Sobrevivendo pela Sorte escrita por Alexyana


Capítulo 18
Capitulo 18 - Morta.


Notas iniciais do capítulo

GEEEEENTE, ceis viram o novo e ultimo episódio da temporada? O que foi aquilo sen orrr? Carl mais gato do que nunca, santa Afrodite! Eu não vou aguentar ficar até outubro sem ele, I can't I can't - frase épica da Elena. Enfim, enfim, aqui vai um capítulo fresquinho, espero que gostem!



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Encaro o corpo no chão por mais alguns segundos, então corro e me agacho ao seu lado. Seu rosto está machucado, e sangue sai de sua cabeça, provavelmente do tiro que levou. Lagrimas silenciosas saem dos meus olhos enquanto procuro alguma chama de vida nele. Não encontro nada.

Tenho a leve consciência que alguém tocou meu ombro, mas não sei quem é, e nem me importo. Fico encarando seu rosto, agora já pálido, procurando sinais daquele garoto que muito provavelmente já é um homem, mas não encontro nada. Espero ver seus olhos verdes com um brilho travesso quando chegava em casa, já adivinhando que ele havia aprontado comigo, mas também não encontro nada. Apenas um corpo morto, com a carcaça de Piter, mas ele já não o habita mais.

Deito com a cabeça em seu peito, igual fazíamos quando éramos crianças, e que nunca mais poderemos fazer. Mergulhada em lembraças, o que resume a minha hoje em dia: viver de lembranças.

Depois de uns minutos, horas ou até mesmo dias o chamado de meu nome chega aos meus ouvidos por meio da voz de Rick. Levanto o olhar em sua direção, que está na minha frente. Ele está com feições amarguradas e com um toque de preocupação.

– Precisamos ir – fala em tom baixo e com compaixão, porém com autoridade.

Entendo que precisamos ir e não me oponho contra isso, aliás, eu não quero mais ficar aqui com a carcaça de Piter. Levanto com o olhar vidrado e com lagrimas ainda molhadas em minha bochecha. Sinto braços me acolhendo, e percebo que são os de Rick.

– Eu sinto tanto. – diz ele. Apenas concordo com a cabeça.

Saio do abraço dele, logo já sendo abraçada por Willian novamente, que os olhos estão marejados. Eu até zoaria ele, se os meus também não estivessem assim. Sasha e Tyreese também me abraçaram, apesar de que não nos conhecermos muito eu já gostei tremendamente de ambos.

Todo o percurso até lá fora passa como um borrão para mim. Mandam-me ir para o ônibus, que será aonde eles irão levar o pessoal de Woodbury para a prisão, e eu simplesmente sigo até lá. Estou realmente me saindo bem no curso de como ser um zumbi parte 1. Uma parte de mim protesta contra essa atitude idiota de levar pessoas inimigas para casa, eu mesma já fiz isso, e todas às vezes deu tremendamente errado.

Porém não devemos julgar as pessoas por coisas que elas não praticaram, talvez sequer soubessem de tudo, mas foda-se, eu estou pouco me importando pra isso agora.

Milhares de cenas desconexas passam pela minha mente enquanto estou sentada no fundo daquele ônibus com cheiro de mofo. Como o sorriso de Piter, tia Charlie perto do fogão, meu tio lendo monotonamente seu jornal, Ashley e Piter de mãos dadas, - essa cena me deu nojo-, minha tia morta na sala. Mas eu não foco em nenhuma, só fico lá, encolhida no banco e encarando a floresta escura pela pequenina janela.

Ouço o murmúrio de pessoas entrando no ônibus, junto com seus passos. Lentamente –ou não- o ônibus é lotado, e ouço a voz de Rick falando para todos se acalmarem e que agora está tudo bem. Claro, sempre está tudo bem.

– Oi, me chamo Patrick – fala alguém ao meu lado. Viro o rosto em sua direção, encarando um garoto de óculos, alto e desengonçado, que se auto- convidou para se sentar ao meu lado.

– Katherine. – murmuro voltando a olhar para fora da janela novamente. É, talvez eu tenha sido um pouco grossa com ele, mas eu não ligo.

– Você está bem? – pergunta ele preocupado. Me comovo levemente com a preocupação dele com uma estranha.

– Não. – aparentemente a comoção não foi suficiente para me deixar educada.

Depois disso ele entendeu que eu não queria conversar e simplesmente ficou em silencio ao meu lado. Acho que a viagem durou mais do que necessário, com várias pessoas conversando sobre o Governador e mil e outras coisas. A maioria dessas pessoas é idosa e crianças, e não vejo muita utilidade em ambos, mas talvez ajude na questão humanidade, que está mínima ultimamente.

Quando chegamos à prisão já está amanhecendo. Aprecio a vista da grama seca graças ao inverno, os zumbis tentando inutilmente nos alcançar, e os vestígios da guerra que acontecera horas atrás. O Sol fraco dando sinais de vida, combinado a brisa fria da um ar nostálgico ao ar.

Sou uma das ultimas a descer do ônibus, recebendo ajuda de Karen e Tyreese que estão na porta ajudando os mais velhos. Respiro o ar frio da manhã, abraçando meu corpo com meus braços magrelos, igual ao meu corpo inteiro, graças à escassez de alimento. Olho para a porta do bloco e vejo Hershel, Carol, Beth e Carl com seu fiel chapéu saindo de lá.

Carl encara todas aquelas pessoas incrédulo, provavelmente não aprovando nem um pouco a atitude do pai de trazer todas essas pessoas para cá. E quando ele me vê sua expressão se torna em um alivio imenso, que parece até que dói. Ele vem correndo em minha direção, como se eu fosse a única água no deserto - certo, isso foi ridículo-, mas o máximo que consigo expressar é um sorriso fraco.

Sinto seus braços me acolherem, e parece que todas as magoas são tiradas dos meus ombros por esse curto segundo. Aperto-o com todas as minhas forças, como se não quisesse nunca mais soltar – o que é verdade- já que todas as vezes que fico longe dele coisas ruins acontecem.

Ficamos assim, abraçados por um longo tempo, não precisando dizer com palavras o quanto ele sofreu com meu sumiço, e todo o meu sofrimento.

– Ele se foi. – murmuro encarando seus olhos cristalinos. Sinto novamente as lagrimas nas minhas bochechas, mas eu não estou me importando muito com isso. - Piter se foi, Carl.

Ele me puxa contra ele novamente, enquanto Rick acolhe todos para dentro do bloco, restando apenas eu e ele parados lá no meio do pátio. Fico grata por ele não dizer que tudo vai ficar bem, essa é uma das coisas que fazem de Carl diferente dos outros. Ele deposita um beijo em minha testa, e o que ele diz faz o meu mundo melhor.

– Eu te amo.

– Eu te amo. – retribuo aumentando levemente meu sorriso, recebendo outro de volta.

Com certeza essa não foi a melhor maneira de receber um “Eu te amo”, mas ainda assim possui o mesmo significado, ou até um maior do que quando você o recebe em um jantar ou na sua primeira vez.

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Passo o todo migrando de cela em cela, ajudando a todos a se acomodarem. Mas então no fim do dia, eu não resisto e vou para a cela dele. Will não está aqui no momento, provavelmente com Beth ou também ajudando alguém, então tenho esse momento só para mim.

Encaro a cama levemente bagunçada de Piter, e me sento nela, abrindo a gaveta de sua cômoda. Se ele me visse fuçando em suas coisas com certeza eu seria uma Katherine morta. Tem algumas balas aqui, algumas bugigangas inúteis, e no fundo da gaveta encontro um relógio de bolso que titio deu para Piter no seu aniversário de 15 anos, junto com uma foto dele junto com Ashley.

Pego o relógio o observando. É uma verdadeira relíquia de ouro, que vem passando de geração em geração pelos homens da família, coloco-o em cima da cama novamente, pegando a foto. Provavelmente foi tirada quando eles ainda eram namorados, eles estão sorridentes, e com certeza aquela Ashley não é igual a essa.

Uma raiva toma conta de mim, e rasgo a foto ao meio, rasgando “Ashley” em pedacinhos, igual ao que eu quero fazer com a verdadeira Ashley. Levanto da cama, pegando a parte da foto de Piter e o relógio, que agora será meu, burlando a tradição de família.

Olho uma vez para a cama dele, aonde ele nunca irá mais dormir, porque ele está morto agora. Igual a uma parte de mim: morta.


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Notas finais do capítulo

Como sempre um gif se despedindo do personagem, acho que já virou tradição. O que acharam? E essa morte de Piter? E essa possível nova Kath? O que vocês esperam dessa nova etapa da fic? ME DIGAM! Enfim, espero os gloriosos comentários dos meus amados leitores.