O Garoto da Última Casa escrita por Bruna Ribeiro


Capítulo 42
Capítulo 41


Notas iniciais do capítulo

Hey, hey.
Queria dizer que estou muito feliz, e estou assim porque recebi tantos comentários (principalmente da Katherine Price) e uma recomendação tão linda e perfeita.
Esse capítulo é para a Felipa - sua recomendação foi realmente perfeita - e para as pessoas que me deixaram comentários muito maravilhosos. Nem sei como agradecer, na verdade, bem...
WILLIAM MANDOU UM BEIJÃO, GATAS.
e eu também.

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CAPÍTULO 41 - OLHE PARA O LADO, EU ESTOU AQUI.

–Eu vou com ele! – falei firme, para um homem alto e com cabelos claros, que acabara de colocar Olaf na ambulância. Ele me olhou e deu um sorriso triste, enquanto as poucas pessoas curiosas em nossa volta, se focavam apenas em cochichos e observações.

–Desculpe, mas você não é uma opção. A senhorita ali – ele apontou para Jade, que falava com um outro homem também do hospital, explicando alguma coisa que envolvesse várias mexidas com as mãos -, é a melhor indicação. Você é menor e temos papéis para serem assinados. Fique essa noite em casa e vá vê-lo amanhã.

–Não posso – rebati com a voz rouca e fraca, quase como um sussurro – Deixe-me ir.

–Me desculpe, mas esse é meu trabalho. Você não irá. É melhor assim.

Fechei meus olhos com força.

O que ele sabia sobre o que era melhor para alguém? Tudo bem, ele trabalhava em um hospital, mas mesmo assim ele não sabia.

Quando Jade tocou meu ombro, eu abri meus olhos novamente.

–Eu sei que é difícil, mas vou mantê-la informada. – ela disse tão séria que quase não achei que fosse Jade em minha frente – Eu não deveria tê-lo deixado aqui, mas deixei. Acho que preciso fazer isso por mim e por ele.

–Qual foi o motivo da briga de vocês?

–Eu queria ser um pouco mais confiante e Olaf era confiante demais. Tudo era fácil para ele e isso me irritava. Agora eu vejo que amo isso nele mais que tudo. Eu sou, provavelmente, a pessoa mais idiota do mundo.

Não, ela não era.

Esse posto já era meu.

Quem diria, não? Disse que gosto de uma pessoa, a beijo, ela chama por outra garota e ainda tenta matar meu tio. Quem diria?

–Olaf ficará bem? – perguntei ao homem.

–Não sabemos ao certo, mas estamos confiantes. Ele perdeu muito sangue e isso é o mais preocupante – ele respondeu e se virou para Jade – Vamos, senhorita, não podemos perder mais tempo.

–Sim, tudo bem – os dois se encaminharam para ambulância e antes que a porta fosse fechada, eu olhei para Olaf, inconsciente, ali. Sua pele estava mais clara e ele respirava com ajuda de aparelhos. ‘’Você vai ficar bem’’ eu disse apenas para mim mesma ‘’Eu tenho certeza, Olaf, você ficará bem’’

Quando o veículo dobrou em uma esquina e desapareceu de minha vista, as pessoas começaram a voltar para suas casas. Antes que eu fizesse a mesma coisa, fui parada. Não por olhos azuis e cabelos negros, mas por um mulher inteiramente vestida de preto.

–Alexis, quem fez isso com Olaf? – ela perguntou e eu engoli em seco. Eu não queria responder o que eu achava, porque eu não conseguia controlar minhas palavras. E também, pela primeira vez, Miranda estava falando comigo docemente, sem olhares raivosos. Eu gostei disso. – William também está preocupado, ele foi o primeiro a ouvir a ambulância e ver de onde vinha. Ficou totalmente enlouquecido para vir até aqui e ver se você estava bem, mas eu disse que iria. Sophie e ele estão esperando algumas explicações agora.

–Ah, estão? – falei com ironia, mas ela pareceu não notar – Pois deixe comigo, Miranda. Eu darei algumas explicações para William com o maior prazer.

Antes que ela perguntasse mais alguma coisa, eu comecei a andar depressa. Eu estava com tanta raiva que a possibilidade de William ser inocente nem passou por minha cabeça. Olaf nunca havia falado sobre William antes e de repente diz o nome do Hãnsel antes de desmaiar? Isso é no mínimo suspeito. E, além do mais, William e Jessica havia saído juntos horas antes, não me admiraria se estivessem feito isso juntos. Na verdade, nada nesse novo William me admiraria.

Pude perceber que Miranda tentava me acompanhar, mas eu estava bem na frente.

Quando finalmente alcancei a casa da família Hãnsel, eu não precisei bater. A porta estava aberta e eu logo entrei.

Sophie estava no colo de William e ria sobre alguma coisa que ele falava, enquanto o Hãnsel acariciava seus cabelos. Quando os dois me viram, ficaram surpresos e sorriram logo depois, quase em uma sincronia perfeita.

–Alexis – Sophie saudou, animada, e eu apenas lancei um sorriso torto em sua direção.

–Miller, que droga, você me assustou – ele falou, levantando-se e deixando apenas Sophie no sofá onde estavam sentados. – Não pode chamar uma ambulância nessa cidade sem que os outros pensem que morreu. Achei que as Bruxas tinham feito algo.

–Não finja que está preocupado! – eu rebati mais alto do que deveria. Miranda entrou na casa nessa hora e, como Sophie, me olhou assustada – Por quê fez isso? Droga, William, por quê?

–Fiz o quê, garota? Me preocupei? – ele disse e eu senti a raiva me consumir ainda mais. Como ele conseguia fingir que não era nada?

–Você tentou matar, Olaf! – eu disse e Miranda prendeu o ar, atrás de mim. Ela, assim como eu, sabia que era bem possível que minhas palavras estivessem certas. William não gostava de Olaf e ele era um Amaldiçoado, afinal, agora – Mas, fiz questão de vir aqui, olhar nos seus olhos – eu encarei aquele azul intenso e me arrependi, mas me mantive tão firme quanto possível -, e dizer que você não conseguiu mata-lo e eu não vou permitir que faça isso, nunca. Eu estou aqui, William, e dessa vez não vai ser tão fácil chegar perto dele.

Me virei e sai da casa.

Eu não queria me trancar em meu quarto, eu não queria olhar para o sangue de Olaf no chão, eu não queria lembrar o quão idiota fui esse tempo inteiro.

Alguém me segurou pelo braço e me virou.

–Você acha mesmo que eu deixaria você me dizer tudo aquilo e depois deixa-la ir? – William me disse, entredentes, ainda segurando meu braço. Tentei me soltar, mas ele o apertou mais.

–Me solte, Hãnsel – eu sibilei – Agora!

–Para você me acusar novamente e ir embora? Oh, não, Miller, não dessa vez. – ele disse – Eu não tentei matar Olaf, porque, garanto a você, que se fizesse isso, seu tio não estaria vivo agora.

–Você saiu com a Jessica, horas antes, e ele falou seu nome, antes de morrer. O que espera que eu ache? Essa Maldição...

–Ah, esse é o problema? A Maldição?

–Você...

–Miller, a Maldição ainda não me afetou.

–Seu aniversário é hoje.

–Isso mesmo, mas Olaf foi atingido ontem, tecnicamente falando. Eu ainda estou são.

–William, você? São? Os últimos dias não concordam com isso.

–Você não entende, não é? Eu dou dicas, mas você é tão sou-uma-sofredora-e-quero-sentir-dor.

–Eu sou o quê?

–Eu não estou com os efeitos da Maldição, Miller, apenas saiba disso.

–Não? – eu ri e ele me olhou furioso – William, me explique essa semana então.

Ele me olhou por alguns segundos, como se tentasse decidir se faria isso ou não.

–Nunca iria entender mesmo – William me soltou, mas continuou com os olhos fixos em mim – Eu não tentei matar seu tio e nunca faria isso. Acredite em mim.

–Por que todas vez que eu faço isso, eu acabo me dando muito mal, William?

–Porque tudo que é certo, dá errado – ele falou, mais para si mesmo do que para mim – Mas acredite em mim, mesmo assim.

–Eu acho que se falasse que acredito no que diz, não estaria apenas enganando você, estaria me enganando.

[...]

O meu quarto parecia tão vazio agora.

Era como se não fizesse mais sentido eu estar ali, fazendo o que fazia, querendo o que queria, sendo quem eu era.

Apertei o quadro em meu peito.

Minha avó me entenderia, sempre me entenderia.

Toda vez que eu estava com problemas, ela tinha as soluções e quando eu estava cheia de perguntas, ela me dava as respostas. Eu a amava tanto. E então, como todas as outras pessoas, ela me deixou. Não porque queria, mas porque tinha que ir. Acho que isso era natural.

Mas era horrível, do mesmo jeito.

Parecia que todas as pessoas que morriam e que eu conhecia, sempre faziam, antes de dormirem para sempre, algo bom. Minha avó foi a melhor amiga que eu já tive, minha mãe: a melhor mulher que conheci, meu pai: o melhor homem. E eu sempre quis ser como eles. Tentei entrar em uma campanha de voluntários com animais, por exemplo, mas eu acabei soltando os cachorros, literalmente.

Levantei o quadro em minha direção e observei a paisagem.

Era tão bonito como as cores se mesclavam e como tudo parecia calmo ali, como algum tipo de paz interior. Parecia o tipo de lugar para se fugir, quando tudo desse errado de vez. Eu gostava daquele lugar e aposto que minha avó também gostaria.

Tudo estava em perfeito estado com a pintura, a não ser por uma pontinha de papel que prendia em um dos lados do objeto. Pelo menos, parecia um papel.

Eu olhei melhor.

Sem dúvida, era um papel e parecia preso.

‘’A carta está em meu lugar favorito’’

Foram as palavras da minha avó, em uma carta, mas seria possível?

Me sentei na cama e tentei tirar o vidro que evitava o contato das pessoas com a pintura. Me vendo sem alternativa e completamente enlouquecida, eu joguei o quadro no chão. O vidro se quebrou no mesmo instante e com cuidado, eu desci da cama. Caminhei em direção onde a imagem estava solta e levantei-a. Meu coração acelerou na mesma hora. Um papel amarelado estava cuidadosamente dobrado ali.

Sem poder conter minha curiosidade, eu peguei o papel e voltei para a minha cama rapidamente.

Depois de alguns suspiros, eu abri a folha. A letra de minha avó era mais do que conhecida para meus olhos.

‘’Espero que tenha achado essas palavras rapidamente, minha querida Georgia.

Eu realmente queria ter dito tudo antes, sem enigmas, mas você conhece seu mundo muito melhor que eu, se eu assim fizesse, minha família e eu estaríamos condenados, mais do que já estamos.

Bem, eu não sei como começar.

Ora, deixe-me ver, Alexis sem dúvida é a Híbrida, eu ouvi enquanto Elas falavam.

Oh, isso não é bom começo mesmo, vou tentar de novo.

Eu havia acabado de descobrir sobre a morte de Olívia. E, por mais que eu tentasse me manter afastada de Alexis, eu só conseguia olhar para ela e pensar na Lancaster e em como deveria ter sofrido quando Alexis passou a ser definitivamente apenas uma Miller.

Eu resolvi que seria melhor prestar minhas condolências a família pela morte da mãe de minha neta. Ora, eu me senti culpada, não vi como poderia fazer outra coisa.

Quando cheguei na casa da família, tudo estava escuro, na verdade, tudo era escuro. A porta estava meio aberta e eu então ouvi as duas cochichando sobre a Maldição, Alexis e William. O que eu fiz, minha querida? Eu sai correndo de lá achando que elas eram doidas, óbvio.

Mas os dias foram passando e eu me perguntava o que estava acontecendo, de fato.

Conheci você, conheci seus livros e fiz com que me contasse, depois de meses tentando, um pouco mais desse mundo dentro de outro mundo. Eu não contei para você o que sabia, porque eu sei que iria tentar me impedir, então resolvi agir por mim mesma.

Ah, mas eu deveria saber que os Miller não têm sorte nem em um jogo de dama, quanto mais em uma missão suicida.

Cada dia que eu as espionava, mais eu descobria coisas sobre a cidade e os segredos que sempre estiveram escondidos entre as pessoas que só seguiam suas vidas normalmente.

Uma vez, eu estava observando aquela família, de longe, e vi quando elas levaram outras mulheres para a casa em que moravam. Nem preciso dizer que fiquei mais do que curiosa para saber o que estava acontecendo, não é? Me lembro que andei calmamente e cheguei perto de uma janela, apenas para ouvir elas sussurrarem que se não matassem Alexis no próximo fim de semana, não poderiam fazê-lo mais. Não sei o motivo, mas tinha a ver com o sangue dela ou algo assim. Sim, foi por esse motivo que levei a família inteira para um passeio surpresa em uma ilha, em qualquer lugar pelo mundo, por uma semana inteira.

Quando eu voltei, elas não estavam mais na cidade.

Isso foi um grande alivio, até agora.

A verdade é que, as Lancaster tem uma marca de nascença – Alexis não a tem, talvez por puxar mais a nossa família ou algo assim – e eu percebi isso logo nos primeiros dias de minha espionagem. É uma marquinha avermelhada na clavícula.

Alguns dias atrás eu estava andando na rua, quando eu vi uma mulher, parecia um pouco mais nova que eu, jogando as compras no seu carro. Até ai tudo bem, certo? Mas ela usava uma blusa sem mangas e eu vi, minha amiga, eu vi. Eu vi a pequena manchinha. Ela olhou em minha direção e sorriu, e tudo o que eu consegui fazer foi a mesma coisa. Não tinha opção, tinha? Eu sei, foi um erro não ter contato nada a você, repito, mas estava assustada e me achava boa demais para elas. Mas estava enganada.

Depois de seguir a mulher por alguns dias, eu percebi que ela orava sozinha. Mas aquela mulher não era parecida, fisicamente, com nenhuma das parentes de Olívia e eu estranhei. Descobri recentemente que isso é um feitiço de disfarce, minha querida.

Deixe-me contar como descobri.

Eu ouvi ela falando com outras mulheres sobre William Hãnsel, em sua casa, e constatei que, se não fosse nem a irmã de Olívia ou a mãe, também estava envolvida.

Então, quando ela tirou algo do bolso, voltou a sua forma normal.

Era a irmã, sem dúvida, era ela.

Oh, minha querida, aquele dia foi terrível.

Ao que tudo indicava ela estava explicando ‘as regras’ de alguma coisa, para uma recém chegada. Ela contou tanta coisa.

Contou sobre Olívia principalmente.

Minha amiga, ela matou a irmã! Oh, nossa.

Ela disse exatamente ‘Queria dizer a você, que as regras são tudo o que precisa saber para se manter viva. Olívia, minha queridíssima irmã, desobedeceu elas, quando resolveu ter uma pequena bolinha de gordura, como você sabe, a Híbrida, e teve suas consequências. O que eu poderia fazer se não mata-la? Espero que queira algo diferente para você, Blair’

Eu queria sair correndo e chorar, mas ela manteve a conversa e descobri que aquela mulher não quer apenas que William tenha o mesmo fim trágico que o pai e a família teve, recentemente, mas também quer que a cidade padeça sobre seu poder.

Eu não olhei em seus olhos, querida Georgia, mas eu sabia que havia ódio neles, eu sabia que havia dor e eu nem sei porquê.

Ela falou que Alexis era necessária.

Não, ela não quer que Alexis morra, por enquanto, ela precisa de minha neta agora.

Eu não entendi muito bem, mas tem a ver com meia-noite, sangue, lua minguante e Sarah. Quem é Sarah? Que sangue?

Não sei, mas fico um pouco mais tranquila por aquela Bruxa não querer matar minha neta por ora, pelo menos.

Fui no enterro do Hãnsel também, escondida. E eu vi a minha força ser renovada mais uma vez. O caixão de uma família era velado, enquanto um pequeno garotinho de cabelos pretos e olhos azuis, se debruçava em cima deles e chorava, chamando pela mãe. William tem dois anos agora, você sabe, e ele parece entender tudo tão bem. O jeito como ele gritava ‘Por favor, não desçam minha mamãe’ me deixou sem palavras, eu precisava fazer algo. E fiz.

Fui espiar mais uma vez, essa semana, e a irmã de Olívia me viu finalmente.

Eu senti um medo tão grande em meu peito, quando seus olhos se arregalaram e encontraram com os meus. Eu pulei em meu carro e corri pela cidade e ela não me seguiu. Achei estranho e fiquei aliviada, mas eu sei que a Lancaster fará algo, sei que não deixará por menos.

Por isso estou indo embora, por isso estou me despedindo.

Mas antes, queria dizer á você que fique esperta. Eu não sei que nome ela usa na cidade, mas ela não é nem de perto parecida com a menina que era antes, a menina que conhecíamos como a irmã mais velha de Olívia. Ela nem parece ter a idade que tem. Olhe para a marca, olhe para ela.

A Lancaster está entre vocês.

Com amor, Clarisse Miller’’

A última frase ficou em minha cabeça, até quando liguei para Ashley, desesperada.

‘’A Lancaster está entre vocês’’

E isso era mais fatal do que qualquer coisa que eu conseguia pensar.

A Morte estava perto e a espreita.


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Notas finais do capítulo

O que acharam, amigos?



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