Vou andando pela floresta, tropeçando a maior parte do tempo, legal. Chego ao riacho depois de uns 5 minutos, é realmente perto da prisão, mas é impossível alguém me ver daqui. Olho ao redor, somente mato, aquele filho da mãe -desculpa tia- não está aqui ainda.

– Pirralha – Sussurra Piter perto do meu ouvido. Dou um pulo devido ao susto, esse garoto sempre surgindo do nada. Viro em direção a ele o abraçando, sinto o cheiro familiar, finalmente algo normal.

– E Woodbury? – Pergunto depois que terminamos de matar a saudade.

– Um caos, o Governador está estranho. – Fala ele sombrio. Acho que isso não é bom sinal.

– E eles sabem que você fugiu? – Pergunto fitando-o. Ele nega com a cabeça. – E vamos fug...

Minha fala é interrompida por um barulho alto, muito comum hoje em dia. Um tiro. E aparentemente vindo da prisão. Ouço outros tiros e o desespero me atinge, começo a correr de volta a prisão, ouço os passos de Piter atrás de mim, então suas mãos seguram meu braço.

– Você não pode ir lá, não agora. – Repreende Piter bravo.

– Lá é o meu lar. – Me livro do seu aperto e volto a correr em direção á prisão, parece que toda velocidade do mundo não será o suficiente para chegar lá a tempo.

Os tiros continuam, e finalmente consigo chegar. Piter não está atrás de mim, talvez ele tenha desistido e ido embora, mas não importa. Avalio rapidamente a situação: há um carro na frente da prisão, com um cara com olho machucado atirando, creio que seja o governador; Rick do lado de fora, no mesmo lugar onde estava antes, com uma arma; vejo uma cabeleira branca no chão, Hershel; Michonne se esconde atrás de um caminhão no pátio; Carol usa um corpo como escudo, que percebo sendo de Axel; há um atirador na torre do outro lado da prisão, e por fim o que mais me aterroriza: Carl no meio do pátio, junto com Beth e Will.

E quando eu penso que nada poderia piorar uma van aparece e entra pelo pátio atropelando tudo, zumbis saem de lá sem parar. É hora de agir, por mais que meu coração grite para eu ir atrás de Carl opto por ir à direção de Rick, que está lutando contra os zumbis agora. Começo a atirar nos zumbis que estão mais perto. As balas de Rick acabaram então ele está usando a própria arma, a situação começa a piorar, nós não estamos sendo mais o suficiente, e minhas balas não durarão para sempre. Atiro em mais dois, então minhas balas acabam, merda, merda, merda. Um zumbi começa a se aproximar, procuro por meu machado, mas percebo que deixei na floresta, fudeu. Tento afasta-lo com o braço, então mais um se junta tentando arrancar um pedaço de mim, o que acontecerá em breve.

Quando penso que tudo acabou ouço tiros, e os zumbis que estavam tentando me comer caem no chão, olho para frente vendo alguém que eu pensei que havia me deixado. Arrependo-me de pensar que Piter tinha me abandonado, ele nunca faria isso.

Olho para ele e sorrio, que simplesmente continua atirando nos zumbis. Adoto o mesmo modo de matar de Rick e começo a acertar a cabeça dos zumbis com a arma, é realmente difícil, mas eu consigo.

Finalmente conseguimos matar todos, Rick nos olha agradecido. Viro-me para encarar a prisão, o pátio está totalmente tomado pelos zumbis. Aquele Governador irá me pagar, filho da puta.

– Podemos entrar pela lateral. – Sugiro vendo que será um pouco difícil entrar pela entrada principal.

– Vamos – Fala Rick já caminhando. Ele está realmente abalado, mas eu o entendo.

Ficamos em silêncio por todo curto caminho, até que chegamos ao pátio, onde todos nos espera. Vejo o carro que Glenn e Daryl usaram para ir à busca, o que quer dizer que eles chegaram, e como Hershel está aqui, eles o ajudaram. Procuro por Carl, e o vejo me encarando sorrindo levemente, me aproximo enquanto os outros estão conversando sobre o ataque.

– Então quer dizer que não aguentou me deixar – Brinca ele.

– Não podem ficar uma hora sem mim que já acontece tudo isso. – Revido.

– Quem é aquele cara com você? – Questiona apontando com a cabeça discretamente em direção a Piter, que está em um canto afastado.

– Ele é meu primo. – Falo. Entendimento toma conta de seu olhar.

– É... Eu vou lá com ele – Falo desjeitosamente apontando em direção a Piter, Carl concorda com a cabeça. Vou correndo em direção a ele.

– Sabe, eu pensei que você tinha me abandonado seu idiota – Digo socando levemente o braço de Piter, o que resulta em um sorrido de lado.

– Nunca – Fala ele bagunçando ainda mais meus cabelos. Olho com raiva para ele, que somente ri.

– Vem, vou lhe apresentar as outras pessoas. – Digo puxando-o pela mão. Paro diante do grupo, que agora me olham interrogativos.

– Bom pessoal, este é meu primo Piter, Piter este é o pessoal – Falo sinalizando com a mão entre eles.

– Primo? – Questiona Willi-Will.

– Sim, eu me perdi dele no começo disso tudo. Encontrei-o em Woodbury.

–Woodbury?! Você trouxe alguém do inimigo para cá? – Exclama Daryl raivoso, partindo em nossa direção. Rick o segura.

– Calma Daryl, ele me salvou. – Informa Rick, acho que isto os tranquilizou um pouco.

– Bem, se você salvou Rick, fique a vontade se quiser ficar conosco – Fala Maggie sorrindo. – Aliás, eu sou Maggie, e este é Glenn, meu namorado – Fala ela apontando para Glenn.

– Eu não sei se vou ficar - Fala ele olhando em minha direção, em uma pergunta silenciosa se ainda vou fugir com ele, nego discretamente com a cabeça. Com esse acontecimento percebo que aqui é minha casa, e aqui também, estão às pessoas que comecei a amar depois de todo esse tempo. Claro que Piter é minha família, e eu quero que ele fique aqui também, mas eu não vou abandonar a prisão, nem o Carl.

Piter decide que irá ficar pelo menos por hoje na prisão, e irá ficar na cela junto com Willian, eles se deram bem até. Opto por tomar um banho, estou realmente nojenta. Sinto a água tocando a minha pele, relaxando meus músculos, isso é perfeito. Lavo meu cabelo com o shampoo de morango que Maggie trouxe de uma busca, sim, um shampoo! Eu simplesmente amo a Maggie. Termino meu banho e me visto com o pijama, que se resume em uma regata e um short de moletom, o que não é muito legal, já que hoje está realmente frio.

Volto para cela secando meus cabelos, já está de noite, então à maioria já foi dormir. Entro no meu “quarto” e Carl está deitado na cama de cima lendo um gibi.

– Oi – Cumprimento-o

– Oi – Fala ele abaixando o gibi e me olhando. – Vejo que gostou do presente. – Ele aponta em direção ao colar, que está no meu pescoço.

– Bem, sim, é realmente lindo. – Digo enquanto guardo minhas roupas de antes que estão lavadas agora na pequena cômoda. – O que você está lendo?

– Batman – Esclarece ele me mostrando a capa. – Você gosta de gibis?

– Sim, mas ainda prefiro livros – Falo olhando para ele, que está com calça e camiseta, seu cabelo que agora está grande está caindo sobre seus olhos.

– Quer deitar aqui? Você não para de encarar, já está ficando constrangedor – Sugere ele, sinto que estou corando, disfarçar definitivamente não é comigo.

– Até que não seria uma má ideia – Zombo.

– Pode vir então senhorita, seria uma honra. – Fala ele, olho-o questionando se ele está falando sério. Ele chega mais para o lado, dando um espaço.

Por que não? Penso. Subo as escadas e me deito ao seu lado, o típico cheiro Carl invade minhas narinas, não sei explicar, só sei que é um cheiro único e maravilhoso. Começamos a falar sobre banalidades, sobre coisas que gostávamos antes, livros, gibis.

– Por que estou sentindo cheiro de morangos? – Questiona ele com cenho franzido.

– É meu cabelo. – Falo erguendo uma mexa loira.

– Ah, morangos... Eu sinto falta deles. – Diz sonhador. Acabo por rir disso, ele me encara com aqueles profundos olhos azuis, como se lesse minha alma. Começamos a nos aproximar involuntariamente, sinto sua respiração no meu rosto, acelerada igual a minha. Borboletas imaginarias se movem no meu estomago. Então me dou conta de um fato: Eu vou beijar o Carl.

No momento

Do impulso

Descobri que

O movimento

Do meu pulso

É que gera

O impulso

Pro momento

– J.Castro