How to survive escrita por Hayley Deschannell


Capítulo 20
Pesadelo


Notas iniciais do capítulo

Mais um bem rápido, pra compensar todo esse tempo que estive fora heheheheheeh



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Ellie.

– Vicky. Vem com a gente!

A garota magra, com ossos visíveis e a roupa esfarrapada hesitou. Como ela recusa uma ajuda nesse estado? Pensei.

– Eu agradeço. Muito. Mas eu não quero a ajuda de vocês para me tirarem do alvo dele.

O que? – Mable parecia inconformada.

– Quero que me ajudem a transforma-lo no meu alvo. Quero pôr um fim em tudo isso. Eu não tenho escolha.

– Como não tem escolha? – Will deu um passo a frente.

– Vocês vão entender.

Agora ela estava pedindo demais, pensei.

– Escuta aqui, garota. – Me manifestei – Eu não estou numa brincadeira! Enquanto estamos aqui nesse seu joguinho, tem alguém morrendo e dependendo de mim! Não posso perder tempo!

– Mas não vão. Eu também não tenho tempo.

– Então abre logo o jogo. Não vou me enfiar em nenhuma missão suicida!

– Foda-se! – Ela levantou a blusa, revelando uma mordida que parecia estar em um estagio avançado – Tá feliz agora, esquentadinha? Eu não tenho escolha!

Todos levamos um susto. Eu ouvi o clique da Polaroid do Brandon.

– Você é doente! – Mable sussurrou para ele.

– Vicky... – O tom de William foi tão triste quanto seu olhar.

– A ruiva tá certa, Will. Morte é muito pouco pra ele.

– Não me diga que...

– Não tente me impedir. Depois que eu morder ele eu quero que me matem. Mas não matem ele.

– Você é mais cruel do que eu pensava. – Brandon estava cada vez mais branco – Só não diria que é louca, porque é por uma boa causa.

William parecia não concordar. Eu estava sem palavras.

– Will. Olha pra mim. Lembra de tudo que ele fez com você. Esse mundo não tem regras. Mas de uma coisa eu sei: aqui se faz, aqui se paga. E ele vai pagar o preço por tudo que fez com todos os nossos amigos. E com a gente.

Ele passou alguns segundos calado. Eu peguei na sua mão. Ele suspirou, apertou a minha e finalmente disse:

– Qual é o plano?

* * *

William.

Nós localizamos Luke, sozinho seguindo as pegadas (forjadas) de Vicky. O plano dela era imobiliza-lo, da mesma maneira que ele fez comigo e com o Greg, em uma arvore.

Era um plano tão desumano que eu quase desisti. Mas aquele seria o último dia da sua vida. Ela não tinha escolha. E meu ódio por Luke aumentou mais ainda quando eu o ouvia procurando a garota.

– Vicky... Querida... Venha aqui, meu bem. Prometo que vai sentir menos dor se tiver menos partes do corpo, HAHAHAHAHAH! Talvez sem os braços e pernas seria mais fácil de te usar, né? Pra que membros? Você só serve pra isso mesmo! HAHAHAHA! Vadias só servem para isso!

Antes que eu desse o sinal, Mable surgiu de um arbusto, xingando ele com os piores nomes possíveis, que eu nunca imaginei que ela soubesse que existiam. Ela acertou ele com um taco de baseball, e o deixou desacordado.

– Isso não fazia parte do plano – Brandon reclamou enquanto tirava uma foto do monstro desmaiado. – Faz uma pose ameaçadora agora – E tirou mais fotos.

– Não fazia parte do plano, mas deu certo. – Ela respondeu olhando para mim enquanto fazia poses heroicas – Me segurei pra não esmagar a cabeça desse cretino!

– Essa loucura tá afetando vocês – Ellie disse, empurrando os dois do caminho.

Nós o arrastamos e o amarramos em um poste. Eu me sentia um lixo. Me sentia como o antigo William. Mas percebi que depois que ouvimos a historia da Vicky, Ellie estava agindo diferente. Não a conhecia por muito tempo, mas eu sabia o que suas expressões significavam. Durante todo esse tempo seu rosto refletia uma mistura de ódio, medo e rancor. Mas não tínhamos tempo para falar sobre isso.

– Vão... Vão se esconder. – Vicky estava mal.

– Vicky... – Eu queria dizer algo. Queria dizer que ela podia mudar de idéia. Que fazer isso era ser como ele. Que simplesmente podíamos deixa-lo ali e que tudo iria ficar bem.

Eu continuei calado. Eu olhei para ela. Eu olhei para os olhos dela, vermelhos, pulsando sangue, da mesma cor da mancha em sua camiseta branca. Veias do pescoço saltadas e aparentes, como se sua pele branca fosse transparente. Não iria ficar tudo bem. Não importa o que a gente fizesse.

Por um segundo, minhas memorias passaram pela minha cabeça.

Vicky não era daquele jeito quando eu a encontrei. Há 3 anos atrás, ela estava bonita. Ela estava encurralada em um beco por infectados. Sem munição. Eu estava escondido, e só tinha um machado. Podia ter deixado ela lá e seguido minha vida com Duque. Mas não suportaria vela sofrer como todos que eu vi. Oito infectados contra um cara com um machado. Eu tive muita sorte.

O apelido dela era “branca-de-neve”. Pele branca e lábios vermelhos. Fazia sentido.

Greg era o líder. Ele teve os pais mortos por um grupo de ladrões, e queria se vingar, e descontar a raiva em qualquer um que cruzasse seu caminho. Mas ele foi legal comigo. Eu tinha acabado de salvar a namorada dele.

Assim como eu, Vicky sabia que o rancor de Greg não iria ajudar em nada, que tínhamos outras maneiras de sobreviver. Mas ele não acreditava, e isso afastava a garota cada vez mais. Um dia ele chegou a agredir ela. Ele não a ouvia. Mas eu sim.

Vicky estava desesperada. Ela não tinha o sangue frio como todos do grupo tinham. Eles matavam por prazer. Eu ficava na minha, mas me prenderam no grupo. Greg colocava confiança em mim. Eu fingia ser um deles para sobreviver. E foi assim por mais 2 anos.

Perdi a conta de quantos suicídios eu impedi Vicky de cometer. Devido a isso, nos aproximamos demais. Ela não tinha o amor de Greg. Mas tinha a minha preocupação. E também tinha minhas idéias e planos para fugir.

Na primeira tentativa, fomos pegos, e Greg queria nos matar. Mas eu assumi a culpa, para protege-la, disse que ela estava ali contra a própria vontade. Ela convenceu Greg a me deixar vivo, pois apesar de tudo, eu já tinha salvo a vida dela inúmeras vezes. Então eu fui embora.

Depois disso, provavelmente Luke já estava de olho na liderança do grupo, e em Vicky também. Ela disse que outro grupo matou Greg, amarrando ele em uma arvore, o fazendo sofrer. Mas o monstro fez a mesma coisa comigo. Não tínhamos dúvida que a história do outro grupo era mentira.

Ellie.

– Já é tarde demais para desistir agora, Willyboy. – A garota tossiu.

William pareceu acordar de um transe. Seus olhos ameaçavam soltar lagrimas.

Nós decidimos esperar e observar a uma certa distância.

– Você não precisa ver isso. – Eu disse a ele. Entendi seu olhar como um “obrigado”.

Ele saiu. Vicky começou a ter espasmos típicos de um infectado, depois de uma conversa com Luke. Eu preferi ignorar tudo. Até ouvir o grito do rapaz. Então me aproximei, sem entrar no campo de visão de Luke, e acabei com o sofrimento da garota. Eu não consegui sentir absolutamente nada além de medo. Minhas mãos tremiam.

Quando voltei, ninguém me perguntou nada. Só continuamos nosso caminho. Eu fiquei aliviada por isso, pois se alguém dissesse mais alguma coisa, eu iria voltar ao meu pesadelo acordada. O pesadelo de Vicky era Luke. O meu era David. E nada que fizessem eles sofrerem o pior sofrimento do mundo, devolveria nossas noites de sono.


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Notas finais do capítulo

HELOU? TEM ALGUÉM AÍ?
https://www.youtube.com/watch?v=NEe3uHjXkd0
CADE VCS?



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