Audiolivro - Capítulo 2

II

Reyna

Se já não bastava o pânico da viagem ainda tinha que ver Nico di Angelo pendurado na estátua como no seu sonho. Reyna ficou congelada no lugar olhando Nico ali pendurado, como um emaranhado de tecidos negros.

O treinador Hedge sendo mais eficiente que Reyna, se aproximou de Nico e colocou o braço de Nico em volta de seu pescoço para sustenta-lo.

“Ei, garoto, acho que precisa de algumas horas de descanso. Tire as amarras dele.”

Treinador Hedge disse a Reyna, ela de aproximou para desamarrar, Nico tocou em seu braço, a olhou com um sorriso fraco tentando se levantar.

“Estou bem, vamos continuar.”

“Não. Pode ser perigoso, iremos com calma.”

“Mas...”

“Não, descansaremos por agora, vou verificar o perímetro.”

Reyna tirou as amarras de Nico e saiu andando, deixando o garoto sentado meio sem forças, com o treinador cuidando dele. Ela não conseguia vê-lo assim, não depois do sonho, se sentia responsável, tinha de protegê-lo a todo o custo.

Olhou ao redor a procura de algum monstro, estava esperando o pior, pois eles eram dois semideuses, o que já era suficiente para chamar a atenção de monstros e ainda tinha uma estátua que servia basicamente de farol dizendo estamos aqui! Venha nos matar, além das ameaças de Gaia, é claro.

Reyna tentava se concentrar no que as pessoas diziam para ver se identificava o local que estavam, ouviu a maioria das pessoas falar espanhol, eles estavam na Espanha, Reyna deu mais uma olhada em volta, antes de voltar andando pelo beco.

“Temos de ficar de vigia enquanto di Angelo recupera as forças.”

“Você também precisa descansar garota, depois da sua viagem, o velho Hedge aqui assume o primeiro turno.”

Reyna concordou e sentou com as costas apoiadas no muro oposto ao de Nico, ele estava com a cabeça baixa com uma perna esticada e uma dobrada, onde descansava um cotovelo no joelho, a estátua ocupava todo o beco o bloqueando, o que era muito bom pra eles, assim só teriam de se preocupar com um lado. Reyna olhou as amarras penduradas na estátua e estremeceu, quando olhou novamente para Nico, ele estava a encarando com olhos semicerrados, não disse nada, só a encarou.

“O que foi?”

Reyna disse rispidamente.

“Nada, é que você deve estar tão fraca quanto eu, mas continua firme”.

Ela não disse nada, Nico deu de ombros encostou a cabeça na parede olhando pra cima com olhos fechados. Reyna o olhou, notou tudo nele, como não havia notado antes, nunca ficará perto o suficiente ou parada o suficiente para analisa-lo, seu cabelo escuro estava grande passando seu queixo, em um emaranhado confuso, sua pele era um pouco pálida, devido a pouca luz solar, Reyna se lembrou que ele ficara preso em um jarro em estado de coma.

Não sabia como ele se mantinha em pé, era muito magro, mas parecia ter músculos firmes, seu rosto era anguloso e seu pescoço longo, usava uma camiseta preta de ossos, uma jaqueta de aviador, o que Reyna não entendia como ele conseguia aguentar ficar com ela nesse calor, até ter feito sua primeira viagem nas sombras ai ela entendeu o motivo, ela também temia nunca mais conseguir sentir calor novamente.

Se permitiu fechar os olhos e tentar descansar, mas não queria mais pesadelos, então manteve-se acordada com os olhos fechados por um longo tempo, Reyna deveria ter passado horas nesse torpor, sentiu o clima esfriar perto dos seus pés e abriu os olhos, Nico di Angelo estava inclinado olhando para o chão, fazendo redemoinhos com uma das mãos, uma fumaça negra rodava a seus pés.
Reyna o repreendeu.

“Você deveria descansar.”

“Estou descansando, estou parado, sem fazer nada.”

“Nada, o que significa isso?”

“Treino.”

Nico sorriu maliciosamente e Reyna bufou cruzando os braços.

“Oh, está bem.”

O sorriso de Nico pareceu ficar ainda mais presunçoso após encostar a cabeça na parede e cruzar os braços encarando Reyna.

“Você não acha que deveria descansar um pouco mais, di Angelo?”

“Você deveria fazer isso, Reyna, e não precisa me chamar de di Angelo.”

Reyna olhou para Nico querendo ver se era brincadeira, aparentemente não, então ela concordou.

“Tudo bem, Nico, então.”

“Ótimo, porque você não dorme um pouco enquanto fico de vigia.”

“Eu não...”

Antes dela falar, Nico se levantou esticou os braços e começou a andar um pouco a frente no beco, Reyna bufou pensando que aquele garoto finalmente a estava irritando, olhou para ele, era mais alto que ela e mesmo magro tinha costas largas e braços e pernas longos. Reyna balançou a cabeça, tentando esquecer que estava analisando Nico di Angelo, mas toda vez que o olhava o seu sonho vinha à mente e ela definitivamente não queria vê-lo realizado.

Sem ter uma chance contra o cansaço, Reyna escorregou pela parede e adormeceu. Não teve o sono repleto de sonhos dessa vez, mas acordou com o treinado Hedge gritando.

“O que houve?”

Reyna disse se levantando, Nico já prendia as amarras nas costas novamente e respondeu.

“Bem, uma tourada.”

“O que?”

“Grandes vacas mecânicas assassinas”

Explicou o treinador

“Touro de Colchis”

Resumiu Nico, Reyna entendeu. Estrondos começaram a soar na boca do beco, e lá estava ele, um touro enorme de bronze pronto para esmaga-los.

“Reyna pegue minha mão!”

Nico gritou, mas ela tinha de pegar suas mochilas, Nico e Hedge correram mas não as pegaram do chão, estavam juntas a uns 3 metros da estátua, Reyna correu para pega-las, o touro estava quase em cima dela quanto as alcançou, Reyna empunhou a espada, não iria fugir, nunca fugia. Ele vinha em sua direção, de repente uma parede de pedra saiu do chão bloqueando o touro.

“Venha logo aqui!”

O treinador estava tendo um ataque, olhando feio para Nico, Reyna pegou sua mão e imediatamente a escuridão a envolveu.