Uma Abordagem Perigosa escrita por Schmerzen


Capítulo 1
Uma abordagem perigosa


Notas iniciais do capítulo

Comédia para descontrair!
Também escrita há muito tempo e não postada pelos motivos habituais: sou PÉSSIMA com títulos.

Ah, essa é a primeira e a única que eu já escrevi em primeira pessoa! Com narrativa de nosso amado Sirius Black. Tentei ser bem canon quanto a personalidade dele e como ele pensa, espero ter conseguido.



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Eu estava totalmente concentrado em tirar a forma de bolo de chocolate do forno quando a merda da campainha tocou. Acabei soltando tudo com o susto e, na pressa de não deixar cair no chão e sujar o que eu passei o dia limpando, esqueci que estava quente – muito quente, na verdade – e queimei a mão.

O resultado final dessa brincadeira de imitar aos trouxas para fazer bolo foi uma mão queimada latejando dolorosamente – e eu quase podia jurar que ela estava em carne viva, apesar de que não, não estava –, bolo de chocolate no piso da minha cozinha e o mesmo sujo de novo.

Quase corri até a porta, ansioso para abri-la e escorraçar o infeliz que havia me causado aquela desgraça até ele chorar. Infelizmente, descobri que não precisava fazer isso, porque Remus já estava chorando.

Assim que abri, com minha melhor cara de “vai desejar nunca ter me atrapalhado”, ele me abraçou, fungando no meu pescoço, e eu simplesmente não soube o que fazer.

- Ei, calma. Remus, o que aconteceu?

Tentei retribuir o abraço, para confortá-lo, mas minha mão queimada bateu dolorosamente no tecido de sua veste, fazendo-me gemer de aflição. Ele se afastou na mesma hora.

- Desculpa – limpou uma lágrima. – Machuquei você?

- Não. Eu só... – levantei a mão com a pele avermelhada para que ele visse. – Mão queimada. Entra.

Assim que sentou no meu sofá, ele escondeu o rosto nas mãos, voltando à choradeira. Eu soube que naquele momento Remus não explicaria nada e fui até a cozinha, limpando a bagunça rapidamente. Larguei a forma em cima da pia e então voltei, sentando ao lado do meu amigo e abraçando-o. Só para confortá-lo...

Certo, talvez eu estivesse me aproveitando de sua aparente fraqueza, mas o fato é que ele retribuiu, então ninguém pode me condenar.

- Vai me contar o que houve? Ou vai me deixar preocupado?

- Você está... – ele me encarou com os olhos vermelhos. Depois olhou para os lados, procurando alguma coisa. – Está sozinho?

- Claro que eu estou sozinho! Quem mais estaria aqui?

- James me contou sobre... bom, você sabe. E eu tive que vir aqui.

- James... James te contou? Sobre... sobre mim e...

- Sim. Ele me ligou ontem.

Naquele momento pude sentir toda a fúria me assolando. James havia prometido! Aquele veado estúpido me prometeu que não contaria nada! E parece que foi só eu sair de sua casa, ele ligou para Remus, fofocando como uma garota adolescente.

Hora de mudar de melhor amigo!

Sim, porque quando você conta ao seu melhor amigo que está apaixonado pelo seu outro melhor amigo e esse melhor amigo conta ao outro melhor amigo... é hora de trocar de melhor amigo.

Ai, fiquei confuso com isso, agora, minha cabeça está doendo.

- Não acredito que ele te contou! – quase gritei, fazendo Remus pular no sofá, assustado. – Aquele sacana... Argh, vou matá-lo agora mesmo!

- Não queria que eu soubesse? – ele pareceu magoado.

- Não, Remus, não é isso! Olha, me desculpe. É só que... Bom, eu é que deveria te contar isso.

- E ia esconder de mim até quando?

- Eu juro que ia te contar. Até porque você é quem devia saber, em primeiro lugar. Mas eu precisava esperar o momento certo. Desculpe.

Ele recomeçou a chorar.

- Remus, eu acho que entendo você vir aqui tirar satisfações... Mas realmente precisava chorar?

- Você não entende? Não entende que isso estraga tudo?

Minha boca se abriu enquanto eu percebia que ele estava concretizando meu maior medo. Eu temia que, se Remus soubesse que eu gostava dele um pouco mais do que devia, isso estragasse nossa amizade. E a chance de termos algo mais.

E ali estava ele, o lobisomem dos meus sonhos, chorando no sofá da minha sala – minúscula – e dizendo que era isso mesmo. Eu estragara tudo o que tínhamos.

Quis começar a chorar também, mas mantive um pouco da dignidade que me restou.

- E você ainda queria que eu te contasse? Não era melhor ter ficado do jeito que estávamos? – fiquei realmente nervoso.

- E viver numa mentira? Com esperanças idiotas?

Olhei para ele, magoado. Então era o que ele pensava do meu amor por ele? Era uma esperança idiota?

Levantei-me, ficando de costas para ele, enquanto tentava represar as lágrimas. Um Black não chora na frente de ninguém – e apesar de eu ser um Black renegado, não iria perder o orgulho.

- Então é isso?

- Desculpe, Sirius, eu simplesmente não posso ficar perto de você por enquanto.

Aquilo foi a gota d’água para mim.

- De todas as reações possíveis, essa era a última que eu esperava de você, Remus! Não acredito no quanto você está sendo idiota – olhei para seu rosto, ainda coberto de lágrimas. – Não, na verdade não acredito no quanto eu fui idiota, pensando que você iria... iria gostar da notícia.

- Isso simplesmente destruiu minha vida – ele disse meramente, indo para a porta. – É claro que vou superar um dia, mas por enquanto só espero que você e ela sejam felizes.

Para tudo! Ela quem, porra?

Fiquei encarando Remus com cara de idiota por uns vinte segundos. Tentei entender do que ele estava falando.

- Ela? Quem é ela?

- A sua noiva.

- A minha... a minha o que?!

- Como assim a sua o que, Sirius? – ele se estressou. – Sua noiva, porra! James me contou que você vai se casar.

Acho que nunca ri tanto na minha vida. Em primeiro lugar, eu, Sirius Black, me casando?! Por favor, essa é a melhor piada que já contaram no mundo. Em segundo lugar, imaginei James contando isso para Remus, a cena que se formou em minha mente foi hilária. E em terceiro, estávamos falando de coisas diferentes o tempo todo. Que confusão!

- Remus, não vou me casar – ele parecia extremamente confuso, enquanto eu me dobrava de rir, no sofá.

- Não vai?

- Claro que não! Era disso que estava falando o tempo todo?

- Sim! Do que mais eu estaria falando? – ele pareceu perceber que James sabia de um segredo verdadeiro. – O que é que James teria me contado?

- O que exatamente James disse a você?

- Que você ia se casar.

Remus havia aparecido chorando desolado na minha porta após saber que eu ia, supostamente, trocar votos de feliz escravidão com uma mulher. Isso devia significar que ele também sentia algo por mim, não é?

- E por que você apareceu aqui chorando por causa disso? Aposto que não foi por não ter sido chamado para ser o padrinho – cheguei mais perto dele, olhando-o divertido. Remus corou.

- Não mude de assunto! O que pensou que James tinha me contado?

- O que eu contei para ele ontem – cheguei mais perto ainda.

- E o que foi que contou para ele ontem?

- Que eu sou loucamente apaixonado por você – sorri calmamente, acariciando o rosto de Remus, enquanto ele me encarava, arregalado.

- É verdade?

- Sim. Tão verdade quanto o fato de que James te enganou. E você caiu feitou um... lobinho.

Remus riu fracamente com minha mudança no ditado trouxa. Senti sua mão em cima da minha, que por sua vez ainda acariciava o rosto dele. Subi minha mão por sua nuca, puxando-o para mim pelo cabelo. Ele fechou os olhos quando estávamos a menos de um centímetro.

Assim que finalmente senti os lábios dele nos meus, fechei os olhos também, gemendo baixinho. Sei que é uma atitude totalmente virgem gemer com um beijo, mas ninguém sabe quanto tempo esperei para beijá-lo!

Sem contar que há alguns minutos ele havia me deixado com a certeza de que nem seríamos mais amigos. Beijar aqueles lábios era um avanço imenso, e que merecia um gemido de comemoração, depois disso.

Quando nos separamos, eu estava abraçado a ele como se minha vida dependesse daquilo e com um sorriso totalmente patético no rosto. Patético mesmo, totalmente constrangedor, mas eu nem me importava, porque estava ali com ele.

- Eu também sou loucamente apaixonado por você – ele sussurrou no meu ouvido.

- Sério? – ele concordou com a cabeça. – É, acho que eu percebi quando soube que você estava chorando feito uma garota porque eu ia me casar.

- Já havia me esquecido que você é um idiota – ele riu.

- Ainda bem que estou aqui para te lembrar, não é? Agora vamos nos comportar porque a minha noiva está chegando e não vai ser legal ela nos ver assim.

- O que?! – ele gritou, me empurrando.

Eu voltei a me dobrar de rir, arrastando ele para o sofá.

- Brincadeira! É brincadeira, Remus – beijei-o de novo.

- Lembre-me de azarar James de um modo muito doloroso amanhã – ele falou entre um beijo e outro.

- Certo. Vou te ajudar.

James não havia revelado meu segredo e a mentira dele me causou um bem danado – e ainda rendeu uma piadinha. Mas eu ainda estava realmente puto da cara com ele. Lily teria um marido quebrado em breve.

Remus pegou minha mão queimada, fazendo-me soltar um grito. Aquilo estava realmente machucado. E voltou a doer.

- Ai, droga.

- O que aconteceu com a sua mão? – ele murmurou um feitiço e minha pele voltou ao normal e a dor passou.

- Obrigado – mexi a mão. Nada de dor. – Eu estava fazendo um bolo.

- Se queimou com a varinha?

Ele levantou uma sobrancelha. Ficou lindo... Tive que beijá-lo mais uma vez antes de responder.

- Não. Eu estava fazendo um bolo de chocolate à maneira dos trouxas. Queimei a mão no forno.

Remus gargalhou. É, era realmente muito estranho que eu tivesse feito um bolo.

- Não tinha ninguém para fazer um para mim.

Fiz um biquinho que eu sei que é irresistível. Esses dias eu treinei ele no espelho e quase não resisti a mim mesmo!

Então Remus me beijou, provando a teoria.

Ele sorriu. A ficha caiu, finalmente, e entendi que agora não precisaria ficar encarando e babando por ele sem que ninguém percebesse. Eu poderia simplesmente tomar seu rosto entre minhas mãos e encarar seus olhos cor de âmbar, antes de encostar nossos lábios – exatamente como eu estava fazendo agora.

Droga! Esse negócio de paixão é extremamente constrangedor.

- Eu sou loucamente apaixonado por você – repeti, com nossas testas coladas. Eu simplesmente precisava dizer aquilo. – Na verdade, eu acho que amo você.

Senti seus braços estreitando nosso contato e suspirei, enquanto ele ronronava no meu ouvido.

- Sirius?

- O que?

- Por que James me disse que você iria se casar?

Comecei a rir, pois aquela cena de James contando isso a ele me assaltou novamente. Deve ter sido hilário.

- Se você quer saber, não faço a menor ideia. Podemos perguntar para ele amanhã, antes de o azararmos dolorosamente, o que acha?

- É uma ideia ótima. E o que podemos fazer hoje à noite? Ainda são dez horas, temos muito tempo – quase não acreditei na ponta de malícia que identifiquei na voz dele.

Mas acontece que eu acreditei, sim, e sorri, animado. Ainda eram dez horas, afinal... tínhamos muito tempo.

-

-

- James Potter! Você fez o que?!

- Eu sei, eu sei que foi uma abordagem perigosa – ele rolou os olhos.

- Abordagem perigosa? – Lily o encarava, incrédula. – James, você sabe a desgraça que pode ter causado?

- Lily, eu simplesmente não estava mais aguentando aquilo! Toda vez que saímos, eles ficam babando um no outro e os únicos que não percebem são eles mesmos... Toda vez que vem aqui, Remus fica lamentando o fato de não conseguir falar para Sirius que o ama. E então Sirius aparece aqui e usa a expressão “loucamente apaixonado”. Por Merlin, quem fala “loucamente apaixonado”?

- James, você usou exatamente essa expressão quando me pediu em namoro.

Ele ficou vermelho.

- Detalhes, Lily, detalhes... O fato é que estava difícil de aturar.

- E, ao invés de ajudar, você inventa uma noiva para o Sirius e joga a merda toda no ventilador! – ele franziu o cenho. Lily usava umas expressões trouxas muito esquisitas.

- Olha, eu só queria que Remus achasse que precisava se declarar antes que fosse tarde demais.

- Seu idiota! Você o fez pensar que já é tarde demais!

- Prometo que se não der certo eu vou explicar tudo – James suspirou. – Está bem?

- Ah, você vai mesmo! Pode ter certeza de que você vai resolver isso.

Naquela noite, James pensou que talvez fosse melhor parar de inventar planos complicados para consertar as coisas simples. E em como Remus estava desesperado o suficiente para acreditar que Sirius tinha uma noiva.


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