–Você está machucando meu braço!-Gritei, sendo puxada pelo corredor. -Me larga!
–O que você pensou, dançando com uma stripper?-Ele parou de andar e se virou pra mim, tudo isso sem me soltar.
–Opa, espera aí, eu não estava...
–Estava, sim.
–Espera de novo, quando isso virou da sua conta?
–Ah, agora vai fingir que não sabe?
–Eu tenho a leve impressão, e não é tão leve assim, que nós terminamos, Sebastian!
–Terminamos só na sua cabeça. Você... Isso é mesmo um vestido?-Me olhou de cima abaixo. -É muito, muito, muito curto.
–Não é da sua conta. -Tentei soltar meu braço, em vão. -Está machucando.
–Eu devia contar para Magnus desse seu... Ataque de Isabelle. Você não é assim, não se veste como... Uma vadia. -O fuzilei com o olhar.
–E como é que eu sou? A Melissa idiota que foi enganada por você?-Sim. -Não, não sou.
–Mel... Eu... Nunca te enganei. Me dá uma chance.
–Não. Nem uma, nem duas. Você e eu nunca mais, Sebastian. -Dessa vez consegui me soltar. -Agora me dê licença. Tenho mais o que fazer.
–Como o que? Dançar daquele jeito?
–Não. Encontrar um novo namorado. -Sorri. -Com licença.
***
Minha situação já estava ruim, piorou. Além de todas nós ganharmos um castigo daqueles, Izzy descobriu que o irmão desapareceu, e saiu da Academia, com a permissão de Maryse. Eu ia perder minha melhor amiga por quanto tempo?
Enquanto isso, eu, a ferrada da história, estava tendo que aguentar Sebastian na detenção, isso quando não estava limpando as salas de aula (parte do castigo).
–Você se meteu nessa por que, Sebastian?-Clary perguntou.
–Eu já disse, soquei a cara de um garoto.
–Parece que armou isso pra pegar detenção.
–E por que eu faria isso?
–Pra irritar a Mel, é o que você mais gosta de fazer. -Sebastian olhou pra irmã, soltando adagas pelos olhos. Eu apenas observei a cena, curiosa agora.
–O mundo não gira ao redor da Bane, caso não tenha percebido, ruiva burra. -Clary fez cara de ofendida, enquanto meu queixo quase batia no chão. -Ouviu, Melissa?-Olhou pra mim. - Quero que você se exploda.
–Ah, eu vou. -Comentei, dando um sorriso falso. -E você vai comigo, satanás do brejo.
Aquele loiro falsificado não perdia por esperar.
***
–Essa foi a lista que a Izzy fez antes de sair. -Maia disse, me entregando uma lista de nomes. Eu conhecia alguns dos rapazes listados ali, mas não todos. -São os mais pegáveis, em minha opinião.
–Não acredito que vou fazer isso.
–Mas vai. -Clary avisou, se sentando do meu lado esquerdo. Estávamos no auditório, antes do jantar. -Pode entrar!
Um caçador de sombras entrou. Jason Blackwill, ele era da turma de Clary e Jace. Eu havia visto ele pelos corredores. Jason era loiro, com as pontas pintadas de vermelho.
–Tudo bem, Jason. -Maia disse, entrelaçando os dedos em cima da mesa. -Surpreenda.
–Bem... Eu falo nove idiotas, já matei mais de duzentos demônios, e sou o cara mais gostoso da academia. -Ergui a mão.
–Fora. -Mandei. -Se eu precisar de um cara metido, pego Jace Herondale.
–Mas...
–Fora. -Ele suspirou e saiu. Risquei o nome dele da lista. -Próximo!-Um feiticeiro entrou. Pietro. Suspirei. -Próximo!
–Eu nem... -Ele começou.
–Eu disse “próximo”!-Risquei o nome dele. Um vampiro entrou. Ele era bonitinho. Billy Clentton. -Pode começar.
–Posso fazer uma pergunta antes?-Perguntou, erguendo a mão.
–Pode.
–Se eu namorar com você, posso sair com outras garotas?-Maia revirou os olhos e Clary bateu a cabeça na mesa.
–Próximo!-Foi a vez de um licantrope. Jordan. Maia se ajeitou na cadeira,com uma cara maligna. -O que você está fazendo aqui? Nós somos amigos, Jordan.
–Eu sei. -Ele disse, dando de ombros. -Não estou aqui por você. Maia, volta pra mim, meu amor. -Olhei pra garota ao meu lado, que balançou a cabeça negativamente.
–Jordan, fora. Próximo!
O licantrope saiu, com a cabeça baixa, levando flores com ele, que estavam escondidas atrás das costas. Isso não ia ser fácil. O próximo entrou.
Mike Jenwell/Licantrope.
–Você quer ver minhas tatuagens?
–Próximo!
Blair Riquelme/Licantrope.
–E aí?
–Próximo! Achei que só garotos tinham se inscrito. -Maia deu de ombros. -Próximo!
Steve Turner/Vampiro.
–Eu ganho quanto saindo com você?
–Próximo!
Léo Lanoice/Feiticeiro/Suspeito de ser procurado pela Clave.
–Você já pensou em ir pra Turquia, Mel?
–Próximo, pelo amor de Raziel!
Avan Stentan/Caçador de Sombras.
–Eu tenho mais duas namoradas, você se importa em ser a terceira?
–Próximo!
Martin entrou e cruzou os braços. Olhei pra baixo, o nome dele não estava na lista.
–Algum problema?-Perguntei.
–Isso é contra as regras, Bane.
–Próximo!
–Bane!
–Dê a vez pros mais novos, ok? Próximo!
ALGUMAS HORAS DEPOIS
–Eu desisto. -Murmurei, jogando a lista por cima do ombro. -Só veio gente maluca, ou que tem outras namoradas, ou maconheiros, e até o Léo!-Léo Lanoice foi preso após sair da audição, por tráfico de seres do submundo (a parte feminina dos seres). -Não vou aguentar mais isso!
–Tem só mais um, Mel. -Clary disse. -Vai, deixe-o entrar. -Respirei fundo.
–Próximo!
O cara que entrou, eu só via de longe. Travis Gontier, um Caçador de Sombras. Ele era bem alto, de cabelos escuros, e todo fortão. Maia e Clary estavam de boca aberta, quase babando. O cara era lindo pra caramba.
–Hã... Oi. -Murmurei, após levar uma cotovelada de Clary. -Quer... Hum... Dizer alguma coisa?
–O que preciso fazer pra me escolher?
–Hã...
–Fale sobre você, lindinho. -Maia incentivou. Olhei feio pra ela. Era minha vez de escolher, e ela já tinha Jordan.
–Bem, eu sou Caçador de Sombras, como podem ver. -Travis disse, mostrando algumas runas nos braços. -E também já fui modelo, da revista de Idris. -Dava pra ver por que. De longe. -Tenho uma irmã mais nova, que não estuda aqui, e... Se eu for escolhido pela Mel, o que eu espero que aconteça, vou tentar ser mais perfeito ainda. -Clary suspirou. -E então...?
–Pode nos dar um segundinho, Travis?
–Claro. -Maia sorriu pra ele e puxou Clary e eu pra de baixo da mesa.
–Ok, escolha esse cara.
–Tem que escolher ele. -Clary concordou. -Ele é gato!
–Isso aí.
–Eu não vou escolher ninguém. -Avisei. -Essa palhaçada precisa de um fim.
–Qual é, ele é perfeito! E não significa que tem que sair daqui e se trancar num quarto com ele, sua burra.Se conheçam! Vai que rola? Você fica com o bonitão, e pisa na cara de Sebastian.
–Sebastian não liga pra mim, você não viu ontem?
–Vi, vi sim. Mas não importa. Vai, Mel, escolhe o Travis.
Parei pra pensar. Talvez Travis fosse uma boa escolha, talvez ele fosse um cara legal. E talvez eu me apaixonasse por ele. Mas, no momento, deixar Sebastian irritado era meu principal objetivo, se bem que ele parecia desinteressado em mim agora.
Respirei fundo e voltei a sentar na cadeira. Maia e Clary fizeram o mesmo.
–Bem, Travis, - Comecei. -nós não nos conhecemos, e seria muito bom conhece-lo, e, em algum momento, se acontecer... Você sabe. Você estaria disposto à... Bem... Me conhecer melhor?
–Claro. Por que não?-E sorriu. Clary agarrou as folhas de cima da mesa e começou a se abanar.
–Perfeito. Nos encontramos no jantar. Obrigada. -Travis acenou e saiu. -Quando foi que deuses gregos vieram pra Terra?
–Boa pergunta. -Maia perguntou. -Ai, que calor.
–Ei, credo. É melhor sair daqui antes que me infectem com esse fogo no...
–Epa! Cuidado com a língua. -Suspirei.
–Tchau pra vocês!
–Tchau nada, vamos te arrumar pro jantar.
–Ai, meu Deus. Baixou a Isabelle agora.
***
Travis estava na porta do refeitório quando eu cheguei, me cumprimentou com um beijo no rosto, e entrou comigo. Maia e Clary nos olharam com malícia, então foram pra fila.
–Se importa se eu sentar com você?-Travis perguntou.
–Não, claro que não.
Nos sentamos numa mesa diferente, sem meus amigos psicóticos por perto. Eu amava meus amigos, mas eles eram doidos até demais.
Travis e eu conversamos bastante. Ele me contou mais sobre si mesmo, e eu falei um pouco sobre mim. Pela primeira vez, alguém não parecia dar muita bola por eu ser filha de Magnus Bane, isso fez eu me sentir normal, pelo menos um pouco.
–Seu ex está nos encarando como se fosse jogar a faca na gente. -Travis comentou, rindo. Olhei por cima do ombro. Sebastian desviou o olhar.
–Ele não vai ser um problema pra você, vai?
–Não. Sebastian e eu nos conhecemos faz tempo.
–Então são amigos?-Meu coração afundou com a ideia.
–Não, não. Nós vivíamos brigando, o tempo todo. Valentim e meu pai se conheciam.
–Hum.
–Eu posso lidar com Sebastian, não se preocupe.
–Não vou, se você garante. -Ele sorriu, acabei sorrindo também. -Ah, além dele, tem aquele feiticeiro ali. -Apontei com a cabeça para Pietro, outro que nos olhava feio. -Pode lidar com ele também?
–Posso. Nenhum deles me assusta.
–Perfeito. Mas tem mais uma coisinha.
–Outro ex?
–Pietro não é meu ex.
–Desculpe.
–Não, tudo bem. É só que... Meus amigos são meio doidos... E...
–Ah, sim, sim, eu sei quem são eles. -Riu. -Também não serão um problema. Você não anda com pessoas normais, não é?
–Se você for normal... Talvez eu comece.
–Seria... Bom. -Sorri. Um garoto se aproximou, ele também era Caçador de Sombras.
–Hey, Travis, o pegador. Conte pra mim, como é pegar Melissa Bane?-Minha boca se abriu num “O” perfeito.
–Ela não é um objeto pra ser pega, seu idiota. Sai daqui.
–Calma, cara, era brincadeira.
–Uma bem sem graça. Some.
–Tudo bem, tudo bem. Mas ela é bem bonitinha. -Encostou no meu cabelo, me afastei. Travis se levantou.
–Se encostar nela de novo, eu quebro a sua cara, Shane.
–Foi mal.
–Peça desculpas.
–Tá exageran...
–Peça desculpas!-Shane se virou pra mim, engolindo seco.
–D-desculpa, Melissa. -Fiz que sim. Shane olhou pra Travis, então saiu correndo.
–Meu Deus, o que foi isso?-Perguntei.
–Ele só não devia mexer com você. -Travis disse, se sentando de novo e dando de ombros.
É, parece que Travis Maddox saiu dos livros e mudou de aparência e sobrenome. Ai, Raziel.