Audiolivro - Capítulo 15

XV

Nico

Nico sabia o que as duas últimas linhas significavam, mas não queria dizer a ninguém, até a hora certa, nem mesmo a Reyna. Isso era porque Nico estava com medo, estava com medo de passar por tudo aquilo novamente, mesmo ele não querendo admitir.

As discussões acabaram na sala de jogos, depois que Reyna começou com seus planos, todos perceberam o tipo de líder que ela era e a aceitaram. Nico ficou por perto enquanto Reyna conversava com Connor Stoll, este saiu dando sorrisinhos irritantes, Connor tinha dado em cima de Reyna o tempo todo, isso deixou Nico irritado, mas no fim, nem precisava se preocupar Reyna ignorava todas as investidas.

Depois Reyna convocou uma reunião com os campistas de Ares, junto com uma dúzia de Romanos, eles fariam as rondas noturnas naquela noite, e pela manhã, Reyna já combinará de preparar armadilhas com os irmãos de Leo, do chalé de Hefesto.
Tudo isso demorou pelo menos umas três horas, Nico estava se sentindo meio inútil sem ter o que fazer no momento, mas ele e Reyna não terminaram aquela conversa, Nico tinha de falar com ela, antes... que fosse tarde.

Nico se aproximou de Reyna assim que ela dera o que pareceu sua ultima ordem da noite, sua expressão estava dura e determinada, nada da Reyna que Nico conheceu durante a viagem, parecia outra versão, mais dura, militar e rígida.

“Uh, Reyna posso falar com você?”

Assim que Reyna olhou nos olhos de Nico, por um milésimo de segundo ele viu traços da Reyna que ele gostava, mas logo a Reyna militar assumiu, com um arrepio Nico percebeu que era exatamente assim que os deuses estavam agora. Em conflito consigo mesmos.

“Nico não. Não temos tempo para conversar agora, temos de descansar, não sabemos quando irão atacar ou até quando as raízes da árvore vão aguentar, quando perdermos as barreiras, devemos estar preparados.

“Eu sei, Reyna. Mas... preciso falar com você... antes...”

“Eu não posso Nico, preciso me focar, tenho dois exércitos para liderar, não posso...”

Sua voz falhou, por mais dura que fosse sua expressão, seus olhos demonstravam medo, Nico entendia, mas ele não poderia deixar passar, não dessa vez, não agora...

“Hey, garotos! Não é que vocês sobreviveram sem o treinador aqui!”

Treinador Hedge vinha correndo, quase saltitante feito uma criança, até eles.

“Como vai treinador.”

Nico disse desanimado.

“Estou ótimo, vocês não sabem da última! É um menino! Um pequeno satirozinho!”

Nico franziu as sobrancelhas, confuso.

“Meus parabéns treinador Hedge. Mas ela ficará aqui com o bebê na batalha?”

Reyna perguntou parecendo preocupada.

“Oh, mas claro que não! amanhã mesmo os dois estarão indo para casa da minha sogra.”

Mesmo estando meio perdido na conversa, Nico entendeu que o treinador tinha tido um filho com a sua namorada, uma Ninfa das nuvens, Mellie.

“Parabéns treinador, mas você realmente deveria ir com eles.”

Nico disse. Mas o treinador não aceitou.

“Não mesmo, di Angelo, não abandono meus pupilos nunca! Ficarei com vocês até o fim e juntos chutaremos muitas bundas de monstros!”

Foi muito comovente o jeito que o trinador disse aquilo tudo de pupilos, Nico gostou de saber que ele ficaria. Reyna também pareceu aceitar bem.

“Oh, muito obrigada mesmo, treinador Hedge, Frank tinha razão sobre o senhor. Será uma honra lutar ao seu lado.”

As bochechas do velho treinador ficaram vermelhas.

“Mas é claro, o que vocês esperavam! Que eu fosse um frouxo que fugisse das brigas e ficasse coçando a barriga na relva?!”

Nico não pode deixar de rir com a declaração daquele velho sátiro maluco e percebeu como ia sentir falta dele se ele fosse embora.

“Mas enfim, vim aqui para convidar os dois para participarem da cerimônia de nomeação do meu pequeno matador.”

Piscando um pouco os olhos devido à surpresa, Nico já ia responder, mas Reyna disse antes.

“Seria uma honra, mas não podemos, temos muito o que fazer.”

“Não me venham com essa vocês dois, sempre temos tempo para fazer tudo que quisermos, lembrem-se disso, só não tem tempo aquele que não deseja tê-lo.”
Depois de seu pequeno momento filosófico, pelo qual Nico nunca vira o treinador passar, Nico respondeu.

“O senhor tem razão, estou indo e você Reyna?”

Nico colocou sentimento demais na frase, saindo um pouco rude. Reyna pareceu se encolher.

“Não vamos demorar muito, prometo.”

Treinador Hedge fez um sinal de promessa com a mão, relutante, Reyna enfim cedeu.

“Está bem, eu irei.”

Hedge começou a saltar, pulou e passou o braço em ambos pescoços de Nico e Reyna, que tiveram que se abaixar para receber o cafuné daquele velho bode.

“Vocês vão ver! Ele é igualzinho a mim! Vai ser forte e destemido e quando crescer, vai tirar seus traseiros de semideuses de encrencas!”

Dessa vez até Reyna teve de sorrir, os três ficaram assim por um momento estranhamente feliz, abraçados e sorrindo, que Nico pensou que nunca viveria, o momento era irreal como um sonho, mas era melhor que isso, pois ele era real.