Divergente - por Tobias Eaton escrita por Willie Mellark, Anníssima


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

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Hoje é o dia da visita onde os nascidos e os transferidos têm a chance de reencontrar sua família, antes de terminar a iniciação no Destemor. Recordo-me quando foi a minha vez eu sabia que Marcus não viria, mesmo assim eu fui. Pude ver o carinho e o amor de cada uma das famílias ao mesmo tempo em que eu desfrutava de minha companheira, a solidão.

Enquanto os nascidos no Destemor recebiam seus pais orgulhosos, os transferidos recebiam os seus preocupados e saudosos. Havia alguns que não vinham como, por exemplo, o meu. Mas era sempre bom ver o que era ter uma família de verdade.

Lembro-me também que minha mãe tinha contrabandeado uma escultura simples de decoração feita de vidro azul - o que não era permitido na Abnegação por ser vista como vaidade -, e a escondi dentro do armário para Marcus não a ver, no dia em que escolhi vim para cá a deixei em cima da estante para contrariá-lo.

Como terá sido a sua reação?

Permito-me, dar um sorriso e ando em direção ao banheiro, tomo um banho, me arrumo. Pode parecer besteira ou até uma vontade de sofrimento, mas eu gosto de ver as famílias que vêm visita-los. Gosto de me imaginar em uma família real.

Cruzo o refeitório e sento-me à mesa completamente vazia e olho ao redor. Tris não está lá, certamente já foi ou nem mesmo chegou a vir aqui.

“Hey, Quatro?” - Diz Zeke atrás de mim, me dando um tapa leve no meu ombro enquanto senta à minha esquerda.

“E aí.” - Digo sem animação.

“Bom dia.” - Shauna diz enquanto se senta do lado de Zeke. Ela o olha e o beija.

“Ei, dá pra vocês se pegarem depois? Estou tomando café aqui.” - Digo rindo.

“Falou o solitário, você não sabe o quanto isso é bom.” - Ela diz olhando para ele.

“Não, ele não sabe. Depois da nossa comemoração você flertou com mais alguém?” - Pergunta Zeke.

Eu queria esquecer-me disso. Foi quando fui aceito no Destemor. Bebi tanto que Zeke me convenceu a flertar com uma iniciante e foi muito estranho porque na Abnegação isso não era permitido, mas eu estava embriagado. Sei que a beijei e me lembro de detestar a nova sensação. Álcool misturado com brincadeiras pesadas e piadas de mau gosto. Desde então preferi me manter afastado.

“Não, tento evitar suas amiguinhas Zeke”

“Ah, então é por isso que você não sabe o quanto é bom um beijo de manhã.” - Diz Zeke.

“Como assim? Das suas amiguinhas?” - Pergunta Shauna séria.

“Não, eu quis dizer o seu.” - Diz Zeke piscando para ela.

“Bom, você não sabe o quanto é bom. Quando encontramos a pessoa, fica melhor.” - Ela diz piscando. - “Sabe que temos uma amiga que está interessadíssima em você?”

Dispense.” - Digo enquanto me levanto. Eles riem e voltam a se beijar.

Caminho até a entrada do complexo. A mãe de Zeke é a primeira que vejo entrar, logo indo em direção à Uriah, para abraçá-lo. Ainda é estranho para mim ver as famílias dos nascidos no Destemor. Eles não têm apenas um corpo repleto de tatuagens, como também têm argolas, piercings e mechas coloridas no cabelo. Observo a família de alguns transferidos, os da Sinceridade recebem os filhos com mais afeto. Procuro Tris no meio dos iniciandos e não a acho, tenho quase certeza que sua família não virá, afinal, ela era da Abnegação.

Ando mas próximo do abismo. De certa forma, ele me traz paz. Sei que meu pai nunca me visitaria e agradeço muito a ele por isso, há anos que eu percebi estar realmente sozinho no mundo. Contrariamente, algo prende minha mente... O que Zeke e Shauna disseram. Se Tris não estivesse me odiando tanto, talvez tentasse me aproximar dela hoje.

Apoio-me na grade do abismo e olho por cima do ombro quando vejo Tris e uma mulher, aparentemente sua mãe, que está vestida de cinza como todos da Abnegação, mas seu rosto é familiar. Por um reflexo, para tentar descobrir de quem era esse rosto e me aproximo das duas.

Eu acho que eu sei sim quem é ela...

A mãe de Tris me oferece a mão.

“Olá, meu nome é Natalie eu sou a mãe de Beatrice.”

É claro. Natalie Prior, esposa de Andrew Prior. Amigo do meu pai. Recordo-me dos jantares ao qual éramos convidados para sua casa, mas só fui uma única vez e nessa noite seus filhos já estavam no quarto. Talvez ela não esteja me reconhecendo por causa do cabelo, das roupas e tatuagens.

“Quatro, é um prazer conhecê-la!” - Digo apertando sua mão.

Quatro” - ela repete sorrindo amigavelmente. - “É um apelido?”

“Sim.” - Percebo os traços em sua face que me lembram muito Tris, e os olhos são os mesmos, só que os da mãe dela demonstram preocupação. - “Sua filha está indo bem aqui. Eu a tenho supervisionado.”

Tris me encara como se quisesse obter respostas. Eu quero que a sua mãe saiba que ela está indo bem, e que o lugar dela é aqui. Comigo. Quer dizer, aqui, no Destemor.

Ouço a voz de Shauna em minha mente, talvez ela e Zeke tenham razão, talvez eu ainda só não tivesse a pessoa certa, mas será Tris essa pessoa para mim?

“Isso é bom de ouvir, eu sei algumas coisas sobre a iniciação Destemor fique preocupada com ela.” - Natalie diz.

Olho para Tris. Ela está usando uma calça preta justa, e com uma camisa menos coberta. Fixo meus olhos em sua boca. Calor erradia do meu rosto quando relembro que no momento em que pulou nas redes do complexo e quase caiu, a coisa que logo notei, após suas vestes cinzas e seus lindos olhos azuis, foram seus lábios. Lembei-me de quando estávamos lá no topo da roda-gigante e eu bem atrás dela pude sentir sua respiração mais de perto; lembrei-me ainda de quando senti ciúmes do garoto da Amizade e me aproximei dela. Em todas as ocasiões o calor foi o mesmo. Lento e intenso.

Seus olhos são penetrantes e desafiadores, mas seus lábios são atrativos para minha boca. O meu coração salta em batimentos rápidos ao me imaginar com ela.

Como será beijar esses lábios? Percebo que ela reparou que eu estou a encarando, ou melhor, encarando seus lábios. Ela está corando, e me olhando confusa.

“Você não deveria se preocupar.” - Limpo minha garganta, ainda agarrado ao pensamento.

“Você me parece familiar por algum motivo, Quatro.” - Natalie diz se inclinando para mim.

“Eu não posso imaginar o porquê” - Digo com a voz fria, tenho que sair daqui o mais rápido possível. - ”Eu não tenho hábito de me associar com a Abnegação

Tris me encara com uma expressão vazia. Sua mãe ri, o que alivia um pouco a tensão porque eu estava vendo à hora em que Tris gritaria comigo.

“Algumas pessoas o fazem por esses dias. Eu não tomo como ofensa.” - Diz Natalie e eu relaxo ainda mais... Por alguma razão não queria que a mãe de Tris não gostasse de mim ou se ofendesse com minhas palavras.

“Bom, deixarei vocês com sua reunião” - Digo me retirando.

Ainda posso sentir seus lábios de alguma forma me chamando. Pode ser loucura minha achar que Tris possa sentir o mesmo que eu, mas estou disposto a beijá-los se ela permitir.


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Notas finais do capítulo

E aí aprovaram?