O Garoto da Última Casa escrita por Bruna Ribeiro


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Ainda não recebi nenhum comentário e estou triste por isso...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/472207/chapter/5

CAPÍTULO 4 - CONHECENDO UMA OUTRA PARTE DE MINHA QUERIDA OWENS.

– Então? - William Hãnsel estava impaciente comigo.O que era obvio e totalmente esperado, já que eu o estava encarando a um certo tempo, sem dizer absolutamente nada.

Felizmente, a realidade veio á tona em um piscar de olhos.

– Então o quê? - soei ríspida, mesmo essa não sendo minha intenção.

– Não vai me pedir desculpa por ter sido uma desastrada e ter esbarrado em mim?

– Quê?

– É surda também? - ele sorriu sem humor - Desculpe-me senhorita-não-sei-o-nome-nem-quero-saber, mas parece que não é muito boa em se relacionar com pessoas.

– Olha, senhor Hãnsel, se eu esbarrei em você, não o fiz sozinha...

– Mas é claro que fez, você estava...

– Confirmo que estava distraída, entretanto acho que isso se encaixa também em seu caso, já que, se você estivesse prestando atenção, você me veria e desviaria.

– Olha só... - começou - Esquece! Não vale á pena.Mas só mais uma coisa, senhorita destrate.

– Diga

– Ainda vou ouvir meu pedido de desculpas

– Não da minha boca, senhor Hãnsel.

Ele bufou, mas foi embora.

Eu agradeci mentalmente por isso, já que, era extremamente difícil ignorar aqueles olhos azuis viciantes.

– Uau, menina coragem - ouvi atrás de mim e me virei.Me peguei encarado uma menina loira, baixa, de olhos incrivelmente cinzentos e que sorria abertamente para mim.

– O quê disse? - na verdade, eu até tinha escutado, mas não tinha entendido.

– Disse que tem coragem - a garota em minha frente se aproximou - Ninguém costuma discutir com o Hãnsel.Ele é misterioso e estranho demais.Dá até medo.

– Eu não tenho medo dele - menti.A verdade era que ele me provocava sim, vários arrepios.

– Percebi - aquilo me pareceu ironia

– É verdade.

– Eu sei - tudo bem, talvez não fosse ironia - Me chamo Ashley.

– Sou Alexis

– Alexis Miller, a novata - cruzou os braços em frente ao corpo - A escola não fala de outra coisa, afinal não é todo dia que essa instituição tão amada ganha novatos, na verdade, você é a primeira em muitos anos.

– Eu e meu tio nos mudamos recentemente.

– Ouvi dizer.

Legal!

Muito legal!

Além de estranha, Owens também era uma daquelas cidades que se você faz qualquer coisinha, no outro dia, todo mundo já sabe.

– Precisa de alguma ajuda?Parece meio perdida - Ashley me tirou de meus devaneios normais.

– Sim, eu preciso.Não sei onde fica minha sala.

– A escola não é tão grande, comparada a de outras cidades vizinhas, no entanto é extremamente confusa.Você pode se perder várias e várias vezes por esses corredores em um dia.Vem, eu te ajudo.

– Valeu.

– Me dá seu horário.

E eu dei.

...

Não, Ashley não tinha aula comigo.Em nenhuma aula do dia.

Minha sorte deveria ainda estar em Nova Iorque.

– Bem, creio que perceberam que temos uma aluna nova - uma senhora de estatura baixa, cabelos levemente grisalhos e sorriso simpático falava com a turma que eu estava.Era a professora de história. - Senhorita Miller, venha aqui e se apresente.

Essa não foi a única apresentação que enfrentei antes do intervalo, só foi um tipo de exemplo.

Assim que sai da sala dei de cara som Ashley, o que me fez pensar que talvez minha sorte estivesse, finalmente, se mudando para Owens.

–Ah, ai está você - ela veio até mim, que ainda estava na frente da sala de história - Estava te procurando, mas não fazia ideia de onde era sua próxima aula.

– Estava na aula de história.

– Percebi - ela deu uma leve olhada para a sala que estava atrás de mim - E o que achou da senhorita La Canters?Acha que o jeito que ela explica história é legal?

–Calma, senhorita?

Ela soltou uma risadinha

– Ela nunca se casou.

– Mas eu pensei...

– Vamos para o refeitório, quero te apresentar alguns amigos e aproveito e te conto mais algumas coisas sobre Owens.Acredite, você não sabe nem da metade.

Eu dei um pequeno sorriso, buscando mudar minha cara de ''Conta Por Favor'' e para minha infelicidade, ela só deu um - de seus frequentes, pelo que percebi - sorriso e caminhou junto com a maioria dos outros alunos para , o que presumi, ser o refeitório.

Eu a segui.

Desviava de alguns alunos, pisava no pé de outros e esbarrava na maioria, sem falar que, pedia desculpa para todo mundo.

– Você tem algum problema com as outras pessoas? - Ashley perguntou quando, finalmente, eu a alcancei - Digo, você sempre está esbarrando ou pisando no pé de alguém.

– Acho que sempre fui assim

– Imaginei.

Não precisava ser veterana na escola para saber que eu e Ashley tínhamos acabado de chegar no refeitório.

Lotado.

Era a palavra que mais definia aquele lugar, naquela hora.Mas o incrível era que mesmo o lugar estando lotado, todo mundo cabia com folga ali.Era como se cada aluno tivesse um lugar determinado ou aquele espaço tivesse sido planejado para aquele número de pessoas.

– Onde estão seus amigos? - perguntei.

– Bem ali.Vem - chamou e eu segui a loira que quase saia correndo em meio aquelas pessoas.

Paramos em frente a uma mesa onde se encontravam 3 adolescentes.

Um era negro, tinha olhos escuros, alguns músculos expostos - por causa da blusa sem manga - e um sorriso brincalhão nos lábios levemente rosados.

O outro era loiro, pele extremamente pálida e com olhos escondidos atrás de um óculos gigantesco.Segurava alguma coisa na mão, um papel possivelmente.

E por último, uma garota de cabelos negros e olhos âmbar.Bonita, por sinal. Que droga!A verdade é que ela era muito bonita e eu me senti uma idiota perto dela.

– Pessoal, essa é a Alexis - Ashley me apresentou depois de dizer um breve ''olá'' aos amigos - Alexis esses são Brad... - o negro que parecia mais um atleta e talvez até fosse, acenou. - Gabriel... - apontou para o loiro, que no mesmo instante ajeitou seus óculos - E essa é Jessica - por fim, apresentou a morena.

Jessica, Jessica, Jessica...

Não tinha nenhum problema com esse nome, pelo contrário, eu até o achava bonito, só que o caso era que nunca tive boas experiências com Jessicas.Torci para que com aquela Jessica fosse diferente.

– Oi - consegui dizer

– Olá - cumprimentaram Jessica e Gabriel, apenas alguns segundos de diferença.

– Você é uma gracinha, boneca - Brad me analisou - Eu amei a calça, mesmo achando que um vestido combinaria mais com você.

– Não liga Alexis, Brad é gay e tem dessas coisas. - avisou-me Ashley

– Não é por que sou gay que tenho que gostar de moda.Isso é um estereótipo. - defendeu.

– Mas você gosta, Brad - Jessica lembrou

– Tudo bem, eu gosto - concordou - Mas estou defendendo os gays que não gostam.

Depois de sentar-me ao lado de Ashley na mesa, ri junto com todo mundo.

Eu estava gostando de Brad.

– Hey novata - ouvi uma doce e conhecida voz e constatei que era Henry.Ele estava com a mesma aparência de quando que me deixou na coordenação, a única diferença era que agora segurava uma bandeja com seu lanche - O que faz nessa mesa?Não acredito que já conheceu meus amigos.

– São seus amigos? - eu sei, eu sei, foi uma pergunta idiota.

– Foi o que acabei de dizer, novata - ele se sentou do meu outro lado.

– Vocês já se conhecem?Como? - indagou Jessica curiosa ou sei lá o que, aquela garota era difícil de desvendar.

– Eu ajudei Alexis a encontrar a coordenação - informou

– E eu ajudei ela a encontrar a sala da primeira aula - Ashley se pronunciou - É, Henry, parece que estávamos predestinados a ajudar Alexis,talvez ela precise de amigos.

– Droga, acho que não tem como escapar dessa, Ash - o ruivo do meu lado fingiu frustração.

– É, também acho.

Todos rimos, menos Jessica.

– Então Ash - começou Henry - encontrou Alexis praticamente implorando por ajuda?Por que foi assim que eu a encontrei e como sou um doce de pessoa, ajudei essa pobre novata.

– Ei - protestei, o que só aumentou seu sorriso.

– Na verdade, eu a encontrei em meio a uma discussão com William.

– Calma ai - pediu Brad pasmo - O Hãnsel?

– Sim - confirmou Ashley

– O gato mistério? - continuou Brad

– É...

– O gostoso Hãnsel...

– Sim,Brad querido.O William Hãnsel.

– Você discutiu com o Hãnsel, mesmo depois de tudo que falei sobre ele? - Henry parecia quase fascinado com a historia.

– O que disse á ela sobre o Hãnsel? - finalmente Gabriel falou alguma coisa.

– A lenda

– Que coisa idiota a se falar, Henry.

– Idiotice é ficar desvendando seus anagramas diários ai - apontou para o papel - Você pega palavras na internet e faz anagramas para se divertir.Meu Deus - Ah, então o que estava no papel se tratava de anagramas.

– Henry!- repreendeu Ashley

– Tudo bem, foi mal cara - se desculpou - Mas é divertido contar essa lenda para os novatos e como não recebemos muitos deles nesse fim de mundo, tive que aproveitar.

– Aquela lenda idiota não me deu medo! - afirmei - E eu discuti com William Hãnsel pelo simples motivo de que nós acabamos nos esbarrando e ele foi muito mal educado comigo e ainda por cima, exigiu que eu pedisse desculpa.

– Ah, garota - a voz de Brad já estava se tornando familiar para mim - Se fosse eu no seu lugar, não sei se resistiria.Aquele cabelo, aquela boca, aqueles olhos... - concordei com tudo, no entanto nunca falaria em voz alta.

– Fala sério, Brad.Sinceramente? - Henry não parecia gostar muito de William - Aquele garoto é um idiota.Não fala com ninguém, sempre metidinho, sempre de nariz em pé, sempre prepotente...

– Querido Henry, eu disse que William é bonito e não que ele não era um idiota.Ele é aquele tipo de lindo idiota, mas ainda sim lindo.

– Ora, por favor - murmurou Henry irritadiço

– Está com ciúme, Henry Philips? - brincou Brad - Nunca dei motivos para isso e você sabe que eu só tenho olhos para você.

– Confio em você - ele olhou fixamente em meus olhos, enquanto sorria abertamente, e não desviou um segundo se quer, o que me deixou um pouco envergonhada.Agora eu também o encarava e sorria com aquilo.Foi ai que percebi o quanto Henry era bonito e cheio de charme.

Eles eram pessoas bastante divertidas e me fizeram sorrir muito mais do que imaginei ser possível em uma segunda-feira, ainda mais letiva.

...

Agora sim, eu estava oficialmente mais feliz.

As aulas tinham chegado ao fim e meu dia tinha sido melhor do que o previsto.

Mas felicidade cansa e eu estava exausta.

Depois de me despedir de meus - talvez - futuros amigos, eu resolvi esperar Olaf - que já deveria estar chegando - em frente a escola.

Caia uma pequena garoa naquele momento, no entanto não me intimidei e continuei meu caminho.

Peguei meus fones de ouvido, coloquei em uma música aleatória e alta e fugi de minha realidade, enquanto cantarolava partes da música.

E esperei por Olaf.

Até que, eu não ouvia mais a música que quase explodia meus tímpanos, não sentia mais a garoa contra minha pele e muito menos me importava com as pessoas a minha volta.Eu estava concentrada demais na cena de William e Georgia discutindo, quase em minha frente.Sim, Georgia era a senhora do mercado e a dona da biblioteca.

Acho que não queriam ser vistos, porque estavam atrás de uma árvore, longe do olhar dos outros alunos.Eu só conseguia vê-los porque estava afastada dos outros, estava afastada para aquela direção.

De onde se conheciam?

O que discutiam?

O que estavam falando?

Essas e outras perguntas rondavam minha cabeça, mas a única certeza que eu possuía naquela hora era que, eu tinha que visitar uma certa biblioteca.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comente...
Nenhuma história sobrevive sem comentários, sem opiniões. Isso é fato.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Garoto da Última Casa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.