A Última Filha de Perséfone escrita por Miss Jackson
Uma semana depois...
Uma semana fora o suficiente para todos começarem a me apontar quando eu chegava perto, e eu começar a me sentir triste e sozinha no chalé 22. Eu ficava encarando minha pulseira, que agora eu sabia que fora um presente da minha mãe e que quando eu a arrebentasse ela virava uma espada.
– Anddie, amiga, sai desse chalé, você tem que viver! – exclamou Natalie, batendo na porta do meu chalé. Eu suspirei e abri a porta, dando de cara com Natalie e Louis. – As aulas de esgrima já vão começar.
Dei de ombros.
– Daqui a pouco encontro vocês lá, então – disse, já indo fechar a porta, mas Louis me impediu.
– Por quê você está tão desanimada? – perguntou.
– É tudo um caos – respondi. – E ninguém parece muito interessado em conversar comigo por causa da minha identidade.
– Não ligue para os outros, nós somos seus amigos – sorriu Natalie. – Agora vem agora, você precisa viver, Anddie.
Eu sorri e saí para a rua, fechando a porta do chalé, e nós três fomos para a arena de combate. Quíron havia bolado um teste para nós, e eu não estava nem um pouco afim de fazer parte dele.
– Semideuses! – disse Quíron em voz alta assim que a arena de combate já estava com todos os semideuses do acampamento. – Hoje, como vocês sabem, temos um teste de esgrima, e não serão todos que irão participar...
Murmúrios desanimados dos filhos de Ares.
– ...E eu já tenho comigo a lista dos participantes – sorriu ele de forma psicótica. – Vamos ver?
Todos gritamos "Sim!". Apertei a mão de Natalie quando Quíron começou a dizer:
– Natalie Winter e Nico di Ângelo...
Natalie olhou para mim desesperadamente e murmurou um "Já perdi". Procurei Nico pela arena e o encontrei não muito longe de nós, ele sorria.
– ...Louis Müller e Connor Stoll...
Louis quase deu um ataque. Connor era bom nisso, todos sabíamos.
– ...Annabeth Chase e Percy Jackson...
Alguns riram, pois eles eram um casal famosérrimo do acampamento. Annabeth e Percy, que também não estavam longe de nós, trocaram um olhar. Apesar de serem namorados, todos sabíamos que Annabeth não daria mole.
– ...E Andrômeda Walter e Clarisse La Rue.
Meu coração parou e eu senti que deveria estar mais pálida do que eu costumava ser, superando até mesmo Nico di Ângelo. Encarei o chão, desesperada, e passei as mãos pelos cabelos.
– Você consegue – incentivou Natalie.
– Eu estou totalmente ferrada – murmurei.
. . .
Depois de assistirmos Natalie perder para Nico, Connor perder para Louis, Percy perder feio para Annabeth era a minha vez e de Clarisse. A filha de Ares estava tão calma que eu cheguei a me sentir constrangida. Eu precisava manter a calma, apesar de saber como seria feia a minha perda. Já estava mentalmente escrevendo meu testamento quando arrebentei minha pulseira e ergui minha espada, encarando Clarisse, que estava com um sorriso psicótico esboçado no rosto. Vários campistas gritaram pelo meu nome, e isso me deixou um pouco feliz. Mas a maioria gritou pelo nome de Clarisse.
– Preparada para perder, filha de Perséfone? – provocou Clarisse.
– Planeje seu testamento, La Rue – tentei parecer o mais segura possível. A trombeta de Quíron soou e eu fui a primeira a atacar. Saltei para cima de Clarisse e nossas espadas rasparam uma na outra, fazendo aquele som horrível de unhas arranhando um quadro negro. Golpeei a perna direita de Clarisse, que urrou de raiva e golpeou meu ombro esquerdo. Ela cambaleou para trás e ia golpear a minha cabeça, mas eu fui para baixo e sua espada golpeou o ar. Finquei a lâmina da minha espada em seu pé, também direito, e caí para trás quando ela ia atacar minhas costas. Ela caiu por cima de mim, ainda mantendo o sorriso psicótico no rosto, e apontou a espada para o meu pescoço.
– Acho que você deveria planejar seu testamento.
Eu suspirei, todos os campistas ficaram em um silêncio mortal. Quíron já ia encerrar a batalha quando eu dei um chute em Clarisse e fiquei de pé em um pulo, tirando a espada da mão dela e pegando na minha, apontando as duas para seu rosto.
– Não, desculpe – sorri, Clarisse bufou e os campistas explodiram em aplausos, gritando meu nome. Clarisse se levantou e arrancou a espada da minha mão, saindo tempestuosamente da arena. Olhei para todos e procurei Natalie e Louis na multidão, quando meu olhar encontro com o deles eles me lançaram uma piscadela. Quíron chamou para o campo Nico, Louis e Annabeth. Nico e Louis se posicionaram cada um do meu lado, e nós quatro erguemos nossas espadas.
– Bem – Quíron tornou a aumentar a voz e os gritos cessaram. – Temos aqui os que venceram esse teste. E esses ficarão sem trabalho no acampamento por uma semana.
– Yeah! – exclamou Louis, eu ri e lancei um olhar de agradecimento para Quíron. Os outros campistas murmuram desanimados.
– Estão dispensados – disse Quíron e todos nós saímos correndo da arena. Encontrei com Louis e Natalie na rua e eu e Louis nos abraçamos.
– Somos demais! – exclamamos juntos.
– Andrômeda, você foi ótima – comentou Annabeth assim que saiu da arena e nos encontrou. – Não imaginava que Clarisse fosse perder tão facilmente para você.
– Obrigada, Annabeth – sorri em agradecimento.
– Concordo com Annabeth – concordou Percy. – Mas a forma que eu perdi para ela foi muito triste...
Nós rimos com vontade, menos Percy.
– Cabeça de Alga, deixa de ser chato – disse Annabeth, dando um selinho demorado em Percy. – Sabe que eu te amo, não sabe?
Ergui as sobrancelhas. Ah, esses casais...
– Isso animou meu dia – sorriu ele, pegando na mão dela. – Até mais, pessoal.
E saíram caminhando.
– Esses casais – suspirou Natalie.
– Às vezes eu acho que você é filha de Afrodite, Nattie – comentou Louis. – Anddie, se nos der licença, eu preciso conversar com a Nattie em particular.
Eu sorri maliciosamente e assenti, e cada um fomos caminhando para lados opostos. Quando parei na frente do chalé de Perséfone eu suspirei.
– Não parece ser muito animador ser a última filha de Perséfone – comentou uma voz atrás de mim, me virei e encarei Nico di Ângelo. – Gostei da sua batalha com a Clarisse. Honestamente, ela deve estar querendo te fazer em pedacinhos agora.
Eu ri.
– Obrigada, Nico – agradeci. – Não tenho medo dos filhos de Ares, quem dirá Clarisse La Rue.
– Você é muito corajosa, te admiro por isso.
Senti que estava corando. Eu simplesmente fiz um sinal de positivo com a mão e dei as costas.
– Me desculpe – disse ele antes que eu entrasse no chalé. Eu olhei para ele sob os ombros.
– Por quê?
– Eu devo ter sido meio ignorante quando nos conhecemos – ele fez uma careta. – Eu só estava estressado com uns problemas aí.
É, você tinha sido ignorante.
– Não, tudo bem – retruquei. – De qualquer jeito, eu também estou estressada pelo fato de as pessoas me olharem diferente por eu ser a última filha de Perséfone.
– As pessoas me olham diferente por eu ser filho de Hades, e até hoje isso machuca.
– Sim, deve machucar ser respeitado somente porque os outros tem medo de você.
Ele assentiu.
– Vou deixá-la em paz – e desapareceu em sombras. Entrei no meu chalé, tranquei a porta e me atirei na cama, encarando a minha pulseira que já estava novamente em meu pulso. Ficaria ali, deitada, até a hora do almoço.
– Anddie – disse uma doce voz feminina, saltei da cama e vi uma mulher. Eu a reconheci na hora; Perséfone. Meu pai a havia descrito várias vezes, e ela era simplesmente idêntica. Meus olhos se encheram de lágrimas.
– M-Mãe – gaguejei, esticando a mão e tocando-a para ter certeza de que era real.
– Anddie, querida, temos muito para conversar.
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