Reforço Escolar escrita por Jello


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Hey o/
Bem. Eu não sei bem o que falar aqui, então espero que gostem ♥
Se tiver algum erro, não esqueçam de me avisar. E se não entenderem algo, podem me perguntar -q
Boa leitura ♥



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Há dois meses, antes de Leo Valdez ter quase reprovado em latim, ele nunca iria se imaginar nessa situação com Nico di Angelo.

Ele ainda conseguia se lembrar com clareza do dia em que foi obrigado a pedir a ajuda do garoto punk da sala ao lado. Conseguia se lembrar de como ele estava nervoso e como Nico era exatamente como as garotas do seu fan club (sim, Nico di Angelo tinha um fan club e quase metade das garotas da escola participava do mesmo. E olha que ele era gay!) o descreviam: magro, mas não muito alto. Vestia calças com rasgões por tudo quanto é lado e coturnos militares. Junto com isso, usava uma camisa negra com alguns esqueletos dançantes e um casaco aviador desgastado.

Suas madeixas negras caiam até um pouco acima de seus ombros e por mais que parecessem sedosos, eram sempre desgrenhados, como se ele tivesse acabado de acordar. Provavelmente se alguém enfiasse sua mão ali, ela iria ficar presa entre os nós de seus cabelos.

E para melhorar, ao seu redor existia uma aura assassina, como se sugasse toda a felicidade das pessoas ao seu redor.

Mesmo com toda essa aparência no mínimo tensa, nada poderia superar o quão sinistro seus olhos eram. Negros como carvão, era quase impossível enxergar suas pupilas. Eram opacos, de uma forma que não se dava para ver nenhum sentimento através deles — exceto um traço de insanidade.

É, ele realmente era o tipo de sujeito que era facilmente taxado como delinquente juvenil, o qual sua mãe iria te mandar ficar bastante longe, pois provavelmente iria te levar para o tão famoso “mal caminho”.

E mesmo assim, todos eram apaixonados por Nico di Angelo.

Vai entender.

De qualquer forma, quando Leo pediu ajuda para o garoto, o rapaz mais baixo só o encarou com desinteresse, como se aquilo fosse um pedido comum.

Bem, Leo suspeitava que aquilo realmente era um pedido comum, levando em conta que seu professor mandou-o falar direto com o di Angelo, alegando que ele iria ensina-lo muito bem, já era seu melhor aluno no latim e tal.

Mas isso não vinha ao caso.

Naquele momento, Nico dera de ombros enquanto tirava uma caneta do seu bolço. Com ela, Nico rabiscou seu endereço no antebraço de Leo, falando para ele aparecer em um determinado hor...

— Preste atenção enquanto eu falo, Valdez. — A voz calma de Nico cortou seus pensamentos. Tá aí uma coisa que Leo nunca teria imaginado sobre o di Angelo: ele era bastante paciente e sabia explicar muito bem a matéria. Ponto para o professor que lhe falara aquilo.

Leo começou a tamborilar seus dedos sobre a mesa no ritmo de alguma música de Imagine Dragons, enquanto se perguntava que espécie de escola dava aula de latim. Porra, era latim.

Quem é que usava isso hoje em dia?

Pelo lado bom, era melhor do que ouvir a professora tagarelar sobre o verbo “To be” na aula de inglês com um sotaque bastante fajuto.

— Leo, pela milésima vez, eu estou falando com você... — Nico suspirou, jogando uma bolinha de papel na cabeça do adolescente mais velho. — Me dê as provas do bimestre passado, vamos estudar com elas hoje.

Leo abriu seu caderno e tirou algumas folhas de lá, entregando-as para Nico.

— Sabe, estou surpreso pelo professor ainda não ter passado a prova de recuperação, nem marcado a data — comentou o di Angelo. —Tenho quase certeza que ele vai passar prova surpresa... Você tem estudado em casa?

Em resposta, o Valdez simplesmente balançou a cabeça. Ele queria falar alguma coisa inteligente, já que tinha quase certeza que nem havia agradecido a ajuda e a paciência de Nico por continuar com as aulas. Inferno, para aguentar Leo, sua falta de atenção e suas piadas estúpidas, a pessoa deveria ter MUITA determinação, mas mesmo assim a coisa mais inteligente que saiu de sua boca foi algo similar a um “hã dã”, o qual o di Angelo teve prazer em ignorar.

Nico começou a analisar as folhas e Leo quase riu ao ver a expressão no rosto do italiano ao tentar desvendar sua letra. Ele suspirou novamente, então pegou uma borracha e calmamente passou-a sobre a folha, logo soprando o farelo verde que o objeto soltara.

— Tudo bem Valdez, vamos refazer esses exercícios. E cara, depois que isso acabar, vou te dar umas aulas de caligrafia... Como é que o professor conseguiu corrigir isso?

Leo revirou os olhos e pegou a tampa de uma caneta. Observou-a por uns instantes e logo começou a morde-la, enquanto Nico repetia pela enésima vez a matéria.

Ah cara, aquilo era complicado demais pra seu cérebro! Na metade da terceira frase de Nico, ele começou a fazer aviõezinhos de papel, elástico e clips.

— Podemos fingir que eu entendi e ir para o próximo assunto? — Leo resmungou, deitando sua cabeça na mesa.

— Não.

Leo bufou, voltando a se “concentrar”, mas ora ou outra rasgava um pedaço de papel e mastigava, jogando em Nico com o auxílio da caneta. Em resposta, o di Angelo xingava-o em italiano e lhe lançava um olhar mortal. Quase psicótico. Mas de qualquer forma, Leo não tinha medo — não mais. Era até engraçado quando Nico ficava irritado, ele gostava daquilo. Leo riu pelo nariz ao lembrar-se de uma história em que Hazel ­— meia irmã mais nova de Nico — havia o contado sobre o que o garoto poderia fazer quando realmente estava bravo.

Porque depois de você ir à casa de uma pessoa quase todos os dias por 2 meses, você desenvolve uma certa, bem, “afinidade” com as pessoas que passavam pela cozinha — onde os dois estudavam.

Principalmente quando Nico não estava lá para ouvir o que estavam falando.

O fato é que Hazel havia o contado que eles tinham um primo que sempre fazia piadas sobre Nico. Mas um dia ele passou dos limites e falou mais outras coisas que não devia (Leo até tentou descobrir o que era, mas Hazel apenas se esquivava das suas questões) e então Nico quebrou seu braço e seu nariz.

Família unida, não?

Valdez balançou a cabeça, voltando a atenção para a frase que ele teria que reescrever. Olhou para a parede branca da cozinha em busca do relógio, e ao avista-lo constatou que já era 17:30.

— Hey Nico. — Chamou.

— Sim? — Murmurou sem tirar os olhos do caderno onde escrevia algo.

— Hora de eu ir pra casa. — Disse Leo apontando para o relógio. Nico assentiu.

— Parece que pelo menos dessa vez é verdade. — O italiano zombou, fazendo Leo corar. Realmente, ele nunca mais tentaria enganar Nico.

— Bem, amanhã ao mesmo horário? — Indagou. Nico deu de ombros. Leo entendeu como um sim. Fechou seu caderno, enfiando as folhas dentro do mesmo de qualquer jeito, sem nem se importar se cairiam ou não. — Não vai nem me acompanhar até a porta? — Ironizou.

— Acho que uma pessoa que entra na casa dos outros sem nem tocar a campainha não precisa disso... — O di Angelo sorriu torto, guardado suas folhas organizadamente.

O Valdez sorriu e acenou com a cabeça, como se dissesse um “até logo”.

Quando ouviu a porta da frente bater, Nico se levantou pesarosamente da cadeira, recolhendo algumas canetas do chão. Realmente, Valdez era como uma criancinha; se não pior.

Quando se levantou, notou uma trilha de papéis que ia até o corredor.

Leo.

Revirou os olhos para a falta de organização do garoto. Agarrou as folhas de qualquer jeito e saiu correndo em direção ao ponto de ônibus.

— Leo! — Gritou Nico quando viu a silhueta do rapaz sentado na parada. Ao ouvir seu nome ser chamado, Leo rapidamente se pôs de pé. Em poucos segundos, o di Angelo já estava parado em sua frente, ofegante.

— Você deixou isso l... — No momento em que seus olhos repousaram sobre as folhas, sua voz morreu.

Leo ficou encarando Nico por alguns segundos, até que percebeu o que o garoto estava lendo.

Oh, merda.

— Me devolva isso aqui! Não é para você ler! — Leo tentou arrancar o papel da mão de Nico, mas o mesmo foi mais rápido e conseguiu se esquivar, dando dois passos cambaleantes para trás.

Conforme passava os olhos pelo pedaço de papel, ele derrubou as outras folhas e seu cenho foi franzindo cada vez mais.

Nico virou a folha para Leo, onde dava para se enxergar em letras formais e nítidas um 8,5, seguido de um “Parabéns! Não se esqueça de agradecer ao Sr. Di Angelo pela ajuda!” escritos de caneta vermelha.

— Você... Já fez a prova de recuperação? Por que não me avisou? Assim você não precisaria vir mais aqui...

— Bem... Aí está o problema! — Assoviou Leo. — Já que não precisamos mais estudar latim, as aulas de caligrafia cairiam muito bem... Ou você poderia simplesmente ir ao cinema comigo amanhã.

O italiano franziu o cenho cada vez mais, esperando Leo gargalhar e dizer que aquilo era uma brincadeira.

Mas quando isso não aconteceu e o latino continuou encarando-o com expectativa, a expressão de Nico se suavizou.

Bem, por que não?


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Notas finais do capítulo

Enfim, gostaram?
Espero ver vocês nos comentários ♥