Terminei de organizar as coisas no balcão da cozinha. Preparei um café da manhã especial ao Steve. Bem, não fui eu quem fiz, pois não sei cozinhar, mas comprei brioches, pão de sal, bolo de chocolate da Starkbucks e dois frapuccinos. Peguei umas flores do jardim da frente do prédio e coloquei as em um vaso. Elas se multiplicaram com minha ajuda e ficaram lindas.

–Steve... -o chamei devagar deitando em cima dele.

Sua carinho de anjo dormia tranqüilamente deitado de barriga para baixo.

–Você conseguiu me fazer dormir. -murmurou baixinho de olhos fechados.

Sorri e cruzei as penas em cima de suas costas me sentando. Era verdade, desde que ficou 70 anos congelado, ele não conseguiu dormir novamente.

–Não vai querer passar o resto de sua vida dormindo certo? -beijei sua bochecha e depois suas costas. Sua pele arrepiou e eu ri baixinho. -Estou te esperando na cozinha em cinco minutos.

Eu tinha ido com o meu vestido tubinho de paetê dourado da noite anterior na padaria. Estava molhado, devido a chuva. Aproveitei enquanto Steve se levantava e troquei o vestido por uma blusa de frio de moletom azul marinho que ele me deu. Fiquei tentadora com ela. Liguei a televisão e antes de mudar de canal, me distrai com Rogers descendo as escadas vestindo uma blusa.

–Bom dia! -disse sorridente.

–Bom dia! -exclamei e pulei em seu colo.

Prendi minhas pernas em sua cintura e selei nossos lábios. Escutamos um gritinho e vozes infantis vindo da televisão. Nossa atenção foi desviada.

–Esta assistindo isso? -estranhou o Backyardigans passando na TV.

–Não! -desci do seu colo e mudei para o noticiário colocando bem baixinho. -Comprei varias coisas, porque não sei o que você gosta.

–Tudo bem. Que horas são? -ele passou por mim puxando o capuz da blusa de frio por cima de minha cabeça e sentou na banqueta do balcão.

–Quase dez horas. -sentei em sua frente.

–Uou. Acordei muito tarde. -se assustou e eu ri pelo nariz.

–Não acordou, também fomos dormir tarde. Deve estar sendo super demais voltar à rotina de sono. -ironizei tomando o meu frapuccino.

–Super. -revirou os olhos e tomou sua bebida. -Radical.

Eu gargalhei e peguei um brioche. Que fofo ele usar gíria, mesmo que ninguém use mais radical. O fitei com um sorriso bobo na cara tomando a minha bebida pelo canudinho e vi o rosto do Rogers corar de vergonha.

–Vou ligar para o taxi vir me buscar. Não posso demorar aqui, Bruce pode me matar.

–Você não precisa ir agora... Se quiser. Como você disse, acordamos cedo. Se perguntarem fala que dormiu tarde e perdeu a hora. -deu a ideia.

–Gostei Capitão. Tenho que falar outra coisa. Você conversou com algum deles? -me referi aos Vingadores e ele balançou a cabeça negando. -Estão bravos com você por ter sumido.

–Eles não querem me escutar. -falou sentando ao meu lado no sofá,

Suspirei. Stark e Clint são bastante orgulhosos, demorariam para aceitar qualquer coisa do Steve e os outros devem ter entrado na onda. Coloquei minhas pernas no colo do Capitão e ele puxou a blusa de frio, bem curta, para tampar a metade de minhas coxas. Ri com o ato.

–Mas estou falando serio. Mesmo que eles não queiram, terá que se explicar.

–Ok, eu vou pensar em como. Alguma sugestão?

–Dê ao Tony um bom uísque.

Steve riu e me deu um beijo intenso com as mãos em minha cintura, me segurando para não declinar sobre o sofá. Minha boca agiu rapidamente em seu pescoço e sua pele ficou extremamente arrepiada. Suas mãos soltaram meu corpo, me deixando deitar e ele avançou sobre mim. Tirou a blusa de frio, perdi as contas de quantas vezes ela já foi tirada, e eu tirei a sua branca. Sentimos o impacto de algo atingindo o chão do andar de cima.

–O que foi isso? -pergunto arfando.

Ele olha em meus olhos e pede para que eu faça silêncio. Rogers levanta e caminha ao pé da escada, sem provocar barulhos, espiando o andar de cima. Ao não ver nada, decidi subir as escadas. Levanto-me também, visto a blusa de frio e decido segui-lo bem atrás. Não tinha nada em seu quarto, devia ser algo no terraço.

–Espere ai! -falou com gestos sem emitir sons.

Neguei com a cabeça. Steve revirou os olhos. Ele contou 1, 2, 3 e abriu a porta da varanda correndo para fora. Fiz o mesmo segundos depois.

–Interrompi a diversão de vocês?

Desmontando sua armadura, era apenas o Stark. Meu coração estava batendo rapidamente e eu devia matá-lo por me assustar desse jeito. Tony olhou o corpo do Capitão depois me examinou de cima a baixo. Imediatamente ele fechou a cara e me encarou.

–Você precisa ir. Vista alguma roupa. -ordenou.

–Um minuto.

Entrei no quarto, pego meu vestido de paetê e o visto junto com o mini short preto que uso quando uso saias, etc. Deixo a blusa do Rogers sobre sua cama. O clima lá fora não estava bom, os dois se detestavam. Percebi isso ainda mais quando sai e nenhum deles se falavam, apenas fingiam que não existissem.

–Vejo você mais tarde. -sussurrou Steve para que Tony não ouvisse. –Não brigue com ele.

–Ok. Pense no pedido de desculpas, realmente não vale ficar assim.

Rogers esticou os braços para me abraçar, mas antes de me aconchegar neles, Stark gritou nos afastando.

–Ei! Ei! Ei! Não toque nela picolé.

A armadura quente exposta ao sol me abraçou, Tony fechou a mascara e meus pés saíram do chão. Senti um terrível frio na barriga pela ao olhar para baixo, vi o corpo enorme de Steve cada vez menor.

–Ficamos preocupados! Que ideia é essa de ir a uma boate e sem avisar a ninguém? -resmungou.

–Na verdade, eu disse ao Thor onde ia. Mas como ele não sabia o que é boate, eu mudei as palavras para clube de dança. -admiti a culpa. -E então ele falou ok.

–Ótimo. Thor. Como se resolvessem as coisas. -bufou.

Como a armadura era rápida, logo avistamos a inconfundível Torre. A armadura diminuiu a velocidade e parou no heliporto. Stark andou pela passarela e as peças do Homem de Ferro foram se desfazendo. Desci umas escadas e antes de entrar na casa, virei-me.

–Porque ficou bravo?

–Porque eram dez horas da manhã e ninguém tinha notícias suas! -elevou o nível da voz e em seguida deu uma pausa ao dar um gole na vodca feita por um dos robôs. - E Natasha acordou e disse que você saiu com o Steve! Você queria assustar a gente não é? Faz parte desse seu jogo de não querer falar com ninguém e acusar de coisas absurdas. -seu tom era decepcionado.

–Vocês mentiram para mim! Eu tinha o direito de ficar brava sim. Mas isso não vem ao caso. Eu sai com Steve por outros motivos. E ele quer falar com vocês, explicar porque sumiu assim.

–Não quero falar com ele. E você também. Nada de visitas do Rogers. -determinou e eu revirei os olhos.

–Ele volta para Washington amanhã e você também não é meu pai.

–Ah, é? E onde está o seu pai? Volte para Russia, bárbara.

Sua fala doeu em mim. Olhei para aqueles seus olhos escuros e redondos. Fechei meu punho tentando amenizar minha raiva e um vaso com uma orquídea na sala se quebrou. Os mesmos olhos se encheram de culpa.

–Eu vou. Mando um cartão postal com minha família. Quem sabe você me manda com a sua armadura, já que é a única coisa que tem. -digo fria e dou as costas entrando no elevador.

–Flyer! -gritou. -Volte aqui! Não. Não volte. Vá para o seu quarto!

As portas do elevador ao meu lado se abriram, Bruce, Clint e Thor haviam saído e chegaram agora. Não pude ver mais, pois as portas do elevador se fecharam. Fiquei feliz por deixar Tony falando sozinho. Quem ele pensa que é para controlar minha vida?

Eu precisava me focar na Rússia, inclusive decorar o nome de cada membro e amigos. Rússia, Rússia, Rússia.

Organizei tudo em pasta e abri as de fotos. Eram mais de 1000 fotos, eu realmente devia gostar de fotografia. Cliquei em uma tecla errada e o notebook paralisou. Bufei furiosa.

–Droga.

–Senhorita, provavelmente o computador deve ter ficado sobrecarregado com os arquivos. –explicou Jarvis e logo o notebook voltou a funcionar criando sozinho uma sequencia deimagens.

A primeira foto era tirada do chão de concreto, em seguida de um homem muito gato rindo em uma espécie de restaurante.

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Depois varias minhas deitada na cama fazendo caretas. Duas fotos me chamaram atenção, uma da minha suposta irmã gêmea Gabriela lendo um livro grosso sentada no sofá e eu atrás dela fazendo chifres e uma careta fingindo vomitar. A segunda era do mesmo homem da primeira foto, sentado em uma poltrona comigo em seu colo. Eu tinha um namorado? Abri as pastas de áudio.

–Polet... -soou um áudio de voz masculina em tom brincalhão. -Diga alguma coisa.

–Pare Klaus. -pedi em russo rindo.

–Mandarei isso apenas para Irina.

–Esse é o problema.

–Polet, Polet...

Eu era chamada assim? Klaus é o cara gato da foto? E quem diabos é Irina?

–Podemos mandar outro áudio para ela desde que não me chame assim!

Fim do som e o computador executa outro. Eu comecei a rir nos dez segundos iniciais sem força para falar. Minha vida não parecia tão assustadora, comecei a me sentir uma idiota por ter imaginado tão dura antes e por todos na SHIELD terem me colocado tanto medo.

–Atenção, 1, 2, 3. Gabriela, querida irmã, não fique assim. Você chega amanhã? -peço desculpas.

–Alô, te amamos Gabi. -era a voz de outra garota.

Então uma das fotos que Jarvis passou era minha segurando vasos de tulipas. Havia outra, minha e do mesmo cara muito gato, eu deitada em seu colo na grama debaixo da sombra de uma enorme árvore. Um dos galhos cresceu tanto que apenas ao esticar as mãos, conseguíamos colher os novelos. Provavelmente era obra minha.

–Steve tem um concorrente? –murmurou uma voz atrás de mim e me assustei.

–Natasha! Que susto.

–Bom, venha ver isso. Bruce pediu para que eu pegasse na SHIELD. São arquivos seus. Furry me entregou.

Ela estendeu dois pacotes pardos e meio rasgados. E antes de abrir, suspirei e digo:

–Sabe o que é estranho? Meu pai é o homem mais procurado do mundo e eu tenho uma vida social e normal. Não devia ser mais discreta? -questionei.

–Seu pai é o procurado, não você. Aliás, acho que você já foi interrogada e devia ser vigiada constantemente por agentes da Interpool, mas não podem fazer mais do que isso. Se eles tocassem em você, a ALRS teria como abrir um grande processo e poderia aliviar a barra do seu pai.

–Então meu pai não deve conviver comigo? -a outra russa assentiu.- E como vocês me capturaram?

Outra pergunta que rondava em minha cabeça era se Klaus e qualquer amigo meu sabiam sobre meu pai, meu dom ou a ALRS e se sentiam a minha falta.

–Você estava vigiando o homem mais rico dos Estados Unidos, para poder interferir em nossa economia. Furry me enviou ao escritório do Sr. Boomber e lá acabamos lutando. Foi quando você perdeu sua memória. -explicou Natasha. –Na Polícia Federal, ao chegar no aeroporto, você disse que veio para cá com o objetivo de fazer um intercâmbio e ter fluência sobre seu inglês.

–E há quanto tempo eu estava vigiando esse cara?

–Durante um dois meses.

–Então eu... –pensei assustada.

–Sim. Você está aqui faz sete meses.

Tudo passou tão rápido. Quer dizer, nem parecia direito e até hoje minha memória nunca voltou. Nem voltei a receber qualquer indício. Romanoff sorriu e depois saiu. Voltei a ver as sequências.

Gabriela. Era uma versão mais magra e menor de mim, com os cabelos castanhos um pouco mais curtos. "Se você estivesse na Terra, nós saberíamos", falou ela quando nos encontramos na aeronave da SHIELD. Será que ela acreditava que eu estava morta? Provavelmente não.

–Olá. -acenei para a câmera e desviei a imagem para o cara gato russo que também acenou. -Klaus e eu estamos aqui. E ele está com medo. -digo seria. Então ele realmente era o Klaus. -É meia noite, ele veio mais cedo do trabalho e decidiu passar aqui em casa, fiquei bem feliz com a surpresa.

Eu praticamente sussurrava como se estivesse contando uma história de terror com medo. Então aquele era mesmo Klaus. Aproximei meu ouvido da caixa de som para escutar melhor.

–Mas agora ele está serio, porque... Porque eu ganhei dele TRÊS VEZES no jogo de dança! -gritei pulando de alegria jogando em sua cara.

–Cala boca Polet.

O meu grito no vídeo me fez recuar e o pacote pardo da SHIELD cair no chão espalhando imagens e papeis. Peguei as fotos reveladas, eram feitas por câmeras de péssima qualidade. Uma delas eu segurava uma sacola de compras com o telefone no ouvido, outra eu estava entrando em um carro e havia uma...Eu estava com um taco de golfe nas mãos e minha boca estava tampada com um lenço, era de noite e eu preparava para atacar a janela do MC Donalds, um dos maiores símbolos estadunidense. Eu era tão inimiga deles a esse ponto?