Enzo escrita por Apiolho


Capítulo 1
A idade é realmente importante?


Notas iniciais do capítulo

Boa noite! *-*

Espero que gostem e obrigada desde já.



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Capítulo Único

A idade é realmente importante?


"Se sou amado, quanto mais amado mais correspondo ao amor. Se sou esquecido, devo esquecer também, Pois amor é feito espelho: tem que ter reflexo."

(Pablo Neruda)

Corri pela praça em mais um encontro anual com a pessoa que eu mais era apaixonada em toda a minha vida, Enzo.

Mas devem estar se perguntando porque apenas um encontro amoroso por ano não?

E irei explicar, certamente, eu não sei como, fui me apaixonar por um homem tão diferente como esse. Eu estava no meu aniversário de dezesseis anos e ele também tinha essa idade, até amanhã, data em que comemorava dezessete. O fato é que este "garoto" não tinha relacionamento com mulheres mais novas em hipótese alguma.

E, realmente, eu ia acabar com esse pensamento maluco dele.

— Nina. — berrou uma pessoa de cabelos castanhos e olhos azuis, que certamente antes de me notar estava lendo um dos livros sobre ficção.

Não sei como, mas a cada ano Enzo se torna mais belo.

Ai! Esses músculos só podem ter sido esculpido pelos Deuses. Contrastando com seus olhos verdes, o cabelo castanho, que era tão macio que me fazia ter vontade de sempre tocá-los.

— Boa tarde. — declarei, enlaçando-o para dar-lhe um beijo após sentar ao seu lado embaixo da árvore.

Afinal não tínhamos tempo, raros momentos existiam como esse. O seu gosto era sempre o mesmo: menta. E que comparada com o meu de morango dava uma ótima combinação. Já o seu perfume havia mudado, talvez ele tivesse enjoado do antigo, sendo que agora é um parecido com de lavanda. Quando nos soltamos, ele tirou algo de seu bolso e estendeu para mim.

— Parabéns. — ele finalmente deu-me congratulações.

Visualizei o pequeno presente quadrado com uma fita enrolada, como daqueles encontrados em um desenho no dia de natal. Eu estava com pena de abri-lo e depois do olhar de consentimento de sua parte o obedeci. No final o embrulho ficou tão irreconhecível que já ouvia minha mãe brigando por não ter o deixado em um estado bom para que guardasse. É perceptível que eu nunca fui delicada e ajeitada com as coisas.

Meu peixe que morreu nunca me deixaria mentir.

Enzo riu de minha expressão de assustada ao ver o objeto que se encontrava dentro, entretanto sabia que também estava curioso. Ele sempre foi bom com presentes. Aliás, ganhei um relógio banhado a ouro e um livro chamado "diário otário 3". Até porque esse garoto tinha conhecimento do quanto eu amava essas duas coisas.

Nem preciso comentar que estou doida para começar a folhear esse livro, não é? Os com gravuras sempre serão os melhores. E, o relógio me deu por ter pais ricos, mesmo que não seja algo importante que me fizesse me apaixonar por ele.

— Obrigada amor. — comentei de forma baixa o ultimo apelido, sabendo do quanto ele não gosta deles.

— Hoje pode me chamar assim Nina. — respondeu simplesmente, a face séria.

Ficamos em silêncio depois disso, mas logo tratei de quebrá-lo.

— Enzo? — comecei.

— Sim? 

Ele poderia ser comparado a um gelo neste momento.

— Você me ama? — questionei com lágrima nos olhos.

— Sinto muito, mas me recuso a responder. — sussurrou.

O sorriso fraco que tinha dado se desmanchou quando viu a minha situação, elas já estavam caindo de meu rosto sem que eu percebesse.

— Por quê? Por que sempre me deixa sem respostas? Por que não namora pessoas mais novas? — soltei tudo o que há muito queria saber.

— Nina eu... — parou no meio.

Tenho de saber.

— Por favor, confia em mim. Não me conheceste ontem, mas há quase quatro anos. — declarei, tocando sua mão gentilmente.

— É que ano que vem eu vou para a faculdade e quem for mais nova ainda estará no ensino médio, já que pretendo estudar longe daqui, o relacionamento não durará. — estava gaguejando.

Era mentira, e das grandes.

— Porém esqueceu um detalhe, que sou avançada e estou na sua sala. — respondi aos risos.

Ele bateu a mão na cabeça, querendo se esconder pela vergonha. Achava isso fofo nele, tanto que nos primeiros meses de nossa amizade eu pensava que era gay.

— Está bem. Irei contar a você! Por acaso viste a minha mãe em alguma vez que foste a minha casa? — questionou.

Por favor, não pensem besteiras, eu ia para fazermos trabalhos.

— Nunca, até porque tu disseste que ela havia morrido. — comentei.

"O que será que aconteceu?" Pensei de forma preocupada.

— O fato é que ela não faleceu, mas sim nos trocou por outro homem. E ainda disse para meu pai que era um velho, ruim de cama e que nunca o amou, apenas casou-se por dinheiro. Essa vadia era dezoito anos mais nova que ele. E eu, com dez anos de idade, tive que amparar um homem que não tinha mais animo para nada, apenas para o trabalho, fiquei muito tempo como babá dele, sozinho. Chamava-me de tudo e dizia que eu ia largá-lo também. E é por isso que tenho receio de me apaixonar por uma pessoa mais nova que eu e acabar como ele. Mesmo que de apenas um ano de diferença. — finalmente segredou-me o que tanto tinha curiosidade em conhecer.

Era chocante!

— Sinto muito. — comentei apenas.

Ele me beijou de forma amigável e terna, dando-me apenas selinhos. Isso confirmava que ele estava bem, apesar de ainda estar abalado. A minha vontade era de pegar aquela mulher pelos cabelos e socá-la até que minhas mãos ficassem calejadas ou dar uma sacudida no pai dele.

— As pessoas não são iguais. — sussurrei.

— O que disse?

— As pessoas não são iguais Enzo, idade não revela a maturidade. Há pessoas vadias, interesseiras, sem caráter e que nunca merecem ter alguém. Mas eu te amo de verdade e faria o possível para nunca te deixar. Por favor, dê-me uma chance.

Implorei enquanto novamente estava em prantos.

— As coisas não são tão fáceis, Nina. — Rosnou.

Eu mexi no passado e estou feliz por fazê-lo contar.

— São as pessoas que complicam apenas. — disse aos suspiros.

— Mas...

Depois disso eu não quis ouvir mais nada, o melhor seria esquecê-lo. Depois de tanto tempo se ele não me ama o certo é me afastar. Estava uns cinco metros longe da árvore quando ouvi passos atrás de mim, chegando cada vez mais perto. Então parei e pude sentir algo tocar meu ombro e me virar, para depois me beijar rapidamente.

"Três beijos para casar". Lembrava da minha tia me dizendo isso.

E realmente nesse dia demos essa quantidade de selos.

Separei-me dele cedo demais.

— Você tem um único defeito Nina. Precipitar-se antes da hora. — comentou.

—Como assim? — questionei ainda zonza pelo beijo.

— Eu ia dizer que não adiantaria mesmo me preocupar com o que ocorreu com meu pai, porque eu já estou apaixonado por uma pessoa mais nova que eu e esconder nunca seria a solução. — sussurrou em meu ouvido.

Fiz uma cara emburrada.

Quem seria essa menina?

É agora que eu perco o meu Enzo!

— Pode me dizer quem é essa oferecida? — esbravejei.

— Com certeza ela é isso mesmo que disseste. — divertido.

Ele então me abraçou e me fez enlaçar os meus em seu corpo também. Por um momento esqueci o que tinha dito, mas logo dei uns tapas no ombro dele por não ter me respondido.

— Ano que vem, quem sabe, você descobre. — declarou, fugindo de mim em seguida.

Aquela brincadeira de gato e rato estava me cansando, mas logo ele parou para que eu falasse.

— Por favor, conte-me. — implorei.

— O nome da pessoa começa com a letra N.

Jogo de adivinhação não.

— A Nádia da 203? — questionei.

— Errou feio.

— Então seria a Natasha da 201?

— Nem se ela fosse a ultima mulher da face da terra. — respondeu.

Realmente, era feia demais.

— Então quem?

— Tens certeza que não sabes?

— Sim.

— Nina, é você que eu amo. E darei uma chance. — sussurrou antes de me dar um selo.

Não me importa se foram mais que três beijos, se amanhã o mundo ia acabar. Só quero curtir esse dia com ele. E, claro, bater uma foto para colocar na rede social e trocar meu status para relacionamento sério.

 Ao caminharmos de mão dada em direção a nossa árvore, que tanto foi coadjuvante em nossas cenas de romance, beijos, minhas lágrimas, sua compaixão e as inúmeras rejeições por parte dele. O que passamos fez-me lembrar que ele não ia se render tão fácil, algo tinha ocorrido.

— Tenho uma dúvida. — parando no meio do caminho.

— Que foi agora? — disse ao se virar e se aproximar de mim, apoiando a mão em meu braço.

— Por acaso pensou em se declarar para mim antes de vir ao nosso encontro? — realmente fiquei pensando nisso.

— Claro, ou você acha que me convenceu? Apenas percebi que de nada adianta eu deixar de te namorar por conta da idade, ainda mais sendo tão pequena, quando na verdade o amor que sinto por ti é mais importante. — esclareceu ao passar a mão em meu rosto de maneira lenta e carinhosa.

— E eu pensando que tinha te mudado! — senti-me realmente magoada, mas comigo mesma.

— Mas foi o que fez, ao me mostrar que eu não sou meu pai, que as pessoas são diferentes uma da outra, que não posso me privar de ficar contigo. Só fez-me ter mais certeza disso hoje. — sussurrou ao chegar em casa.

E foi com um singelo beijo que terminou sua fala. 

— Já são quase oito horas da noite, sua mãe vai te matar se chegar atrasada a sua festa de aniversário. — berrou Enzo ao se separar de mim para olhar o relógio.

Eu vou ter muito o que contar quando chegar em casa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.

Reviews? Por favor, eu dediquei meu tempo a história, pleaaaaase! *-*

Obrigada desde já,

Apiolho