-Café? -ofereci aos empresários sentados na mesa.

Todos me olhavam com indiferença, apenas alguns lançavam um sorriso agradecido. Esse emprego era uma merda. Ser secretaria do homem mais rico dos Estados Unidos era por outros motivos. Era uma missão importante e eles confiavam em mim, meu pai confiava e estava orgulhoso, mas receoso. Minha mãe não podia ter ideia, ela pensava que isso era apenas um curto intercâmbio.

-Barbara, terminou os arquivos? -questionou o sr. Boomber já imaginando uma resposta negativa vindo de mim.

-Terminei, mandarei para seu email imediatamente.-respondi vitoriosa recolhendo algumas xícaras e sai.

Idiota. A minha sorte era que outras pessoas faziam o serviço chato para mim. Fechei as portas duplas e sentei na mesa cumprindo o que prometi. Pouco tempo depois, vinte homens saíram da sala sorrindo e rindo de algum caso.

-Arquive isso para mim. Vou sair. Tranque as portas e entregue as chaves para Tom.

-Ok. Boa noite senhores.

Assenti. Eram sete horas da noite, provavelmente só sairia ás oito. Arquivar era dever meu resolver, os outros serviços complicados eu passava para outros agentes. Bufei e o maldiçoei por tudo. Sua superioridade me irritava e o modo como me tratava também. No entanto, os arquivos eram uma boa desculpa para procurar importantes documentos. Sr. Boomber era um homem rico bastante influente na América e Europa.

-Olá? -chamei verificando se havia alguém.

Cuidadosamente entrei em sua sala e lembrei dos papéis que encontrei na noite anterior, enquanto eu vasculhava. Eram cartas recentes em outra língua, uma negociação, pareciam ser de extrema importância ,pois estava arquivada em rascunhos - onde ninguém mexeria. Boomber é um homem extremamente organizado, nunca guardaria cartas em locais errados.

Tirei fotos de cada página e enviei para o número da minha agência. Escutei um barulho leve de algo caindo no chão. Estremeci e me escondi atrás de sua mesa pegando ,antes ,um jarro sem flores.

-Olá! -digo sorrindo e me levantando quando vejo apenas uma mulher ruiva e desconhecida, talvez uma cliente.

-Olá. Sr. Boomber esta? -perguntou olhando em volta.

-Não. O escritório fecha as sete. -lamentei. -Precisa de algo?

Ela assentiu e imediatamente tentou me golpear. Minha sorte era eu estava um pouco distante e um passo curto me deixou longe do chute de sua perna comprida e ágil.

-Flyer. -sorriu ela.

Ela sabia meu nome verdadeiro. Haviam descoberto minha verdadeira identidade. Eu poderia voltar para casa e fugir. Com força joguei o jarro sobre a ruiva que com um soco o quebrou machucando sua mão.

-E seu nome é? -perguntei e parti para cima dela.

Seu soco era firme, leve e forte. Defendi todos devido ao duro treinamento que tive na Rússia, meu lar. Sua perna me deu uma rasteira e desabei no chão. A ruiva agora vinha em minha direção, desesperada olho para a mesa do sr. Boomber e vejo uma enciclopédia pesada. A pego e golpeio forte em sua cabeça. O corpo dela desaba no chão.

-Droga! -exclamo ainda atordoada com a situação.

Levanto do chão e reparo nos cortes em seu rosto. Eu teria sérios problemas se ela levantasse. Peguei o meu celular em cima da minha mesa e disco o telefone de um agente próximo aqui de Nova York. Enquanto chamava, arrumei as coisas sobre a mesa eliminando qualquer vestígios.

-Boa noite. -escuto sua voz feminina e sua mão choca minha cabeça na parede me fazendo desmaiar.

(...)

-Ela está acordando.

Meus olhos pesados piscam freneticamente. A luz irritava completamente e minha cabeça estava dolorida. Eu não estava em um hospital e sim em um laboratório. Cercada por três pessoas. Uma mulher ruiva, um homem vestido com um jaleco e outro com um tapa olho. Olhei para mim, meus braços estavam com tubos e um computador contava meus batimentos. Ali parecia um hospital.

-Srta. Morozov, finalmente vamos nos conhecer. É bastante procurada. -disse o tapa olho estendendo a mão.

-Está falando comigo?- estranhei olhando em volta e franzindo a testa.

O doutor e a ruiva se entreolharam enrugando o rosto e o homem continuou a falar coisas absurdas. Eu realmente queria me virar e voltar a dormir, meu estado físico realmente não estava muito bom. Porém não parecia educado ignorá-lo.

-Claro que sim. Sabemos que esta nós Estados Unidos para vigiar o homem mais rico de nosso país e que influência muito em nossa economia. E também que seu pai é um espião russo muito famoso, bastante procurado. Mas foi uma surpresa para nós descobrirmos que a filha dele também está envolvida nisso.

Abri a boca sem acreditar. Eu estou espionando alguém? Minha cabeça dói e o doutor, que é bem bonito, coloca a mão em minha testa. Sua mão é completamente gelada e solto um leve gemido. Tentei lembrar do meu pai, mas um branco assumiu minha cabeça. Talvez esteja cansada demais para refletir ou fui acordada da forma errada.

-Eu? Você está confundindo.

-Srta.Morozov... -o homem volta a falar.

-Furry, espere. -o doutor estendeu a mão na frente dele e olhou em meus olhos, se aproximando.

-Doutor Banner, temos certeza que é ela. O exame de sangue comprovou. -a ruiva entrou no meio e o tal Furry concordou.

-Não é isso. - e eu pisquei fortemente, seu rosto se afastou. Ele retirou os óculos e limpou em seu jaleco. -A paciente está com índices de amnésia.

-E quem é você? -perguntou Furry calmamente aproximando de mim e me observando com apenas um olho.

Respirei fundo, olhando para baixo. Eu tentava me lembrar, mas parecia impossível. Minha cabeça doía. Como posso esquecer minha identidade? Eu enxergava apenas um branco total.

-Eu não sei... -gaguejei.