Are you Mine? escrita por scarecrow


Capítulo 3
Chap.03. Good Times Gonna Come.


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu demorei >eras< para vir aqui. Estava nos últimos meses antes do vestibular + sem inspiração nenhuma pra vir aqui, por isso demorei tanto com o capítulo. Não só com esse, mas com todas as fanfics em geral >: Por isso peço desculpas, mesmo.
Espero que ainda tenha alguém aqui acompanhando RYM?. Sei que depois de tanto tempo sem capítulo a vontade é de desistir da fic mesmo EUHSUDHE Mas, enfim, agora eu estou de férias e prometo aparecer com um capítulo novo rapidinho!
Ah, o capítulo ainda não está betado! Decidi postar antes da betagem para não precisar preocupar muito a Momoi que também está com tarefas de fim de ano



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CAP03: Good Times Gonna Come

"A história de vida de Ivan Ilitch foi das mais simples, das mais comuns e portanto das mais terríveis."

Quando terminou de ler o clássico russo, algo dentro de si estava inquieto. Um nervosismo tomou conta de suas ações e respirar tornou-se algo difícil. O livro era pequeno: continha apenas 100 páginas de história, mais um pequeno resumo sobre outras obras do autor.

Como poucas páginas puderam mexer tanto com ele? Tinha algo extremamente errado com isso tudo. O que mais o intrigava, era quem havia indicado o livro. Por que raios o estranho amigo de Sasuke, com cara de poucos conhecimentos, tinha encontrado aquele livro no meio de tantos outros?

Era domingo de manhã quando decidiu que não iria entregar a Itachi ainda. Normalmente, sempre que terminava uma leitura, logo ligava para o amigo, avisando que voltaria a grande casa. Naquele dia atípico, antes de tomar qualquer iniciativa, decidiu ir à biblioteca municipal, procurar mais informações sobre o tal Liev Tolstói. Depois que estivesse satisfeito, iria devolvê-lo.

A biblioteca, por sorte, não era longe de sua casa. Kakashi não tinha gosto por dirigir e, por isso, escolheu morar em um bairro extremamente bem localizado. Poderia ir andando para a maioria dos lugares, principalmente no domingo de manhã, em que o dia claro e o céu sem nuvens estavam convidativos para uma boa caminhada. Tomou um café forte, vestiu uma roupa casual e saiu de casa.

Quando chegou ao lugar desejado, teve uma surpresa completamente desconfortável: a biblioteca municipal estava fechada. Como era domingo, ela só abriria daqui um tempo, e também fecharia mais cedo. Passou a mão entre os cabelos, nervoso. Como pode se esquecer disso? Logo ele, que fora a biblioteca municipal um milhão de vezes. Ah, é claro – se lembrou – a grande livraria dos Uchiha’s nunca se fechava. Estava mal acostumado, então.

Pensou em ir embora. Olhou o extenso prédio mais uma vez e a vontade de descobrir as entrelinhas de A Morte de Ivan Ilitch lhe tomou posse. Decidiu por sentar na praça logo em frente, e esperar ansiosamente que os portões abrissem. No entanto, algo completamente fora do normal e, de novo, inesperado, estava também naquela pequena praça. Logo nos primeiros bancos, Naruto estava sentado, olhando o céu curioso, tomando sorvete de morango.

Não acreditou no que viu de primeira. Precisou ir até lá conferir se era o loiro mesmo, ou apenas coisa da sua cabeça.

“Também está esperando a biblioteca abrir?” Kakashi perguntou, se anunciando. Naruto finalmente tirou os olhos da imensidão azul e focalizou o médico a sua frente. O mais novo voltou a se deliciar com o sorvete antes de balançar a cabeça negativamente.

“Não, não. Vim apenas tomar um sorvete. Aqui tem o melhor sorvete do mundo inteiro.” Explicou. Ofereceu para o Hatake, que negou prontamente. “Você não sabia que a biblioteca estava fechada a essa hora da manhã?”

“Me esqueci” confessou. Antes de solta um largo suspiro, procurou no bolso da sua jaqueta o isqueiro e um cigarro. A vontade de fumar estava consumindo-o. “Li o livro que você me indicou aquele dia.” voltou a falar, soltando a fumaça.

Naruto não o respondeu, como pensou que faria. Manteve-se calado, saboreado do seu sorvete como se de fato fosse a melhor coisa do mundo inteiro. De vez em quando, fechava os olhos para aguçar melhor o paladar. Kakashi, um pouco sem jeito e sem nenhuma vontade de iniciar um assunto diferente do que gostaria, permaneceu em silêncio, observando-o, fumando seu cigarro preferido.

Quando o loiro finalmente terminou, faltava meia hora para a biblioteca abrir. Ainda faltavam longas duas tragadas para o fim do seu cigarro, mas o médico o jogou fora mesmo assim. Estava curioso e isso estava matando-o. Precisava que Naruto o respondesse com todas as palavras:

“Por que escolheu aquele livro?” Perguntou subitamente.

O outro o olhou sem entender. Lambeu os lábios vagarosamente antes de respondê-lo, com toda calma do mundo. “Porque é um livro muito bom, oras.”

O óbvio nunca o ofendeu tanto. Claro que era um bom livro. Até ele que nunca lera Tolstói antes tinha convicção que seus livros eram bons, extremamente bons. No entanto, isso não respondia sua pergunta de modo apropriado. Respirou fundo antes de tentar novamente. De alguma forma, queria tentar descobrir o máximo que conseguisse sobre aquele ser e o livro.

No entanto, sua voz não saiu. Pensou no que dizer – nada veio em sua mente. Então, Naruto se levantou, como quem faz quando vai embora. Apressou-se para pronunciar alguma coisa, qualquer coisa, mas não daria tempo de nada caso continuasse assim. Foi então que, antes que o Uzumaki pudesse anunciar sua ida, Kakashi ofereceu-lhe:

“Quer almoçar comigo?”

“Almolçar?” Naruto repetiu, conferindo a proposta. O médico fez que sim com a cabeça, balançando-a repetidas vezes. “Você sabe que são dez horas da manhã agora, não é mesmo?”

“Eu sei.” Respondeu. Uma vez que tinha convidado-o, não tinha porque fingir que não o fez agora. Parando para pensar, seria bom mesmo ter companhia para o almoço no domingo. Continuou olhando para o mais novo a sua frente.

“E sabe também que a bilbioteca já abriu, certo?” Quis confirmar. “Aliás, ela acabou de abrir. Se quiser ir, é o melhor horário, pois estará vazia.” Justificou sua pergunta.

“Eu sei.” Kakashi voltou a responder, já com um riso no rosto. A reação do outro para seu convite inóspito estava quase engraçada.

“E você também sabe que vai ter que pagar, não é?” Perguntou agora com um tom meio atrevido, montando um sorriso bobo no rosto.

“Isso eu vou pensando até dar a hora do almoço.” O médico voltou a falar. Então, Naruto voltou a se sentar, ao lado do outro, sem falar mais nada. E, se não fosse pela curiosidade extrema do mais velho, talvez tivessem ficado daquela forma, apenas aproveitando o silêncio, até meio dia.

Infelizmente, ou não, esse não era o caso e, nos poucos instantes em que não falaram sobre nada, o Hatake planejava minuciosamente o que queria perguntar para o outro. A ansiedade de descobrir mais sobre o livro e o incômodo do silêncio estavam matando-o.

E quando conseguiu formular uma pergunta decente, Naruto colocou-se a falar:

“Liev Tolstói é um dos principais escritores Realistas do mundo. Russo, morreu velho, e teve terror a suas próprias obras depois de um tempo, quando virou anarquista.” Concluiu o breve histórico rindo. Como se conhecesse muito do autor e tivesse essa proximidade quase palpável, que só conseguimos depois de inúmeros livros. “A Morte de Ivan Ilitch é o meu livro preferido dele. Acho que, da literatura européia, é o que mais demonstra o que significa ser Realista.”

Kakashi permaneceu quieto, calado, mudo. Gostava imensamente de ler, mas suas últimas aulas de literatura foram há tanto tempo, que mal podia opinar no assunto. Pensou no enredo, na narrativa solta e pesada do Tolstói. Por mais que conseguisse absorver e sentir cada detalhe do livro, havia uma diferença entre o modo que o médico lia e o modo que Naruto lia.

A existência dessa diferença era notória, mas suas características estavam escondidas em algum lugar. Por que eram tão diferentes? O que causava toda aquela distância?

“Qual o seu trecho preferido?” Hatake decidiu perguntar, apesar de ter certo receio. Seus olhos se banharam de um tom curioso, e ele sentiu uma extrema vontade de usar sua máscara médica. Teve a sensação de segurar a respiração enquanto esperava.

Naruto parou para pensar, o que já deixou o médico mais aliviado. Se ele estava pensando, quer dizer que ele iria respondê-lo, certo? E não com fatos óbvios, dessa vez. No entanto, seu alívio foi passando aos poucos ao notar a demora do loiro para encontrar as palavras certas, e a ansiedade foi voltando lentamente. Talvez, não deveria ter perguntado nada. Muito provável, aliás.

No fim, não houve palavras. Nenhuma. O Uzumaki deu ombros, mostrando que não sabia. Ele não tinha um trecho preferido.

Fazia sentido, afinal. Ninguém pensava muito para descobrir o predileto.

E então, voltaram a fazer silêncio. O assunto elevou-se ao auge, e Kakashi teve a estranha sensação de ter destruído-o. Suspirou. Olhou o rapaz ao seu lado. Naruto mordia a colher de plástico com extrema atenção, como se aquilo fosse o mais importante a se fazer no momento. Não resistiu soltar uma risada quando a colher quebrou ainda na sua boca, e o garoto fez um barulho estranho de decepção.

“Não ria” resmungou fingindo estar emburrado. “Ah, você não vai me xingar?”

“Pelo quê?” Perguntou o mais velho, arqueando as sobrancelhas.

“Por ter tomado sorvete com a garganta recém inflamada, oras.” Explicou, esperando uma resposta dura do maior. “Ou você só trabalha quando está vestido de branco?”

Kakashi deixou-se a gargalhar. Até que o loiro sabia como ser uma graça de vez em quando. “Não, não tem problema algum você tomar sorvete. Mesmo.” Pigarreou para dar seriedade a sua voz. “Toda vez que algo inflama ou incha, nós colocamos gelo, certo? Seja a perna quando você cai, ou o a testa quando você a bate. Então qual o problema de gelar a garganta?”

Naruto parou para pensar. Era verdade.

Foi então que, naquele momento, o Hatake percebeu algo de diferente nos olhos do melhor amigo de Sasuke. Algum tipo de fervor. Uma determinação mesclada em um azul cobalto nunca antes visto, e seu coração empurrou batidas mais fortes em sua caixa torácica.

Naquele momento, algo havia acontecido. Kakashi só não sabia explicar o que era.

“Vamos almoçar? Já estou ficando com fome.” O loiro disse ao se levantar. Sorriu para o homem a sua frente, convidando-o para fazer o mesmo. Foram os dois, juntos, caminhar pela pequena praça enquanto pensavam no que deveriam comer naquele dia abafado.

Nunca antes iria passar na cabeça do oncologista que ele poderia ter uma conversa tão agradável com um universitário, no meio de um domingo, com aquele calor todo. Riria de si mesmo mais tarde, tinha certeza disso, mas enquanto pudesse ouvir as bobagens que Naruto tinha para falar, seria melhor não pensar nisso. Estava aproveitando o tempo dele, não é mesmo?

E entre as diversas opções que tinham para almoçar, desde comida italiana até uma comida caseira na própria casa do Kakashi, que era ali perto, Naruto havia insistido em ir comer um tal macarrão instantâneo, em uma barraca ali perto. E depois de tanta insistência, o mais velho não poderia dizer não. Não era muito longe, ele disse tentando convencê-lo, por isso, foram os dois andando para o lado oeste da cidade.

Passaram em frente à biblioteca pública. Estava de fato aberta, no entanto, agora Kakashi tinha algo mais interessante para fazer. Ele iria descobrir Tolstói de um modo mais divertido do que passar horas pesquisando nos livros e textos disponíveis.

“Eu vim aqui um bilhão de vezes há uns anos atrás, mas ultimamente tenho ficado sem tempo. Daí do ano passado para esse, acho que devo ter vindo apenas umas cinco vezes.” Contou-lhe, meio que reclamando.

“E por quê? Você mora longe?” Hatake perguntou para dar continuidade ao assunto. De alguma forma aquilo estava agradável, então não havia porque estragar a situação. Com menos de dez minutos de caminhada, já avistaram a tal barraca no fim da rua.

Naruto voltou a falar, animado, sobre a primeira vez que aparecera ali. Desde então, o macarrão instantâneo tornou-se seu prato preferido. Nos últimos meses, no entanto, a faculdade estava lhe comendo o tempo, e não tinha mais oportunidade de visitar a velha barraca. “Por isso, foi bom te encontrar hoje, Kakashi. Foi um bom motivo para voltar aqui” O loiro concluiu com um grande sorriso no rosto, atravessando a rua na frente para chegar ao seu destino.

Kakashi desnorteou-se um pouco com a última frase do diálogo. Aquele pequeno encontro com o novo amigo de Sasuke estava se tornando cada vez mais peculiar.

Ao chegar, foram recebidos com muita alegria pelo dono. Escolheram as variedades de legumes que gostariam no macarrão e voltaram a conversar. Aliás, Naruto voltou a falar – o médico preferiu ficar calado enquanto ouvia os dois velhos amigos colocarem a conversa em dia. A alegria momentânea do loiro coloria o restaurante de memórias. Por isso, o Hatake quase não falou durante o almoço. E, diferente de todas as vezes que permaneceu em silêncio entre pessoas que não conhecia direito, ele se sentiu extremamente confortável.

Quando o almoço acabou, Kakashi pagou a conta como prometido. Já na rua, a hora da despedida havia chegado.

“Eu preciso ir, ainda tenho muita coisa para estudar hoje” Naruto comentou, coçando a nuca, sem saber muito bem como concluir o encontro.

“Também preciso fazer um bocado de coisa lá em casa. Hoje é dia de faxina” Resmungou o Kakashi.

Os segundos que passaram ali pareceram eternos. E, por mais que a impressão seja de muito tempo, não fora o suficiente para satisfazer as vontades do Hatake. Ele ainda queria algo a mais e sabia disso. Tanto sabia, que ignorou as últimas palavras de Naruto, e precisou esperar que ele virasse de costas para ter coragem o suficiente para fazer seu pedido.

Como um adolescentezinho.

“Naruto” Chamou-o, “me passe seu número.”

O loiro virou-se com uma cara engraçada. O médico estava mesmo pedindo seu número? Mesmo, mesmo? Quis rir, mas segurou a vontade. Quis perguntar porquê e fez uma careta. Kakashi, ao perceber isso tudo, pigarreou antes de voltar a falar:

“É só no caso de eu precisar de outras indicações sobre livros, sabe? Mas se for incomodo, eu –”

“Não, não, sem problema algum.” Respondeu rapidamente o outro. “Me dá aqui seu celular.”

Adicionou seu número no aparelho celular do mais velho, lembrando-se de dar um pequeno toque para salvar o número do Kakashi em seu celular mais tarde.

Agora sim, despediram-se.

Cada um foi para seu canto, fazer o que tinham inventado de fazer.

E Kakashi, mesmo ainda com toda a faxina pela frente, caminhou com um gigante sorriso no rosto. No mínimo, agora, ele sabia que bons momentos ainda estariam por vir.


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Notas finais do capítulo

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