Por toda a minha vida escrita por Elle Targaryen


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas... muitas emoções nesse capítulo.
Boa leitura!



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Uma tarde de testes e Emma já fazia parte do time feminino de Rugby. Segundo Mulan, a loira era uma das melhores jogadoras do time. Ótimo condicionamento físico, força, agilidade e estratégia. Claro que achava isso um pouco exagerado por parte da capitã, se em tão poucos dias a morena de traços asiáticos não tivesse se tornado sua amiga, pensaria que estava dando em cima dela descaradamente, mas aquele era realmente seu jeito. Mulan gostava de elogiar as garotas, chegou a dar em cima de Emma no primeiro dia de aula, mas depois percebeu que não conseguiria nada com a loira além de uma amizade e de uma química em campo que, segundo ela, as levaria ao pódio do campeonato estadual. O time era realmente forte, talvez tivessem mesmo uma chance e isso animava Emma.

Pensava em tudo isso enquanto tomava banho no vestiário feminino. Era sexta-feira, tinha terminado de sair do treino. A semana inteira se recapitulava em sua memória. Conseguia sorrir ao lembra-se de Alan, suas fofocas e ironias infames; das dores de cotovelo da Mulan por não estar com Aurora, sim..., Ela era apaixonada por uma garota que tinha namorado, Philipe, um dos amigos babacas de Killian, como a morena chamava. Neal havia se tornado seu melhor amigo, ele, Ruby, Mulan, e August, andavam sempre juntos pra todo lado, a loira estava realmente gostando disso, nunca tinha feito tantos amigos em toda sua vida escolar. Fechou os olhos, ficou parada deixando a água percorrer todo seu corpo. Lembrou-se dela, aquela que não saia mais de seus pensamentos. Não via Regina desde aquele dia no teatro. Arrumava pretextos para passar em frente à diretoria sempre que possível, mas não a via. Falava com Henry todos os dias na escola. Perguntava pela mãe do garoto tentando não parecer tão interessada. Tinha sempre a mesma resposta: 'Ela está bem, trabalhando muito'. Não sabia mais se a morena estava evitando encontrá-la. Chegou a pensar que aquilo era algo da sua cabeça, ela realmente devia trabalhar muito e com certeza nem lembrava de uma adolescente desajeitada chamada Emma Swan.

***

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–Vamos fazer um luau hoje à noite. Fogueira, marshmallows, fofocas e umas bebidinhas. Todos já confirmam presença, às 20hrs na praia. Abraço

Ruby-

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Emma leu o SMS e sorriu:

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Estarei lá!! Xoxo ;)

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***

–Puts... Esqueci os livros. Que cabeça Emma. - Diz em voz alta para si mesma quando já estava quase saindo da escola.

Já era tarde, os alunos já tinham ido embora, mesmo os que faziam atividades até tarde. Tinha demorado mais do que o esperado no banho, mas agora teria de voltar até seu armário. Precisava fazer um trabalho de história no final de semana e já ia sair sem os livros.

Andava apressada pelos corredores. Não pretendia demorar quando, não muito longe, ouve uma música. De início não sabia direito de onde vinha. Dobrou um corredor e foi seguindo o som. Era piano. Alguém estava tocando piano na sala de música.

A porta estava entreaberta. Entrou devagar sem fazer barulho. A sala era ampla e bem iluminada com vários pianos laterais enfileirados, com certeza era uma sala de aula; até aquele momento Emma nem sabia que escola ensinava piano. Ao olhar no fundo da sala não conseguiu acreditar muito bem no que via. De costas uma mulher sentada no banquinho tocava. Cabelos negros curtos, vestida em uma roupa social, mais social do que qualquer outra pessoa naquela escola. Coluna totalmente ereta dedilhando o piano majestosamente. Era Regina. A única coisa que Emma conseguiu fazer foi aproximar-se o máximo que conseguia sem que sua presença fosse percebida e sentou-se para admirar a surpresa. A música entrava pelo ouvidos da loira de forma apaixonada. Era suave e ao mesmo tempo intensa, era amorosa e ao mesmo tempo angustiada, era forte e frágil, era romântica, trágica, lembrava uma dança num lago, um castelo de cristal, uma lágrima na chuva, saudade, lembranças... Cada tecla quando pressionada parecia revelar um desespero contigo, uma tragédia interna, um luar e uma história de amor...

***

Tentava não deixar as lágrimas caírem enquanto torturava as teclas do piano. Aquilo era mais que um exercício da memória, era quase como reviver uma vida perfeita, um tempo perfeito. Era como se transportar ao paraíso e ficar a centímetros do chão. Ela quase podia sentir o cheiro de café e menta pela manhã, o ruído suave do mensageiro dos ventos na varanda, as risadas bobas e as lágrimas de alegria nos finais felizes dos filmes que assistiam nas noites de domingo, cama quentinha no inverno que castigava a plantação fora da janela do apartamento onde viviam, noites de bocas, pernas, planos... Planos pra um futuro interrompido.

A música cessa. Mais uma sessão de tortura se põe e Regina ouve palmas. Assusta-se e vira rapidamente temendo que alguém pudesse ter invadido seus pensamentos e, em uma fração de segundos, recupera o ar superior e arrogante. Emma estava parada em pé poucos metros a sua frente. Sorria e batia palmas freneticamente. Há quanto tempo será que aquela garota estava lá? Teria visto seus olhos marejados? Teria conseguido ler seus pensamentos? Invadir sua memória? “É claro que não, Regina!” - Repreendia-se mentalmente.

– O que faz aqui, Swan? - Fala rude e secamente encarando Emma com um olhar raivoso.

– Calma... E- eu não queria atrapalhar... - Fala desajeitada.

– Mas atrapalhou. Quem te deu permissão pra entrar aqui? - Emma abre a boca pra responder, mas Regina a interrompe - Não responda, apenas pegue essa sua mania intrometida de se meter onde não é bem-vinda e saia! - Diz de maneira grossa dando as costas.

– Eu ouvi a música, achei bonita e a porta estava aberta... Eu não sabia que era você quem tocava. Desculpe se eu te irritei. – Diz com a voz tranquila ignorando as ordens da morena.

–E você ainda não foi embora! – Regina fala com a voz irritada. Um silêncio pesado invade a sala por alguns segundos.

– Por uns minutos pensei que você poderia ser uma pessoa um pouco sensível, mas acho que me enganei. – Emma diz com uma expressão de decepção.

– Ótimo! Isso serve pra você aprender a não fazer mais suposições ao meu respeito. Qual parte do retire-se você não entendeu, senhorita Swan? - Diz virando-se para Emma e fitando-lhe com um olhar mortal. A loira virou de costas e andou devagar até a porta, antes de ultrapassar o portal olhou pra morena com uma expressão magoada, dizendo:

– Você não precisa por mais cimento nesse muro, Regina. Ele já está firme o suficiente. Ainda assim, foi bom te ver eu até senti saudades. Tenha uma boa noite, senhorita Mills. - E sai.

Ainda sentada em frente ao piano, Regina descontrai os ombros, solta o ar pela boca e leva as mãos à cabeça. Fica uns segundos olhando para as teclas. Um murmurar em seus ouvidos: “você não precisa por mais cimento nesse muro, Regina. Ele já está firme o suficiente”.

Fecha os olhos e deixa uma lágrima quente escorrer por seu rosto. Joga as duas mãos naquelas teclas que tanto a machucava. Memórias como lanças que queimavam em seu peito. Respira fundo tentando se recompor. Fecha o piano. Levanta-se ajeitando a saia. Enquanto andava firme até a porta vê, jogada em cima de um dos pianos, uma jaqueta vermelha.

***

Entra em casa bufando, falando coisas desconexas como: idiota, raiva, linda, piano.

– O que você tem Emma? - Pergunta Mary Margaret.

– Nada mãe... Vou pro quarto. - Responde com a voz meio falha.

– Você vai jantar?

– Não mãe, estou sem fome!

–Vou deixar a comida no micro-ondas caso você queira mais tarde. - Diz sua mãe em tom de preocupação.

– Tanto faz... - Fala baixinho.

Entra no quarto jogando a mochila pro lado e lembra-se dos livros. Tinha esquecido de pegar os livros de história, o que a deixa ainda mais raivosa. A voz dura de Regina ecoava em sua cabeça. – raiva, raiva, raiva!!! - Era só o que Emma conseguia dizer. Joga-se na cama. Queria socar alguém, sentia-se idiota, totalmente idiota.

'Mesmo assim foi bom te ver'. - Não foi bom, foi péssimo te ver, mulherzinha grossa!

Passou meia hora tentando impedir que as lágrimas caíssem, queria chorar de ódio, ódio por se sentir daquela forma. Ninguém nunca a fez sentir tão idiota. Estava lá parada batendo palma entusiasmada pra depois levar patada e mais patada e ainda dizer que foi bom, que sentiu saudades. Remoeu sua raiva até adormecer.

Foi acordada com o celular tocando. Era Ruby.

– Emma?!

–Oi, Rub... -Fala sonolenta.

– Você não vem? Já está todo mundo aqui!

– Que horas são? - Pergunta.

– 20:30. Não vai me dizer que você já estava dormido. Por favor, ne!!!

– Não..., não estava dormindo. Me espera que estou chegando. - Fala tentando parecer animada.

– ok.

Havia esquecido completamente do convite pro luau. Nunca tinha ido a um. Imaginava que ficariam todos em Volta de uma Fogueira cantando músicas idiotas e comendo marshmallows. Levantou ainda sonolenta, foi até o banheiro, lavou o rosto, olhou todo o quarto, nem sinal de sua jaqueta. 'Espero que não Esteja tão frio na praia'.

***

–Emma... Guardei um lugar pra você. - Neal acena para ela assim que a vê chegando à praia, mostrando um lugar ao seu lado. - Obrigada. - Agradece sorrindo.

A praia estava lotada. Quando Ruby falou que todos tinha confirmado presença não imaginou que fosse tanta gente assim, parecia que o ensino médio inteiro estava lá, eram vários grupos de adolescentes espalhados pela areia com suas respectivas fogueiras, marshmallows e caixas de isopor.

– Isso parece uma concentração de guerra. - A loira comenta enquanto seus olhos varriam o ligar.

– É assim toda sexta-feira. Não tem muito que fazer nessa cidade, né? - Comenta Tinker.

–Cerveja? - Ruby retira uma latinha do isopor e estende para Emma.

– Obrigada, acho que estou precisando. - Fala em desânimo.

– Precisando por quê? - Mulan pergunta curiosa.

– Ah... Nada de demais. Digamos apenas que hoje não foi meu melhor dia.

–Uuuuuuhm!!! Loirinha misteriosa. - Alan fala se aproximando do grupo e pondo seus cabelos lisos pro lado como uma diva de filme francês.

– Cerveja? - Pergunta Ruby ao garoto.

– Oh..., Não! Cerveja é uma bebida muito rude, lobinha. Vocês têm champagne, ou vinho? - A morena balança a cabeça negativamente.

–Imaginei que não - Sorri sentando-se ao lado de Mulan.

– Então, Emma querida, não dirá qual todo esse mistério que a faz beber incontroladamente? Problemas no cotovelo? – Fala ao acender um cigarro enquanto olha ironicamente para Mulan que retribui a indireta com um sorriso sarcástico.

– Não, imagina. Não tenho esse tipo de problema, definitivamente. - Diz mais para si mesma, tentando se convencer, do que pros outros.

Eric retira o violão que trazia na mochila e começa a tocar. Por deus, ele tocava músicas românticas, uma pior que a outra. Não que ele tocasse mal, tocava bem e cantava bem também, dedicava todas as músicas para Ariel. Aquilo estava deixando Emma desconfortável. Eric era o namorado perfeito, sabia cozinhar, tocava violão, cantava muito bem, era apaixonado, atencioso, rico e bonito, entendia-se por que a ruiva era sua sombra, difícil encontrar um garoto assim. Ariel se empolgava com cada música que ele dedicava a ela. Emma apenas olhava pra Mulan com uma cara de: “por favor, me tira daqui eu vou vomitar”. E como se a morena entendesse o pedido da amiga, convidou Emma e Ruby pra um passeio na areia.

– Então, agora vai dizer por que está tão irritada hoje? – Mulan pergunta.

– É algo idiota, não creio que seja realmente importante. Aquela música melosinha e as ironias do Alan estavam me irritando.

– Sei como é. - Comenta Ruby.- Alan e o casal perfeito são legais, mas quando você está pra baixo, ver tanta alegria assim da até vontade de vomitar.

Emma quase sorri com o comentário.

– Se você não quiser contar tudo bem, né Rub? - Diz Mulan. - Nós vamos apenas ficar aqui e caminhar com você o quanto você quiser. – Conclui com um sorriso. Ruby faz que sim com a cabeça e as três caminham próximo a água.

– Hey, sabe do que você precisa? - Fala Ruby depois de um tempo.

– De que? - Emma pergunta desanimada.

– De um pouco de agito!!! - Fala entusiasmada. - Você trouxe o som? - Pergunta pra Mulan. - está na caminhonete.

– Ótimo, vamos agitar essa noite deprê.

Emma volta pra fogueira do grupo com Mulan, que havia dado as chaves do carro pra Ruby pegar alguma coisa, não conseguia prestar muita atenção ao que conversavam.

– Você está bem? - Pergunta Neal preocupado.

– Estou sim, não se preocupe. - Sorri tentando parecer bem.

– Você sabe que pode conversar comigo quando quiser, né?

– Eu sei. Obrigada. – Diz se acomodando na areia ao lado do garoto.

Não demora muito e Ruby volta com uma caixa de som.

– Muito bem, muito bem- Diz colocando a caixa próxima à rodinha de amigos - Está na hora de agitar isso aqui, já chega dessa depressão, Eric. Eu sei que o amor é lindo, mas hoje não.

Põe um pendriver na caixa de som e a música começa a rolar. Aquilo sim era música, aquilo era música pro que Emma estava sentindo. Não sabia quantas latas de cerveja havia tomado quando Alan surgiu com duas garrafas de tequila, sal e limão. Todos dançavam e bebiam e faziam barulho. Emma havia descalçado as botas, pulava e cantava a plenos pulmões, não sabia o quanto já havia bebido.

De vez em quando Neal a segurava pra que ela não tropeçasse na fogueira e, em um desses segundo de insanidade, Emma resolve partir pra cima dele agarrando seu pescoço e o beijando na boca com toda raiva e desejo que sentia. Todos gritaram urras de entusiasmo em volta deles, apenas Mulan não entendeu nada do que se passava. Emma tentava descontar o que sentia no garoto, machucava os lábios dele como se pudesse tornar real os lábios vermelhos que vira tão duros naquela tarde, mas isso a fazia sentir ainda mais raiva; quando, de repente, alguém a puxa pelo braço com agressividade, como se quisesse arrancá-lo. Vê uma garota morena, cabelos compridos, lisos; não consegue ver se era bonita, seus olhos faiscavam de ódio.

– VADIA!!! - Desce a mão direita no rosto de Emma com tanta força que seus óculos voam para longe. A loira sente o sangue quente escorrendo no rosto. Volta o olhar à agressora e não pensa por nem meio segundo, parte pra cima dela com todo ódio que sentia. As duas rolavam na areia até que Emma a imobiliza. Estava em cima dela prendendo seus braços com as pernas e fazendo força pra que ela não se soltasse. A loira não queria saber o porquê da tapa, não perguntou nada, não dizia nada, não xingava, não gritava, nada..., não fazia nenhum som, apenas socava a cara da garota com toda a força que tinha. Queria fazer aquilo desde que saíra daquela sala dos pianos.

Uma multidão se formava em volta das duas: -Briga!!! Briga!!! Briga!!! Briga!!!

Um garoto corria de um lado pro outro com uma caixinha anotando os nomes dos colegas que queriam apostar em uma das duas lutadoras. Neal, August, Mulan e Ruby correram tentando se livrar da multidão e tirar Emma de cima da garota, o que foi uma tarefa bastante difícil. A loira era forte, com raiva parecia um urso polar furioso. Neal e Mulan seguraram Emma, a outra garota ninguém precisou segurar, muito pelo contrário, agradeceu por tirarem Emma de cima dela, mal conseguia levantar. Os amigos chegaram para ajudá-la e a levaram embora enquanto Neal e Mulan tentaram acalmar a loira furiosa. Em poucos minutos ela se rendeu. Sentou na areia, queria chorar, mas jamais faria aquilo na frente dos amigos. Tinha um corte no rosto, outro corte maior no braço direito, e havia torcido o tornozelo. Sim, o dia havia piorado.

***

Estavam todos dentro do carro de Mulan, uma caminhonete 98 que o pai dera a ela no ano passado. Funcionava bem. Neal segurava Emma no banco do passageiro, Ruby estavam na carroçaria e August havia ficado na praia pra recolher os pertences de todos.

Não trocavam uma palavra. Emma não sabia para onde estavam indo, apenas se sentia tonta da bebida e seu corpo todo dolorido.

– Pra onde estamos indo? - Pergunta a loira.

– Pro hospital. - Responde Mulan.

–Não, pro hospital não. - Emma pede sobressaltada. - Nem pra casa, por favor.

Mulan olha para Neal e, como se tivessem falado algo um pro outro, a morena gira o volante à direita e dirige até parar em frente à mansão Mills.


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Notas finais do capítulo

Link da música que Regina tocava no piano:
https://www.youtube.com/watch?v=LlvUepMa31o

Debussy é vida.



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