Audiolivro - Capítulo 30

XXX

Nico

Realmente Nico se enganara, Leo era sim um cara modesto. Chamar aquilo de “quarto subterrâneo” era ridículo, o lugar era enorme, com grandes toras segurando o teto, cheio de ferramentas e projetos espalhados em duas mesas gigantes, tinha uma mini forja, com uma bigorna e diversas outras coisas.

“Parece que Leo acertou, este lugar é ótimo.”

Reyna comentou.

“Ok, vamos encontrar a caixa de ferramentas.”

Eles encontraram facilmente, era uma caixa grande o suficiente para caber Nico lá dentro com as pernas esticadas. Nico digitou a senha em um painel super moderno e a caixa abriu. Tinha muitas coisas lá dentro, Nico e Reyna demoraram algum tempo para tirar tudo de uma forma organizada.

Nico encarou a caixa, que vazia, parecia um caixão.

“Tudo bem, é agora.”

Reyna sobressaltou-se.

“Espere.”

Virando de costas para Nico, Reyna foi até a cama, pegou o travesseiro e os cobertores. Delicadamente, Reyna forrou a caixa com os cobertores e colocou o travesseiro na ponta.

“Pronto, assim está melhor.”

Finalmente tinha chegado a hora da despedida, os dois ficaram encarando a caixa por um tempo, até Nico suspirar e colocar o primeiro pé dentro da caixa. Sentindo uma vertigem repentina, Nico quase caiu pra trás, Reyna o apoiou.

“Tudo bem? Nico, você não tem que fazer isso.”

“Reyna... por favor.”

Nico virou o rosto a encarando, nunca tinha visto Reyna assim, parecia que ela ia chorar a qualquer momento. Nico tirou o pé de dentro da caixa e ficou parado na frente de Reyna, com um movimento de mãos, Reyna retirou uma corrente de ouro imperial de seu pescoço, Nico nunca a notara antes.

“Pra dar sorte. E para o caso de você ser soterrado, Hazel possa te encontrar.”

Aceitando o colar, Nico virou de costas para Reyna colocar em seu pescoço.

“Isso soa animador.”

“Nunca se sabe.”

Nico virou de volta, era sua vez de dar algo a Reyna. Pegando a semente do bolso da jaqueta e a colocando no pequeno bolso da frente de sua calça, Nico tirou a jaqueta e colocou ao redor de Reyna, se demorando em soltar as laterais da jaqueta, envolvendo Reyna em um abraço. Reyna abraçou Nico e se aconchegou em seu pescoço. Nico ouvia sua respiração acelerar.

Era talvez a ultima chance de Nico fazer isso, então ele segurou no queixo de Reyna e a puxou para si beijando seus lábios cuidadosamente. Reyna o encarou de olhos bem abertos, mas não disse nada, simplesmente deixou Nico beija-la novamente.
Ainda com os olhos fechados, apoiando a testa na de Reyna, Nico disse.

“Até logo.”

“Até logo.”

Reyna repetiu. Nico não a olhou novamente, entrou na caixa e deitou-se como um morto segurando firmemente a corrente que Reyna lhe dera. Não abriu seus olhos para ver Reyna baixar a tampa da caixa e colocar a senha, só sentiu a escuridão tomar conta de si.

Nico abriu os olhos e tudo que viu foi escuridão, não conseguia ver o colar, continuava a aperta-lo mesmo assim. Com a outra mão, Nico alcançou o bolso da calça e pegou a semente. Hesitou, por um momento, tinha de fazer algo antes de entrar no sono de morte.

Fizera isso somente uma vez, Nico tinha conectado uma linha direta com a força vital de Percy, assim sempre saberia se ele estava bem ou não, essa conexão era mais forte do que a normal que ele sentia em relação aos seres vivos. Já tinha desligado isso há algum tempo, desde que conhecera Reyna. Usando toda a sua concentração, Nico procurou pela força vital de Reyna, ele a encontrou e se agarrou a ela.

Agora ele podia senti-la, seus batimentos, sua respiração, tudo nela Nico sentia. Fechando os olhos novamente, Nico abriu a boca e colocou a semente no seu interior. Em poucos segundos estaria feito, Nico entraria no sono de morte. Agora bastaria somente convocar seu exército e salvar o dia.

Fácil, não era nada demais.