P.o.V Percy

No momento em que ela ia abrir a porta eu a abracei. Ela hesitou por alguns instantes e depois me abraçou de volta, minha respiração estava pesada, eu não fazia ideia de o que aconteceria, na verdade nada mais era de grande importância. Eu não podia passar a noite abraçado com ela por mais que fosse tentador, então logo soltei-a. Ela sorriu e disse:

– Boa noite cabeça de alga!

– Boa noite, sabidinha!

Entrei no carro me sentindo aliviado, eu estava a dias precisando abraçar ela, não acho que estava sendo precipitado, afinal descobrimos que além de nossos pais serem melhores amigos, nós vivíamos brincando juntos quando pequenos, daí veio o rosto familiar, eu sabia que já havia visto aqueles olhos antes.

Entrei no carro e todos começaram a fazer perguntas:

– Está caidinho por ela não é, Jackson? – Jason falava rindo.

– Nós vimos – Leo comentou brincando.

– Vocês estão vendo demais – ri e eles também.

Aumentei o som no máximo até chegarmos. Nós éramos vizinhos, nossas casas eram bem parecidas já que todas as ruas seguiam basicamente o mesmo padrão.

...

Estava inquieto esperando que abrissem o gigantesco portão principal da escola, porém eu havia chegado cedo e tudo que me restou foi esperar sentado em um dos bancos do lado de fora.

Logo grande parte dos alunos foram chegando. Durante o intervalo pensamos em combinar algum lugar para passar a tarde, como ir em algum parque ou qualquer lugar tranquilo onde o máximo que você possa ouvir seja o barulho dos pássaros cantarolando. Pude ouvir um burburinho no qual comentavam que haveria uma festa, mas não confio muito no que falam por aí, até que me provem o contrário.

P.o.V Annabeth

Caminhei pelo parque procurando por eles, até que vi uns deles sentados na grama e outros escorados na árvore. Não demorou muito até que eles resolvessem buscar algo para comer no outro lado da rua deixando o Percy e eu sozinhos. Ficamos conversando, falando sobre a vida, e o quanto era relaxante aquele céu azul e aquela grama aveludada.

O Percy estava diferente comigo, na verdade não sei bem o motivo, mas seu olhar era bem mais invasivo como se implorasse por alguma coisa. Eles estavam demorando demais, já tinham passado meia hora e nada. O Percy resolveu ir atrás deles e eu decidi ir junto já que não ia ficar sem companhia no parque. Na verdade sabíamos que eles tinham ido comprar algo pra comer, mas não sabíamos ao certo “aonde” sem contar que a saída do parque era bem grande, então demoraríamos.

O dia estava ficando nublado, o céu estava cinzento e um vento bem forte levantava as folhas que se encontravam caídas no chão, a maioria das pessoas usavam um guarda-chuva e caminhavam encolhidas pelo frio. Ficamos em baixo de uma árvore enquanto esperávamos que a chuva parasse.

– A culpa é sua Percy! – eu falei brincando mas ele não percebeu.

– Minha não – ele falava com um ar de autoridade – quem quis me acompanhar foi você!

– Mas não era nem pra você ter vindo, era pra me convencer de continuar lá – eu disse cruzando os braços.

– Mas você veio porque quis, eu não te obriguei não – ele falou entrando na brincadeira.

– Aé? – eu disse com ar desafiador – na próxima vez que vier me pedir ajuda com a matéria eu também não vou ajudar.

– Você sempre ajuda – ele disse rindo – você gosta de me ajudar.

– Ah claro que não! – tentei formular alguma boa frase – você é muito seguro de si!

– E você é muito complicadinha – ele sorriu

– Irritante – falei revirando os olhos.

– Boba

– Até parece que você só vê meus defeitos..

– Não, você é delicada.

– Tudo bem, e você é gentil

– Você é linda – ele sorriu

– Ah Percy obrigada! Você também não é de se jogar fora – falei brincando.

– Você a menina mais inteligente de todo chalé, sabidinha.

Eu sorri enquanto fitava o chão.

– Ei, Annabeth – ele me chamou enquanto alguns pingos d'agua caiam sobre nós

P.o.V Percy

Seu olhar inocente acompanhava cada movimento meu, minhas mãos entrelaçaram seus cabelos dourados, eu a olhava, notava todo o seus trejeitos, seu rosto angelical, seus lábios avermelhados, cada pingo cinzento em seus olhos. Céus, como ela era linda.

P.o.v Annabeth

Suas mãos entrelaçaram meus cabelos, ele olhava no fundo dos meus olhos, eu me sentia tão nua e transparente sob seu olhar. Ah, eu perdi todo o meu equilíbrio, eu jurava que ele podia ver minha alma daquela forma. Eu estava sem reação, na verdade parecia que havia milhares de borboletas no meu estômago, só que dessa vez elas pareciam muito maiores.

E finalmente nossos lábios se esbarraram, pude ouvir ele sussurrar:

– O que você está fazendo comigo garota? – enquanto soltava uma risada quase inaudível.

Me senti corar, na verdade eu já não sabia mais o que estava sentindo. Assim que ele me beijou eu perdi a noção de tudo, era uma sensação inexplicável, sentir ele, não era como os outros, seu beijo era calmo, apaixonado. Parei por um instante e olhei nos seus olhos, ri bem baixinho próximo ao seu ouvido.

Era uma mistura de sensações, todas aquelas trocas de olhares, aquelas conversas e situações, céus, eu podia agradecer milhares de vezes por aquilo, naquele momento nenhuma história que eu já havia vivido poderia ser melhor, o seu beijo era sufocante e libertador ao mesmo tempo, me fazia querer mais. Fazia tempo que não me sentia tão bem.

Olhei em seus olhos e sorri, sorri tentando agradecer por tudo que ele fizera nós últimos tempos, implorando pra que aquele dia não terminasse nunca. Suas mãos quentes acariciaram meu rosto e ele se aproximou para um singelo selinho.

Naquela tarde já havíamos ignorado o fato de nossos amigos não terem voltado. Ficamos abraçados durante toda aquela tarde onde o frio já se tornara calor diante de seus beijos.