Entrei no quarto e o vi deitado na cama. Coberto pelo lençol branco e abraçado ao travesseiro como uma criança pequena.

Isso me fazia lembrar como ele era infantil as vezes, mas isso não vem ao caso agora.

Eu andei até a cama e me agachei até a altura de seu rosto. Os fios negros, e alguns avermelhados, espalhados pelo travesseiro, a face redondinha com as bochechas gordinhas e boca rosada o deixavam com um ar muito infantil. Nem parecia aquele pervertido que me fazia delirar com uma simples rebolada durante o sexo. Não parecia aquele vocalista que durante os poucos shows que dávamos, por sermos uma banda amadora, 'estuprava' os pedestais dos microfones, lambia a guitarra do Uruha e fazia com que a garrafa d'água parecesse outra coisa enquanto jorrava água. Enquanto dormia, ele era apenas : ele. Matsumoto Takanori. A pessoa pela qual eu me apaixonei.

Inconscientemente comecei a acariciar seus fios negros e observar o corpo que estava por baixo do lençol. Era tão pequeno e magrinho. Seus braços magrinhos e as mãos gordinhas e pequenas. Pareciam mãos de criança. Olhei para as pernas meio descobertas, devido ao movimento do subconsciente dele, e vi como eram magrinhas também. Ele parecia tanto uma criança. E depois de uma noite de sexo, abraçando o travesseiro como se fosse um ursinho de pelúcia, ele me fazia lembrar de quando eu era pequeno e ficava com medo durante a noite. Mas tirem essa parte do sexo, pois não acontecia. Ainda.

Quando voltei a analisar o corpo dele outra vez, parei na parte do lençol onde, por baixo, deveria ser o membro do meu pequeno. Lembrei-me de uma vez quando os rapazes resolveram ir as águas termais semana passada, para poder relaxar dos estresses das provas finais. No vestiário, na hora de nos trocarmos, o chibi não queria de jeito nenhum tirar a cueca, dizia que estava com vergonha, pois odiava ficar nu na frente de outras pessoas que não fossem seus pais. Achei aquilo infantil, mas mesmo assim fofo. Afinal é do feitio do chibi ficar envergonhado com poucas coisas, mesmo ele sendo o mais pervertido de nós cinco.

Juntamos eu e Aoi para podermos tirar a peça de roupa, mas acabou que ele tirou por espontânea pressão. Uruha que ria atrás da gente se calou rapidamente e ficou com uma cara de 'Assustei !'. Ele chegou a dizer que o do Ruki era do tamanho do dele ! Rimos muito. Meu chibi limitou-se apenas a ficar vermelho e encolhido em um canto quando entramos na terma. São dias assim que me fazem lembrar porque eu gosto tanto dos rapazes. OK ! Essa frase foi gay.

Soltei um suspiro baixo e voltei a olhar para o corpo esguio do chibi. Quando meu olhar parou no rosto rechonchudinho e rosado do pequeno faltou eu cair para trás ! Ele havia acordado e ficara me observando durante esse tempo. Aqueles orbes me olhavam com carinho e divertimento.

- Te assustei Rei-chan ? - sua voz tinha um tom de divertimento, mas seu semblante demonstrava preocupação.

- Não. Eu estava apenas pensando e quando vi você tinha acordado. - ele sorriu e se sentou na cama.

- Que bom ! Achei que tinha assustado Rei-chan ! - sua voz embargada pelo sono e a frase infantil que ele dissera, só me faziam ficar mais apaixonado no jeitinho infantil e 'chibi' dele - Nee, Rei-chan...

- Hm ? - eu levantei e me sentei ao seu lado no colchão. Ele desviou o olhar para o chão e pude ver suas bochechas adotarem um tom mais rosado que o normal.

- Será que... eu... será que eu poderia... - ele abaixava mais a cabeça a cada palavra enquanto com as mãos pequeninas apertava o lençol com força.

- Você ? - encorajei-o para continuar a frase

- É que... - dava para notar como ele estava ficando cada vez mais vermelho.

- Desempaca Takanori ! - eu sei. Nada delicado. Não tenho muita paciência.

- Eupossotedarumbeijodebomdia ? - por causa da fala rápida deu para entender mais ou menos o que ele havia dito.

- Se você pode o quê ? - eu havia entendido, mas decidi perguntar outra vez para ver se era o que eu estava pensando mesmo.

- Posso... p-posso te d-d-dar um b-b-beijo de b-bom d-dia ? - ele havia falado devagar e havia gaguejado, mas deu para entender. Ele estava pedindo permissão para poder me dar um beijo de bom dia ?! Mesmo depois de duas semanas de namoro e uma noite de sexo, ele ainda pedia permissão para coisas que deveriam ser feitas ispontaneamente entre casais. Esse chibi, hein!

- Você quer me dar um beijo de bom dia, Ruki ? - perguntei enquanto erguia o queixo dele com o dedo.

- ... - ele fez que sim com a cabeça e desviou o olhar para a parede. A ponta do lençol já deveria estar completamente amarrotada de tanto que o baixinho a apertava entre as mãos.

- Não precisa pedir, baixinho. - aproximei nossos rostos até ficarem, mais ou menos, à 2 cm de distância. Eu já podia sentir a respiração descompassada do dele junto a minha - Basta fazer. - diminui a distância entre nossas bocas a nada. Ele largou o lençol e agarrou meu pescoço com os braços fininhos. Minhas mãos desceram até a cintura dele fazendo-o se deitar novamente, mas dessa vez comigo por cima dele.

Nossas línguas 'brigavam' para ver quem dominava quem ali. Essa 'guerra' nunca é vencida. Parece que o baixinho é mais experiente do parece. Só nos separamos quando o ar se fez necessário. Ele estava ofegante. Isso me fez lembrar da noite passada, mas isso são detalhes.

- Viu, é simples assim. - dei-lhe um selinho e saí de cima dele. Quando eu já estava na porta do quarto, ele me abraçou por trás e fez, na linha das minhas costas, um caminho com a língua, que me fez ficar completamente arrepiado.

- Nee Rei-chan... - ele disse manhoso e com a voz arrastada no 'n'.

- Hm... ? - respondi meio receoso do que aquele baixinho infantil/pervertido queria.

- Topa outra rodada ? - ele disse e logo depois mordeu de leve o lóbulo de minha orelha. Gemi baixo. Como ele consegue ser tão inocente e segundos depois ser a perversão em pessoa ?

- Claro. - me virei pegando o rosto cheinho em minhas mãos e atacando a boca rosada do meu chibi.

Mesmo assim eu o amo.