Danger escrita por Vespertilio


Capítulo 9
Treinamento


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é BEM SkyeWard.
Why? Porque sim, e boa leitura



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Sala de treinamento/ 18h55min

Olhou o relógio pela décima quinta vez desde que tinha chegado àquela sala. Ela não estava atrasada, mas provavelmente estaria. Considerando que quem ele esperava era a Skye, e que ela tinha um modo próprio de agir, que significava “não sigo regras e vou ironizar todas as suas tentativas de me mudarem”, ele esperava que ela chegasse, no mínimo, com meia hora de atraso.

Não sabia muito bem o motivo de ter aceitado fazer aquilo, afinal, tivera uma antipatia à primeira vista por aquela hacker desmiolada. Talvez, no fundo, ele soubesse sim o motivo. Ela não era uma de suas pessoas preferidas no mundo, mas tinha de admitir que talvez a tivesse julgado mal. Depois de ter aceitado ajuda-la, horas mais cedo, foi conversar com Coulson sobre os acontecimentos dos últimos dias. Ele explicara o motivo de Skye querer estar na S.H.I.E.L.D., e também o porquê dela estar com aquela pulseira. “Ela parece ter boas intenções, mas é impulsiva. Isso é um perigo.” Dissera-lhe o mais velho, enquanto conversavam.

Nisso, na impulsividade, Skye parecia-se bastante com Gale, seu irmão mais novo. Esse era um dos motivos por evita-la, desde que seu irmão morrera, andava evitando tudo que o lembrasse dele, que ele não estava mais ali, e, pior ainda, que o lembrasse do verdadeiro culpado por trás daquela tragédia.

– Dois minutos adiantada. – A voz cantarolou atrás dele, e sentiu os braços da morena em volta de seu pescoço, em um abraço desajeitado.

– Na verdade – Corrigiu-a olhando para o relógio – Apenas um minuto.

– Tanto faz – Deu de ombros, sentando-se ao seu lado em cima de um dos sacos de areia – Mas aposto que você pensou que fosse chegar atrasada.

– Mas você chegou um minuto adiantado, não é mesmo? – Fez seu melhor tom de ironia. – Que tal uma medalha por isso?

Skye não rebateu sua ironia com uma ironia ainda maior, como ele esperava que fizesse. Apenas levantou-se de onde estava sentada e ficou de pé, de costas para Ward. Podia ouvi-la bufar, e vê-la contrair os punhos, mas não conseguia enxergar sua expressão. Então ela virou-se para ele, de olhos fechados, punhos cerrados, respirou fundo e o olhou nos olhos.

– Sinceramente? Será que você poderia tomar um pouco de soro da verdade antes dos nossos treinamentos? Você é bem mais agradável quando admite querer me beijar.

Por um momento Ward não sabia se ria, ou se esbravejava. Então ela ainda se lembrava do soro da verdade? Não fazia tanto tempo, apesar de parecer o contrário, que ele tinha interrogado e tinha sofrido aquela “traição” por parte de Coulson, mas esperava que o trauma do último incidente apagasse qualquer outra coisa que tivessem vivido juntos.

– E o que você quer de mim, cowboy? – A pergunta petulante de Skye ecoou em sua cabeça.

– Um beijo. – Ecoou sua resposta logo em seguida.

Ele queria beija-la na sala de interrogatório, e, ainda levava consigo a mesma vontade. Tinha revelado aquilo a Skye por efeito do soro da verdade. Nunca teria dito aquilo a ela, demonstrar os sentimentos daquela maneira era uma fraqueza, havia aprendido na academia. Entretanto se já havia dito, que ela pensasse que fora de propósito.

– Não há soro da verdade, Skye. – Mentiu.

– Claro que há, Morto-vivo aplicou em você e...

– Era tudo um plano – Confirmou a sua mentira - pra você confiar nele e revelar o que queríamos saber de Mike Martins.

– Então você não queria dizer aquilo tudo, era só parte do plano? – A expressão dela beirava a descrença e a decepção.

– Não há soro da verdade. – Repetiu o que já tinha dito para não responder sua pergunta.

– Mas que droga, eu aqui pensando que poderia te ver desmaiar mais vezes.

– Claro. Pra você poder mexer no meu cabelo mais vezes. – Brincou.

– Ah, não por isso, porque eu acho que você precisa mudar de xampu – Aproximou-se dele e socou-o de leve no ombro – Se você quiser, eu te ensino como usar o xampu bem direitinho.

– Morto-vivo? – Indagou tentando mudar de assunto.

– É, o Coulson. Eu soube que ele tinha morrido.

– Isso é tão estranho. – Ambos gargalhavam – “Tinha morrido”.

– É, uma pegada meio Cristo. – Skye soltou em meio à gargalhada, mas se conteve imediatamente – Ops, eu acho que isso soou um pouco herege.

– Tudo bem, acho que sou um pouco herege também.

– Olha só, não é que temos alguma coisa em comum, Sr. Robô? – Ela passou o braço por seus ombros, e ele passou o seu por sua cintura.

– Vou ter que me acostumar com os apelidos. – Colocou sua perna por entre as pernas de Skye, e puxo-a para o lado, desequilibrando-a e fazendo-a cair em um baque surdo. – E você, terá de se acostumar aos hematomas, lerdinha. – Riu vendo a expressão de dor da garota caída.

– Lerdinha? É fácil não ser lerdinha quando se é programado para lutar e não sentir dor, você monta em touros cowboy, você é um Sr. Robô, eu sou uma garotinha indefesa. – Piscou os olhos fingindo inocência enquanto ele a ajudava a se levantar.

– Bem, o que posso fazer? Alguns nascem talentosos como eu. Outros nascem como você. – Fez uma pausa e olhou para as mãos entrelaçadas. Começava a sentir-se mais a vontade com Skye. – Bem, pelo menos você sabe usar xampu.

– Ah! Mas esse talento não é para todos. – Ela disse sorrindo, e tentou virar o braço dele por sob o ombro, não tinha força suficiente, tudo o que conseguiu foi provoca-lo cócegas. Ward girou Skye, como em um passo de dança, de modo que ela ficou parada as suas costas. Então, com a mão livre, pegou sua cintura e passou por cima de si, fazendo-a cair novamente no chão, aparentemente, confortável.– Pensei que fossemos começar de um jeito mais leve hoje. Afinal, você tem uma perna quebrada, e eu costelas fraturadas. - Ela tinha razão, não podia derruba-la no chão novamente, isso comprometeria sua recuperação.

– Esse é um jeito leve. – Levantou-a - Mas, em todo caso, vamos fazer outra coisa. Que não exija muito da minha perna, nem das suas costelas.

– Você quer que eu desista. – Arqueou a sobrancelha.

– No começo, eu queria, agora não mais. - Sorriu para ela- Você consegue ficar calada enquanto apanha.

– Apanha? – Ela estapeou-o no braço e ele fingiu sentir dor – Você se aproveita da minha fraqueza de garotinha, e ainda tira sarro de mim? Eu estava pegando leve, Grant, não vou mais ser legal com você.

– Vai me bater? – Ergueu as mãos. - Mas não íamos pegar leve?

– Vou fazer algo pior. Não vou te ajudar com o xampu. – Skye fez bico e ele não pôde deixar de gargalhar. – Você sabe rir. – Ela caminhou até os sacos de areia e sentou-se lá como antes.

– É como andar de bicicleta. – Colocou-se ao lado dela.

– Eu não sei andar de bicicleta. Eles não ensinam esse tipo de coisa no orfanato. – Skye suspirou. – Mas eu sei rir, acho que é uma vantagem.

– É uma qualidade. – Pegou a mão macia e colocou entre as suas – Vou te ensinar a andar de bicicleta.

– Faz parte do treinamento?

– Não. É uma promessa, lerdinha. – Disse-lhe e recebeu um olhar caloroso em troca. Naquele instante, em que seus olhares se cruzaram, teve de reprimir, de novo, a vontade que tivera desde que a vira pela primeira vez, na sala de interrogatório.


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Notas finais do capítulo

Então, o que vocês acharam?
Vou adiantando que o próximo capítulo tem uma surpresinha ahsuhasuahsu
Até o próximo domings, beijos de luz :*
Ah, tem short fic nova viu!?