– Bem... Victor se você nos der licença, irei levar America para conhecer seu quarto.

–Que por acaso seria?– ele faz cara de malandro.

–Não é da sua conta.– fala ela dando um sorrisinho sapeca e virando as costas para o irmão.

– Com licença.– faço uma reverência e sigo Nicolleta e suas criadas através do jardim. E Noemia e Orabella vem logo atrás de mim.

–Lindo né?– Noemia pergunta para mim.

–Muito.– Realmente. Era um palácio esplêndido. Só de ver, você já se retraia com tanta beleza. Ele expressa força por si só. Bem no meu estilo. E sem contar que além do jardim da frente, ele conta com um lago maravilhoso. E entendo porque Theo havia falado que era uma mistura de palácio com castelo, pois ao longe vejo uma torre que provavelmente faz parte do castelo. E toda essa maravilha é cercada por um campo tão verde e logo depois uma floresta. Agora me pergunto onde está o muro por onde passei faz pouco tempo.

– Aos poucos iremos mostrá-lo para você.– Orabella fala, admirando o palácio comigo.

Agora já estamos dentro do edifício. Do que ele tem de aparência antiga por fora tem de moderna por dentro. Seus corredores são bem amplos e claros. Dá para perceber o quão caprichosos são os empregados do palácio, pelo chão brilhoso. Pelas paredes há obras de todos os tipos e em alguns pequenos halls ,no fim dos corredores,há esculturas também. Mas tenho que admitir, será fácil se perder aqui.

– America, como percebeu o palácio é gigante. E para não nos mantermos muito afastados um dos outros, concentramos os quartos principais na área leste. Você irá ficar bem aqui.– Nicolleta para em frente a uma porta em um pequeno hall com uma escultura colorida contemporânea. Há duas portas nele. Também no outro lado do corredor há no fim, outro hall; este com uma escultura totalmente azul.

– Meu Deus.– exclamo . É a única coisa que eu consigo falar. –Esse é meu quarto?– pergunto incrédula olhando o cômodo diante de mim.

–Todinho seu.– Noemi fala, animada.

– Vamoss.-Orabella fala enquanto me puxa pelo quarto. Na verdade isso está mais para um apartamento, isso sim.

Ele tem quatro cômodos. O quarto, uma salinha e um pequeno escritório; são abertos e apenas o banheiro é separado, que é gigante e com uma banheira. O apartamento é cinza, mas com toques de rosa, branco e dourado. Simplesmente maravilhoso. E não tem o que falar da vista. Em uma das paredes há uma grande janela que dá para um jardim várias rosas, tulipas e outras flores magníficas que eu nunca havia visto. (* foto de parte do apartamento lá em baixo)

– America, espero que não tenhamos exagerado...– Nicolleta fala.

–Não, não. Eu adorei, Nicolleta. Muito obrigado. Está tudo perfeito.- agradeço-a com um grande sorriso estampado no rosto.

– Quem bom.- ela fala com um sorriso também.- America, bem, tenho que apresentar Flora e Lea. Elas serão suas criadas aqui na Itália. – E duas criadas se apresentam e se põem lado a lado.

– Sou Lea.– A criada da esquerda fala. Ela é do meu tamanho, e é ai que para as semelhanças. Seus cabelos são loiros e tem um corte channel bem curtinho com franja e são totalmente lisos. Bem despojada. E seus olhos são uma mistura de cor mel e verde. Tento me recordar onde eu já vi esses olhos.

– E eu; Flora, senhorita.– a outra faz uma pequena reverência deixando cair sua trança lateral de cabelos negros.

– Muito prazer.– cumprimento-as com aceno de cabeça, bem do jeitinho que Silvia me ensinou. Mas isso não é muito a minha cara então, logo, parto em direção a elas e dou um leve abraço em ambas. Primeiramente isso as espantou, mas logo Lea já retribuía o abraço levemente, porém, Flora ficou estática e com seus olhos mel arregalados.

– Senhoritas, não fiquem assustadas com ela. O ser é assim mesmo. – Noemi fala e a fala é logo seguida por nossas risadas, algumas rindo pela graça da situação e outras por estarem constrangidas.

– Bem, vou ter que conviver com vocês por um longo tempo. – falo.- Então, terão que me conhecer cedo ou tarde. Mas é sempre bom estar adiantado, não?– E as duas criadas fazem um movimento afirmativo.

–Vocês terão ainda muito tempo para se conhecerem melhor. – Nicolletta começa.– Se vocês nos derem licença, gostaria de falar com America, a sós.

– Mas ainda temos muito que falar com ela... – Orabella reclama.

–Meninas, fiquem tranquilas. Ainda temos muito tempo para conversar, a final, estou morando aqui agora. – falo.

– Tudo bem. Vemos-nos,mais tarde, no salão de jogos.– Noemi se despede e logo sai do quarto seguida por Orabella e as criadas; tantos as minhas quanto as de Nicolletta. Mas logo, Lea volta com uma bandeja em mãos e deposita na mesa de centro da salinha de jantar e sai, novamente, discretamente do quarto. Nicolletta se senta em uma poltrona bege e eu em um sofá de dois lugares a sua frente.

– Você já provou o café italiano? É considerado um dos melhores na atualidade.– perguntou.

–Para ser honesta, nunca. Era bem difícil ter café na mesa em minha casa, e quando tinha não era o melhor, mas dava para pelo menos tirar a fome.– falo um tanto contrangida.

– Creio que isso mudou depois que você foi para A Seleção. – ela fala com um tom interrogativo.

– Com certeza. Mas tenho que confessar que eu não focava no café e sim nas tortas de morango do palácio. São esplêndidas! Você já as provou?– pergunto.

– Já, sim. São realmente maravilhosas.- ela fala.– Noto que você ama comida, America.– ela comenta e eu confirmo com a cabeça.– Então acho que você irá amar a Itália, nós, modéstia a parte, somos ótimo cozinheiros. E se você amou a torta de lleá, irá derreter pela a que nosso cozinheiro prepara. – fala ela com um jeito brincalhão.

– Então, estou louca para prova-la. – entro na brincadeira.

– É só você aparecer na cozinha e pedir que eles façam, mas normalmente sempre tem. Ai, você pode comer na hora ou pedir para levarem ao seu quarto.Ah, isso é uma coisa que eu tenho que lhe falar.– ela começou a falar.– Como o palácio é muito grande, pelo menos até vocês acostumar, ande sempre acompanhada por pelo menos uma de suas criadas; para não se perder. Por favor.

–Claro, Nicolletta.– falo.

– Outra coisa, temos que inventar um apelido para nós.

–Bem, você poderia me chamar de Meri.

– Gostei.– ela afirma apontando o dedo em minha direção.– E acho que você pode me chamar de Nic. Sei que é meio masculino, mas eu gosto. – ela sorri.

– Combinado, Nic.

– Combinadíssimo, Meri.- ambas soltamos uma risada. Nossos apelidos são tão estranhos.

Ficamos ainda um pouco de papa furado, até que o objetivo daquela conversa vem à tona.

–America, tenho uma pergunta. E gostaria que você me respondesse com honestidade.

–Com certeza.– falo.

– Por que você aceitou o meu convite?

– Por duas coisas: (1) acho que posso ajudar você nesse governo e (2) não aguentaria acordar e dormir todos os dias com a imagem de Maxon e Kriss estampada em todo lugar. – falo com a maior sinceridade.

– Mas você desistiu tão facilmente assim dele? Porque, um dia você estava determinada a e casar com ele e no outro já estava preparando suas malas para vim para cá...

– Não, eu não desisti dele. É que eu só não tinha mais chance e também mesmo se tivesse não iria me casar com ele após ele ter feito o quê fez. – falo.

–O que ele fez?– ela perguntou. Eu conto?– O que o Maxon fez, America?– perguntou novamente. Quando eu disse que viria para cá, Nicolleta me acolheu nesse palácio e nem se quer questionou o motivo por eu ter tomado essa decisão. Conta-la o quanto duas caras o príncipe de Illéa é, é o mínimo que posso fazer.

–Ele me decepcionou, magoou, me ofendeu; ele fez de tudo comigo quando ele fez o quê fez com a Kriss. Mas não apenas me traiu, mas também a Celeste, coitada. E também ao povo, esse casamento foi totalmente planejado. A escolha da rainha não levou em conta quem seria a melhor para o cargo ou até mesmo por conta do amor de Maxon pela escolhida. E sim, por causa de um futuro herdeiro para o trono.– falo e logo vejo a cara de espanto de Nicolletta que logo dá a volta na mesinha de centro e se senta ao meu lado, colocando minhas mãos sobre seu colo e as cobrindo.

– Quer dizer, então, que Maxon e Kriss...– ela começa, mas a interrompo. Eu tenho que falar isso pelo menos uma vez, para tentar entender.

– Que eles estão esperando um filho? Sim, eles estão. – falo pronunciando todas as palavras, sílabas e letras.

Oh, meu Deus.

Ai, meu Deus.

A ficha caiu. Eu fui a primeira que ele beijou, mas não a sua primeira realmente a fazer.... Qual será que conta mais?

– Sinto muito, Meri.– sinto os braços de Nicolletta envolvendo meus ombros e logo sinto meus olhos ficarem úmidos, depois minhas bochechas, depois o meu queixo e logo o vestido dela. Não acredito que estou chorando por aquele idiota.– Chore minha, querida. Para aliviar essa angústia que sei que está sentindo. – falou ela enquanto acareia meu ombro com suas mãos.

– Você entende?– pergunto em voz baixa.

– Entendo, quando se perde um amor; você perde com ele também todos os sonhos e planos que você havia planejado ou modificado só para estar com ele. Quando acontece isso, você se sente deslocada, sem chão. America, acredita em mim, sei bem o que é isso. – ela afirma com um tom doce, como se fala com uma criança quando ela se machuca; só que a diferença entre o machucado de criança e o meu é que o meu é bem mais profundo e doloroso.

– Me desculpe. – falo me recompondo, molhei toda a parte do ombro direito do vestido de Nicolletta.

– Sem problemas, Meri. Amigas são para isso. Só quero deixar claro que você pode contar comigo sempre que precisar. – ela para e pensa por um tempo.– Será que não podemos fazer nada para o Maxon, perdoe-me o linguajar, tomar uma na cara?- vejo que ela está com raiva.

– Como assim?– pergunto. Será que ela está propondo o quê eu estou pensando?

– Ah, anunciar que a escolha foi manipulada.

– Isso na adiantaria, o povo é totalmente manipulado pelo governo com exceção dos rebeldes. – falo desanimada.

– Anunciar que Kriss ficou grávida antes de casar. Seria um vexame, porque, pelo o que eu sei, as leis de Illéa quanto a isso, são bem rígidas.– ela se agita um pouco.

– Elas são sim, mas ele é o futuro rei e ela a futura rainha. Com certeza eles não levariam nem se quer um sermão por ter feito o que fizeram antes da hora. Acho que receberiam um parabéns, isso sim. Eles são livres para fazerem o que quiserem. São superiores a lei.– falo.

– Realmente, eles são. Mas é ai que tá. Quando a população visse que eles não tomaram nenhuma punição ficaram revoltados. E virariam contrárias ao governo de Illéa. – a cada fala ela fica mais exaltada. Nicolleta sabe o que eu estou sentindo e quer fazer alguma coisa por mim. Eu sei disso.

– Bem, você está certa. Porque a maioria acha um absurdo essa lei. Essas pessoas iriam se juntar aos rebeldes, que já são um número grande. Mas o que isso me ajudaria?

– Você iria humilhar o Maxon como ele fez com você, só que ele será humilhado em público. – ela fala, um tanto satisfeita.

– E você Nicolletta, o quê ganha com isso?– pergunto. Ela deve ter alguma segundo intenção.

– Ver você vingada e talvez um país?– fala ela com um tom desafiador

– Nem assumiu o trono e já está fazendo planos para conquistar um país.

– Bem, mais cedo ou mais tarde iria comoçar a fazer isso. Mas é sempre bom estar adiantado, não?– Rio. Ela usou a frase que usei com minha criadas.

Bem, um dia eu teria que começar a aconselhar minha princesa sobre esse assunto. E por que não começar agora?

–Nicolleta...

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PARTE DO QUARTO DA AMERICA:

PALÁCIO: