O Garoto da Última Casa escrita por Bruna Ribeiro


Capítulo 38
Capítulo 37


Notas iniciais do capítulo

Hey, estou aqui e estou trazendo um capítulo novo.
Bem, o que vocês acham do Henry?



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CAPÍTULO 37 - MENSAGEM MÓRBIDA.

O barulho do despertador, bem, me despertou.

Entre as cobertas bagunçadas e os travesseiros fora do lugar, eu abria meus olhos com calma. Havia algo maravilhoso em ter a luz da manhã entrando pela minha janela, como naquela manhã. E embora, toda aquela cena parecesse extremamente inocente e cheia de paz, eu sabia que a realidade era outra e talvez menos inspiradora. Minha noite passada, havia terminado sem muita animação. Cheia de leituras que não levaram a lugar nenhum, a não ser o desanimo iminente.

–Alexizinha! – uma mulher jovem e cheia de energia, entrou saltitando pela porta – Você está mesmo aqui! Oh, Deus, isso é perfeito de uma maneira totalmente perfeita. Sério, você parece você mesma, talvez não com esse cabelo bagunçado, mas ainda sim parece você.

–Hey, Jade, estou feliz em vê-la também e a casa agradece pela super limpeza. – disse, me sentando de uma vez só, na cama bagunçada.

–Olaf, não consegue ficar calado, não é? – ela sorriu – Meu namorado é tão falo-demais-e-mereço-um-soco.

–Namorado, não é? – sorri, provocando – Então, Owens ganhou um novo casal.

–Não sei se Owens gostou disso – ela riu – Mas sim, estamos namorando e é tão estranho, mas ao mesmo tempo bom.

–Fico feliz por vocês dois.

–Tem algo que eu preciso contar para você, mas não me lembro o que é exatamente – ela olhou para mim, fixamente – Cara, sério, o que eu deveria falar agora?

–Ah, o qu...

–Ah, Deus, o que é? – ela olhou para o teto e então sorriu em minha direção – Lembrei, tenho que acordar você. Bem, você me parece acordada.

–Estou – confirmei, com um sorriso torto em meus lábios.

–Ah, acho que meu trabalho está feito então – ela disse satisfeita - É melhor você se arrumar depressa, se não quiser chegar tarde em seu colégio.

–Sinceramente, eu queria chegar atrasada.

–Todos querem coisas, querida – ela me disse – O problema é quase ninguém as consegue. E infelizmente, isso vale para você. Vá se arrumar, mocinha.

Enquanto ela voltava para o corredor, eu entrei no banheiro determinada a conseguir as coisas que eu queria.

...

A escola parecia a mesma. Embora, ao mesmo tempo parecesse diferente.

Talvez não fosse a escola, talvez fosse eu. Ou talvez fosse a escola mesmo.

Quando o carro de Olaf dobrou a esquina e eu joguei a minha mochila em um dos meus ombros, os olhares se voltaram imediatamente para mim.

Mesmo eu já esperando uma reação daquelas por parte dos alunos, eu não pude deixar de abaixar a cabeça e me sentir desconfortável com a situação.

Caminhando devagar, ouvindo murmúrios com o tema principal sobre a garota estranha que entrou em coma e logo voltou, eu esbarrei em alguém.

–Sempre esbarrando em mim, não é, Miller? – William disse, divertido, e abriu um sorriso de orelha á orelha – Estou começando a achar que não é acidente.

–É acidente – confirmei – Sem dúvida, acidente.

–Okay, Miller – ele deu uma piscadela em minha direção – Acidente.

– Alexis, como vai? – alguém tocou meus ombros por trás e eu sorri para Ashley, que ainda parecia bastante séria, só que também mais tranquila. Talvez suas esperanças estavam voltando – Chegou cedo.

–Cedo? – perguntei, alarmada. Mas Olaf disse que... – Olaf, me apressou todo o momento até aqui, dizendo que eu ia me atrasar.

–Suspeito - William murmurou e eu ouvi perfeitamente e acho até que era sua intenção.

–Bem, o relógio dele pode estar adiantado – Ashley comentou, mas eu sabia que ela também achava o mesmo que William. Havia algo estranho nisso. Bem, em outras cidades, com outras pessoas, sem dúvida isso seria algo normal, mas não era em Owens e não era comigo.

–Que horas poderia ir até a biblioteca? – perguntei para Ashley.

Mas foi William quem me respondeu, com as mãos no bolso da calça.

–Bem, essa noite vai ser em minha casa. Ás 19h, por ai.

–Por quê?

–Estamos ficando muito tempo na biblioteca e Felipe já deve ter contado sobre o esconderijo – Ashley explicou – Seria idiotice arriscar.

–Entendo – apenas disse.

A verdade? Eu não entendia!

Mas me mantive calada e quieta, como uma boa menina deve ser.

–Você terá aula comigo, Alexis – Ashley disse, depois de alguns segundos em silêncio - História e a senhorita La Canters nos esperam.

William suspirou e foi embora, sem dizer mais nada.

Eu, por outro lado, apenas acompanhei os passos da Oliver. Acompanhar Ashley era bem mais complicado do que eu imaginava. Ela caminhava calmamente, devagar, sem pressa e eu parecia prestes a correr uma maratona a qualquer segundo.

–William, está estranho – Ashley comentou – Está mais calado que o normal e eu conheço ele á muito tempo, sei exatamente que isso é a coisa mais estranha que ele pode fazer.

–Por que está me falando isso?

–Porque, embora tentem esconder, eu sei que algo liga vocês dois. Eu só não tenho certeza do que é. Pode ser a Maldição, mas também pode não ser. E eu tenho muitas perguntas em relação a isso, embora não tenha muitas respostas. Duvido que vocês também saibam, tampouco.

–Não acho que algo mais me liga a William, a não ser a Maldição.

–Alexis, eu sei que está chateada com alguma idiotice que William fez. – ela rebateu – Provavelmente, sobre Jessica.

Eu juntei as sobrancelhas em sua direção e ela sorriu, satisfeita.

–Sei muitas coisas. E sei ainda mais quando me contam – ela respondeu a minha não pergunta – Jessica, depois do beijo, me contou detalhes que eu nem mesmo pedi. E logo desistiu, depois de eu não mostrar interesse. Eu sei exatamente que William fez isso, por alguma razão.

–Porque ele é um idiota, essa é a razão.

–Embora, William seja muitas coisas, acredito que idiota não seja uma de suas características. Mas por que chegou a essa conclusão?

–Bem, no dia que ele beijou a Jessica... – parei de falar, buscando as palavras que me escapavam.

–Sim?

–Ele me beijou também e achei isso uma falta de consideração. Ou algo assim.

–Bem, embora eu esteja surpresa, eu imaginei isso.

–Imaginou que ele iria fazer algo assim?

–Imaginei que ele não queria realmente beijar Jessica – ela respondeu – Ah, vamos lá, desde que você chegou, eu percebi em William algo diferente. Ele parece mais o William criança, o William sem medo de morrer. Minha avó dizia que a verdadeira esperança você encontra, na verdade, em outra pessoa. Minha avó era minha esperança e acho que você é a de William.

–Você acha isso, por causa da Maldição. Todo o negócio de Híbrida e amaldiçoado e tal, tal.

–Como disse antes, pode ser apenas isso, mas também pode não ser.

Eu queria pedir a Ashley que me explicasse melhor essa história, mas ela entrou em uma sala. Quando eu também adentrei a sala, percebi que era a nossa próxima aula. A senhorita La Canters, escrevia distraidamente alguma coisa em sua mesa, enquanto poucos alunos conversavam baixinho.

–Bom dia, senhorita – Ashley falou e eu murmurei o mesmo.

A mulher de cabelos grisalhos e olhos escuros, nos encarou com um sorriso.

–Bom dia, meninas – ela falou. – O dia está ótimo, não está?

–Acho que sim, senhorita – Ashley respondeu.

–Que tal uma prova, então?

Eu me sentei atrás de Ashley e tentei me lembrar de tudo que aprendi em história na minha vida.

...

–O resto, já está atrás da escola – Henry disse, me puxando pelos corredores. Até agora eu tentava entender o que ele estava fazendo. Tudo que eu sabia era que quando sai da minha última aula, Henry apareceu do nada e começou a me conduzir pelos corredores.

–Do que você está falando? – perguntei, quando dobramos em um corredor adjacente.

–Ashley, Gabriel, Jessica... – ele respondeu, sem parar – Estão nos esperando, atrás da escola, para falar alguma coisa importante.

Depois de acenar em sua direção, continuamos com nossa breve corrida. Quando eu avistei a saída da escola, porém, Henry me empurrou para uma sala. A sala do zelador.

Eu quase bati em uma prateleira cheia de produtos de limpeza, enquanto me perguntava que diabos estava acontecendo.

–Henry, o qu... – comecei. Ele ascendeu a luz e me encarou.

–Desculpe-me, Alexis – ele falou – Você se machucou?

–Não, estou bem – eu respondi – O que está acontecendo?

–Sei que não é a melhor hora, mas eu preciso falar com você. Há coisas pelas quais estou passando, que eu nunca passei antes. E elas envolvem você.

–É sobre a Maldição?

–Não, apenas esqueça isso por alguns minutos – ele me disse – Estou falando de você e eu.

Ops...

–Você e eu?

–Bem, a primeira vez que eu vi você, era parte do plano de Ashley. Falei mal do William, para você se afastar dele, mas você não o fez. E acho que quando não se afastou dele, também não se afastou de mim – disse Henry, com certo nervosismo e ansiedade – Acho que isso foi o melhor que poderia acontecer.

–Henry...

–Alexis, por favor, deixe eu continuar, antes que perca minha coragem – ele me interrompeu – Havia algo em você, que me deixava curioso e ao mesmo desejoso. Havia algo em você que parecia me puxar para mais perto, me fascinar de diferentes maneiras. Demorou um pouco, mas eu descobri que não era você. Era eu. Alexis, eu estou completamente apaixonado por você.

Se houvesse grilos ali, certamente eles começariam a cantar.

Há coisas pelas quais você passará um dia, que não serão fáceis de se contornar. Essa era uma das minhas coisas.

Embora, eu gostasse muito de Henry, eu não gostava desse jeito.

Ele era meu amigo e eu não tinha tempo para me apaixonar. Não agora.

–Henry, bem, olha...

–Eu sei que é pedir muito para que você pense a respeito sobre isso agora, mas se sobrevivermos a tudo isso – ele riu – Eu vou espera-la.

–Henry, eu não sei o que dizer.

–Vi umas pesquisas e geralmente 56% das pessoas realmente não sabem o que dizer nesse tipo de situação. Mas, como eu disse, eu vou esperar, quando estiver pronta, eu também estarei. E se você falar um não, eu vou entender e se falar um sim, bem, eu vou gostar certamente bem mais.

Eu ri com aquilo.

Lidar com Henry era tão mais fácil, tão mais calmo. Eu acho que começaria a pensar nessa possibilidade. Eu merecia ser feliz, caso saísse dessa confusão, e acho que Henry era a pessoa certa para isso.

–Vou pensar, com certeza – disse e ele sorriu.

De mãos dadas, caminhamos até os outros.

...

–O que está acontecendo? – Henry exclamou, enquanto eu olhava para William segurando Felipe firmemente contra a parede, com ódio nos olhos. Todos os outros estavam ao seu redor.

–Olha, vermelhinho, o que está acontecendo, é exatamente o que está vendo – William vociferou as palavras - Eu vou acabar com o idiota aqui.

–William – Ashley tentou chama-lo, mas ele a ignorou.

–E ele teve a audácia de vir aqui no colégio – William riu, com desdém, e com os olhos fixos em Felipe, que parecia relaxado – Você vai se arrepender disso, cara, eu pensei em muitos jeitos de te matar e certamente vou usar um deles. O que você prefere? Enforcamento ou afogamento?

–Prefiro que me solte – ele respondeu, com dificuldade, devido o aperto do Hãnsel – Eu trabalho para as Bruxas, de certa forma. E embora você ache que está em vantagem em relação a mim, sou importante demais para elas me deixarem vir aqui sozinho. Você pode não as ver, mas elas estão vendo você, William Hãnsel.

Mesmo não querendo, todos olhamos por alguns segundos ao redor.

–Então, acho melhor proporcionarmos um belo show a elas – William disse.

–Estará morto antes que sonhe em fazer algo – Felipe rebateu.

–Oh, todos sabemos que elas querem me fazer sofrer antes.

–Tudo bem, William, então estará seriamente machucado – corrigiu-se Felipe – Me solte!

–Nunca!

–Me solte agora! Acredito que não se lembre, mas ainda sou um bruxo e você é apenas um amaldiçoado.

–Tudo bem, William – Ashley garantiu – Eu ainda sou mais poderosa que Felipe, ainda posso controla-lo. Ele ficará aqui, garanto.

William com certa hesitação, o soltou.

Felipe sorriu, enquanto tentava respirar melhor. Seus olhos se fixaram em Ashley primeiro e pareciam confiantes demais.

–Doce, doce, Ashley – ele disse – Como está, minha querida? Soube que sua família a abandonou recentemente. Uma pena. Bem, para você, claro.

Droga, eles sabiam. Ah, é claro que sabiam.

–Estamos melhor do que imagina – ela rebateu.

–Não tão melhor assim – ele deu de ombros e fixou, naquela hora, seus olhos em mim. Eu congelei. Havia algo mórbido neles, algo terrível e eu me perguntei como nunca notei isso antes – Oh, Alexis Miller, como está?

–Bem melhor do que você ficará – respondi.

–Que confiante – comentou – Acho que foi isso que quase me fez vomitar, quando as Bruxas mandaram em seduzir você.

–Acho que as Bruxas se decepcionaram, quando a sua fatídica sedução não funcionou – falei.

–Não ficaram exatamente satisfeitas, mas também não me culparam. Afinal, você é o amaldiçoado tem um Destino em comum e embora as minhas senhoras sejam bastante poderosas, há uma coisa que ela não podem derrotar. É o Destino, querida. E vocês tampouco podem fazer diferente.

– O que você quer? – falei raivosa.

–Elas querem dar a vocês, pobres moribundos, a chance de incomodar um pouco. E cá estou eu, para lhes proporcionar isso – ele disse.

–O que isso quer dizer?

–Quer dizer, que elas farão um feitiço de invocação daqui a exatamente três meses e se vocês não impedirem isso, podem se considerar acabados.

–Quem elas pensam em invocar?

–Sarah, é claro.

Eu ri, com aquilo, eu já havia sonhado com Sarah. Ela estava arrependida, não faria nada daquilo.

–Isso não vai dar certo – comentei, confiante.

–Se está tão sorridente assim por causa do sonho que teve com ela, pode esquecer. Sua doce tia, implantou ele em você. Nada daquilo era verdade, apenas uma mentira a mais na sua vida.

– O quê?

–Sarah não tem alma e um ser sem alma, pode ser controlado – ele respondeu – Se Sarah lançou uma Maldição desse nível, apenas por vingança, imagine só, o que sua tia fará com ela sobre seu poder.

Eu imaginava muitas coisas e não gostava de nenhuma.


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Notas finais do capítulo

Vocês gostam do Henry com a Alexis? O que acham sobre essa invocação?
Quero suas respostas hein.



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