deixou surpresa. Ele estava em pé na entrada da caverna, e suas mãos fortes seguravam vários galhos de árvores para acendermos uma fogueira. Ou melhor, ele iria fazer, porque eu não sabia muito sobre como sobreviver na natureza sozinha. Bash era incrível. ­– É pelo Francis?
Eu concordei com um breve aceno, e ele pareceu tencionar. Bash largou os galhos no chão e aproximou-se de mim, agachando-se na minha frente. Ele ficou me olhando, notei que ele gostaria de falar alguma coisa importante, mas enquanto as palavras dele não vinham à tona, eu afastei delicadamente sua franja do rosto, para que pudesse ver o ferimento que estava marcado na testa. – Está com dor?

– Estou, mas não é ai que dói. – ele falou com voz amargurada, afastando minha mão para longe e logo se levantou. – Realeza, não se importa que um jovem bastardo possa tirar a camisa na sua frente. – ele me olhou sobre o ombro e me lançou um olhar vigoroso. ­– Vou morrer de doença se continuar com as roupas molhadas.

– Sinta-se a vontade, bastardo. – tentei entrar na brincadeira de títulos que ele havia iniciado, mas Bash não esboçou nenhum sorriso.

Sebastian girou nos calcanhares e ficou de costas para mim. Notei que ele desabotoava os botões da camisa que usava, largando-as para o lado, perto das roupas que eu também havia retirado. Com o peito desnudo, ele agachou e retirou as botas, ficando apenas de calças. Eu realmente não queria ficar encarando aquela cena, mas Bash era digno de olhares. Possuía um corpo definido, não era exagerado, estranhamente... no ponto!?

Céus, o que eu estava pensado? Eu deveria ter batido a cabeça na hora do mergulho. Agora que ele estava quase pelado na minha frente, Bash pegou os galhos e começou a montar uma fogueira. Girei de costas para ele e, depois de muito pensar, tive a coragem de tirar o restante da roupa que eu usava, permanecendo apenas com a anágua do meu vestido. Não sabia ao certo se Bash estava me olhando, mas algo pinicava na minha nuca, como se alguém respirasse atrás de mim. Sabia que ele não atreveria a fazer isso, mas mesmo assim, eu me arrepiei.

***

Já estava noite, o barulho da cachoeira era reconfortante, e alguns morcegos que haviam ali, já tinham ido embora por causa do calor e da iluminação da fogueira. Agradeci por isso.

Sebastian havia caçado alguns peixes, e enquanto ele se aventurava com um arpão que ele mesmo havia feito para pescar, eu esticava nossas roupas em torno da fogueira para que secasse. O que estava demorando demais.

– Está esfriando e essa fogueira não está secando nossas roupas, pelo menos não com rapidez. – fiz uma careta coçando o nariz.

– É tão ruim assim me ver só de calças? – Bash mordeu o peixe que estava cravado num galho, os olhos fixos nos meus. – Não vá ficar doente.

– Não é isso que eu quis dizer. ­– pigarrei e logo me corregi. – Digo, é estranho estarmos nessa situação. Não é certo, sinto que...

­Fui interrompida pelo barulho de galho quebrando, Bash quebrou o galho depois de comer o peixe. – Sente que está traindo o Francis?

– Talvez, mas não é exatamente isso que estou sentido. Só acho que não é correto ou moral. Sou uma rainha, Bash. ­– o assunto estava ficando tenso dentro da caverna. Eu já sabia que Sebastian possuía grande afeição por mim, mas não sabia o quão profundo era todo o sentimento que ele nutria. Eu acreditava que era só uma afeição passageira, Bash nunca prejudicaria seu irmão.

– Mary, acho que devemos dormir. É perigoso a luz da fogueira permanecer acesa a noite, chama muito a atenção. Não sei qual o tamanho do perigo que estamos passando, e logo que amanhecer vamos procurar um lugar decente para ficar e migrar até o seu país. – ele ergueu-se do chão e pegou um pequeno cantil, depositando toda a água sobre a fogueira. Ele não havia dado tempo para saber se eu queria ou não que ele apagasse aquilo. Fiquei incomodada com a atitude ríspida dele.

– Certo. – me limitei a poucas palavras e me encolhi no chão da caverna. Estava muito escuro lá dentro, só conseguia ver a silhueta de Bash se deitando no chão e um suspiro pesado que havia escapado de seus lábios. Ele parecia incomodando, e eu não sabia o porquê, me deixando frustrada. – Bash... – por fim, o chamei.

– Algum problema?

­– Sim. Estou com frio e com medo dos morcegos voltarem... – fiz uma pequena pausa, e ponderei se era correto, até que escutei um grunhido fino sobre a minha cabeça. – Posso dormir próxima de você, talvez não acorde viva se as coisas continuarem assim.

– Venha cá. – a voz dele soou rouca pela caverna, fazendo a minha pele arrepiar. Afinal, porque ele fazia isso comigo o tempo todo? Bash, era realmente um cara misterioso e atrevido.

Engatinhei até ele, da forma mais silenciosa que eu podia fazer para não chamar a atenção dos morcegos que retornavam para a caverna. Senti a mão dele envolver meu pulso e eu parei, sentando sobre meus calcanhares pensado na melhor forma de me acomodar perto dele. De uma forma que não ficasse estranho para nós dois, se é que vocês me entendem.

– Desistiu da ideia? – ele perguntou cauteloso, e eu corei.

– Não, mas não quero que isso fique estranho para nós dois, ou que você ache que estou me aproveitando da situação. – estava sendo verdadeira, mas não sabia o que se passava na mente dele, então torci para que Bash fosse tão inocente quanto eu era.

­– Eu não vou te tocar Mary, você é a esposa do meu irmão. Ou era, não sei o que você vai fazer. E antes que pense besteiras de mim, eu nunca faria nada que lhe cause algum dano. – ele me puxou pelo braço e eu cambaleei para frente. ­– Deite-se.

Por mais que eu estivesse disposta a fazer tudo por Francis, e por mais que eu desejasse que Bash fosse puro como um anjo, era eu que estava imaginando as coisas forma imprópria. Eu nunca havia me envolvido com nenhum homem, exceto Francis. E foram poucas vezes que tive oportunidades de interagir com ele e conhecer mais sobre o universo masculino. Bash era a segunda pessoa que eu havia trocado qualquer experiência entre homem e mulher. Eu o beijei enquanto estava bêbada, e mau humorada com Francis. Tenho consciência que estou usando a bebida como culpada de todo o ocorrido, mas se fiz isso, sã ou não, significa que dentro de mim há algo em relação ao Bash.

O que não era algo bom. Por mais sincera que eu fosse com meus sentimentos, e estivesse ciente do meu sacrifício por amor e pela corte, eu não poderia manter Bash como distração ou porto seguro para todos os meus problemas. Eu estava encurralada em torno da minha coroa, e usá-lo só afastaria momentaneamente os meus problemas. Eu não queria fazer com que Bash acredita-se em algo que só o magoaria e a mim também. Talvez eu possuísse realmente algum interesse, afinal era bonito, enigmático e inteligente, mas não era amor.

Sebastian soltou a minha mão e eu me deitei no chão, ao seu lado. Pude sentir o tecido grosso e úmido de suas calças rasparem pelas minhas pernas e eu fechei os olhos ignorando todas aquelas micro sensações de estar ao seu lado. Fiquei de costas para ele e joguei meus cabelo para o lado, roçando graciosamente contra o peito desnudo dele.

Eu estava tensa, e pela forma como ele se comportava, ele também estava.

­– Boa noite. – murmurei, os olhos cerrados para que eu dormisse rápido o bastante para não fica pensando em Bash, semi nu ao meu lado. Ele me respondeu num murmúrio, e logo virou-se de costas para mim também.

***

Escutava a água e os grilos lá fora, e o frio aumentava conforme ficava mais e mais tarde. Eu estava gelada e o sono parecia estar longe de me contemplar aquela noite. Me encolhi, tentando me afastar da umidade da pedra, e me ombro tocou as costas dele.

Aquele ato impensado me fez esquentar rapidamente, iria me afastar, mas ele não disse nada. Bash estava dormindo profundamente, conseguia escutar com clareza seu respirar. Ele conseguia ser enigmático e sedutor até mesmo dormindo. Henry deveria ter colocado muito amor quando fez seus filhos, pois ambos eram de uma beleza aniquiladora.

– Sinto muito. – murmurei para mim mesma e encostei a extensão das minhas costas nas de Bash e senti meu corpo ganhar um pouco de calor, me sentindo muito mais segura e confortável. O corpo dele tencionou com minha aproximação, permaneci quieta e senti ele se afastar, e se aproximar novamente, mas dessa vez virado de frente para mim.

– Se estava com frio, era só me dizer. – a voz dele ecoou macia e eu fiquei perplexa e encantada com seus olhos que reluziam sobre a fraca luz da lua que incidia através das águas da cachoeira. – Só há nós dois aqui, não há como manchar sua imagem de rainha com um bastardo.

Bash esticou o braço sobre o chão e eu acomodei minha cabeça ali, entre o braço e o peito. Nos aconchegamos, deslizei os meus pés até as canelas dele, e ele me abraçou, puxando-me para mais perto. Eu arfei, quase perdendo o ar que era enviado para os meus pulmões. Agora podia sentir o ar quente de sua respiração fazer cosquinha nos meus cílios, e eu sorri, sem que ele soubesse, é claro.

A mão dele queimava sobre meu ombro desnudo, e eu ficava imaginando como dois corpos humanos poderiam gerar tanto calor com um simples toque de peles.

­– Eu não sei como agradece-lo por tudo que está fazendo por mim, Bash.

­– Apenas durma, Mary. – senti o peito ele estufar, e logo ele finalizou sua frase. – E seja feliz.

As palavras dele ecoaram nos meus ouvidos por um longo tempo, mas o conforto que ele estava me proporcionando era tão acolhedor que logo eu dormi. A rainha da Escócia estava dormindo com o bastardo da corte francesa.

Isso não importava, o que importava era que eu, Mary Stuart estava dormindo com Bash. E o pior e tudo, eu estava feliz.

***

O dia havia amanhecido tarde, o céu estava cinzento e um véu de neblina cobria toada a paisagem. O outono de fato havia chegado, e com ele suas temperaturas mais baixas.

Olhei para o lado e Bash não estava ali, creio que deveria ter ido caçar alguma coisa para comermos antes de continuarmos nossa jornada. Engatinhei até as minhas roupas que estavam estendidas no chão, estavam um pouco úmidas, mas poderia usá-las sem problemas. Tirando o fato de colocar roupas úmidas, o que era um pouco desagradável. As vestes de Bash não estavam mais lá, deveria já estar completamente vestido e minha mente agradeceu.

­– Que droga. – murmurei enquanto me vestia e brigava com o cabelo que deslizava sobre os meus olhos. Eu deveria estar com uma aparência horrível, Bash deveria ter se acordado e se assustado com minha imagem jogada ao seu lado. Deplorável.

Depois de brigar com o cabelo, o torci para o alto da minha cabeça, e fiz um coque desajeitado, alguns fios deslizando sobre a minha nuca.

– Está mais linda do que nunca, minha rainha. – ele passou por mim, sem ao menos olhar nos meus olhos. Ele trazia um pequeno coelho e algumas ervas, parecia ser marcela, ou algo do tipo.

Fiz uma careta e o repreendi. – Você nem ao menos olhou na minha cara.

– Eu acordei do seu lado, Mary. – ele ergueu o olhar até minha face e sustentou o olhar até que eu tivesse alguma reação. E eu tive. Fui massacrada por aqueles olhos translúcidos e hipnotizantes. Virei meu rosto para o lado, envergonha com a minha atitude em relação a dele. – Eu vi você babando sobre meu braço, nada pode ser pior.

Ele riu, e eu quis matá-lo, exatamente como ele havia feito com aquele coelho. E quando percebi, também estava rindo do seu comentário desnecessário. ­

– Pelo menos era baba real. ­­


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Bash seu lindo!!