My Mirror escrita por Sially, Beatrice


Capítulo 4
Epílogo




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Narrador

Por mais que Draco soubesse que nunca mais poderia ter contato com Malu de novo, ele se manteve perto. Sempre evitou que ela o visse ou fosse falar com ele, mas a observava indo para casa, saindo com os amigos, trabalhando. Só para ter certeza de que ela estava bem e acima de tudo viva.

Havia uma coisa incomodando Draco, e ele sabia o que era. Não parava de remoer a ideia de que, vendo Malu assim, atualmente, ela parecia muito mais leve do que quando estava com ele, de quando se lembrava. Ela não tinha mais tantas preocupações, não precisava ficar se importando se alguém corria perigo ou não. Então talvez fosse mesmo melhor assim. Talvez Draco sempre tivesse sido o problema em sua vida.

Acima de tudo ela parecia feliz.

Aproximadamente dois anos depois do terrível acidente, Draco viu que Malu estava seguindo em frente. Não havia por quê não seguir, na verdade. Ela não se lembraria dele, nem se quisesse. Draco a trouxera de volta para que ela pudesse ter uma vida feliz e realizasse o que queria. Era bom vê-la daquele jeito, mas ele ainda sentia um aperto no coração por perceber que estava sendo deixado para trás.

Malu tinha uma sensação estranha desde que acordara deitada no chão da floresta negra naquela estranha noite. Ela nunca iria para aquele lugar, era perigoso. Parecia que alguma coisa estava faltando. Ela sentia um vazio inexplicável, como se o que mais lhe importasse não estivesse mais ali. Malu tinha lutado muito por algo, não tinha? Mas o que era?

Às vezes, começava a pensar em uma coisa, uma lembrança, e não se recordava do desfecho, como se tivesse sido apagado. Malu imaginou que durante a batalha de Hogwarts tivesse sido atingida na cabeça, pois andava muito embaralhada e confusa.

Ela havia começado a ir em um psicólogo para ele ajuda-lo com sua perda de memória. E o senhor a mandou voltar seus passos por onde foi encontrada. Ela foi até a floresta negra. E lá sentiu uma energia estranha e o vazio atingiu a garota por completo. Ela não conseguia ficar la direito. Nunca mais voltou.

O mais estranho era que durante a vida, via crianças loiras e começava a imaginar que seu filho deveria se parecer com ele. Não entendia ao certo o por que. Era até estranho.

De vez em quando via fotos da época em Hogwarts e se via com duas amigas. Sially e Diana. Ela se lembrava os nomes mas depois de ter acordado na floresta nunca mais as viu. Malu não se lembrava de ter tirado a maioria daquelas fotos.

Malu continuou com a vida normalmente, arranjou um emprego no Hospital St. Mungus para bruxos e bruxas como enfermeira na ala de acidentes com trouxas – muita experiência convivendo com eles durante a infância foi um belo início.

Após alguns anos observando, Draco não aguentou ver Malu se apaixonando por outro. Outro que não era ele. O mais estranho era que esse novo amor dela era loiro de olhos cinzas, coincidência, não? Ou destino?

Draco não conseguia ver aquilo, mesmo tendo sido aquilo que ele desejara para ela. Então decidiu parar de vê-la, pelo menos não todos os dias como fazia. Todo ano mandava alguém olhá-la para ele e dizer se ela estava bem. Draco acabou se casando com Astoria Greengrass. Uma mulher muito boa, mas nunca melhor que Maria Luiza Muroni. Havia guardado apenas uma foto dela. Já estava amassada mas era tudo o que ele tinha. Astoria nunca ficou sabendo de Malu. Ninguem sabia/se lembrava dos dois juntos.Draco considerou diversas vezes aparecer para ela, mas não queria estragar sua vida com todo esse drama de novo. Se ela se lembrasse do quanto foi torturada, foi morta e depois ressuscitada achava que talvez ela ficaria louca. Mas Draco também não esqueceu do ponto fraco do feitiço. Conforme os anos passam, o feitiço enfraquece, não a ponta de fazer a pessoa morrer novamente.De certa forma eles estavam conectados. O cálice com o sangue dos dois é prova disso, afinal o feitiço consistia em dar uma parte da vida dele para trazê-la de volta.

Setenta anos depois...

O céu estava completamente limpo de nuvens, o sol brilhava alto, lançando um calor gostoso no lugar, apenas quebrado por uma brisa. Ao longe, podia se ouvir o canto dos pássaros. O dia estava lindo, bem diferente do estado de espírito de Malu.

– Mãe?

– Sim?

– Você está indo visitar o pai? – Malu se perdeu em pensamentos sobre o pai da garota. – Mãe? Acorda – dizia a filha passando a mão na frente dos olhos da mãe, mas Malu nem sequer via. – Maria! – Malu despertou na hora. Até porque esse seu primeiro nome ela nunca gostara e toda vez que a chamavam de Maria ela sentia algo estranho.

– Já disse para não me chamar de Maria, Narcisa Muroni Castellan – repreendeu a mãe. Malu deu o nome da filha da flor que ela mais gostava.

– Então me responde, oras.

– Sim, estou indo visitar o túmulo de Luke.

– Se quiser, posso acompanhar a senhora. Eu chamo o Alex e podemos ir juntos.

– Você já é adulta, tem filhos para cuidar. Deixe que eu me cuido. Nunca precisei da ajuda de ninguém.

Antes de sair de casa Malu foi se trocar, colocou a roupa que o marido mais gostava. Olhou-se no espelho e percebeu que não tinha mais a beleza de antes. Os olhos que eram de um azul céu agora estavam bem claros e profundos, carregavam os anos que passaram. Pegou as flores, narcisos, e seguiu seu caminho para o cemitério, a passos curtos e demorados.

Ela caminhava lentamente por entre as lápides, com cuidado para não tropeçar em nenhuma. A idade já não lhe deixara muitas opções; não tinha mais a agilidade de antigamente, se bem que ainda estava melhor do que a maioria.

Hoje era o dia. Todo ano ela voltava para esse mesmo cemitério sempre no mesmo dia há cinco anos. O dia em que seu marido morreu. Um marido bom, cuidadoso, carinhoso. Tudo o que ela queria. Na época de sua morte uma depressão forte lhe atingira. Malu já não tinha o coração forte como antigamente.

Olhava para a lápide e lembrava dos anos de juventude com o marido. As diversões, os momentos de perigo. Malu adorava estar com o efeito do perigo. Adrenalina.

– É, Luke. Já não estou tão bonita como antes. Estou ficando velha mesmo. Achei que não fosse chegar tão depressa, mas aqui estou eu. – Malu derrubou uma lágrima sobre o túmulo. – Quem sabe, logo estarei com você novamente. – Ela sorriu no pensamento de paz que a esperava na outra vida.

– É triste como a vida é frágil, não acha? – Um homem se despedia, provavelmente de sua mulher, no túmulo ao lado.

– Concordo. Você nunca sabe quando ela vem. Sua esposa? – ela o olhou.

– Sim, ela era boa. Não merecia ter morrido. Eu a amava.

– Meu marido era muito bom também. Posso dizer que tive uma vida feliz.

– A senhora diz como se quisesse morrer.

– Talvez eu queira mesmo. Os anos não foram muitos gentis comigo. Estou velha. – Malu se olhou.

– Deveria valorizar mais a vida, nunca se sabe quando ela pode ser tirada de você e você pode não ter uma outra chance e para mim a senhora parece bonita.

Fazia tempos que Malu não recebia um elogio desses e ficou realmente encantada com o homem já idoso.

– Que lisonjeiro. Mas já vivi o que precisava viver. Estou cansada. Obrigada, senhor... – Malu fez menção para que ele continuasse.

– Malfoy. Draco Malfoy. – o senhor loiro sorriu e esticou a mão para apertar a dela. E por um momento, parecia que o vazio não estava mais lá.

– Prazer. Eu sou Maria Luiza, mas gosto que me chamem de Malu. Aliás, lindos olhos o senhor tem. – Malu sorriu para o homem de olhos cinzas.

– Obrigado, Maria.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Beijos, e obrigada por ler!



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