It's follow the leader, baby
That's how it's gonna be
If you ever really wanna get lost
Then follow me

– Matthew Ryan

Point Of View: Valerie

Quando chegamos ao hotel, joguei-me na cama sem me preocupar com mais nada. A viagem havia sido extremamente cansativa, e eu precisava de um pouco de ar fresco.

Gabi e Juliet entraram no quarto e colocaram as malas no chão.

— Esse quarto é demais - A minha amiga ruivinha disse, mas isso não me fez avaliar o quarto. Virei-me na cama e me encolhi. Estava frio, tanto dentro quanto fora de mim.

Dentro de mim, havia um frio diferente... Que enregelava a alma, me fazia tremer. Eu sentia-me estranhamente vazia, como se não houvesse muito de mim. Inorgânica, sem órgãos, sem vida.

Mordi o lábio inferior e suspirei. Eu jamais imaginei-me nessa situação, jamais achei que iria tão longe por alguém. Mas ao conhecer Zach vários de meus conceitos mudaram. E agora eu percebi o quão longe era capaz de ir por amor.

Até anos atrás, eu achava que podia ser feliz sozinha. Ledo engano. Ele era o homem que eu amava, e minha felicidade só podia ser plenamente alcançada de seu estivesse ao lado dele.

E, ainda assim, rogava com todas as forças para que a felicidade dele também se encontrasse ao meu lado. Acima de tudo, queria vê-lo sendo feliz.

Mordi o lábio inferior e revirei-me na cama. Amanhã eu iria atrás dele. Não podia mais esperar, precisava explicar tudo a ele, e também precisava que ele me explicasse aquela foto com Perrie.

Eu não tinha o direito de cobrar explicações e sabia disso, mas ainda assim eu precisava saber o que houve.

Não havia palavras o bastante para descrever o quanto eu amava Zach. Não havia nada no dicionário que servisse para demonstrar o quanto ele significava para mim.

Ele foi a única pessoa que eu eu realmente deixei entrar e agora eu não conseguia mais deixar de amá-lo. Eu havia o decepcionado mas faria o possível e o impossível para que ele me perdoasse.

As meninas estavam em silêncio, apenas ficavam me encarando como se assim pudessem descobrir o que estava passando por minha cabeça. Mas ninguém podia sequer imaginar o que me dominava a mente agora.

Eu não conseguia sentir mais nada, apenas uma dor avassaladora, que insistia em dominar todo meu corpo. Olhei em volta e afundei-me um pouco mais na cama. Balancei a cabeça e mordi o lábio inferior.

Eu estava tão cansada... Não era apenas um cansaço físico, era algo psicológico, que ultrapassava as barreiras de minha compreensão. Eu estava cansada de tudo aquilo. Queria dormir e nunca mais. Não sabia mais quanto era capaz de suportar. Nunca me senti tão estupidamente frágil e fraca em toda minha vida...

Fechei os olhos e deixei-me ser guiada por um mundo de sonhos.

Estava tudo escuro. Havia um longo corredor diante de mim, e por algum motivo, eu sabia que apenas devia continuar andando. A passos trôpegos, caminhei, observando os hibiscos que cresciam a minha volta. Uma porta branca surgiu diante de meus olhos e eu a abri.

Um sorriso de júbilo desenhou-se em meus lábios ao ver Zach do outro lado. Meu coração palpitou e eu aproximei-me, tentando senti-lo. Mas ele se distanciou, sem sequer olhar-me nos olhos.

Confusa, dei mais um passo em direção a ele, que apenas se afastou um pouco mais. De repente, foi como se uma barreira intransponível crescesse entre nós. Ele deu de costas para mim, ficando cada vez mais distante. Tentei alcançá-lo, mas foi em vão.

Eu corria, mas o quarto parecia tornar-se cada vez maior. Por mais que eu tentasse... Por mais que eu lutasse, sentia minhas pernas fatigadas, eu chamava o nome dele... Mas nada adiantou.

Acordei ofegante, o suor pingava por meu rosto. Olhei em volta e notei que Juliet e Gabi não estavam mais no quarto. Respirei fundo e levantei-me, vesti a primeira coisa que apareceu na minha frente e peguei o cartão de acesso ao quarto, saindo logo em seguida.

No restaurante, eu quase não comi. Sentia-me indisposta, não tinha a mínima vontade de comer...

— Vamos a casa dele hoje - eu disse simplesmente. Juliet olhou-me e murmurou:

— Val... Não há nenhuma maneira de entrar naquela casa, se ele nos vir irá chamar a polícia - disse ponderando, porém a morena apenas deu de ombros:

— Eu não ligo! Ele pode chamar o Exército, nada vai impedir-me de falar com ele - disse simplesmente. Juliet suspirou e voltou a comer. Depois que terminamos de comer, fomos para o prédio de Zach.

As ruas estavam vazias, mas alguns carros ainda passavam. A manhã era cinzenta e fria, bem diferente da Irlanda. Parei ao perceber que havia um carro saindo da garagem, provavelmente era o carro de Zach.

Atravessamos a rua rapidamente e eu notei que não havia nenhum segurança na casa, e que eles haviam esquecido o portão aberto.

— É nossa chance - eu disse sem muita animação. Gabi me encarou e perguntou:

— Não seria muito mais fácil agir como um ser humano normal e pedir para conversar com ele? Se formos presas, eu irei ficar bem brava - ela disse me encarando.

Dei de ombros e apenas entrei. Subi os três degraus da garagem e entrei na sala, já que a porta estava destrancada. O rádio estava ligado. Tudo isso era um sinal de que Zach havia saído apressado. Para onde será que ele tinha ido? Foi atrás da Perrie. Minha consciência sussurrou. Ignorei aquilo e assustei-me ao ouvir o som da música Follow The Leader, de Matthew Ryan tocando.

Subimos as escadas e eu caminhei em direção ao quarto que eu supunha ser dele. Respirei fundo antes de entrar e coloquei um pé para dentro. Eu pude sentir meu coração dar um impulso e virei-me, vendo algo que jamais esperaria ver.

Ele havia feito um desenho na parede... Um desenho de mim. Era a minha imagem pintada na parede, e coberta por uma mão de tinta branca, por isso eu ainda podia ver o que havia sob aquela tinta branca. Ele havia desenhado cada traço com perfeição...

Você o fez sofrer. Minha consciência murmurou sadicamente. "As fãs do One Dream estão chocadas com a falta de carinho e respeito de Valerie Sanders". "a nossa querida Perrie Evans postou uma imagem dela com Zach Melk, nosso querido cantor britânico. Será que eles estavam apenas conversando ou era algo a mais?" Você partiu o coração dele. Ele se entregou ao amor que sentia por você, e você o magoou. Minha consciência repetia, enquanto tudo se tornava um único e indistinto borrão.

Foi como se eu tivesse levado uma facada no peito. Arfei e solucei alto, sentindo uma lágrima cair por meu rosto. Minha garganta havia fechado, e minha cabeça estava latejando. Encolhi-me, sentindo um desespero quase latente me dominar e passei a mão pelos cabelos. Eu sentia a dor queimar meu peito, enquanto os soluços tornavam-se cada vez mais alto.

Passei a mão pelo estômago e pendi o corpo para frente, tentando diminuir a dor que tomava conta de mim. Foi como se um filme passasse por minha cabeça: "Eu sou Zach". "Você quer sair comigo". "Eu estou apaixonado por você, Valerie". "Você quer namorar comigo?" "Não dá mais, Valerie. Eu achei que você era diferente, mas obviamente eu estava enganado".

Como um retrato em preto e branco, todas aquelas imagens dominavam a minha mente, tornavam-se cada vez mais nítidas... Ganhando corpo e forma... A corpo e a forma do meu pior pesadelo, da minha maior angústia.

Eu queria gritar. Queria sumir e nunca mais voltar!