Insane escrita por Black


Capítulo 1
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Notas iniciais do capítulo

Bom, essa história é dedicada a Ruiva, mas eu divido ela com vocês.

Ruiva, eu queria agradecer sabe? Em pouco tempo você virou muito importante pra mim (tanto que agora, tenho o prazer de chama-lá de amiga), me escutando quando eu precisei e rindo das minhas besteiras sem sentido algum. Eu aprecio isso, e sei que eu não sou a Lucs ou a Libueno, mas quero que saiba que se você precisar eu vou estar lá também. Pra quando você quiser rir, chorar ou desabafar, pode me chamar. Você sabe que até onde eu puder te ajudar eu irei, e pra mim amizade é isso. Pois você roubou a minha amizade e eu espero que cuide bem dela, assim como eu cuido da sua Ruiva. E foi em muitas das nossas conversar que Insane surgiu, por que se até os mais loucos e sádicos podem amar, nós também não podemos? Mesmo que não sejamos correspondidas no fim.

Ah Aniis, eu espero que você goste do seu presente de Natal, mesmo que ele esteja mega atrasado, foi de coração ♥

A quem vai ler essa história eu digo, existem vários tipos de amores no mundo. Até mesmo aqueles sangrentos, mas que de um modo ou de outro tocam o coração. Por isso, peço que leiam isso não com os olhos, mas sim com seu próprio coração.

Boa leitura.

PS: as lembranças estão em itálico.



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Sorri mostrando meus dentes brancos perfeitamente alinhados, e o tom escarlate de meus lábios só acentuava a minha palidez mórbida. Meu corpo parecia estar no modo automático para acenar e ser agradável, sem deixar transparecer em momento nenhum o quanto eu era insana.

Bom, teoricamente eu não era a insana.

Eu era só uma garota de dezenove anos grávida e, como muitos dos presentes julgavam, feliz com meu namoro de mentirinha. Patético. Bastava olhar um pouco mais fundo nos meus olhos ou reparar em meu sorriso sem emoção, pra ver que agora eu não passava de uma presa indefesa e inocente.

Okey, nem tão inocente assim. Mas eu era, era tudo e tinha até sonhos e expectativas antes de conhecer Asher Gray.

Ah eu era normal.

Asher Gray o responsável pelo meu atual estado de insanidade e paixonite mais que aguda. Mais que patético isso vindo de mim, porque quando Wend Thomas, a Senhorita Coração de gelo, poderia ter se apaixonado?

Mas acredite, acontece pra todo mundo em seu devido tempo, e agradeça se você ainda não provou desta merda agourenta que foi enviada dos infernos à Terra, chamada amor.

— Você já quer ir pra casa? - Asher me perguntou, afagando minha bochecha com seu polegar.

Ir pra casa, ele se referia a sua casa como nossa e admito, por um bom tempo essas palavras faziam meu coração se aquecer. Eu via nesse simples conjunto de letras esperança, o pior de todos os demônios que rondam a terra. Foi essa esperança que me fez ficar com Asher e é ela que consumiu todo o meu amor próprio.

Porque Asher nunca iria me amar.

— Eu estou bem - disse tentando não prolongar seu toque gentil em meu corpo. Já que eu correria o risco de me acostumar com ele, o que não poderia acontecer afinal Asher nunca me tocava com carinho ou delicadeza, e a noite de hoje não passava de pura encenação.

Eu era a ex-estagiária da Iancker’s Interprises, que por um infortuno do destino se envolveu com o chefe e chegamos onde estamos. Asher ao meu lado encenando algo como um namorado preocupado e feliz com as boas novas.

Seríamos ou seremos pais, não sei ao certo. Não quero trazer uma criança ao mundo para sofrer com um pai psicopata e uma mãe desequilibrada. Não, isso seria como lançar uma alma inocente ao inferno.

E eu não precisava de mais esse pecado em minha lista.

Como se não bastasse perder toda a liberdade e companhia do que eu almejava pra mim, ainda ficaria mal vista e mal falada perante a “nata da sociedade”, porque o golpe do baú nunca foi e nunca será bem visto.

Mas eu não engravidei por que quis, você pode até discordar, mas eu era apenas mais uma tola apaixonada e bem, ainda sou uma tola apaixonada.

Asher não prolongou o assunto, depositou um beijo em minha testa e murmurou palavras de encontro a minha pele. As quais eu não ouvi e não fazia questão, seriam apenas palavras ao vento, apenas mais gotas malditas de esperança.

Varri o salão com meus olhos castanho esverdeados já sem brilho.

Oh sim, porque meus olhos brilhavam antes de tudo. Eu passava horas e horas olhando os quão reluzentes e felizes eles eram, e agora já não combinavam nada com sua dona. Uma ex-garota, agora mulher, quebrada.

Olhei Asher e percebi que seus orbes acinzentados não desgrudavam da minha pessoa, isso teria me feito sorrir, se este fato comprovasse que ele sentia ciúmes de mim. Mas não era isso, não passava de possessividade.

E eu me lembro perfeitamente da primeira vez que ele me tocou, e não foi com “delicadeza” ou “zelo”.

Cada soluço que escapava na minha garganta parecia um combustível para levá-lo ao êxtase completo. Meus olhos ardiam e queimavam devido às lágrimas eu que derramei e ele fez questão de sugar cada uma com sua língua.

Sádico, era assim que eu via Asher Gray agora. Enquanto eu suplicava para que parasse, ele apenas ria da minha inocência enquanto seu membro adentrava minha intimidade, fazendo que ela sangrasse mais.

Eu me sentia suja, exposta por permitir que Asher saciasse seus desejos carnais no meu corpo. Mas eu não tinha como lutar, ele era maior que eu e consequentemente mais forte.

Cada investida de seu membro grosso pulsante dentro de mim era um pedaço da minha carne que era rasgada. Minha virgindade estava sendo brutalmente arrancada de mim, eu estava machucada não apenas por fora, mas por dentro também.

Asher estava invadindo meu corpo, sem remorso, sem sombra de arrependimento. Ele parecia não ouvir minhas súplicas ou ver minhas lágrimas.

Eu chorava cada vez mais, minha pureza fora tirada de mim.

Ele movimentava seu corpo com força e maestria sobre o meu inerte e dormente.

Eu queria voltar no tempo, não ter aceitado aquele maldito convite para ir ao Howlister, teria ficado quieta em casa.

Mesmo diante meus gritos agonizantes de dor ele não parava, sentia prazer em me ver gritar de dor enquanto estocava cada vez mais forte e mais fundo na minha intimidade. Sentia o sangue secando em minhas coxas, enquanto ele puxava meu queixo para olhar o sorriso em seu rosto. Maníaco.

Em cada estocada viril de seu corpo, eu me afundava mais em lágrimas e minha visão ficava embaçada. Eu desejava não acordar mais. Fechei meus olhos deixando que ele se saciasse em meu corpo, como um completo animal.

Um último rosnado, uma última estocada e ele desabou sobre mim, me mantendo presa entre seu corpo e o colchão. Eu queria sumir e nunca mais ter que olhar o rosto do homem que levou consigo não somente minha virgindade, mas minha dignidade.

Tentei tirá-lo de perto de mim, eu tinha nojo de Gray, nojo de mim mesma por saber que ele me tocou e saber que aquela coisa pegajosa que escorria de dentro de mim pertencia a ele.

Eu só queria me entregar à inconsciência, esquecer de todo esse pesadelo.

E aquela foi a primeira vez que Asher Gray mostrou sua verdadeira face, um lobo na pele de um cordeiro. Um monstro definitivamente escondido sobre uma armadura de um deus, impecável.

O suave badalar do relógio indicava exatamente meia noite, e eu sabia que Asher gostava de estar em casa antes das duas da manhã - ou seja, não duraríamos muito naquela festa.

E por um lado isso era bom, se ficássemos até as duas eu teria mais alguns momentos longe de suas garras, as quais eu pecaminosamente aprendi a amar juntamente com o sorriso que se perdia entre o sádico e o maníaco, que nunca chegava aos seus olhos frios, mas que era tão malicioso que só me fazia desejá-lo mais ainda.

Encaminhei-me para a sacada mais próxima, passando pelas grossas cortinas olivas, eu finalmente poderia parar de fingir uma felicidade inexistente. O ar gélido da noite roçou meus braços desnudos fazendo com que eu me sentisse mais fria, como se o fato do meu próprio sangue estar gelado já não fosse o suficiente.

Apesar de todo o meu corpo estar suado e em combustão, o medo era maior. Tão maior que gelava até os confins do meu odioso ser e todo esse meu medo era direcionado a uma única pessoa que me olhava com os olhos gulosos, iguais ao do Gato de Cherzire.

Asher parecia satisfeito, por hora pelo menos.

Isso significava que eu era uma boa menina, certo? Eu o tinha agradado ou pelo menos o deixado feliz? Espero, realmente espero que sim. Eu queria poder abraçá-lo e cuidar do seu coração quebrado, queria até poder ser um tipo de cola para juntar todos os micro fragmentos de seu coração e fazê-lo bater por mim.

Ah como eu queria.

— Já fez isso com outras, Gray? - me encolhi sobre o lençol de linho branco. Eu me sentia meio segura assim, como quando crianças acham que um cobertor vai salvá-las do Lobo ou coisa do tipo.

— Não, planejei, mas nunca fiz realmente. - Só comigo. Porque eu fui à única incompetente o suficiente para se deixar seduzir por aquele cabelo preto desalinhado, os olhos cinza e o corpo perfeitamente esculpido e ligeiramente bronzeado.

Um riso frustrado escapou dos meus lábios, eu era muito otária mesmo.

— Você está grávida Wend? - perguntou, mas eu tinha certeza que ele sabia aquela resposta melhor do que eu.

Ele não deveria me perguntar isso desde que... Eu realmente não queria lembrar isso, a realidade era que Asher sabia que eu não me prevenia, nunca tinha feito nada para tomar remédio, e o próprio Grey não usava proteção.

— Você já sabia - finalmente a ficha caiu, ele já planejava isso.

— Ah sim, eu sabia e não faz ideia de como eu queria isso - suspirou, se levantando, sentando do meu lado e colocando a mão sobre a minha barriga pouco saliente - Tem três meses que nós... Bem você sabe. E como você não entrou “naqueles dias” desde que tirei sua virgindade, não era difícil pensar no motivo.

Agora era oficial, eu realmente era muito otária por me deixar seduzir, e logo por ele.

A sombra de um sorriso quis escorrer dos meus lábios rubros, eu não era tão tola. Asher que era bom no quesito seduzir.

E eu sei que ele sentia prazer em saber que eu estava completamente e incondicionalmente, apaixonada por ele, mas nada o fazia mais feliz que quebrar meu coração repetidas vezes.

— Vamos - sua voz fez com que meu coração saltasse no peito.

Eu não tinha visto-o chegar - o que era raro, porque eu sempre conseguia sentir seus olhos cravados em mim, mesmo que eu estivesse de costas - ou muito menos sentido sua colônia, que por incrível que pareça me lembrava do cheiro de terra molhada com chuva.

E isso não se encaixava nada em Asher Grey, porque ele era muito superior para ter um cheiro tão comum quanto esse, mas mesmo tentando encontrar outros cheiros para comparar, esse era o único que eu me recordava perfeitamente.

— Você está gelada Wend. - Pensei ter notado um pouco de preocupação em sua voz. - Venha, vamos. Isso pode fazer mal ao bebê.

Ah, então era por isso. Essa maldita que criança, que eu nunca quis e ainda não quero, mas estava sendo obrigada a gerar, afinal Asher a queria, eu não.

Eu tinha pena dela. Sim pena.

Por ter um pai como Asher - que escondia um monstro, debaixo daquele corpo escultural - e uma mãe como eu - a pobre e órfã - Wend Thomas. Que gostava de bandas de rock, camisas surradas e trocaria qualquer vestido e salto alto por um jeans e um all star velho. Mas essa garota já não existia mais, Grey a quebrou, a manipulou, e a moldou de acordo com o seu próprio desejo.

E que agora estava a caminho da Toca do Lobo.

Sabia que Asher não me machucaria - não fisicamente, pelo menos - depois dos cortes com as facas e a minha tentativa frustrada de pedir ajuda, ele parou.

Acho que para não prejudicar o filho que eu carrego.

— Asher - já estávamos a sós dentro do carro, e por mais que ele odiasse conversar, eu tentaria - Porque você não pode me amar?

Ele apertou o volante com força, essa deveria ser a ézima vez que eu lhe fazia essa mesma pergunta, e nem sei por que mais esperava uma resposta diferente das outras.

— Não sou bom Wend, e você sabe disso - focou a estrada com os olhos, mas não parou de falar - No início eu queria um brinquedinho novo para as minhas perversões, mas eu te engravidei e custe o que custar eu quero muito esse filho.

Então era isso, eu só serviria para gerar uma criança e ser brinquedo sexual nas horas vagas. Por mais que essa verdade tenha me quebrado por dentro, eu jamais tiraria a felicidade de Asher.

Eu o amava demais para isso, e se para vê-lo feliz eu tivesse que me partir de dentro para fora , lenta e dolorosamente, eu faria.

— Sempre quis ser pai - admitiu, finalmente sorrindo e fazendo com que seus olhos brilhassem.

Eu estava no meio termo, Asher nunca iria me amar, ele amava essa criança, ele a desejava com todas as suas forças e eu só queria ficar mais tempo ao seu lado. E se para que isso acontecesse eu tivesse que assinar minha própria sentença de morte, então eu faria isso.

Agora.

Fiz com que Asher parasse o carro no acostamento, alegando que precisava de ar - isso acontecia muito, recentemente - e ele prontamente o fez. Ele tirou meu cinto e assim que se inclinou para abrir minha porta eu o parei, e mantive seu rosto a poucos centímetros do meu.

— Somos insanos juntos - olhei no fundo de seus olhos - Porque eu desejo seu amor, e você deseja o que cresce dentro de mim.

— Eu sei - me permiti por minhas mãos em sua face - Somos insanos e eu gosto disso, muito mais do que deveria.

Assim eu o beijei, sabia que não teria outra chance a não ser essa. E com esse beijo eu mostraria a Asher que ficaria com ele, mesmo com seus distúrbios, sua personalidade de um psicopata e os surtos bipolares.

Eu estaria lá, sempre até que nossas almas fossem levadas ao inferno. Porque apesar de tudo eu o amava.

O amava com todo o meu amor insano.


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Notas finais do capítulo

Caso não entendam ou não estejam de acordo com algo que foi dito aqui, me mande uma MP, eu explicarei com todo carinho

.Eu espero sinceramente que vocês gostem e deixem opinião, ela será de grande importância para mim.Insane é a minha primeira one, e eu espero que tenham gostado dela (principalmente você Ruiva), tanto quanto eu gostei de escrever.

Bom, até a próxima.