O Garoto da Última Casa escrita por Bruna Ribeiro


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Oi,
Escrevi esse capítulo na madrugada kkkk E estou morrendo de sono agora, mas tudo bem.
Espero que gostem.E se tiver erros ortográficos, me desculpe, como disse, eu estou quase dormindo aqui.



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CAPÍTULO 14 - GANHANDO VIDA

– É, era uma família muito bonita - disse meio nervosa para a mulher em minha frente.

Ela não tinha mudado nenhum pouco desde quando a vi pela primeira vez, até mesmo as roupas que usava agora, eram bem parecidas com as que ela esteve vestida no mercado.

Aqueles olhos extremamente pretos me encaravam desafiadoramente.

– Os Miller são lamentáveis mesmo - ela não demostrou nenhuma emoção - São tão insolentes, e ainda usam a desculpa de que precisam saber das coisas.Sempre querendo um porquê.

– Talvez, por que isso seja uma coisa inteligente á se fazer - enfrentei.Tudo bem as pessoas falarem de mim, não ligo, mas aquela mulher estava falando da minha família, e ela não sabia nada sobre nós - Não aceitar perguntas sem respostas.Afinal, tudo tem um porquê, cabe á nós descobri-lo.

–Vejo que Híbridos podem ser bem audaciosos - ela riu - Seu sangue, garota, tem uma mistura nada agradável.Você é do sangue dos Miller, dos Lancaster, de bruxas e mundanos.Isso deve ser horrível.

– Nem tanto - dei de ombros - Acho que me sentiria pior se andasse vestida sempre com uma roupa ridícula preta.Isso sim, deve ser lamentável.Não ter roupas de outra cor, apenas preto, sabe?Como se a cada dia fosse para um enterro diferente.

– Talvez amanhã eu possa ir no seu - ela comentou.

– Quem sabe, não é mesmo? - cruzei os braços em frente ao meu corpo - Pode ser que sim, pode não ser que não.Nunca se sabe.

– Ah, garotinha, estão confiando demais em você - ela vociferou - Acho que meu William não pode depender de você, ele tem que se livrar da maldição por si mesmo.Você não serve.Eu, se fosse Ashley, a descartaria no mesmo minuto que meus olhos encontrassem os seus.

– Não sou uma roupa, que se não serve é descartada - trinquei os dentes - E pelo que vejo, você também não é Ashley.Acho que Ashley tem roupas mais claras, e de diferentes cores.Ah, sem falar que, é menos rabugenta - Se eu descontei minhas frustrações nela?Talvez um pouco.

– Ora sua...

– O que é que está havendo aqui?- William descia as escadas lentamente e alternava o olhar entre nós duas - Dava para ouvir as vozes lá de cima.

– Então você, provavelmente, ouviu como a garota foi petulante e mal educada - a rabugenta senhora não esperou resposta e saiu da sala

– Que diabos você disse á ela, Miller? - ele se aproximou - Eu nunca a vi assim.

– Ela é...

– Se vai falar alguma coisa do tipo que eu acho que vai falar - interrompeu -, é melhor não falar nada.

– Quando fizer sentido, podemos voltar á conversar - disse - Quero ir embora.

– Não banque a mimadinha comigo

– Porque eu quero ir embora de uma casa que, provavelmente, a empregada está bolando a minha morte na cozinha?

– Ela não é uma empregada - corrigiu - É minha governanta e amiga.Quase uma mãe.

– Me leva daqui de uma vez.

– Vem logo.

...

Já que a diferença entre nossas casas era muito pequena, fomos á pé mesmo.

– Miranda parecia zangada como nunca - ele me encarou, enquanto andava - Sério, o que fez?

– Você fala como seu tivesse dado um soco nela - respondi - Ela é a culpada, não eu.Ela falou mal da minha família, e de mim.

– E ..?

– E que eu não ia ficar quieta.Eu falei que ela era rabugenta e que sempre usava roupa preta.

Ele riu

– Acho que não foi só por isso, mas depois converso com ela.

Não falei mais nada - e nem William - por mais alguns passos.Dava para ver minha casa - e como ainda era de tarde, as luzes estavam apagadas.Tudo que me atormentava, despertou de novo.

Olaf era meu pai.

Eu era sua filha.

Pior, eu era uma Híbrida.

Quer uma coisa ainda pior?Eu podia decidir sobre a vida de William e de outras pessoas, sobre a saúde da cidade, sobre uma maldição.

– Ela acha que não sou boa o suficiente para quebrar a maldição - revelei

Ele hesitou.

– E, provavelmente, está certa - ele não me olhou e no começo achei que fosse uma piada, porém ele parecia falar sério - Quem estamos tentando enganar?Você é uma mundana, não sabe de nada, e acho que também não pode me ajudar.

– Ah, eu sinto muito por isso.Uma coisa que não tenho a menor culpa, por sinal.

– Não estou dizendo que tem culpa, só que... é a verdade. - ele parou e eu o encarei, também parada - Mas é minha única e melhor chance.

– É tipo ''Só tem essa, vai essa mesmo'', certo? - ri sem humor

– Alexis...

– Esquece, William - eu continuei andando e sabia que ele estava atrás de mim.Por alguma droga de razão eu estava chateada com suas palavras.Eu queria bater nele e dizer o quão errado estava, mas talvez ele não estivesse - Eu não ligo mesmo - Eu ligava sim.

Ele segurou meu braço e me puxou para trás, só que ele usou mais força que o necessário, e...como posso dizer?Ficamos mais perto que o necessário também.

Nossos narizes quase podiam se encostar, seu olhar parou no meu e por alguns segundo ninguém falou nada.Eu podia sentir sua respiração acelerada - e provavelmente ele podia sentir a minha também - e seu toque, que me provocava calafrios.Acho que o toque de qualquer um me provocava isso.Acho.

– Minha parte cética não acha que você possa conseguir - ele não se afastou de mim, e eu mal prestei atenção ao que ele dizia - Mas minha parte confiante quer te dar uma chance.Você é minha única chance.

O que eu deveria falar agora?

– É..certo, eu acho - e o prêmio de garota mais idiota vai para....Alexis Miller.Você mereceu garota.

Ele me largou e por um segundo eu cogitei a ideia de voltar mais para perto dele.

– É melhor irmos logo, os amigos do pai da Ashley já devem estar chegando - ele continuou até minha casa.

Assim que chegamos na entrada, ele parou.

– Não acho uma boa ideia Olaf saber que estou andando com você.Ele pode ter voltado agora, mas acredito que conhece minha família e o passado dela.Não vai querer você perto de mim, provavelmente - William tirou do bolço de sua calça larga, alguma coisa embrulhada num lenço de seda azul.Quando ele desembrulhou pude ver o brilho do objeto e senti calafrios.Era uma adaga e parecia afiada.

– O que pretende fazer com isso?

– Limpar os dentes é que não é - disse para a garota com um olhar assustado.Sim, eu - Quero que fique com você

– Você andou se drogando ou o quê? - falei alarmada.Eu mal tocava nas facas que usava para cortar minha comida, imagine então isso - Não sei o que fazer com isso.Nunca usei nada assim.

– Não é difícil, até você pode conseguir - ele sorriu - Coloque em um lugar perto e se alguma coisa quiser lhe fazer mal, espete-a.

– Alguma coisa?Você quer dizer bruxa?

– Duvido que alguma bruxa lhe ataque agora, costumam fazer isso á noite.Sem falar que, ainda é muito cedo para uma bruxa vir pessoalmente até você.Ainda é um formiguinha perto delas, não tem muito perigo - ele me entregou o objeto - Estou falando daqueles monstrinhos que elas tem.

– QUÊ? - gritei

– Não grite - mandou - Elas são bruxas, podem enfeitiçar alguém e transforma-lo em uma aberração da natureza ou fazer suas próprias aberrações, tanto faz.O caso é que elas tem seres bem horripilantes que fazem alguns de seus trabalhos sujos.Essa espada é de prata e pode matá-los rapidamente, porém é a única coisa que consegue fazer isso, o resto das espadas, adagas e outras armas, com outros matérias, apenas os machuca.Mas Ashley explica mais depois.

– Espero.

– Entendeu?

– Na verdade, fiquei confusa na parte de fazer aberrações da natu...

– Estou falando se entendeu o que é para fazer com a adaga.

– Entendi - falei - Esfaquear alguma coisa que quiser me fazer mal.

– Sim - concordou - Mas também grite, caso não tenha controle da situação, o que provavelmente deve ocorrer, os seu ''seguranças'' vão estar aqui em frente e eu vou estar na minha casa, mesmo assim posso escutar e eles podem me avisar.

– Certo.

– Guarde a adaga por baixo da camisa.

– Mas pode me espetar e...

– Miller, por baixo da camisa, vai.

Guardei a adaga embaixo da camisa.Quando a lamina da adaga encostou em minha pele, me provocou alguns arrepios, porém tentei parecer não me importar.

Lição do dia?Adagas por baixo da camisa não é uma coisa legal á se fazer.

Eu olhei para a janela do primeiro andar da minha casa e pude ver Olaf falando ao telefone.Ele parecia nervoso, ficava andando de um lado para o outro e mexendo no cabelo.

William seguiu meu olhar.

– Eu imagino que essa situação seja difícil - enquanto ele falava eu não tirava os meus olhos da janela -, mas não conte nada a Olaf, não agora.Ele não sabe e é melhor que fique assim, por enquanto.

– Eu não ia contar nada - dessa vez encarei os olhos azuis á minha frente - Só...sei lá, é tudo muito estranho e novo, para eu digerir.É difícil.

– Acho que entendo - ele olhou para os sapatos e depois seus olhos encararam os meus - Mas uma situação dessas, pede tacos de sorvete.

– O quê?

– Tacos de sorvete? - concordei - É uma das maravilhas do universo.Nunca comeu?

– Eu e mais o resto do mundo.

– Eu faço os melhores - elogiou á si mesmo - Qualquer dia faço alguns para você, duvido que não fique bem em segundos

–Acho que qualquer ajuda é bem-vinda e aceita.

– Então está combinado.

Eu ri fraco.

– Obrigada.

– Imagina, eu faço tacos para o Brad a toda hora.

Eu parei de sorri e me focalizei no moreno a minha frente.

– O que foi? - ele olhou ao redor - Meu cabelo tá parecendo um esquilo? - eu até riria, no entanto não estava afim de achar graça de nada e um mau humor terrível me invadiu.

– Até mais, William Hãnsel - abri o pequeno portãozinho que separava a rua de minha casa e andei á passos firmes para a mesma.

– Miller, você é doida?Bipolar?Precisa de ajuda psiquiátrica? - ele gritava da rua, mas eu sei que apenas eu o ouvia bem - O que aconteceu?

– Vai para sua casa, Hãnsel - gritei de volta.

Eu me esqueci que Olaf estava na sala e fechei a porta com muita força.De proposito.

– Me parece que alguém está estressada - Olaf jogou o telefone desligado no sofá - Achei que passar a noite com sua amiga nova ia te deixar mais feliz, sei lá.

– Não é isso.

– E o que seria?

– TPM - falei a primeira coisa que me veio a cabeça.

Talvez não fosse TPM, talvez fosse TCH.

Tudo Culpa do Hãnsel.

– Acho que vou ter que me afastar por uns dias então - ele deu um passo para trás, como se eu eu tivesse uma doença contagiosa ou algo do tipo.

– Vai passar em algumas horas - eu sorri e olhei para seu rosto.Ele realmente tinha feições parecidas com as minhas.Mas como eu poderia desconfiar?As pessoa falavam que eu era parecida com meu pai, Edward, e Olaf também era parecido com ele.Talvez isso confunda as coisas um pouco,porque na verdade eu não me pareço com Edward ( alguns traços, quem sabe? ), e sim com Olaf.

Seu sorriso diminuiu.

– Por que não para de me encarar? - perguntou - Esqueci de tirar a maquiagem de novo?

– Quê?

– Esquece, pirralha.

– Eu vou lá para cima.

– Para baixo é que não vai, não temos porão.

– Parece mais bem humorado.

– Eu?

– Eu vi pela janela você falando ao telefone.Quem era?

– Um cara...

– OLaf!

– Uma mulher desconhecida...

– OLaf!

– Uma mulher conhecida.

– Jade?

– Não.

Dessa vez apenas o olhei séria, como se dissesse ''Fale de uma vez, cara'', pelo menos era isso que esperava estar parecendo.

– Tá, talvez seja a Jade.

– E ai?

– Falei o minimo que consegui e a conversa até que ocorreu bem.

– Eu disse.

– Cara, você acabou de me arrancar uma informação mais rápido do que a mamãe fazia.Acho que não resisto as suas perguntas.

Eles não resistem um ao outro

As palavras da carta voltaram a minha mente e toda a verdade também.

– Estou cansada, Olaf - me dirigi as escadas - Vou dormir.

– Mas ainda está de tarde.

– E depois vai anoitecer.

– Está com fome?

– Não, comi demais na casa da minha amiga. - eu tinha perdido o almoço, o lanche e não tinha comido direito o café da manhã.Exato, eu menti, mas o que seria mais uma pequena mentira para a minha coleção?

– Então tá - ele deixou eu ir.

Então, subi as escadas com o maior cuidado que consegui, por causa da adaga.

Assim que fechei a porta do meu e a tranquei, limpei uma lagrima teimosa que escorria pelo meu rosto e joguei a adaga em algum lugar.Eu não vou chorar, não vou chorar.Tenho que ser forte.Forte.Repeti para mim mesma.

Assim que me joguei em minha cama, vi de relance atrás da minha mesinha, um objeto de couro.O livro.

– Ah, droga, droga, esqueci - eu o tirei de onde havia escondido mais cedo - Eu tenho que devolver, mas não posso deixar que me peguem.Ah, droga, por que eu peguei ele?Droga, droga.

Fiquei andando de um lado para o outro em meu quarto segurando o livro.Desesperada e distraída, acabei batendo meu dedinho em um dos pés da mesa e larguei o livro no chão na mesma hora, agarrando e xingando meu dedo, agora machucado e dolorido.

– Ótimo, falta alguma coisa? - e fui pegar o livro.

Paralisei.

O livro estava aberto em uma página aleatória no piso do meu quarto, perto da cama, e aos poucos as palavras iam se formando nas páginas.

O livro estava ganhando palavras.E frases.E parágrafos.E, por um lado, vida.


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Notas finais do capítulo

Foi difícil escrever uma certa aproximação entre William e Alexis, porque simplesmente eu não nasci para romance kkk Acho que vou ficar com a fantasia, o mistério, a aventura etc..
hahahahaha



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