Distance escrita por Gustavo Henrique


Capítulo 3
Capítulo 3 — Oi. Meu nome é Jack Frost. É um prazer conhecê-la.




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"If speed's a pro

Inertia must be a con

Cuz the cold wind blows at precise rates

When I've got my ice skates on"

Elsa e Anna chegaram em Arendelle e Jack observou a comoção dos populares. Ouviu "Bem-vinda rainha!" e "Bem-vinda princesa!" e percebeu quem eram. Enquanto seguiam seu caminho, Elsa modelava o gelo para divertir as crianças que as acompanham, fazendo-as pular e correr. Anna parecia alegre, sempre com um grande sorriso, mas sua irmã apenas contraía os lábios.

Em certo ponto, Frost ouviu alguns transeuntes conversando e quando um deles disse "Ficou sabendo da história dessas meninas?", ele parou para ouvir.

— O que você quer dizer? — o outro respondeu.

— Você sabe que a rainha nunca apareceu em público. Um amigo de um amigo me disse que ela foi criada isolada até da própria irmã. Aparentemente, ela nunca teve infância.

Era isso! Jack começara a compreender. Elsa não se divertia não porque era má, mas porque se privara disso há muito tempo!

Alcançaram o castelo real e, lá dentro, o espírito passeou pelas galerias, pelos largos corredores, todos grandiosos e ornamentados com metais raríssimos e carpetes felpudos, e conheceu um pouco da história das duas, contada pelos grandes quadros pendurados nas paredes. Eram irmãs, podia ver pelas fotos em família, mas não viu em canto algum os pais que as fotos mostravam. Talvez estivessem em viagem ou talvez não estivessem mais entre eles, não saberia dizer. Depois, subiu as escadarias e visitou os quartos, todos muito comuns, até entrar no de Elsa. Era grande, como um quarto real deveria ser, muito limpo, e detalhes azuis claros decoravam o cômodo. Jack passou a mão sobre as paredes, sobre os móveis, e se sentiu engraçado. Não era sempre que vasculhava um quarto daquela maneira, tão interessado em quem o ocupava todas as noites.

— Tudo bem, Anna. Até amanhã. — Elsa disse, despedindo-se da irmã e fechando a porta.

Aquilo pegou Jack de surpresa. Afastou-se das coisas da garota, como se tivesse sido pego bisbilhotando o que não devia. Lembrou-se, porém, que não podia ser visto, então relaxou. Notou que estavam a sós, apesar de ela não poder vê-lo. Elsa estava cansada e soltou um longo suspiro. Encarou a cama com um olhar triste e começou a se despir, tirando primeiro as luvas. Quando começou a se livrar da parte de cima das vestes, Jack se envergonhou e se virou para a parede. Voltou a encará-la apenas minutos depois, em que ela já estava com um vestido de seda fina, simples e esbranquiçado, que deixava os ombros à mostra e os cabelos, soltos. Tinha uma pele alva como a neve, e Frost podia jurar que brilhava à luz da lua. A garota se sentou na cama e levou os olhos até o teto, com uma respiração leve, distante.

O garoto pensou que talvez estivesse se sentindo solitária. Com um movimento do cajado, uma pequena brisa a circulou, como se a envolvesse em um abraço, e Elsa levou os braços ao redor dos ombros, sorrindo. Ele se aproximou e sussurrou no seu ouvido:

— Oi. Meu nome é Jack Frost. É um prazer conhecê-la.

Tomou uma certa distância e apenas observou. Sabia que não poderia ouvi-lo. Nunca poderia. Ninguém nunca pôde. Mas o confortava dizer coisas à ela, mesmo que permanecesse inaudível. Ela se deitou e encarou fixamente para cima, com um dos braços sobre a testa. Jack repousou ao seu lado, virado para ela, com os olhos fixos em seu rosto. Deitava-se com as pernas dobradas, e a cabeça por cima do braço.

— Oi. Meu nome é Jack Frost. É um prazer conhecê-la.

Não demorou muito para o cansaço atingir a sua expressão e Elsa logo caíra em um sono profundo. Frost ficou ali por alguns minutos, admirando-a. Por fim, levantou-se, foi até a janela e sentiu o vento bater-lhe no rosto. Olhou para trás, na direção da garota, e disse uma última vez.

— Oi. Meu nome é Jack Frost. É um prazer conhecê-la.

Sorriu e saiu do quarto, voando pela cidade.

O que ele não esperou para ouvir, porém, foi sua resposta.

— Oi, Jack Frost. — murmurou enquanto dormia, como se sonhasse com aquilo — É um prazer conhecê-lo. — e voltou a respirar profundamente, esboçando o maior sorriso que poderia.


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Notas finais do capítulo

Yay! Tá saindo!
Qualquer elogio, crítica, sugestão, só comentar! :)