O Garoto da Última Casa escrita por Bruna Ribeiro
Notas iniciais do capítulo
Ainda não recebi nenhum comentário e estou triste por isso...
CAPÍTULO 4 - CONHECENDO UMA OUTRA PARTE DE MINHA QUERIDA OWENS.
– Então? - William Hãnsel estava impaciente comigo.O que era obvio e totalmente esperado, já que eu o estava encarando a um certo tempo, sem dizer absolutamente nada.
Felizmente, a realidade veio á tona em um piscar de olhos.
– Então o quê? - soei ríspida, mesmo essa não sendo minha intenção.
– Não vai me pedir desculpa por ter sido uma desastrada e ter esbarrado em mim?
– Quê?
– É surda também? - ele sorriu sem humor - Desculpe-me senhorita-não-sei-o-nome-nem-quero-saber, mas parece que não é muito boa em se relacionar com pessoas.
– Olha, senhor Hãnsel, se eu esbarrei em você, não o fiz sozinha...
– Mas é claro que fez, você estava...
– Confirmo que estava distraída, entretanto acho que isso se encaixa também em seu caso, já que, se você estivesse prestando atenção, você me veria e desviaria.
– Olha só... - começou - Esquece! Não vale á pena.Mas só mais uma coisa, senhorita destrate.
– Diga
– Ainda vou ouvir meu pedido de desculpas
– Não da minha boca, senhor Hãnsel.
Ele bufou, mas foi embora.
Eu agradeci mentalmente por isso, já que, era extremamente difícil ignorar aqueles olhos azuis viciantes.
– Uau, menina coragem - ouvi atrás de mim e me virei.Me peguei encarado uma menina loira, baixa, de olhos incrivelmente cinzentos e que sorria abertamente para mim.
– O quê disse? - na verdade, eu até tinha escutado, mas não tinha entendido.
– Disse que tem coragem - a garota em minha frente se aproximou - Ninguém costuma discutir com o Hãnsel.Ele é misterioso e estranho demais.Dá até medo.
– Eu não tenho medo dele - menti.A verdade era que ele me provocava sim, vários arrepios.
– Percebi - aquilo me pareceu ironia
– É verdade.
– Eu sei - tudo bem, talvez não fosse ironia - Me chamo Ashley.
– Sou Alexis
– Alexis Miller, a novata - cruzou os braços em frente ao corpo - A escola não fala de outra coisa, afinal não é todo dia que essa instituição tão amada ganha novatos, na verdade, você é a primeira em muitos anos.
– Eu e meu tio nos mudamos recentemente.
– Ouvi dizer.
Legal!
Muito legal!
Além de estranha, Owens também era uma daquelas cidades que se você faz qualquer coisinha, no outro dia, todo mundo já sabe.
– Precisa de alguma ajuda?Parece meio perdida - Ashley me tirou de meus devaneios normais.
– Sim, eu preciso.Não sei onde fica minha sala.
– A escola não é tão grande, comparada a de outras cidades vizinhas, no entanto é extremamente confusa.Você pode se perder várias e várias vezes por esses corredores em um dia.Vem, eu te ajudo.
– Valeu.
– Me dá seu horário.
E eu dei.
...
Não, Ashley não tinha aula comigo.Em nenhuma aula do dia.
Minha sorte deveria ainda estar em Nova Iorque.
– Bem, creio que perceberam que temos uma aluna nova - uma senhora de estatura baixa, cabelos levemente grisalhos e sorriso simpático falava com a turma que eu estava.Era a professora de história. - Senhorita Miller, venha aqui e se apresente.
Essa não foi a única apresentação que enfrentei antes do intervalo, só foi um tipo de exemplo.
Assim que sai da sala dei de cara som Ashley, o que me fez pensar que talvez minha sorte estivesse, finalmente, se mudando para Owens.
–Ah, ai está você - ela veio até mim, que ainda estava na frente da sala de história - Estava te procurando, mas não fazia ideia de onde era sua próxima aula.
– Estava na aula de história.
– Percebi - ela deu uma leve olhada para a sala que estava atrás de mim - E o que achou da senhorita La Canters?Acha que o jeito que ela explica história é legal?
–Calma, senhorita?
Ela soltou uma risadinha
– Ela nunca se casou.
– Mas eu pensei...
– Vamos para o refeitório, quero te apresentar alguns amigos e aproveito e te conto mais algumas coisas sobre Owens.Acredite, você não sabe nem da metade.
Eu dei um pequeno sorriso, buscando mudar minha cara de ''Conta Por Favor'' e para minha infelicidade, ela só deu um - de seus frequentes, pelo que percebi - sorriso e caminhou junto com a maioria dos outros alunos para , o que presumi, ser o refeitório.
Eu a segui.
Desviava de alguns alunos, pisava no pé de outros e esbarrava na maioria, sem falar que, pedia desculpa para todo mundo.
– Você tem algum problema com as outras pessoas? - Ashley perguntou quando, finalmente, eu a alcancei - Digo, você sempre está esbarrando ou pisando no pé de alguém.
– Acho que sempre fui assim
– Imaginei.
Não precisava ser veterana na escola para saber que eu e Ashley tínhamos acabado de chegar no refeitório.
Lotado.
Era a palavra que mais definia aquele lugar, naquela hora.Mas o incrível era que mesmo o lugar estando lotado, todo mundo cabia com folga ali.Era como se cada aluno tivesse um lugar determinado ou aquele espaço tivesse sido planejado para aquele número de pessoas.
– Onde estão seus amigos? - perguntei.
– Bem ali.Vem - chamou e eu segui a loira que quase saia correndo em meio aquelas pessoas.
Paramos em frente a uma mesa onde se encontravam 3 adolescentes.
Um era negro, tinha olhos escuros, alguns músculos expostos - por causa da blusa sem manga - e um sorriso brincalhão nos lábios levemente rosados.
O outro era loiro, pele extremamente pálida e com olhos escondidos atrás de um óculos gigantesco.Segurava alguma coisa na mão, um papel possivelmente.
E por último, uma garota de cabelos negros e olhos âmbar.Bonita, por sinal. Que droga!A verdade é que ela era muito bonita e eu me senti uma idiota perto dela.
– Pessoal, essa é a Alexis - Ashley me apresentou depois de dizer um breve ''olá'' aos amigos - Alexis esses são Brad... - o negro que parecia mais um atleta e talvez até fosse, acenou. - Gabriel... - apontou para o loiro, que no mesmo instante ajeitou seus óculos - E essa é Jessica - por fim, apresentou a morena.
Jessica, Jessica, Jessica...
Não tinha nenhum problema com esse nome, pelo contrário, eu até o achava bonito, só que o caso era que nunca tive boas experiências com Jessicas.Torci para que com aquela Jessica fosse diferente.
– Oi - consegui dizer
– Olá - cumprimentaram Jessica e Gabriel, apenas alguns segundos de diferença.
– Você é uma gracinha, boneca - Brad me analisou - Eu amei a calça, mesmo achando que um vestido combinaria mais com você.
– Não liga Alexis, Brad é gay e tem dessas coisas. - avisou-me Ashley
– Não é por que sou gay que tenho que gostar de moda.Isso é um estereótipo. - defendeu.
– Mas você gosta, Brad - Jessica lembrou
– Tudo bem, eu gosto - concordou - Mas estou defendendo os gays que não gostam.
Depois de sentar-me ao lado de Ashley na mesa, ri junto com todo mundo.
Eu estava gostando de Brad.
– Hey novata - ouvi uma doce e conhecida voz e constatei que era Henry.Ele estava com a mesma aparência de quando que me deixou na coordenação, a única diferença era que agora segurava uma bandeja com seu lanche - O que faz nessa mesa?Não acredito que já conheceu meus amigos.
– São seus amigos? - eu sei, eu sei, foi uma pergunta idiota.
– Foi o que acabei de dizer, novata - ele se sentou do meu outro lado.
– Vocês já se conhecem?Como? - indagou Jessica curiosa ou sei lá o que, aquela garota era difícil de desvendar.
– Eu ajudei Alexis a encontrar a coordenação - informou
– E eu ajudei ela a encontrar a sala da primeira aula - Ashley se pronunciou - É, Henry, parece que estávamos predestinados a ajudar Alexis,talvez ela precise de amigos.
– Droga, acho que não tem como escapar dessa, Ash - o ruivo do meu lado fingiu frustração.
– É, também acho.
Todos rimos, menos Jessica.
– Então Ash - começou Henry - encontrou Alexis praticamente implorando por ajuda?Por que foi assim que eu a encontrei e como sou um doce de pessoa, ajudei essa pobre novata.
– Ei - protestei, o que só aumentou seu sorriso.
– Na verdade, eu a encontrei em meio a uma discussão com William.
– Calma ai - pediu Brad pasmo - O Hãnsel?
– Sim - confirmou Ashley
– O gato mistério? - continuou Brad
– É...
– O gostoso Hãnsel...
– Sim,Brad querido.O William Hãnsel.
– Você discutiu com o Hãnsel, mesmo depois de tudo que falei sobre ele? - Henry parecia quase fascinado com a historia.
– O que disse á ela sobre o Hãnsel? - finalmente Gabriel falou alguma coisa.
– A lenda
– Que coisa idiota a se falar, Henry.
– Idiotice é ficar desvendando seus anagramas diários ai - apontou para o papel - Você pega palavras na internet e faz anagramas para se divertir.Meu Deus - Ah, então o que estava no papel se tratava de anagramas.
– Henry!- repreendeu Ashley
– Tudo bem, foi mal cara - se desculpou - Mas é divertido contar essa lenda para os novatos e como não recebemos muitos deles nesse fim de mundo, tive que aproveitar.
– Aquela lenda idiota não me deu medo! - afirmei - E eu discuti com William Hãnsel pelo simples motivo de que nós acabamos nos esbarrando e ele foi muito mal educado comigo e ainda por cima, exigiu que eu pedisse desculpa.
– Ah, garota - a voz de Brad já estava se tornando familiar para mim - Se fosse eu no seu lugar, não sei se resistiria.Aquele cabelo, aquela boca, aqueles olhos... - concordei com tudo, no entanto nunca falaria em voz alta.
– Fala sério, Brad.Sinceramente? - Henry não parecia gostar muito de William - Aquele garoto é um idiota.Não fala com ninguém, sempre metidinho, sempre de nariz em pé, sempre prepotente...
– Querido Henry, eu disse que William é bonito e não que ele não era um idiota.Ele é aquele tipo de lindo idiota, mas ainda sim lindo.
– Ora, por favor - murmurou Henry irritadiço
– Está com ciúme, Henry Philips? - brincou Brad - Nunca dei motivos para isso e você sabe que eu só tenho olhos para você.
– Confio em você - ele olhou fixamente em meus olhos, enquanto sorria abertamente, e não desviou um segundo se quer, o que me deixou um pouco envergonhada.Agora eu também o encarava e sorria com aquilo.Foi ai que percebi o quanto Henry era bonito e cheio de charme.
Eles eram pessoas bastante divertidas e me fizeram sorrir muito mais do que imaginei ser possível em uma segunda-feira, ainda mais letiva.
...
Agora sim, eu estava oficialmente mais feliz.
As aulas tinham chegado ao fim e meu dia tinha sido melhor do que o previsto.
Mas felicidade cansa e eu estava exausta.
Depois de me despedir de meus - talvez - futuros amigos, eu resolvi esperar Olaf - que já deveria estar chegando - em frente a escola.
Caia uma pequena garoa naquele momento, no entanto não me intimidei e continuei meu caminho.
Peguei meus fones de ouvido, coloquei em uma música aleatória e alta e fugi de minha realidade, enquanto cantarolava partes da música.
E esperei por Olaf.
Até que, eu não ouvia mais a música que quase explodia meus tímpanos, não sentia mais a garoa contra minha pele e muito menos me importava com as pessoas a minha volta.Eu estava concentrada demais na cena de William e Georgia discutindo, quase em minha frente.Sim, Georgia era a senhora do mercado e a dona da biblioteca.
Acho que não queriam ser vistos, porque estavam atrás de uma árvore, longe do olhar dos outros alunos.Eu só conseguia vê-los porque estava afastada dos outros, estava afastada para aquela direção.
De onde se conheciam?
O que discutiam?
O que estavam falando?
Essas e outras perguntas rondavam minha cabeça, mas a única certeza que eu possuía naquela hora era que, eu tinha que visitar uma certa biblioteca.
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