Danger escrita por Vespertilio


Capítulo 15
A verdade.


Notas iniciais do capítulo

Oi.



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Algum lugar de Coimbra, Portugal/ 07h02min

Eu não sou um monstro. – Murmurou. E era um murmúrio mais para si. Aquilo tinha de ser mentira. Afinal, ela era só um bebê na época.

– Não é mentira, Skye. – Martina respondeu, ela também podia ler pensamentos? – Por que eu mentiria para você?

– Eu não sei...

– Você não quer aceitar verdade, criança tola.

– Tola é a put... – Skye parou a frase no meio, recebendo uma bofetada no rosto.

– Como ousa falar assim comigo? Você não é nada comparada a mim, ouviu? – Mais uma tapa. – O que você acha? Que seu amado virá salvá-la? – Outra tapa. – Não, ele não vem. – Outra. – Ninguém virá salvá-la, Skye. Porque é mais seguro para eles se te manterem longe. Bem longe. – E outra tapa, o gosto de sangue tomou conta de sua boca. - E aquele agentesinho, o Coulson, sabe disso.

– Coulson sabe sobre mim? – A voz saiu cortada.

– Não sabia até algumas horas atrás. E foi a descoberta dele que acelerou meus planos. Eu planejava te convencer a juntar-se a mim, mas não tive tempo. – A asgardiana falava como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. Como se elas estivessem trocando uma receita de bolo. A cada nova palavra uma facada. Uma ferida reaberta, uma cratera feita. – Mas logo, logo, explicarei o plano a você, minha cara. Agora, descanse.

– Descansar? – Esbravejou. – Isso é uma piada? Você não acha que vai sair assim sem me falar tudo o que eu preciso saber, não acha? Você sabe que eu...

Uma dor aguda tomou conta de seu estômago. E outra pontada lhe tomou perto da orelha esquerda quando Martina desferiu mais um soco. Soco, não tapas. Caiu no chão de joelhos, e sentiu as mãos leves em seus cabeços, puxando sua cabeça fortemente para trás, para a mão livre, da agressora, batê-la. Mais gosto de sangue. Mais raiva. Mais medo. Mais lágrimas. Lágrimas e sangue, sangue e lágrimas. Queria gritar, queria correr, mas não podia. Não porque não conseguiria sair dali, o que também era um fato, mas a principal razão pela qual estava ali, suportando aquilo tudo, era porque precisava da verdade. Precisava saber quem era, e de onde vinha.

– Você não acha que é como eu, ou acha? – A voz de Martina era sussurrada, junto ao ouvido de Skye. O que só a fazia ter vontade de vomitar. O ódio por aquela mulher só crescia, cada vez mais e mais. – Você acha. E é tão idiota por isso. – Uma tapa, mais forte que as outras, foi dada em seu rosto, e ela sentiu seu corpo ser jogado para trás. Aquela mulher tinha uma força sobre-humana, definitivamente Skye não era como ela. – Você não passa de um experimentosinho, idiota.

– Experimento? – Perguntou, sem saber de onde tirara forças para falar alguma coisa. O sangue lhe escorria da boca, como se fosse uma cachoeira.

– Bem. – Martina caminhou até ela, mais lentamente do que nunca, achou que fosse levar outra tapa, entretanto, ela envolveu o rosto de Skye com ambas as mãos e a beijou na testa. – Acho que você pode me chamar de mamãe.

– Mas que...

– Por favor, cale a boca. – Foi interrompida antes que pudesse concluir qualquer raciocínio. – Acho que chegamos a uma fase importante aqui, hã? – A mulher, que antes parecia a coisa mais bela do mundo, sorriu e sentou-se na maca. – Como eu estava dizendo, você não passa de um experimentosinho, Skye. – Martina fez uma careta ao falar seu nome. – Skye? Mas que nome ridículo! Muito mais bonito é experimento sapiens. Ou, como Quinn a apelidou, 0-8-sapiens, esse é mais legal, não acha? – Não conseguiu responder, mesmo que quisesse não conseguiria. A única coisa que saia de dentro dela naquele momento eram lágrimas. E sangue. - Pois bem, há 22 anos eu estava envolvida em uma pesquisa, que envolvia Asgard, Midgard e um pequeno planeta, com população quase extinta, chamado Lorien. Os lorienos possuem tecnologia avançada, e há anos realizavam experimentos com criação de espécies em laboratórios a partir da junção de diversos genes. A espécie mais difícil era a humana, uma tarefa quase impossível para eles. Então resolveram pedir ajuda a outros planetas. É aí que eu entro.

– E onde eu entro? – Cuspiu as palavras de forma dura. Queria a verdade de uma vez por todas, sem mimimi, sem enrolação.

– Você entra bem depois, como a solução do problema. Ou a causa de todo ele. – Mais um sorriso gelado da parte dela. Skye fez menção de levantar-se, não aguentava mais ouvir a voz daquela mulher, queria saber de onde vinha. Se era de Asgard, Lorien, ou do raio que o parta, tinha de saber. – Acho que você quer muito saber a verdade, minha cara. – Jura? Pensou, mas limitou-se a balançar a cabeça positivamente. – Que tal então seu amado agente Ward dar-lhe essa notícia?

Muito devagar Martina foi mudando sua forma, mas desta vez, diferente da outra, Skye tinha consciência do que acontecia. Sabia do que ela era capaz, e não seria surpreendida. Ward apareceu em sua frente. Entretanto não despertou bons sentimentos nela, apenas calafrios, medo e raiva. Porque aquele não era o senhor robô que ela tanto conhecia, que ela tanto... Gosta Skye? Uma voz lhe sussurrou na mente, a voz de sua consciência. Levou a mão aos lábios quase que automaticamente. Revivendo as últimas palavras de Ward, do verdadeiro Ward: Lerdinha. Sorriu. E por sorrir o Ward que estava em sua frente, a estapeou.

– Você nasceu, ou surgiu de um experimento. Um experimento chamado “Sapiens”. – A voz dele começou. Aquilo a atingiu mais que o esperado, mas tinha de ter forças, afinal não era ele realmente. Não era ele. – Sucesso absoluto, um ser, que era aparentemente humano, mas que continha genes modificados e outros seres do universo. Você foi a primeira e única a dar certo. Imagine só, o grande feito dos lorienos! – O olhar de Grant fixou-se ao seu – Mas, infelizmente, alguém rompeu o tratado com os lorienos e você foi roubada. O lugar mais seguro que eu poderia te trazer, esse lixo de planeta. Fiquei por cerca de dois meses numa cidade no Chile e então...

– Como eu matei todo mundo de lá? Eu tinha só dois meses certo? Eu era um bebê! Não posso ter feito tudo aquilo... – Começou a protestar, mas Ward a bateu mais uma vez.

– Eu já disse pra você calar a boca! – Recebeu um chute no estomago. – Você é detestável. – Outro chute.

E desta vez a dor era maior. Não porque já estivesse muito machucada, e seus ferimentos à bala fossem recentes, ou porque a força daquela coisa era assustadora, não. Sua dor era maior porque era emocional. Não era Martina que a batia, era Ward. O homem que parecia querer protegê-la. E não adiantava, mesmo que se esforçasse para parar com o sentimento de tristeza que a invadia, mesmo que dissesse ou que gritasse para si mesma eu aquele não era ele de verdade, não adiantava. Pois era ele. Era ele quem estava ali, machucando-a, ferindo-a, e se divertindo com aquilo.

~*~

Edifício Belos Mares, Coimbra, Portugal / 07h32min.

– Há homens armados no terceiro andar. – A voz de Fitz zumbiu em seu ouvido.

Não que ele estivesse realmente zumbindo. Mas Ward só podia escutar aquilo, aquilo e os gritos de Skye. Era como se não coseguisse concentrar-se mais em nada. Entretanto precisava de concentração, ser sentimentalista não o levara a lugar nenhum. A não ser por um edifício cheio de homens armados, e uma asgardiana maluca que raptara Skye. Lembrar-se de seu nome fazia seu peito doer. Por dois motivos: Ela não estava com ele ali, naquele momento. E poderia nunca mais estar. Poderia estar sendo torturada, ou pior, poderia estar morta.

– Ela está bem, Ward. – A voz de fria de May lhe pareceu um pouco mais doce, e teve de retribuir o sorriso que ela lhe dava.

– Vou pela direita, okay? – Não a respondeu e apenas seguiu pelo corredor direito do Belos Mares. Não conseguiria responder aquilo, era impossível. A cada minuto que se passava sua parte esperançosa definhava um pouco mais. E ele tinha medo de que não sobrasse nada dela. – Simmons, pode me dizer como está aqui fora? – Falou para o comunicador. Estava subindo as escadas que davam acesso ao quinto andar, May, muito provavelmente, que encontrara os tais homens armados que Fitz falara, já que ele chagara ali sem muitos problemas.

– Não consigo ver nada, Ward. – A voz murmurou algum tempo depois. – Eles cortaram nossa comunicação com o sistema de...

Nada. A voz de Simmons se foi. Tentou Fitz, May, e até Coulson que estava tentando contatar o Fury. Mas nada. A partir daquele momento era ele e mais ninguém. Ele e seu resto de esperança de salvar Skye. E, mesmo que definhando, era essa esperança que o mantinha de pé. Abriu a porta de acesso ao corredor, e surpreendeu um homem encapuzado, que segurava uma pistola. Com um rápido golpe em seu pescoço o deixou desmaiado. Continuou pelo corredor, encontrando três homens. Que avançaram para ele furiosamente. Era como cães de guarda treinados, ao primeiro sinal de ameaça, ataque. Chutou o primeiro homem no rosto e ele caiu desacordado, era um cão mal treinado. O segundo socou-lhe no estomago, enquanto o terceiro socava seu rosto. Uma tontura tomou-lhe. Mais um soco o atingiu, e antes que pudesse reagir, mais um. Conseguiu abaixar-se antes de levar mais um golpe, e esticou a perna, girando no chão, derrubando os dois oponentes.

Chutou a cabeça de um deles até que ficasse desacordado e o sangue jorrasse em suas botas pretas, virou-se para o outro que o encarava com certo medo. E puxou-o pelo colarinho da camisa. Não estava no seu melhor estado para lutar contra um exército de cães de guarda, mas ainda podia pensar. Socou o homem até que ficasse como os outros dois. Num estado de quase morte. Depois lhe tirou o macacão que usava, vestindo-o após despir-se de seu uniforme da S.H.I.E.L.D. Se não pode com os inimigos, junte-se a eles. Pensou. E assim o fez, como uma sombra misturou-se aos outros homens, e foi em busca de Skye.

Oitenta e quatro. – Escutou alguém chamar, e deduziu que era com ele que a pessoa falava. Pois este era o número do seu uniforme. Seria irônico e tá engraçado, e não fosse trágico. – Venha comigo, Martina está com problemas. A S.H.I.E.L.D. está aqui.

Virou-se e deu de cara com Quinn. No mesmo instante o rosto de quem ele tanto buscava lhe veio à mente. Um rosto sem cor, e sem vida. Sem pensar duas vezes correu até ele e desferiu-lhe um soco, que a princípio o encarou chocado, mas depois que Ward revelou a face antes escondida pelo capuz, um sorriso cínico brotou nos lábios daquele homem. E Ward lhe deu mais um soco. E, um após o outro. Até os seus dedos ficarem doendo. Então ele parou, mas só para encher o homem de chutes e pontapés. Quinn gritou por misericórdia, entretanto tudo o que ele fez foi erguê-lo do chão pelo pescoço e cuspir em sua face. Iria matar aquele homem, porém antes ele ia leva-lo até Skye.

~*~

Edifício Belos Mares, Coimbra, Portugal / 08h18min.

Estava prestes a levar mais um soco de Grant, e sabia que esse golpe não a deixaria acordada. Não estava aguentando mais, não conseguia mais. As palavras, os atos, as pessoas, os momentos, misturando-se em sua mente, como se fosse um grande batedor. Fechou os olhos e respirou fundo. Seria morta por Ward, carregando uma mania de Ward. Irônico.

E nada aconteceu.

Tornou a abrir os olhos e quase não acreditou no que viu, Martina era ela novamente. E May acabara de batê-la. Teria pulado de alegria se conseguisse se mover. Limitou-se a ficar assistindo, absorvendo os movimentos perfeitos da Xing-ling. Com a ponta do cotovelo atingiu o nariz da asgardiana, depois, antes que ela pudesse recuperar-se a derrubou no chão com uma rasteira. O próximo movimento foi mais rápido, e tão do nada quanto fora parar o chão Martina estava de pé, batendo violentamente em May, pegou o bastão que estava jogado no chão, com o qual já havia batido em Skye, agitou-o e dele saiu uma navalha. Antes que ele pudesse acerta-lo no coração da agente levou outra rasteira, e o bastão foi parar perto da porta. As duas rolaram, e Martina estava sobre May novamente, apontando uma arma para sua cabeça. Skye prendeu o fôlego e preparou-se para gritar, entretanto foi Martina quem gritou. Ou tentou gritar.

Quando teve sua jugular cortada, e sua cabeça arrancada pela lâmina de sua própria arma. Arma essa que era empunhada por aquele a quem Slye tanto aguardava. Por um momento, o mundo ao redor pareceu sumir. Não havia sangue de Martina, de May, muito menos o dela. Tudo o que Skye conseguia ver era Ward. Que lhe abria o maior dos sorrisos. Um sorriso que a causou uma reação capaz de responder sua pergunta.

Sim, ela estava apaixonada por aquele homem incrivelmente robótico.


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Notas finais do capítulo

COMENTEM - pode ser até em privado, ou falando comigo pelo twitter (@bluishnanda). Porque a fic entrou em um momento "crítico". Eu havia a escrito inicialmente até aqui, o que significa que os próximos capítulos poderão sim ser influenciados pelas vossas opiniões.
—-- Well, sei que podem não ter entendido nada da origem da Skye, mas relaxem. Eu disse que ia ser o começo, não disse?
—-- O nome do próximo capítulo é " O reencontro", já da pra imaginar o motivo né?
—-- Postarei mais no domingo, entretanto, se muito me pedirem postarei no meio da semana. Até amanhã, se eu puder.
—-- Tenho mais uma dica de leitura: A Garota St. Agnes ( tbm é fic SkyeWard). Muito perfeita. E, de boa? Leiam, leiam, leiam.
~~~Quero agradecer a Mabi pela recomendação, a Gabbe por ser tão nhonhonho
A Asgardiana por ser uma fofa que comenta sempre, a Glace ( que acompanha DUAS fics minhas. *..*) Também quero mandar um beijo pra Sandy, a portuguesa que lê minha fic, acho que morri e fui pro céu, porque tem alguém de outro país ( de Portugal) lendo minha fic. SOCORRO! hahaha
E dizer a você, Júlia, que esse capítulo foi seu, você sabe o motivo né?
PS:. Não sei de onde meus dedos tiraram forças pra digitar esse capítulo de mais de 2.000 palavras.
OUTRA COISA:::: Tirei os lorienos da série "os legados de lorien", porque sou fã ( Nove is the best u.U). Mas foi só o nome do planeta mesmo, mudei o resto tudo - pra não variar. hahahaaha Beijos de luz :*



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